segunda-feira, 22 de maio de 2023

FRAUDES NO BOLSA FAMÍLIA ELEVAM RENDA ATÉ 2,5 MIL REAIS

Quase dois salários mínimos

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


O benefício de R$ 150 para crianças até 6 anos foi prometido por Lula durante a campanha presidencial.| Foto: José Cruz/Agência Brasil.

Fraudes e famílias numerosas resultam em elevados pagamentos do Bolsa Família – programa prioritário do governo Lula. O maior benefício chegou a R$ 2,5 mil em Guajará-Mirim (RO), em fevereiro (último dado disponível). O valor representa quase dois salários mínimos. Em Turilândia (MA), 14 benefícios superaram os R$ 2 mil em fevereiro. Ali, 143 beneficiários receberam acima do salário mínimo, com valor médio de R$ 1,7 mil. A prefeitura apurou fraudes em pagamentos no município.

Guajará-Mirim tem 47 mil habitantes e quase 25 mil quilômetros quadrados – maior que o estado de Sergipe. A prefeitura afirmou ao blog que os benefícios com valores mais elevados atendem famílias que têm oito ou nove filhos, além dos avós e até irmãos menores. Além disso, o município conta com várias comunidades indígenas, como os Wari, Canoé, Macurape e Jaboti – povos com famílias mais numerosas, segundo dados da prefeitura.

O maior pagamento no município em janeiro e fevereiro foi feito a Valdeci Pereira, no valor de R$ 2.521. Um diretor da prefeitura alertou que esses pagamentos elevados devem aumentar com o benefício extra de R$ 150 por criança de zero a seis anos na família beneficiada. Trata-se de uma promessa de campanha de Lula na disputa presidencial. O governo federal estima que cerca de 9 milhões de crianças serão atendidas com mais esse benefício em maio.

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Fraudes apuradas por auditoria
Turilândia é um município de 26 mil habitantes no Norte do Maranhão. Tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,527 – no nível de países pobres da África. Entre os 53 maiores pagamentos do Bolsa Família em todo o país, 48 ocorreram em Turilândia. O prefeito, José Curió (PTB), afirmou ao blog que, ao tomar conhecimento de possíveis irregularidades no Cadastro Único do município, por meio de denúncias, mandou instaurar uma auditoria através de um mapeamento de famílias.

“Foram realizadas visitas pela equipe técnica para averiguação in loco, a fim de que se pudesse confirmar se as informações constantes nos cadastros estavam em conformidade com a realidade domiciliar, bem como confirmar se aqueles membros constantes na composição familiar no cadastro único estavam de fato identificados no domicílio”, disse o prefeito.

Ele citou o caso do maior pagamento no município, apresentado pela reportagem: “No caso específico da senhora Lucilene Silva Lopes, que até o mês de fevereiro de 2023 recebeu R$ 2.190, informamos que durante o trabalho de auditoria foi constatado a fraude e o cadastro da mesma fora excluído no dia 10/02/2023, conforme tela do sistema do Cad Único, em anexo”. O blog apurou que ela havia recebido esse valor também em janeiro, como mostram registros do Portal da Transparência.

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Curió ressaltou que a comissão municipal responsável pelo levantamento e verificação dos cadastros de beneficiários do programa Bolsa Família, “continua fazendo o trabalho de fiscalização de possíveis irregularidades no intuito de evitar fraudes e garantir o verdadeiro objetivo do programa social”.

O blog solicitou, então que a prefeitura checasse a situação das 14 famílias que receberam acima de R$ 2 mil em fevereiro. Os nomes dos beneficiários e os valores pagos foram enviados à prefeitura pelo blog. Não houve resposta até a publicação da reportagem.

O blog encaminhou os dados de Guajará-Mirim e Turilândia ao Ministério do Desenvolvimento Social há 10 dias e perguntou se os dados estavam de acordo com os registros do governo federal e qual o motivo para esses pagamentos muito acima da média no país e nos municípios citados. Não houve resposta até a publicação da reportagem.

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Quem recebe o Bolsa Família

Para receber os benefícios do Bolsa Família, a família precisa ter a renda mensal por pessoa de até R$ 218. Isso significa que toda a renda gerada pelas pessoas da família, por mês, dividida pelo número de pessoas da família, é de no máximo R$ 218. Mas o primeiro passo é estar inscrito no Cadastro Único. Esse cadastramento é feito em postos da assistência social dos municípios, apresentando o CPF ou o título de eleitor.

Todas as famílias recebem no mínimo R$ 600, afirma o Ministério do Desenvolvimento Social. Há ainda o Benefício Variável Familiar, no valor de R$ 50,00, destinado às famílias beneficiárias que possuírem, em sua composição gestantes, crianças com idade entre sete anos e doze anos incompletos ou adolescentes, com idade entre doze anos e dezoito anos incompletos. Esse benefício é calculado por integrante da família beneficiária.

As famílias beneficiárias do programa cuja renda per capita mensal seja superior a R$ 218 serão mantidas no programa por até 24 meses, recebendo 50% do valor do benefício . Na hipótese de a renda familiar per capita mensal superar o valor de meio salário mínimo, a família será desligada do Programa. As famílias que se desligarem voluntariamente do programa ou estiverem na regra de proteção e precisarem retornar ao programa, terão prioridade na concessão.


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MERCADO EM DÚVIDA EM RELAÇÃO AO NOVO VELHO GOVERNO DO PT

 

Por
Roberto Motta – Gazeta do Povo


Manifestante do MST em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília.| Foto: EFE

Aparentemente, o tal “mercado” ainda não sabe o que sente em relação ao novo velho governo do PT. Várias vezes por semana o governo dá declarações, toma decisões e implanta medidas que afetam a economia, na maioria das vezes de forma negativa. A reação do mercado é quase sempre paradoxal e confusa. Isso, para mim, que não sou profissional do mercado mas acompanho a política e a economia com certa atenção, é um mistério.

O mercado financeiro é composto por pessoas extremamente inteligentes e preparadas, educadas nas melhores escolas brasileiras e estrangeiras, especializadas em uma missão arriscada e difícil, mas muito recompensadora: investir o dinheiro dos outros.

Para cumprir sua missão, essas pessoas precisam estar sempre bem-informadas sobre o que acontece no país. E é aqui que começa o problema.

Um número incompreensível desses profissionais demonstrou simpatia ou apoio aberto à candidatura presidencial do PT. Foi difícil entender como executivos do mercado financeiro, em sã consciência e minimamente informados, puderam fazer uma opção como essa. Mas fizeram.

Algumas dessas personalidades vieram a público recentemente, após as eleições, para se declarar decepcionadas ou enganadas, e dizer que não apoiam mais as políticas petistas.  Um arrependimento verdadeiro exige mais do que isso; além de reconhecer o erro, é preciso pedir desculpas a todos aqueles que agora vão pagar a fatura desse equívoco: nós, os cidadãos, trabalhadores e eleitores.

Um número incompreensível desses profissionais demonstrou simpatia ou apoio aberto à candidatura presidencial do PT. Foi difícil entender como executivos do mercado financeiro, em sã consciência e minimamente informados, puderam fazer uma opção como essa

O que mais surpreende é a quantidade de pessoas do chamado “mercado” que ainda nutre a expectativa de que alguma proposta lógica e minimamente razoável seja produzida na “área econômica” do governo. Mas as ideias econômicas do PT são o resultado do cruzamento das ideias de Karl Marx – o revolucionário que foi sustentado a vida inteira por um amigo que era herdeiro milionário (Engels) – com as ideias de Lorde Keynes, o economista que acreditava na ficção do Estado grande e interventor.

Para essa escola de pensamento, se o governo contratar duas equipes de operários, uma para cavar buracos e a outra para tapar os buracos que a primeira equipe cavou, o resultado será desenvolvimento e progresso.

Use seu bom senso e pense sobre isso.

O governo brasileiro é ocupado por pessoas que não sabem – ou fingem não saber – a diferença entre gasto e investimento, um conceito de compreensão muito fácil. Gastos são as despesas periódicas que você faz para manter as coisas funcionando, como as contas de água e de luz, ou a mensalidade da escola das crianças. Investimento é quando você faz uma despesa para adquirir um bem durável, como uma casa, um carro ou, no caso do governo, uma máquina, uma represa ou um viaduto.

O pagamento de salários de servidores, por exemplo, por mais relevante que seja, é um gasto, não investimento – não importa quantas vezes o governo repita o contrário.

O PT jamais entenderá o conceito de responsabilidade fiscal porque tem um entendimento errado dos fundamentos da economia. Qualquer tipo de controle de gastos do governo será, para eles, apenas uma camisa de força impedindo a realização de seus sonhos interventores, paternalistas e patrimonialistas.

