Japão, MST e presos no 8/1
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
Lula (à direita) e Zelensky (à esquerda) chegaram a estar juntos
em sessões do G7, mas não tiveram a reunião bilateral solicitada pelos
ucranianos.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
O presidente Lula está de volta do Japão e a gente fica se perguntando o que ele foi fazer lá. Quanto custou essa viagem para o outro lado do mundo? Mais uma, né. Não falou nem com o Zelensky, que estava querendo falar com ele. Falou com praticamente todo mundo lá, menos com Lula, que estava fugindo depois das declarações que provocaram muitas dúvidas sobre as posições da política externa brasileira em relação ao conflito Ucrânia e Rússia.
Zelensky, perguntado se não estava decepcionado por não ter conseguido conversar com Lula, respondeu rindo: “Ele é que deve estar decepcionado por não ter tido essa conversa comigo”.
Por que as pessoas saem do Brasil?
Eu queria perguntar para os jovens que estão me escutando, o que eles acham do Brasil do futuro? Vão casar? Já estão recém-casados? Seus filhos estão pequenos? Um dia vocês terão netos, que Brasil vocês querem? Um Brasil rico, que possa dar uma boa renda para vocês? Que tenha empresas que possam pagar bons salários, que tenha uma boa educação para seus filhos? Que sobretudo seus filhos tenham segurança!
Estou dizendo isso porque estou em Portugal, e cada vez que encontro um brasileiro que mora aqui, eu pergunto: por que você veio?
A primeira coisa que eles me dizem é “já fui assaltado cinco vezes”. Ou “aqui eu tenho mais oportunidades”, “aqui eu tenho mais oportunidades para os meus filhos”, “aqui eu tenho mais chances de receber mais”, “aqui eu tenho mais paz”, “aqui eu tenho liberdade”.
Pois é, tem uma questão abstrata, que vale tanto como a vida. A nossa liberdade, a despeito de ser garantida por cláusula pétrea na Constituição, estão tentando separar aquilo que nós podemos dizer e o que nós não podemos dizer. Começou com essa bobagem do politicamente correto. Revoltante. As pessoas têm que se comprometer que não vão falar de tais e tais assuntos, ou que vão falar assim e assado, meu Deus do céu!
Que intromissão na liberdade natural das pessoas. Alguns podem dizer que é uma dádiva divina, digamos que é um direito natural a liberdade de expressão. Isso é muito importante.
O STF e o militar que mandou prender as pessoas em frente ao quartel
Eu
queria falar também com vocês a respeito desses julgamentos que o STF
está fazendo. É muito estranho. Por exemplo, Fernando Collor, ele não é
mais senador desde fevereiro, então o foro dele não é mais o Supremo.
Mas por outro lado, 1.050 brasileiros já foram considerados réus pelo
Supremo. E são gente humilde, gente do meio rural que vieram se
manifestar em Brasília, não sabem até agora porque foram presos. E, no
entanto, foram presos.
A gente já viu isso na história dos governos ditatoriais. Prisões em massa, que não são prisões em flagrante. Agora um general, o ex-comandante militar do Planalto confessa que foi ele que mandou prender. Mas ele não é juiz, não é delegado de polícia e não era flagrante. Como é que prendeu, que cercou, para depois levá-los presos? Como disse o ministro Nunes Marques – sem nenhum indício de terem praticado crime nem da individualização da conduta de cada um. Assim como não havia o juiz natural para mandar prender. Se estivessem em flagrante delito qualquer um do povo poderia prender.
Mas a lei e a Constituição, parece que estão entregues ao arbítrio. Daí eu pergunto para os jovens, para um casal recém-casado: é esse o Brasil que querem?
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