Não há na
Venezuela quem morra por Maduro, diz representante de Guaidó
Estadão Conteúdo
Diplomata e
novo representante especial da Venezuela na Organização dos Estados Americanos
(OEA) designado pelo opositor Juan Gauidó - que se auto proclamou presidente
interino da Venezuela -, Gustavo Tarre disse na tarde desta terça-feira, 29, em
Washington que Nicolás Maduro não tem suporte no país capaz de mantê-lo no
poder. "Não acho que há na Venezuela quem iria morrer pelo Maduro. Há
pessoas corruptas, há pessoas com simpatia por Maduro, mas pessoas que iriam
morrer, brigar por Maduro? Não acredito", afirmou Tarre em um auditório
lotado em Washington, na sede do think tank Centro para Estudos Internacionais
e Estratégicos (CSIS, na sigla em inglês).
Tarre é um dos indicados por Guaidó para ocupar postos de representação do governo paralelo venezuelano - parte de um movimento que tem se ampliado nos últimos dias e faz o líder opositor ganhar espaço como presidente interino do país em oposição a Maduro. Tarre foi indicado à OEA pela Assembleia Nacional da Venezuela no dia 23 de janeiro, mesmo dia em que parte da comunidade internacional reconheceu Guaidó como interino.
"Temos a pressão das pessoas na rua e da comunidade internacional", afirmou Tarre, mostrando fotos das manifestações pela saída de Maduro. Ao falar sobre as sanções aplicadas pelo governo americano à Venezuela, inclusive o bloqueio de Maduro à receita da compra de petróleo pelos EUA, afirmou que é parte de uma "conjunção de forças que colocará Maduro para fora".
Em 2017, Maduro anunciou a saída da Venezuela da OEA após a convocação de uma reunião para discutir a crise humanitária no país. No dia 10 de janeiro, mais da metade dos países que integram o Conselho Permanente da organização declarou que o governo de Maduro é ilegítimo. A decisão de Guaidó de indicar um diplomata para a OEA reverte o processo de saída do país do principal fórum regional.
Durante apresentação em Washington, Tarre foi interrompido ao menos três vezes por manifestantes isolados, com palavras de ordem e cartazes denunciando um golpe na Venezuela. Eles foram retirados pelos seguranças do evento. "Que protestem, têm direito", disse Tarre.
Ele afirmou que Guaidó tem trabalhado para garantir a realização de eleições livres e democráticas, com observação da comunidade internacional. Sobre a posição das Forças Armadas venezuelanas, consideradas cruciais até o momento para o apoio e sustentação de Maduro, o diplomata disse que Hugo Chávez soube "destruir os princípios da organização militar". "Tudo o que Guaidó pede é que os militares respeitem a Constituição. Essa é a esperança que temos", disse.
Ao falar da situação do país, Tarre mencionou a crise humanitária e o que considera a entrada de forças estrangeiras como Cuba e Rússia. "As pessoas não têm o que comer. Vocês viram vídeos de pessoas abrindo os sacos de lixo na rua para encontrar comida. O governo Maduro não provê o sistema básico de saúde. O governo não é capaz de garantir a integridade do território venezuelano de guerrilheiros e uma parte está sob controle do narcotráfico."
China e Rússia
Tarre vê diferença entre o apoio da China e o da Rússia a Maduro Para ele, com a China a questão é puramente econômica - e, por isso, os chineses não devem se indispor com um possível novo governo venezuelano. Já a Rússia, na visão dele, está engajada numa briga política.
Presente no evento, o ex-embaixador dos EUA na Venezuela William Brownfield avaliou que há duas questões em jogo quando se fala sobre China e Rússia. Para ele, "o dinheiro fala" e é preciso analisar se os dois países continuam, nas últimas semanas, investindo altas cifras na Venezuela. "Me parece que eles também estão parados para ver o que acontece", afirmou.
Além disso, o ex-embaixador considera que as realidades geográficas importam e, por mais que os dois países exerçam grande influência na Venezuela, há uma conjunção de forças na região contra Maduro por parte de Colômbia, Chile, Argentina, Canadá, Brasil e Estados Unidos.