Isso vale para a política monetária. O controle da inflação é feito ajustando-se a taxa de juros. Funciona assim: quando o Banco Central detecta a ameaça de aumento da inflação, ele aumenta os juros, o que impede a subida da inflação porque desaquece a economia. Juros altos podem ser um problema, mas inflação alta é uma catástrofe. Obviamente, o PT não entende isso, e abriu guerra contra o Banco Central para forçar a redução dos juros a qualquer custo.

Qualquer tipo de controle de gastos do governo será, para eles, apenas uma camisa de força impedindo a realização de seus sonhos interventores, paternalistas e patrimonialistas

O governo petista apresentou um tal arcabouço fiscal que vai substituir o antigo teto de gastos. O mecanismo do teto de gastos garantia que o governo só poderia gastar em um ano o que gastou no ano anterior, corrigido pela inflação. Já o arcabouço fiscal diz que os gastos do governo podem subir sempre que arrecadação subir, com crescimento limitado a 2%. O “arcabouço” se revela, na verdade, um piso de gastos: mesmo nos anos em que arrecadação não subir, ainda assim o gasto do governo subirá 0.6%. É um desastre anunciado, porque além de garantir a subida permanente dos gastos, produzirá no governo uma obsessão pelo aumento da arrecadação de impostos.

Mais uma vez, inacreditavelmente, o mercado recebeu bem o tal arcabouço fiscal, que foi apresentado apenas em um Powerpoint – mais um pioneirismo mundial – sem qualquer texto que o sustentasse. Foi preciso uma semana para o mercado perceber o significado da proposta petista e reagir de forma apropriada – e negativa.

Agora o governo anuncia a indicação do braço direito do ministro da fazenda para a diretoria de política monetária, a mais importante do Banco Central. Vejam: não é o presidente do Banco Central que escolhe os diretores; eles são indicados pelo governo e aprovados pelo Congresso.

Mais uma vez o mercado reage favoravelmente. Mais uma vez meu espanto é enorme.

Se o indicado é o braço direito do Ministério da Fazenda – ou seria melhor dizer braço esquerdo? – é óbvio que a intenção do governo com essa indicação é a pior possível (considerando-se o ponto de vista do cidadão, do mercado e da economia).

Dois dias após o anúncio da indicação o indicado comparece a uma feira do MST (você leu corretamente: o movimento que vive de invadir propriedades alheias tem permissão para fazer uma feira). No evento, o indicado para a diretoria de política monetária do Banco Central tira uma foto abraçado com os principais líderes esquerdistas radicais do MST.

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LULA FUGIU DO ENCONTRO COM ZELENSKY

 

Japão, MST e presos no 8/1

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Lula (à direita) e Zelensky (à esquerda) chegaram a estar juntos em sessões do G7, mas não tiveram a reunião bilateral solicitada pelos ucranianos.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Lula está de volta do Japão e a gente fica se perguntando o que ele foi fazer lá. Quanto custou essa viagem para o outro lado do mundo? Mais uma, né. Não falou nem com o Zelensky, que estava querendo falar com ele. Falou com praticamente todo mundo lá, menos com Lula, que estava fugindo depois das declarações que provocaram muitas dúvidas sobre as posições da política externa brasileira em relação ao conflito Ucrânia e Rússia.

Zelensky, perguntado se não estava decepcionado por não ter conseguido conversar com Lula, respondeu rindo: “Ele é que deve estar decepcionado por não ter tido essa conversa comigo”.

Por que as pessoas saem do Brasil?

Eu queria perguntar para os jovens que estão me escutando, o que eles acham do Brasil do futuro? Vão casar? Já estão recém-casados? Seus filhos estão pequenos? Um dia vocês terão netos, que Brasil vocês querem? Um Brasil rico, que possa dar uma boa renda para vocês? Que tenha empresas que possam pagar bons salários, que tenha uma boa educação para seus filhos? Que sobretudo seus filhos tenham segurança!

Estou dizendo isso porque estou em Portugal, e cada vez que encontro um brasileiro que mora aqui, eu pergunto: por que você veio?

A primeira coisa que eles me dizem é “já fui assaltado cinco vezes”. Ou “aqui eu tenho mais oportunidades”, “aqui eu tenho mais oportunidades para os meus filhos”, “aqui eu tenho mais chances de receber mais”, “aqui eu tenho mais paz”, “aqui eu tenho liberdade”.

Pois é, tem uma questão abstrata, que vale tanto como a vida. A nossa liberdade, a despeito de ser garantida por cláusula pétrea na Constituição, estão tentando separar aquilo que nós podemos dizer e o que nós não podemos dizer. Começou com essa bobagem do politicamente correto. Revoltante. As pessoas têm que se comprometer que não vão falar de tais e tais assuntos, ou que vão falar assim e assado, meu Deus do céu!

Que intromissão na liberdade natural das pessoas. Alguns podem dizer que é uma dádiva divina, digamos que é um direito natural a liberdade de expressão. Isso é muito importante.

O STF e o militar que mandou prender as pessoas em frente ao quartel
Eu queria falar também com vocês a respeito desses julgamentos que o STF está fazendo. É muito estranho. Por exemplo, Fernando Collor, ele não é mais senador desde fevereiro, então o foro dele não é mais o Supremo. Mas por outro lado, 1.050 brasileiros já foram considerados réus pelo Supremo. E são gente humilde, gente do meio rural que vieram se manifestar em Brasília, não sabem até agora porque foram presos. E, no entanto, foram presos.

A gente já viu isso na história dos governos ditatoriais. Prisões em massa, que não são prisões em flagrante. Agora um general, o ex-comandante militar do Planalto confessa que foi ele que mandou prender. Mas ele não é juiz, não é delegado de polícia e não era flagrante. Como é que prendeu, que cercou, para depois levá-los presos? Como disse o ministro Nunes Marques – sem nenhum indício de terem praticado crime nem da individualização da conduta de cada um. Assim como não havia o juiz natural para mandar prender. Se estivessem em flagrante delito qualquer um do povo poderia prender.

Mas a lei e a Constituição, parece que estão entregues ao arbítrio. Daí eu pergunto para os jovens, para um casal recém-casado: é esse o Brasil que querem?

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GOVERNO VAI CONTRARIAR MARINA SILVA E VAI AUTORIZAR A EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA FOZ DO AMAZONAS

Por Eduardo Gayer – Jornal Estadão

Presidente deu declaração no Japão enquanto ministra do Meio Ambiente vive disputa com chefe de Minas e Energia contra projeto da Petrobras

HIROSHIMA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou, neste domingo, 21, durante viagem ao Japão, que pode contrariar a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e tomar partido em favor da ala do governo que apoia a autorização da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. O Ibama, porém, se posicionou de forma contrária à proposta da estatal, que vai recorrer do parecer.

Lula declarou que, se riscos reais forem identificados, haverá veto à exploração. “Se extrair petróleo na Foz do Amazonas, que é a 530 quilômetros, em alto mar, se explorar esse petróleo tiver problema para a Amazônia, certamente não será explorado. Mas eu acho difícil, porque é a 530 quilômetros de distância da Amazônia, sabe?”, disse o presidente a jornalistas em Hiroshima, após encerrar sua passagem pela cúpula do G-7 no Japão.

Lula foi convidado para participar da cúpula do G-7, grupo dos países mais ricos do mundo, no Japão
Lula foi convidado para participar da cúpula do G-7, grupo dos países mais ricos do mundo, no Japão  Foto: Takashi Aoyama/via Reuters

Pouco antes, em coletiva de imprensa, Lula voltou a dizer – em meio à queda de braço do governo – que a Amazônia não deve ser transformada em um santuário. “Quem mora na Amazônia tem direito a ter os bens materiais que todo mundo tem”, avaliou.

Estadão revelou que o processo de exploração pela Petrobras na foz do Amazonas colocou em lados opostos ministros do governo Lula. De um lado, Marina chegou a comparar o episódio com a polêmica construção da usina de Belo Monte, em Altamira (PA). De outro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da estatal, Jean Paul Patres, pressionam pela liberação da exploração.

Na segunda-feira, 15, Silveira defendeu o projeto e disse que o pretexto de um “pseudorrisco” não pode impedir a prospecção para que se tenha “conhecimento científico das potencialidades e riquezas naturais”. “O que se discute neste momento não é a exploração dos diversos poços daquela região. Se discute a autorização para pesquisar uma reserva da margem equatorial. Se nós vamos fazer a exploração dessas potencialidades ou não, é uma decisão a ser tomada em outro momento pelo governo brasileiro”, disse.

