sexta-feira, 30 de setembro de 2022

NO DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS MUITO BATE-BOCA E MASSACRE DO LULA

Na Globo
Como foi o último debate presidencial antes do 1º turno
Por
Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo

BRA125. BRASÍLIA (BRASIL), 30/09/2022. – Brasileños observan el último debate con los candidatos que compiten por la presidencia de Brasil, hoy en Brasilia (Brasul). EFE/ Joédson Alves.


Debate com presidenciáveis na TV Globo foi marcado por troca de ofensas, acusações e duros embates entre candidatos| Foto: Joédson Alves/EFE

O terceiro e último debate entre os candidatos à Presidência da República antes da votação em primeiro turno, veiculado na noite desta quinta-feira (29) pela TV Globo, foi marcado por fortes embates entre os presidenciáveis presentes, sobretudo no primeiro e no terceiro blocos, em que os temas para a realização das perguntas eram livres de acordo com as regras determinadas pela emissora.

Como já era esperado, os enfrentamentos mais ríspidos se deram entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), mas outros presidenciáveis também participaram de confrontos entre si. Em alguns momentos do debate, a temperatura abaixou e os candidatos passaram a debater propostas de governo.

Lula, em especial, foi alvo de questionamentos a respeito dos escândalos de corrupção em seu governo por quase todos os participantes – somente Simone Tebet (MDB) evitou direcionar esses questionamentos ao petista. A emedebista, no entanto, assim como outros candidatos, pressionou Bolsonaro especialmente quanto ao chamado orçamento secreto. Apesar dos diversos confrontos entre Lula e Bolsonaro, nenhum dos dois fez pergunta direta ao outro – os embates ocorreram em perguntas e respostas a outros candidatos e, principalmente, por meio de uma série de direitos de respostas concedidos.


Acompanhe abaixo como foi o debate na TV Globo:

Debate inicia com forte embate entre Lula e Bolsonaro
A primeira pergunta do primeiro bloco foi feita por Ciro Gomes (PDT) a Lula. O pedetista questionou números econômicos durante os governos petistas. Lula defendeu-se apresentando números sobre desemprego, benefícios a pessoas em pobreza, programas sociais e reforma agrária. Ciro rebateu dizendo que se afastou do governo petista devido a “contradições graves” econômicas e morais. O candidato também questionou os números mostrados por Lula. Por fim, o petista questionou a saída de Ciro em seu governo e voltou a defender que fez a “maior política de inclusão social da história do país”.

Na sequência, padre Kelmon (PTB) selecionou Bolsonaro para indagá-lo sobre eventual manutenção do Auxílio Brasil. Bolsonaro, na resposta, confirmou que o programa de renda seria mantido “com responsabilidade fiscal”, como já havia feito em outras oportunidades. O atual presidente também citou o aumento do benefício, na comparação com o programa de renda das gestões petistas, quando ainda era denominado Bolsa Família.

Padre Kelmon aproveitou para fazer críticas a políticas de esquerda. “Estamos procurando cada vez mais colocar isso como informação para que as pessoas tenham confiança de que nessa eleição precisam escolher homens de direita”.

Os candidatos Jair Bolsonaro (PL), Padre Kelmon (PTB), Luiz Felipe D’Ávila (NOVO), Soraya Thronicke (União Brasil), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) no estúdio da TV Globo, para participar do debate entre candidatos à Presidência da República.

Os candidatos Jair Bolsonaro (PL), Padre Kelmon (PTB), Luiz Felipe D’Ávila (NOVO), Soraya Thronicke (União Brasil), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) no estúdio da TV Globo, para participar do debate entre candidatos à Presidência da República.| Victor Pollak/Globo
Bolsonaro, na tréplica, disse que Lula foi o “chefe de uma grande quadrilha”. “Nós não podemos continuar no país da roubalheira. O governo que nos antecedeu não tinha qualquer compromisso, qualquer respeito com a família brasileira”. Disse, ainda, que o governo petista apoia a ideologia de gênero e a legalização das drogas.

Bolsonaro disse, ainda, que durante seu governo “acabou com a mamata, em especial da grande mídia”.

Lula obteve direito de resposta devido à fala anterior de Bolsonaro. O ex-presidente defendeu-se apontando denúncias de corrupção relacionadas a membros de seu governo. Bolsonaro também obteve direito de resposta e voltou a chamar Lula de “ex-presidiário”, como havia feito no debate anterior, no SBT.

Lula obteve novo direito de resposta e disse que, caso eleito, faria decreto para acabar com sigilos determinados durante o governo Bolsonaro.

Na sequência, Felipe d’Ávila (Novo) pediu a Ciro Gomes comentar os escândalos de corrupção da era petista. Ciro aproveitou para dizer que após os governos petistas houve a pior crise econômica da história. Disse também que a corrupção se generalizou durante o período. “R$ 16 bilhões foram devolvidos. De onde veio essa montanha de dinheiro? Quando devolviam, diziam: ‘roubei no governo do PT com o conhecimento do Lula’. Muitos depoimentos disseram isso”.

Na sequência, Bolsonaro questionou Simone Tebet a respeito de declaração de sua vice, a senadora Mara Gabrilli (PSDB), a respeito da suposta participação do ex-presidente na morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, assassinado em 2002. Simone declarou que confia em sua vice, mas lamentou que a questão tenha sido trazida durante o debate, disse que achava isso uma “covardia” e pediu que fossem tratados temas sobre projetos de governo.

Na réplica, Bolsonaro abordou as ações do governo no atendimento à população vulnerável durante a pandemia. A emedebista criticou, na tréplica, que as acusações entre os candidatos estejam à frente do debate de ideias. Simone também fez acusações a Bolsonaro quanto à gestão do governo durante a pandemia.