"As coisas que estão acontecendo na Venezuela hoje não aconteciam há muitos, muitos anos. Guaidó está nomeando diplomatas para representar a Venezuela no exterior. Em pouco tempo, de várias formas, ele está de fato agindo como o presidente interino. Como comunidade internacional, precisamos ser cuidadosos", avaliou Brownfield.
Tarre é um dos indicados por Guaidó para ocupar postos de representação do governo paralelo venezuelano - parte de um movimento que tem se ampliado nos últimos dias e faz o líder opositor ganhar espaço como presidente interino do país em oposição a Maduro. Tarre foi indicado à OEA pela Assembleia Nacional da Venezuela no dia 23 de janeiro, mesmo dia em que parte da comunidade internacional reconheceu Guaidó como interino.
"Temos a pressão das pessoas na rua e da comunidade internacional", afirmou Tarre, mostrando fotos das manifestações pela saída de Maduro. Ao falar sobre as sanções aplicadas pelo governo americano à Venezuela, inclusive o bloqueio de Maduro à receita da compra de petróleo pelos EUA, afirmou que é parte de uma "conjunção de forças que colocará Maduro para fora".
Em 2017, Maduro anunciou a saída da Venezuela da OEA após a convocação de uma reunião para discutir a crise humanitária no país. No dia 10 de janeiro, mais da metade dos países que integram o Conselho Permanente da organização declarou que o governo de Maduro é ilegítimo. A decisão de Guaidó de indicar um diplomata para a OEA reverte o processo de saída do país do principal fórum regional.
Durante apresentação em Washington, Tarre foi interrompido ao menos três vezes por manifestantes isolados, com palavras de ordem e cartazes denunciando um golpe na Venezuela. Eles foram retirados pelos seguranças do evento. "Que protestem, têm direito", disse Tarre.
Ele afirmou que Guaidó tem trabalhado para garantir a realização de eleições livres e democráticas, com observação da comunidade internacional. Sobre a posição das Forças Armadas venezuelanas, consideradas cruciais até o momento para o apoio e sustentação de Maduro, o diplomata disse que Hugo Chávez soube "destruir os princípios da organização militar". "Tudo o que Guaidó pede é que os militares respeitem a Constituição. Essa é a esperança que temos", disse.
Ao falar da situação do país, Tarre mencionou a crise humanitária e o que considera a entrada de forças estrangeiras como Cuba e Rússia. "As pessoas não têm o que comer. Vocês viram vídeos de pessoas abrindo os sacos de lixo na rua para encontrar comida. O governo Maduro não provê o sistema básico de saúde. O governo não é capaz de garantir a integridade do território venezuelano de guerrilheiros e uma parte está sob controle do narcotráfico."
China e Rússia
Tarre vê diferença entre o apoio da China e o da Rússia a Maduro Para ele, com a China a questão é puramente econômica - e, por isso, os chineses não devem se indispor com um possível novo governo venezuelano. Já a Rússia, na visão dele, está engajada numa briga política.
Presente no evento, o ex-embaixador dos EUA na Venezuela William Brownfield avaliou que há duas questões em jogo quando se fala sobre China e Rússia. Para ele, "o dinheiro fala" e é preciso analisar se os dois países continuam, nas últimas semanas, investindo altas cifras na Venezuela. "Me parece que eles também estão parados para ver o que acontece", afirmou.
Além disso, o ex-embaixador considera que as realidades geográficas importam e, por mais que os dois países exerçam grande influência na Venezuela, há uma conjunção de forças na região contra Maduro por parte de Colômbia, Chile, Argentina, Canadá, Brasil e Estados Unidos.
"As coisas que estão acontecendo na Venezuela hoje não aconteciam há muitos, muitos anos. Guaidó está nomeando diplomatas para representar a Venezuela no exterior. Em pouco tempo, de várias formas, ele está de fato agindo como o presidente interino. Como comunidade internacional, precisamos ser cuidadosos", avaliou Brownfield.