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A região da Foz do Amazonas é chamada de “novo pré-sal” e tem sua exploração defendida por políticos da região amazônica como o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (AP), que deixou a Rede Sustentabilidade após a decisão do Ibama com apoio de Marina.

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho decidiu barrar o pedido da Petrobras na última quarta-feira, 17. A estatal se mostrou surpresa com a decisão e assegurou que vai recorrer. A decisão de Agostinho seguiu a área técnica do órgão. O Ibama apontou haver “inconsistências identificadas sucessivamente” e “notória sensibilidade socioambiental da área de influência e da área sujeita ao risco”, destacando a necessidade de “avaliações mais amplas e aprofundadas”.

Apesar da sinalização contrária aos ambientalistas, Lula voltou a dizer que seu governo tem compromisso com a sustentabilidade e vai atingir a meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030. A temática ambiental foi um dos temas-chave do G7.

O petista disse que o País ‘está de volta’ ao cenário internacional e quer ajudar o mundo a cumprir as metas de combate a mudanças climáticas. Segundo o presidente, o Brasil tem ‘autoridade moral’ para discutir o tema com o mundo, mas os países ricos precisam cumprir seus compromissos, inclusive financeiros, acordados em cúpulas multilaterais.

Lula também disse que os indígenas podem ser “guardiões” da Amazônia no Brasil e em países vizinhos, e voltou a defender uma aliança com Congo e Amazônia para proteger florestas.

 

GOVERNO ATUAL INSTITUIU O REVANCHISMO COMO POLÍTICA

Se Lula se inclina cada vez mais a apelar à emoção, ao passado e à polarização, não é só por ressentimento, mas para disfarçar sua falta de rumo, de ideias novas e de base parlamentar

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

O governo tem imensos desafios, porque o País tem imensos desafios: o desafio conjuntural, de cicatrizar feridas abertas pela pandemia na educação, na saúde ou no mercado de trabalho; o estrutural, de criar condições para um desenvolvimento sustentável; e o político, cuja superação é precondição para enfrentar os outros, de apaziguar as tensões que dilaceram o debate público pelo menos desde 2013.

Há sinais de sensibilidade para esses desafios nos recessos da consciência do presidente Lula da Silva. Sua principal promessa de campanha, recorde-se, foi governar com uma “frente ampla democrática”. “Nosso governo não será um governo do PT”, disse ainda no segundo turno. “Não existem dois Brasis”, declarou logo depois de eleito. “Não há tempo para vingança, para raiva, para ódio. O tempo é de governar.”

Mas há um abismo entre esta sensibilidade e a ação. Primeiro, porque falta um plano inovador de governo. Mas, sobretudo, porque dos recessos mais obscuros da consciência do presidente brota forte um sentimento que obnubila o planejamento e a articulação política e sufoca os ânimos conciliatórios que ele diz ter: o ressentimento.

Ante a decisão da Justiça Eleitoral de cassar o mandato do deputado Deltan Dallagnol, por supostamente não atender aos requisitos da legislação eleitoral, um lacônico “nada a declarar” seria a única resposta desejável de um governo responsável e cônscio de que não há tempo a perder para congregar forças aptas a enfrentar os desafios do País. Mas, ao invés disso, o governo petista, como se fosse liderado por crianças pirracentas, encontrou tempo para empregar a máquina do Estado para fabricar memes tripudiando seu desafeto.

Ao invés de jogar água na fervura, o governo sopra a brasa. Mas, muito mais que um desabafo, a euforia juvenil ante os revezes de adversários como Dallagnol sugere nervosismo e até mais: uma estratégia calculada. O governo se inclina cada vez mais a apelar à emoção, ao passado e à polarização para justificar sua presença no Planalto como um muro de contenção à barbárie bolsonarista. Mas essa cortina de fumaça não disfarça a realidade da falta de rumo, de ideias novas e de base. Neste vácuo, o revanchismo se consolida cada vez mais como política de governo.

A educação, por exemplo, precisa de planos para compensar o déficit gerado pela pandemia, de soluções para fortalecer a aprendizagem e a formação dos professores e de um sistema de cursos técnicos e profissionalizantes para enfrentar as transformações do mercado de trabalho. Mas a principal medida do governo foi suspender a reforma do ensino médio. A maior chaga social do Brasil, o saneamento básico, precisa de investimentos e planos consistentes de parcerias público-privadas. Mas o governo empenha-se em desconstruir o Marco do Saneamento.

O revanchismo é flagrante nos ataques à Lei das Estatais ou das Agências Reguladoras, à independência do Banco Central ou ao teto de gastos – marcos criados pelo Congresso justamente para pôr fim à malversação de recursos públicos e à sangria fiscal que grassaram nas gestões petistas, arrebentando a economia e desmoralizando a política.

Ao invés de oxigenar o País com novas políticas, o governo se empenha em reciclar políticas passadas. Ao invés de colocar o País na rota do futuro, enfrentando desafios inéditos do presente, empenha-se em reescrever a história e apagar da memória nacional desmandos como o mensalão, o petrolão ou a recessão, como se fossem mera narrativa e injustiça da oposição. Ao invés de aprender com seus erros e caminhar para frente com o Congresso, empenha-se em desconstruir marcos criados pelo Congresso para sanar esses erros. Mesmo sua proposta mais consistente para promover o crescimento sustentável, o marco fiscal é mais ameaçado pelo próprio PT do que pela oposição.

Qual a chance de se discutir a sério políticas públicas que demandam um mínimo de coesão social e articulação política quando a vingança domina os corações e mentes no governo? Se Lula quer que esse mandato seja seu melhor, precisa refrear em si e na militância o rancor e começar a fazer política de fato. Se, como ele mesmo disse, “é tempo de governar”, então que o faça.

 

INTEGRAÇÃO ENTRE MARKETING E VENDAS CONTRIBUI PARA O SUCESSO DE UMA EMPRESA

 Pluga

Você sabia que a integração entre marketing e vendas é essencial para o sucesso de uma empresa?

Uma das etapas mais importantes da integração entre os times é a passagem de bastão de leads, que consiste na transferência de potenciais clientes do marketing para vendas.

Confira a seguir algumas estratégias para integrar as áreas e garantir que a passagem de bastão seja feita de maneira eficiente.

O que é marketing e vendas?

O marketing tem a função de entender as necessidades dos clientes e prospects, ou seja, realizar a qualificação de leads a fim de criar estratégias capazes de gerar valor para o produto ou marca.

Seu objetivo é trabalhar a marca e atrair possíveis clientes, utilizando técnicas como branding, marketing de conteúdo, growth marketing, etc.

Já a área de vendas está mais concentrada nos leads e prospects, e tem o objetivo de fechar negócios.

Para isso, os profissionais dessa área precisam entender o perfil dos clientes de maneira mais específica, planejar abordagens e personalizar propostas.

Além disso, é crucial que esses profissionais ofereçam o suporte necessário aos leads durante todo o processo de compra.

Embora sejam áreas diferentes, marketing e vendas se complementam e, quando integradas, podem alcançar resultados surpreendentes.

Qual a relação entre marketing e vendas?

Como falamos, marketing e vendas são duas áreas distintas, mas que trabalham juntas para alcançar o mesmo objetivo: gerar receita para a empresa.

O marketing é responsável por desenvolver estratégias para atrair potenciais clientes e nutri-los até que estejam prontos para serem encaminhados ao setor de vendas.

Por sua vez, vendas é responsável por persuadir e levar essas oportunidades até a etapa de conversão.

Porém, essa relação não pode ser unidirecional. Ambas as áreas precisam trabalhar juntas e se comunicar para alcançar os melhores resultados.

O marketing precisa receber feedbacks constantes de vendas sobre o tipo de leads que estão recebendo, quais estratégias de marketing estão funcionando e quais precisam ser aprimoradas.

Da mesma forma, o time de vendas precisa de informações atualizadas sobre as oportunidades geradas pelo marketing para trabalhá-las de forma efetiva.

A importância da integração e automação de marketing e vendas

Quando o marketing e vendas trabalham em conjunto, sua empresa pode aproveitar ao máximo a expertise de cada equipe para aprimorar as estratégias.

O marketing pode compartilhar conhecimento sobre pesquisas, análise de dados e persona para ajudar o time de vendas a ser mais assertivo nas abordagens.

Já o time de vendas pode compartilhar as dores dos clientes e oferecer insights para melhorar as campanhas.

