Trump é
criticado por retuitar vídeos antimuçulmanos
Agência France
Presse
Trump se limitou a
retuitar os vídeos, sem tecer comentários próprios
O presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, retuitou nesta quarta-feira, (29), vídeos com
conteúdo antimulçumano publicados no Twitter por um grupo britânico de
extrema-direita, provocando indignação no Reino Unido.
Os vídeos,
publicados por Jayda Fransen, vice-presidente do grupo Britain First, mostram
supostos muçulmanos em atitudes agressivas.
Em um dos vídeos, um
suposto muçulmano agride um menino holandês de muletas. Outro vídeo descreve
uma máfia islamita que empurra um adolescente de um telhado.
Um terceiro vídeo
mostra um muçulmano derrubando e destruindo uma estátua da Virgem Maria. Esta
gravação, que está no YouTube desde 2013, é descrita como a destruição de uma
imagem por um jihadista na Síria.
Trump se limitou a
retuitar os vídeos, sem tecer comentários próprios.
Britain First, grupo
criado em 2011 e conhecido por protestar em frente a mesquitas, fracassou nas
eleições no Reino Unido e para o Parlamento Europeu.
No ano passado,
Fransen foi declarada culpada por crime de ódio depois de insultar uma mulher
muçulmana que usava véu.
"Os britânicos
rejeitam unanimemente a retórica tendenciosa da extrema-direita, que é a
antítese dos valores que este país representa: decência, tolerância e respeito.
O presidente cometeu um erro", reagiu Britain First, porta-voz da
primeira-ministra britânica, Theresa May.
Brendan Cox, viúvo
da deputada Jo Cox - que foi assassinada por um grupo de extrema-direita no ano
passado - disse: "Trump legitimou a extrema-direita em seu próprio país,
agora tenta fazê-lo no nosso".
"Propagar o
ódio tem suas consequências e o presidente deveria ter vergonha de si
mesmo", acrescentou.
O deputado do
Partido Trabalhista, David Lammy, considerou que Trump "promove um grupo
fascista, racista e extremamente odioso, cujos líderes foram presos e
condenados".
"Ele não é um
aliado ou amigo nosso", disse ele.
Enquanto isso, o
deputado Stepehn Doughty, também do Partido Trabalhista, afirmou que os vídeos
eram "altamente incendiários", e sua colega Yvette Cooper considerou
que Trump deu a Fransen uma "enorme plataforma".
Nesta quarta,
Fransen e Paul Goldin, líder do Britain First, deveriam comparecer perante um
tribunal em um caso por uso de "palavras ou comportamentos ameaçadores,
abusivos ou insultantes" durante um discurso que a mulher pronunciou em
Belfast.
As intervenções da
Trump na política e relações exteriores do Reino Unido prejudicaram a
"relação especial" entre os dois países. O presidente americano
irritou as autoridades britânicas com seus tuítes sobre terrorismo nesse país.
E esse novo
incidente não deve ajudar o governo de Theresa May a concretizar a visita de
Estado ao Reino Unido de Trump, num momento em que Londres busca formar
alianças alternativas diante do Brexit.