Essa interação fica ainda melhor com o uso da automação, pois:

Facilita o acesso às informações;

Evita ruídos de comunicação;

Reduz custos com o uso de inúmeras plataformas de vendas;

Ajuda a manter objetivos e metas claras para todos;

Otimiza tarefas manuais;

Padroniza tarefas, como envio de e-mails e propostas;

Oferece diferencial competitivo;

Melhora a gestão do time de vendas e marketing.

O que é passagem de bastão de leads?

A passagem de bastão de leads é um momento crucial do processo de vendas.

Acontece quando o marketing encaminha o lead para vendas, que passa a ter a missão de dar continuidade ao relacionamento e tentar fechar o negócio.

Ao receber o lead do marketing, a primeira equipe que entra em contato é a de pré-vendas, composta por SDRs.

É dentro do funil de pré-vendas que se confirma se o lead está realmente interessado em seguir em frente na jornada de compra.

A partir desse momento, toda a força de vendas é envolvida para trabalhar no convencimento.

Como fazer a passagem de bastão de leads entre marketing e vendas?

Agora que você já sabe o que é a passagem de bastão de leads, que tal descobrir como fazer esse processo? Abaixo, listamos 4 boas práticas.

Alinhe estratégias de marketing.

Faça a nutrição dos leads.

Atribua pontuações.

Passe o bastão.

Saiba mais sobre cada uma delas.

Alinhe estratégias de marketing

Para fazer uma boa passagem de bastão de leads, sua empresa deve investir em uma produção de conteúdo de qualidade.

Isso inclui a criação de artigos, ebooks, infográficos e outros tipos de materiais que possam despertar interesse.

Ao alinhar as estratégias de marketing, fica mais fácil gerar valor para seus visitantes e atraí-los para um formulário de contato, por exemplo.

A ideia é fazer com que eles queiram iniciar um relacionamento com a empresa.

Faça a nutrição dos leads

Para conquistar seu lead, é preciso encantá-lo com conteúdos interessantes.

Uma ótima maneira de fazer isso é utilizando um fluxo de nutrição, no qual você programa o envio de e-mails com conteúdos relevantes para preparar o lead para a próxima etapa.

Atribua pontuações

Nas plataformas de automação, você pode atribuir uma pontuação para cada ação que seus leads executarem, que é chamada de lead scoring.

Por exemplo, cada vez que seu lead se cadastra no seu fluxo, baixa um conteúdo ou abre seus e-mails, ele ganha pontos.

Ao atingir uma determinada pontuação, você pode oferecer algo que aumente as chances desse lead seguir em frente no processo de compra.

Passe o bastão

A passagem de bastão de leads pode ser otimizada com o uso de um CRM (CRM é a sigla usada para Customer Relationship Management e se refere ao conjunto de práticas, estratégias de negócio e tecnologias focadas no relacionamento com o cliente) para automatizar o processo.

Ao integrar o seu site com o CRM, as oportunidades são abertas automaticamente no funil de pré-vendas.

Além disso, todas as interações são registradas em um só lugar, tornando mais fácil o acompanhamento do progresso por todas as equipes envolvidas.

Lembrando que é importante respeitar cada etapa do processo para garantir que a passagem seja concluída com sucesso.

Ferramenta para centralizar informações entre marketing e vendas

Se você busca centralizar informações entre marketing e vendas, o CRM é a ferramenta certa!

Com o CRM PipeRun, você unifica os dados de clientes e prospects em um só lugar, facilitando a passagem de bastão e garantindo que ambas as áreas tenham acesso às mesmas informações.

A importância do bom site da Valeon para o seu negócio

Moysés Peruhype Carlech

Antigamente, quando um cliente precisava de um serviço, buscava contatos de empresas na Lista Telefônica, um catálogo que era entregue anualmente ou comprado em bancas de jornais que listava os negócios por áreas de atuação, ordem alfabética e região de atuação.

De certa forma, todos os concorrentes tinham as mesmas chances de serem encontrados pelos clientes, mas existiam algumas estratégias para que os nomes viessem listados primeiro, como criar nomes fantasia com as primeiras letras do alfabeto.

As listas telefônicas ficaram no passado, e, na atualidade, quando um cliente deseja procurar uma solução para sua demanda, dentre outros recursos, ele pesquisa por informações na internet.

O site da Valeon é essencial para que sua empresa seja encontrada pelos seus clientes e ter informações sobre a empresa e seus produtos 24 horas por dia.  Criamos uma marca forte, persuasiva e, principalmente, com identidade para ser reconhecida na internet. 

Investimos nas redes sociais procurando interagir com o nosso público através do Facebook, Google, Mozilla e Instagram. Dessa forma, os motivos pelos quais as redes sociais ajudam a sua empresa são inúmeros devido a possibilidade de interação constante e facilitado como o público-alvo e também a garantia de posicionamento no segmento de marketplaces do mercado, o que faz com que o nosso cliente sempre acha o produto ou a empresa procurada.

A Plataforma Comercial site Marketplace da Startup Valeon está apta a resolver os problemas e as dificuldades das empresas e dos consumidores que andavam de há muito tempo tentando resolver, sem sucesso, e o surgimento da Valeon possibilitou a solução desse problema de na região do Vale do Aço não ter um Marketplace que Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos e o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

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Moysés Peruhype Carlech

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Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

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Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?

A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

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domingo, 21 de maio de 2023

COMPRA DE TERRAS NO BRASIL POR ESTRANGEIROS TÊM RESTRIÇÕES IDEOLÓGICAS

 

Legislação
Compra de terras por estrangeiros: visão ideológica ainda dita as regras no Brasil

Por
Marcos Tosi – Gazeta do Povo


Cerca de 1% das terras brasileiras estão hoje em nome de estrangeiros.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo
Resumo desta reportagem:

Brasil adota desde 2010 uma interpretação que dificulta ao máximo a compra de terras por estrangeiros
Em termos jurídicos, estariam em conflito dois direitos fundamentais: o da soberania nacional e o da livre iniciativa
Projeto que moderniza a lei foi aprovado pelo Senado, mas está parado na Câmara
Decisões jurídicas conflitantes coexistem enquanto o STF não toma uma decisão sobre o tema
Um dos maiores players do agronegócio global, o Brasil vem adotando desde 2010, no fim do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República, uma interpretação mais restritiva quanto à possibilidade de estrangeiros comprarem e cultivarem terras no país. Uma decisão que teve como pano de fundo uma suposta preocupação com o controle territorial, a soberania nacional e a segurança alimentar.

“Ninguém vai pôr a terra num avião e levar embora. Todas as empresas que vêm para cá, sejam majoritariamente ou minoritariamente de capital estrangeiro, têm que cumprir as regras locais, seja a legislação tributária, trabalhista ou cambial. Em relação à segurança nacional, tirando a questão das fronteiras, o que se perde de soberania nacional por algum estrangeiro trabalhar aqui, produzir aqui, empregar aqui, pagar tributo aqui e, havendo lucro, mandar dividendos para fora? Isso acontece em qualquer setor, em qualquer segmento”, questiona Renato Buranello, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e coautor de um estudo de 2021 sobre a necessidade de modernização da lei brasileira.

Durante o governo Lula 2, a Advocacia-Geral da União (AGU) emitiu parecer contrário a dois pareceres anteriores (de 1974 e 1998), entendendo que uma empresa nacional controlada por sócios estrangeiros deveria ter as mesmas restrições da lei aplicada a empresas estrangeiras (Lei 5.709/71).

Buranello lembra que já no início do governo de Dilma Rousseff, em 2011, ouviu do próprio advogado-geral da União à época, Luis Inácio Adams, que o jogo tinha endurecido. “Eu estive num evento com o Adams, e ele disse, olha, é uma questão ideológica sim. A presidente Dilma sentou em cima dessa questão. Isso não vai andar, vai continuar o mais restrito, o mais limitador possível”, recorda.

Visão mais restritiva derrubou compra de terras por estrangeiros
Dentre as restrições aplicáveis atualmente a estrangeiros, com ou sem empresa constituída no Brasil, está o limite de tamanho das propriedades, de 50 módulos fiscais (o valor do módulo fiscal é fixado pelo Incra e varia de 5 a 110 hectares, dependendo do município), e a exigência de projeto e anuência prévia do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A interpretação mais restritiva da lei pelo governo fez cair a um mínimo os investimentos estrangeiros na aquisição de terras no Brasil, mas os negócios não pararam completamente. Ainda há investidores que apelam para contratos de gaveta, com opção de compra, na expectativa de que a questão seja pacificada em médio prazo.

Números de 2020 dão conta de que 3,9 milhões de hectares estavam cadastrados no país como propriedade estrangeira, dos quais 2,5 milhões dedicados à agropecuária. Em comparação ao total de terras agrícolas, de 350 milhões de hectares, a proporção é de pouco mais de 1% em mãos de forasteiros.

É falso que os chineses sejam os maiores detentores de terras no país. À frente deles estão japoneses (10% do total), portugueses, espanhóis, alemães, holandeses, americanos, argentinos e libaneses.

Para Rodrigo Milla, especialista em direito societário da Arauz Advogados, se houver uma regulamentação clara e mais flexível sobre a possibilidade de estrangeiros comprarem terras no Brasil, o efeito será imediato, de valorização. Como o que aconteceu com a Bolsa de Valores quando o país recebeu o grau de investimento.

“Em um dia, todas as ações da Bolsas valorizaram 20%. Por que naquele momento vários fundos de investimento passaram a poder pôr dinheiro no Brasil. E deve acontecer a mesma coisa com a compra de terras. Muitas empresas no estrangeiro, por questões regulatórias e de compliance, não podem comprar terras no Brasil usando subterfúgios, por mais que eles sejam válidos. Elas estão na espera. Na hora que puderem comprar, a lei da oferta e da procura vai fazer com que o preço do ativo aumente”, pondera.

PL 2963, aprovado no Senado, está parado na Câmara
Uma modernização da lei, o PL 2963/19, do senador Irajá Abreu (PSD-TO), já foi aprovada no Senado, mas está parada na Câmara há dois anos. Na prática, a principal mudança envolve não replicar as mesmas restrições aplicáveis a estrangeiros em casos de pessoas jurídicas brasileiras controladas direta ou indiretamente por estrangeiros.

O projeto mantém, contudo, várias restrições. Quanto ao tamanho das fazendas, por exemplo, nenhum município poderia ter mais de 25% de sua área em mãos de cidadãos de outras nacionalidades. E a propriedade teria de cumprir sua função social e se manter produtiva, sob pena de sofrer expropriação. A compra seria vedada para ONGs ou fundações com instituidores estrangeiros, fundos soberanos ligados a Estados e empresas estatais estrangeiros, salvo se houver análise e parecer favorável do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Ficaria também sujeita à aprovação do CDN a aquisição de imóvel rural situado no Bioma Amazônico.

Estudo comparativo do Insper constatou que a maioria dos países, seja Estados Unidos, Austrália, Rússia, China ou Argentina, tem regras com maior ou menor grau de exigência que restringem a venda de terras a não nacionais. Trata-se de uma questão estratégica, que já esteve até na origem de guerras.

Investimentos estrangeiros em terras no Brasil, atualmente, com frequência recorrem a contratos de gaveta| Jonathan Campos / Arquivo Gazeta do Povo
Regras atuais estariam espantando investidores
O desafio é encontrar uma solução que não esteja ideologicamente contaminada. “Isso não é livre, não é comum que terras em outro país estejam totalmente disponível para investidores estrangeiros. Tem que haver regras, mas as limitações têm que ficar colocadas naquilo que de fato traz algum risco: áreas de fronteira, fundos soberanos de Estados estrangeiros, ONGs. O que está acontecendo hoje é que estamos espantando investimentos que poderiam ocorrer no agronegócio. Isso é um fato. Tem gente séria, fundos sérios, empresas que querem vir e produzir no Brasil, mas estão com medo do cenário regulatório. A gente tem deixado de ser um porto seguro quando se fala em investimentos em áreas rurais no Brasil”, aponta Buranello.

À época da imposição das regras atuais, o governo militar encorajava a ocupação e exploração da Amazônia por brasileiros, e tentava combater escândalos de negociatas de terras, em que especuladores estrangeiros transacionavam grandes áreas, por vezes de forma consecutiva, e até com documentação falsificada.

Em 2010, mesmo ano em que houve parecer da AGU mais restritivo, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entendeu que as restrições deveriam se estender às empresas brasileiras controladas por estrangeiros, e recomendou que os tribunais de Justiça fizessem um regulamento para que suas corregedorias fiscalizassem a aquisição de terras por forasteiros.

Imbróglio jurídico aguarda decisão do STF
O Tribunal de Justiça de São Paulo, no entanto, discordou da interpretação do CNJ e se recusou a adotar a medida. A Advocacia Geral da União, a mando do Poder Executivo, entrou então com ação no STF, a Ação Cível Originária (ACO) 2463, para obrigar o TJSP a se adequar à recomendação.

Em outra frente, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) impetrou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 342 (ADPF), afirmando haver incompatibilidade de dispositivos da lei de 1971 com a Constituição Federal, ao discriminar empresas nacionais de capital estrangeiro. Para a SRB, a lei dificulta o financiamento da atividade agropecuária e diminui a liquidez dos ativos imobiliários, com perda para as empresas agrárias.

Desde então, apenas o ministro relator do caso, Marco Aurélio Mello, apresentou o voto, antes ainda de se aposentar. Ele decidiu pela necessidade de controle sobre a propriedade de terras por estrangeiros, mesmo que, no caso de empresas, elas tenham substituído o CNPJ forasteiro por um CNPJ nacional.

No desdobramento mais recente da controvérsia, o plenário do STF cassou liminar do ministro André Mendonça que suspendia todos os processos judiciais envolvendo compra de imóveis rurais por empresas brasileiras com participação majoritária de estrangeiros. A suspensão atendia pedido da OAB, que se queixou de inúmeras sentenças conflitantes sobre o tema. A corte entendeu, contudo, que a suspensão de todos os processos causaria uma insegurança jurídica ainda mais grave.

Decisões jurídicas conflitantes coexistem sobre compra de terra por estrangeiros

Em termos jurídicos, estariam em conflito dois direitos fundamentais: o da soberania nacional e o da livre iniciativa. O Supremo Tribunal Federal ainda não tomou sobre o assunto nenhuma decisão vinculante, e, portanto, coexistem no país várias decisões judiciais com interpretações conflitantes.

O assunto tem ganhado relevância em função do crescente interesse de empresas privadas e fundos estrangeiros em investir em “ativos verdes” no Brasil. O país possui o maior estoque mundial de áreas de floresta, mas ainda não tem um mercado regulamentado de créditos de carbono.

“O crédito de carbono no Brasil é um dos mais baratos do mundo. Geralmente, quando você faz negócio com terra, o valor é calculado pelo que ela produz, ou seja, é possível comprar um hectare pagando com tantas sacas de soja. Mas para um hectare no meio da Amazônia, na floresta virgem, a avaliação é outra. E é muito mais baixa. Ou seja, o Brasil está a preço de banana para o estrangeiro que quiser se aventurar por aqui”, avalia Milla, do escritório Arauz Advogados.

Ele aponta que os investidores que compram terras no Brasil, com base em liminares, sabem o risco que correm. Numa situação extrema, poderiam até perder tudo, caso um governo futuro entenda que a compra foi feita em violação à lei. Mas tal decisão, “por canetada”, é improvável, diz o advogado, visto que “criaria uma indisposição geral do Brasil com estrangeiros de todo o mundo, porque já tem muita gente posicionada no mercado brasileiro de terras”.

Insper avaliou prós e contras quanto à compra de terra por estrangeiros
No estudo do Insper, de 2021, os professores Renato Buranello, Marcos Jank e Leandro Grillo elencaram os prós e contras, os riscos e experiências internacionais quanto à compra de terras por estrangeiros.

Quem defende a liberalização aponta para a internacionalização das cadeias agroindustriais brasileiras a partir dos anos 90, que já poderiam estar mais integradas, aumentando a confiança e a dependência bilateral. Por essa ótica, as normas atuais, altamente restritivas, além de afastar investimentos impedem a valorização das terras, a elevação da concorrência, da competitividade e da liberdade econômica. Flexibilizar as regras poderia, ainda, contribuir para a redução do protecionismo contra o Brasil no mundo.

Os críticos reagem dizendo que a “estrangeirização” das terras agrícolas põe em risco a soberania nacional e a segurança alimentar, diminuindo o enfoque de produção de alimentos para o consumo interno. Também apontam para aumento da pressão sobre pequenos produtores e concentração fundiária, elevando a especulação no mercado de terras. Haveria ainda risco aos recursos hídricos, risco de migrações maciças, de aumento do nacionalismo e da xenofobia, além de temores quanto ao crescente poder de mercado da China.

Alguns dos temores, segundo o estudo do Insper, não se justificam. Mesmo havendo uma legislação mais flexível para investimento estrangeiro, isso não significa risco de perda de controle territorial. “O Estado tem poder regulador sobre esse mercado e os investidores estrangeiros (ou empresas brasileiras controladas por capital estrangeiro) estão sujeitos às mesmas regras jurídicas e ambientais que o produtor brasileiro e, no caso de qualquer inobservância à legislação ou uso indevido, pode-se adotar a desapropriação como correção. No caso dos recursos hídricos, o uso destes é condicionado à outorga do Poder Público e, portanto, já regulados”, afirmam.

Nova lei manteria controle estrito dos negócios, mas sem filtro ideológico
Quanto às preocupações com a segurança alimentar nacional, o Insper concluiu que “os mecanismos de Defesa Comercial poderiam ser utilizados para corrigir os fluxos internacionais de comércio caso estes pressionem o abastecimento interno”.

Os impactos socioambientais seriam mínimos, visto que o país já tem uma legislação que evitaria “qualquer pressão por incremento de desmatamento e conflitos com comunidades locais em fronteiras agrícolas”.

Em relação aos preços da terra, de fato poderia haver tendência à elevação devido ao aumento da demanda. No entanto, tal efeito seria “bastante limitado”, segundo os pesquisadores, visto que “ainda seriam mantidas restrições da lei de 1971 para limites de extensão das propriedades estrangeiras”.

Aprovar uma nova lei pode não ser suficiente para encerrar a polêmica envolvendo o princípio da livre iniciativa. Na análise do advogado Rodrigo Milla, só haverá segurança jurídica quando o STF se manifestar sobre a compra de terras por estrangeiros, e “se ela pode ser regulada por lei sem que isso constitua uma violação da Constituição e do princípio constitucional da livre iniciativa”.

“O debate, na realidade, vai neste sentido: a livre iniciativa pode ou não ser tolhida em benefício de outras questões constitucionais, como a soberania nacional?”, afirma.

Para Buranello, no entanto, não existe colisão dos dois direitos fundamentais. A preocupação com a segurança nacional estaria superada, visto que as restrições em áreas de fronteira existem tanto na lei atual como no projeto aprovado no Senado.

Ele acredita que uma nova lei daria norte ao assunto. “Quando você renova a legislação, você de fato conduz o judiciário a mudar o pensamento. A sociedade vota numa outra direção, então cabe ao judiciário ter uma presença diferente dentro de uma moldura regulatória nova”, argumenta.


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CPI DO MST SERÁ DOMINADA POR EMPRESÁRIOS DO AGRONEGÓCIO

Câmara dos Deputados
Por
Aline Rechmann – Gazeta do Povo


Deputados agropecuaristas, empresários e policiais vão dominar a CPI do MST.| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) será dominada por deputados que fizeram carreira na polícia e no Exército, foram empresários ou são ligados ao agronegócio. Além disso, pelo menos 28 dos 54 deputados que devem fazer parte da CPI são membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a bancada do Agro.

A comissão se reuniu pela primeira vez na tarde da última quarta-feira (17) para a instalação e eleição dos membros que comandarão os trabalhos. Em uma votação rápida e com chapa única, escolhida por consenso, foram eleitos o presidente Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), o 1º vice-presidente Kim Kataguiri (União-SP), o 2º vice-presidente delegado Fabio Costa (PP-AL), e o vice-líder da oposição, Evair Vieira de Mello (PP-ES), como 3º vice-presidente.

Vieira é administrador por formação, mas foi secretário municipal de agricultura e diretor presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

Em seu discurso de posse, o deputado Zucco se comprometeu em conduzir os trabalhos com responsabilidade e transparência. “Vamos investigar de forma séria as invasões de terra que voltaram a aterrorizar o campo”, destacou o deputado gaúcho.

Outros membros do agro já definidos são a deputada Ana Paula Leão (PP-MG), agropecuarista e também é 1ª vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara e o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) que também é agricultor e pecuarista.

O deputado Domingos Sávio (PL-MG) é médico veterinário e declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter uma fazenda e 157 cabeças de gado.  Já a deputada Magda Mofatto (PL-GO) é empresária do ramo de turismo e tem atuação na defesa do agronegócio, além de também ter declarado uma fazenda em seu nome ao TSE.

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FPA influenciou parlamentares a buscar indicações para CPI do MST 

Mais da metade dos membros da CPI do MST faz parte da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), afirmou, antes da instalação da CPI, que influenciaria os membros da frente a buscarem as indicações, junto aos seus líderes partidários.

A influência de Lupion fez com que 28 dos 54 membros da CPI sejam ligados à FPA. É o caso, por exemplo, do deputado Evair Vieira de Mello.

Outros membros da diretoria da FPA também conquistaram indicações para a CPI do MST. A deputada Caroline De Toni (PL-SC) atua como coordenadora jurídica da FPA. Já os deputados Hercílio Diniz (MDB-MG), Marcos Pollon (PL-MS) e Lucas Redecker (PSDB-RS) estão à frente das comissões trabalhista, de segurança no campo e de inovação, respectivamente.

Coronéis e delegados integram comissão que vai investigar as invasões no campo  

Dentre os membros da comissão, quatro têm “coronel” como parte do nome parlamentar, incluindo o presidente da CPI, deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), que é ex-militar. Ou outros são Coronel Josenildo Assis (UNIÃO-MT e ex-PM), Coronel Chrisóstomo (PL-RO e ex-militar) e Coronel Ulysses (União-AC e ex-PM).

Outros três foram delegados da Polícia Civil. São eles Fábio Costa (PP-AL) (que é 2º vice-presidente da CPI), Éder Mauro (PL-PA) e Katarina Santana (PSD-SE).

Há ainda o deputado Capitão Alden (PL-BA), que é ex-policial militar, e o deputado Nicoletti (União-RR), que apesar de não fazer menção no nome parlamentar, foi militar de carreira do Exército e policial rodoviário federal.

Deputada do PSOL tentou barrar o relator da CPI  

Durante a primeira reunião da comissão, o presidente deputado Zucco, designou o deputado Ricardo Salles (PL-SP) como relator da CPI. Logo após, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) formulou uma questão de ordem para tentar impedir a designação.

A deputada Sâmia argumentou que Salles teria interesse no tema da CPI. Ela citou inquéritos em que o relator estaria sendo investigado e mencionou ainda que Salles teria financiadores da campanha ligados ao agronegócio com interesse nos trabalhos da CPI.

O presidente Zucco, no entanto, indeferiu os argumentos afirmando se tratar de uma questão “subjetiva” e “de foro íntimo”.

Ao final da reunião, o deputado Salles comentou o fato, em coletiva de imprensa, e afirmou que “não tem impedimento nenhum” para assumir a relatoria da CPI. “Não sou produtor rural, não tenho relação com nenhum tipo de atividade de invasão de propriedade. Ao contrário da deputada Sâmia, que emprega no seu gabinete a esposa do Zé Rainha, que está preso em São Paulo por extorsão, crime de invasão e depredação de patrimônio público e privado […] Se há alguém que tem conflito de interesse no tema de invasão de propriedade é ela”, rebateu Salles.

PT usou estratégia para tentar atrasar o início dos trabalhos
Mais da metade dos membros da CPI foram indicados oficialmente entre o final da tarde de terça-feira e o começo da tarde de quarta-feira, portanto, antes da instalação da CPI. O Partido dos Trabalhadores (PT), porém, indicou os seus parlamentares para a comissão somente com a reunião já em andamento. A estratégia é utilizada para tentar atrasar o início dos trabalhos.

Partidos como o MDB, o PSB e o Podemos ainda não indicaram todos os nomes para compor a CPI. Até o fechamento desta matéria, ainda restavam três vagas para titulares e oito para suplentes.

O MDB, por exemplo, tem direito a indicar quatro membros para a CPI, mas até o momento, tem apenas o deputado Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG) indicado como titular. Antes de entrar na política ele era um empresário do ramo de supermercados.

O deputado federal Rafael Pezenti (MDB-SC) é um dos parlamentares do partido que pediu para participar da CPI, no entanto ainda não teve sua indicação protocolada. O deputado catarinense disse recentemente, em vídeo divulgado em suas redes sociais, que “invasores de terra serão recebidos à bala” no seu estado.

Deputados da base governista dão apoio ao MST
Partidos da base governista, como o PT e o PSOL indicaram nomes que atuarão na defesas do MST durante a CPI. Em entrevista recente, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) destacou, em entrevista publicada pelo jornal Folha de São Paulo, que alinhou estratégias com os líderes do PT e do governo na Câmara, os deputados Zeca Dirceu (PT-PR) e José Guimarães (PT-CE), respectivamente. “Estamos empenhados em proteger o MST”, afirmou a deputada Gleisi.

Para compor a CPI, o PT indicou os nomes dos deputados Camila Jara (MS), Gleisi Hoffmann (PR), Marcon (RS), João Daniel (SE), Nilto Tatto (SP), Padre João (MG), Paulão dos Santos (AL) e Valmir Assunção (BA).

Os deputados Valmir Assunção, Marcon e João Daniel expõem sua ligação com o movimento nas redes sociais, se apresentando como militantes ou assentados do MST. Nilto Tatto usa em seu perfil uma foto com o boné e a bandeira do MST ao fundo. As deputadas Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e Camila Jara também têm publicações defendendo o Movimento e criticando a atuação dos deputados que classificam como ruralistas.

Para a bancada do PT, a CPI vai ser uma oportunidade de o Brasil conhecer o MST. Em publicações nas redes sociais, o partido enfatizou que “o time do PT está unido em defesa do MST”.

O PSOL também indicou nomes para defender o MST. A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) será a titular e a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) será a suplente. Ambas proferiram discursos contra a criminalização dos movimentos sociais.

Bolsonaro pede seriedade, sem “lacrações” na CPI do MST 
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em conversa com jornalistas, na tarde desta quinta-feira (18), que tem conversado com os deputados de seu partido sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “O que eu tenho falado para os parlamentares, é fazer um trabalho sério. Pra ninguém chegar lá pra lacrar, pra querer aparecer, fazer a tua inquisição e ir embora. É pra ficar lá pra buscar alternativas”, disse o atual presidente de honra do PL.

Bolsonaro disse ainda que é possível que as investigações cheguem a quem financia as invasões de terra no Brasil. “Pra botar um ponto final nisso. Ninguém quer confusão, ninguém quer problema no Brasil”, destacou o ex-presidente.

O PL tem 11 deputados na CPI do MST. Um dos deputados, o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles (PL-SP) é o relator da CPI. 

MST busca deslegitimar presidente e relator da CPI 
Em nota divulgada em seu site oficial após a instalação da CPI, o MST defendeu a tese de que “a Comissão é instalada sem objeto determinado e representa uma tentativa de criminalizar o MST e pressionar o governo”.

Para o MST, o comando da CPI quer criminalizar o movimento. “Ricardo Salles, relator, e Tenente-Coronel Zucco, presidente, não possuem legitimidade para conduzir qualquer tipo de investigação contra um Movimento que caminha rumo aos seus 40 anos, levantando a bandeira histórica de combate à concentração de terras no Brasil”, destaca a nota assinada pela direção nacional do MST.

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O CONGRESSO REAGE OU SE SUBMETE À CASSAÇÃO DE DELTAN DALLAGNOL

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Decisão do TSE que cassou mandato do deputado federal Deltan Dallagnol foi criticada por parlamentares e membros da sociedade.| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A decisão teratológica do Tribunal Superior Eleitoral que retirou o mandato de Deltan Dallagnol (Podemos-PR) com base em uma interpretação bastante extensiva e completamente inaceitável da Lei da Ficha Limpa, na contramão de toda a doutrina sobre a proteção dos direitos políticos dos cidadãos, provocou indignação no parlamento federal. Com exceção do petismo – que jamais perdoará qualquer ex-integrante da Lava Jato por ter revelado as falcatruas operadas pelo partido –, de seus aliados de esquerda e de figuras como o senador Renan Calheiros, as manifestações na Câmara, no Senado e em Legislativos estaduais foram majoritariamente de uma revolta justa. Afinal, não havia a menor base jurídica para que Dallagnol tivesse sua candidatura impugnada, pois ele não se encaixava em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa, como já demonstramos aqui.

A indignação, que não é apenas dos parlamentares, mas de boa parte da sociedade civil, se insere em um contexto mais amplo. Qualquer pessoa de bom senso percebe a inversão de valores completa que existe quando aqueles que se empenharam de forma abnegada e heroica no combate à corrupção, aplicando a lei com dureza, mas não ao ponto de transgredi-la, são agora punidos de forma arbitrária, enquanto os protagonistas dos escândalos de corrupção – o mensalão, o petrolão e tantos outros – estão livres, leves e soltos, ocupando posições de mando. Tudo isso graças ao Poder Judiciário, que, em nome do “garantismo” e afirmando estar combatendo supostas irregularidades processuais, tomou decisões cujo efeito prático foi a soltura de corruptos, cujos crimes estavam fartamente documentados, e a punição dos que combateram a ladroagem. Como se não bastasse, os tribunais superiores ainda se lançaram em uma campanha de demolição sistemática de direitos e garantias fundamentais, especialmente a liberdade de expressão e o devido processo legal. Como fazer o gênio voltar para a garrafa?

Se a lei é distorcida ou ignorada por uma corte para perseguir um deputado cujos únicos “crimes” foram trabalhar para colocar ladrões na cadeia e criticar os desmandos de um Judiciário que prejudica o combate à corrupção, os freios e contrapesos precisam entrar em cena

Se o Judiciário hoje se julga capaz de fazer o que bem entender, isso ocorre em parte graças à omissão do Poder Legislativo. Quando Alexandre de Moraes resolveu abolir a imunidade parlamentar “por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos” para mandar prender o então deputado Daniel Silveira, em fevereiro de 2021, a Câmara não apenas se omitiu: ela endossou o arbítrio ao votar para manter a prisão – só posteriormente a casa adotou o trâmite correto, abrindo um processo por quebra de decoro. Quando inúmeros parlamentares foram vítimas de censura prévia, perdendo o direito de publicar em mídias sociais, também por ordem de Moraes, a mobilização foi quase inexistente. Mesmo que o ministro do STF tenha considerado e ainda considere estar defendendo a democracia, suas decisões, na prática, têm violado sistematicamente o direito constitucional à liberdade de expressão e uma série de garantias dos réus, nos inquéritos abusivos iniciados em 2019 – e, ainda assim, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nada fez, por mais que a casa por ele presidida seja o principal contrapeso constitucional ao STF. As invencionices jurídicas e ataques à liberdade de expressão cometidos pelo TSE, chamados eufemisticamente de “arco de experimentação regulatória” por Edson Fachin, e que desequilibraram o pleito de 2022 só foram denunciados pelos que eram diretamente atingidos, enquanto o restante do Congresso se omitia ou aplaudia.

O poder não admite o vácuo, diz o adágio: se o Legislativo abriu mão de exercer o papel de contrapeso ao Judiciário, este ocupou os espaços até se considerar absoluto. Cada omissão, das pequenas às maiores, tornou cada vez mais difícil restaurar o devido equilíbrio entre poderes e manter os tribunais superiores dentro do seu papel constitucional. O “ponto de não retorno” está cada vez mais próximo – mas ainda não foi atingido. O Congresso ainda pode reagir, mas para isso os parlamentares terão de fazer muito mais que simplesmente manifestar indignação na tribuna ou nas mídias sociais.

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Guzzo: Dallagnol é mais ficha limpa que o próprio Lula e por isso foi cassado pelo TSE


Há instrumentos valiosos que podem ser usados para que, ao menos, a sociedade finalmente se dê conta do tamanho da ameaça à democracia representada pela hipertrofia do Judiciário. Um deles é a CPI do Abuso de Autoridade, iniciativa do deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) que já havia conseguido assinaturas suficientes no ano passado, mas não chegou a ser aberta porque o fim da legislatura já estava muito próximo. O deputado está repetindo o esforço para angariar apoio de colegas a um novo requerimento, e lançou um abaixo-assinado para que a sociedade também se faça ouvir. “[A decisão do TSE] é um pedaço de papel lido por um presidente de corte eleitoral que está cometendo abuso de autoridade, dentre tantos outros e que vai precisar ser corrigido pelo parlamento”, disse Van Hattem na quarta-feira.

Este é o momento da verdade, a hora dos parlamentares que sabem honrar o cargo para o qual foram escolhidos pelo povo. Se a lei é distorcida ou ignorada por uma corte para perseguir um deputado cujos únicos “crimes” foram trabalhar para colocar ladrões na cadeia e criticar os desmandos de um Judiciário que prejudica o combate à corrupção com suas decisões, os freios e contrapesos precisam entrar em cena. Não se trata apenas de fazer o que for possível para restabelecer o mandato de Dallagnol, mas também de impedir que outros “inimigos do partido” sejam injustiçados como ele foi e se tornem vítimas do que o ministro Luís Roberto Barroso descreveu profeticamente em abril de 2021: “Na Itália, a corrupção conquistou a impunidade. Aqui, entre nós, ela quer vingança”. Os parlamentares que se omitirem neste momento ajudarão a construir um Legislativo covarde, totalmente subserviente ao Judiciário. Comportam-se como o narrador do célebre poema E não sobrou ninguém, de Martin Niemöller: escondendo-se em um conveniente “não sou bolsonarista” ou “não sou lavajatista”, ignoram que um dia poderá chegar também a sua vez.


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BARATA RIBEIRO FOI O PRIMEIRO MINISTRO AFASTADO DO STF

 

História do Brasil

Por
Tiago Cordeiro – Gazeta do Povo


Cândido Barata Ribeiro foi empossado como ministro do STF antes de passar pelo escrutínio do Senado. Atuou por dez meses. Depois, foi afastado.| Foto: Reprodução

O Supremo Tribunal Federal (STF) é uma criação da República. Entre 1808 e 1829, existia a Casa da Suplicação do Brasil, então substituída pelo Supremo Tribunal de Justiça, com nomes indicados pelo imperador. Foi em 28 de fevereiro de 1891, já durante a República, que começou a operar o STF no formato atual. Desde então, a corte máxima do Judiciário do país já teve 167 ministros.

São indicados pelo presidente e aprovados pelo Senado. Apenas três presidentes não permaneceram tempo suficiente para indicar algum nome: Café Filho (1954–1955), Carlos Luz (1955) e Ranieri Mazzilli (1961 e 1964). Recordista absoluto, Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954) indicou 21 membros. João Figueiredo (1979-1985) apontou nove. Humberto Castelo Branco (1964-1967) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) escolheram oito ministros.

Logo no início das atividades do STF, o marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891) indicou 15 nomes. Seu sucessor, o marechal Floriano (1891-1894), sugeriu outras 15 pessoas para o posto. Destas, cinco foram recusadas pelo Senado. São, até hoje, os únicos casos de ministros que foram rejeitados. Desde então, 129 anos depois, nunca mais aconteceu.

Conduzidos ao cargo, mas barrados, foram Cândido Barata Ribeiro, Innocêncio Galvão de Queiroz, Ewerton Quadros, Antônio Sève Navarro e Demosthenes da Silveira Lobo. O caso de Cândido Barata Ribeiro é o mais curioso. Isso porque ele foi empossado antes de se ver submetido ao escrutínio do Legislativo. Atuou como ministro do Supremo, que despachava em um casarão da Rua do Passeio, por exatos dez meses e quatro dias. Depois, foi afastado. Foi um caso único na história do Supremo.

Prefeito cassado
Médico-cirurgião, defensor do fim da escravidão e da instauração da república, Cândido Barata Ribeiro nasceu em 11 de março de 1843, em Salvador (BA). Com dez anos de idade, mudou-se para o Rio de Janeiro. No final da década de 1860, já formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mudou-se para Campinas (SP), onde atuou como diretor do Serviço Médico e Cirúrgico do Hospital de Caridade.

Em 1880, já de volta ao Rio, foi ferido durante um ataque da polícia imperial a uma conferência republicana realizada na Sociedade Francesa de Ginástica. No ano seguinte, publicou o drama em quatro atos ‘Segredo do lar’. A partir de 1883, começou a lecionar na instituição de medicina onde havia se formado.

Com a Proclamação da República, em 1889, assumiu a gestão da capital federal, primeiro como presidente do Conselho Municipal de Intendentes e, a partir de 17 de dezembro de 1892, como prefeito. Mas, em 26 de maio de 1893, o Senado vetou seu nome e ele foi afastado. Foi um gestor polêmico, que realizou uma série de ações para demolir cortiços no centro — muitos buscaram moradia nos morros, enquanto o prefeito liderava um esforço de alargamento de ruas e construção de uma infraestrutura de saneamento nas áreas derrubadas.

Machado de Assis escreveu sobre a derrubada de um dos maiores destes cortiços, conhecido como Cabeça de Porco, no jornal d’A Semana de 29 de janeiro de 1893: “Gosto deste homem pequeno e magro chamado Barata Ribeiro, prefeito municipal, todo vontade, todo ação, que não perde o tempo a ver correr as águas do Eufrates. Como Josué, acaba de pôr abaixo as muralhas de Jericó, vulgo Cabeça de Porco. Chamou as tropas segundo as ordens de Javé durante os seis dias da escritura, deu volta à cidade e depois mandou tocar as trombetas. Tudo ruiu, e, para mais justeza bíblica, até carneiros saíram de dentro da Cabeça de Porco tal qual da outra Jericó saíram bois e jumentos. A diferença é que estes foram passados a fio de espada. Os carneiros, não só conservaram a vida mas receberam ontem algumas ações de sociedades anônimas”.

Foi uma gestão marcada por conflitos. “Mantendo estreita ligação com o governo federal, teve uma atuação marcada por incidentes que o incompatibilizaram com os intendentes e por atos que, contrariando interesses econômicos de comerciantes e empresários da cidade, geraram críticas desses setores”, aponta o verbete sobre ele disponível no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV).

Ministro cassado
Poucos meses depois, em 23 de outubro de 1893, foi nomeado ministro do STF para a vaga criada em decorrência da aposentadoria do ministro Joaquim da Costa Barradas. Mais uma vez, o Senado barrou sua escolha, depois que ele já havia assumido o posto. Argumentou que ele não tinha “notório saber”, já que era médico, sem nenhuma formação em Direito.

O marechal Floriano chegou a alegar que a expressão “notório saber” não especificava qual seria a área de conhecimento exigida. Durante a sessão em que barraram a indicação de Ribeiro, os senadores registraram: “Mentiria a instituição [STF] a seus fins se entendesse que o sentido daquela expressão ‘notável saber’, referindo-se a outros ramos de conhecimentos humanos, independesse dos que dizem respeito à ciência jurídica, pois que isso daria cabimento ao absurdo de compor-se um tribunal judiciário de astrônomos, químicos, arquitetos”.

O parecer dos senadores ainda afirmava: “Considerando que o nomeado, no exercício de importante cargo administrativo em que anteriormente se achou [prefeito do Distrito Federal], revelou não só ignorância do direito, mas até uma grande falta de senso jurídico, como é notório e evidencia-se da discussão havida no Senado de diversos atos seus praticados na qualidade de prefeito desta cidade e pelo Senado rejeitados”.

Curiosamente, em 1899, Barata Ribeiro seria eleito senador. Permaneceria no cargo entre 1900 e 1909, circulando entre os políticos que o haviam derrubado duas vezes. “À frente do Partido Republicano do Distrito Federal (PRDF), e ao lado do senador carioca Augusto de Vasconcelos, comandou a política no Distrito Federal até o início da primeira década do século XX. Essa ascendência sobre a política municipal foi garantida com a conquista de uma cadeira no Senado em eleição realizada em 30 de dezembro de 1899”, aponta o CPDOC-FGV.

Como senador, “empenhou-se na defesa de bandeiras como a autonomia do Distrito Federal, a garantia de direitos civis e políticos dos cidadãos, e o incentivo ao desenvolvimento de políticas públicas de proteção à indústria nacional e à infância desvalida”, informa o departamento da FGV. Ainda em Campinas, ele já tinha liderado a criação de um centro de atendimento em saúde para crianças carentes.

Quanto aos demais quatro ministros apontados por Peixoto e barrados pelos senadores, sabe-se muito pouco a respeito das motivações das decisões — as sessões eram secretas, os indicados não participavam delas e, diferentemente do que aconteceu com Ribeiro, as atas se perderam. Ewerton Quadros era general e Demosthenes da Silveira Lobo, diretor-geral dos Correios, ambos sem formação em direito. Os demais, o general Innocêncio Galvão de Queiroz e o subprocurador da República Antônio Sève Navarro, não eram conhecidos no mundo jurídico, mas haviam feito faculdade na área e ainda assim foram barrados.

“Saber jurídico”
Atualmente, nomes indicados para o STF seguem alguns critérios, estabelecidos pelo artigo 101 da Constituição: precisam ter notável saber jurídico (o “jurídico” foi incluído ainda no início do século 20), reputação ilibada, mais de 35 anos e menos de 65. Em décadas recentes, Dias Toffoli é o ministro mais jovem a ser indicado até hoje – tinha 41 anos e posteriormente, aos 50, se tornaria também o mais jovem presidente da corte. Mas, em 1901, o ministro Alberto Torres foi indicado quando tinha 35 anos.

O número de juízes, aliás, é mantido em 11 desde 1931, com exceção do período entre 1965 e 1969, quando foram 16. Entre 1891 e 1931, haviam sido 15. Nunca mais, desde o fim do governo de Floriano Peixoto em 1894, um nome indicado para o Supremo foi barrado. Quanto a Barata Ribeiro, faleceu em 1910, aos 66 anos. Foi homenageado com seu nome em uma rua de Copacabana e em 1932 nasceria seu sobrinho neto, o comediante Agildo Ribeiro.


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