Lula pediu direito de resposta quanto à acusação envolvendo Celso Daniel. O petista negou as acusações e disse que Celso Daniel era seu amigo. “A Polícia Civil deu por encerrado. O Ministério Público deu por encerrado, decidiram que é um crime comum”.

Em seguida, a presidenciável Soraya Thronicke (União Brasil) foi questionada por Lula sobre propostas para acabar com a fome. A candidata citou que o imposto único federal, principal proposta de sua campanha, contribuiria para reduzir impostos e melhorar as condições dos mais pobres. Soraya também fez críticas a escândalos de corrupção durante o governo de Lula. O ex-presidente mencionou leis aprovadas durante seu governo que tratam do combate à corrupção.

Nesse bloco, Bolsonaro ainda teve direito a outro direito de resposta e questionou acusações de Lula sobre decretações de sigilo e atraso de vacinas. “Tu foi condenado em três instâncias por unanimidade. E o processo deixou de existir porque tinha um amiguinho no STF que disse que você tinha que ser julgado em Brasília e não em Curitiba”, afirmou o atual presidente.

Soraya perguntou a padre Kelmon sobre alegados erros do governo Bolsonaro durante a pandemia. Em resposta, o candidato questionou itens do programa de governo da presidenciável do União Brasil. Soraya, na sequência, acusou padre Kelmon de ser cabo eleitoral de Jair Bolsonaro.

A última pergunta do primeiro bloco foi feita por Simone Tebet a Felipe d’Ávila a respeito de propostas sobre política de saúde política. O candidato do Novo falou sobre a importância na digitalização dos prontuários no Sistema Único de Saúde (SUS), em especial no atendimento à saúde primária. Na réplica, Simone mencionou propostas para cumprir a promessa de zerar as filas do SUS em seu eventual governo. Felipe d’Ávila, por fim, mencionou a parceria com o setor privado para avançar na saúde pública como proposta em seu eventual governo.

Meio ambiente, agronegócio e educação são debatidos no segundo bloco
No início do segundo bloco, em que havia temas sorteados para as perguntas, o candidato do Novo questionou novamente Lula sobre denúncias de corrupção. O ex-presidente evitou responder diretamente e passou a discursar sobre cotas raciais, que era o tema previamente selecionado para a pergunta. O ex-presidente aproveitou a ocasião para defender suas bandeiras de combate à pobreza.

Em seguida, Bolsonaro foi questionado por Simone Tebet sobre políticas relacionadas a mudanças climáticas. A candidata também acusou o atual governo de ser responsável pelo maior desmatamento em 15 anos.

Bolsonaro defendeu-se dizendo que o Brasil é exemplo para o mundo em preservação ambiental e que o país é, dentre as principais economias do mundo, o que menos emite gases do efeito estufa. Disse, ainda, que colocou as Forças Armadas para combater incêndios e que há uma “briga de narrativas” na temática do meio ambiente relacionado ao agronegócio. Sobre o agronegócio, o atual presidente defendeu feitos do seu governo, em especial quanto à titulação de terras e a negociação com Vladimir Putin, presidente da Rússia, para manter a exportação de fertilizantes ao Brasil após o início da guerra na Ucrânia.

Na temática da educação, Padre Kelmon perguntou para Ciro Gomes sobre propostas para incluir mais pessoas pobres no ensino superior. O pedetista respondeu dizendo que propõe transformar a educação pública brasileira em todos os níveis em uma das dez melhores do mundo em 15 anos.

Na sequência, Soraya Thronicke, após fazer acusações ao governo Bolsonaro, perguntou a Padre Kelmon sobre o combate ao racismo. O sacerdote disse que todas as raças são irmãs e que não aceita políticas que criem divisões. Disse que na esquerda há retórica política para usar o combate ao racismo para dividir a sociedade.

A pergunta do tema seguinte, relações com o Congresso Federal, foi feita por Jair Bolsonaro a Felipe d’Ávila. O presidente perguntou sobre a visão do candidato sobre loteamento de cargos em troca de apoio do parlamento. O presidenciável do Novo questionou o chamado “orçamento secreto” presente no governo Bolsonaro.

Adotado em 2020 pelo Congresso Nacional, o “orçamento secreto ou paralelo” é como ficaram conhecidas as emendas de relator (identificadas pelo código RP-9) no Orçamento Federal, que destinam uma fatia dos recursos públicos da União para livre execução de deputados e senadores em obras e melhorias em seus redutos eleitorais. Não há ingerência do poder Executivo na destinação desses recursos. O projeto de lei orçamentária de 2023 reserva R$ 19,4 bilhões para as emendas de relator.

Ao responder, Bolsonaro negou que o orçamento secreto seja de sua responsabilidade. “Eu não indico um só centavo nesse dito orçamento secreto. Ele é totalmente administrado pelo relator, ou da Câmara ou do Senado. Não existe da minha parte qualquer conivência com esse orçamento”.

A pergunta feita na sequência, sobre meio ambiente, foi feita por Lula a Simone Tebet. O petista aproveitou para atacar o governo Bolsonaro em relação a políticas sobre mudanças climáticas. Em resposta, a emedebista disse que em seu governo haveria desmatamento ilegal zero, fortalecimento dos órgãos de fiscalização e que haveria “meio ambiente e agronegócio, natureza e desenvolvimento”.

Ciro Gomes, ao perguntar sobre a criação de empregos, falou sobre seus programas de governo, de renda, de renegociação de dívidas e de empregabilidade. Soraya, ao responder, argumentou que sua proposta do imposto único federal teria o “condão de ajudar na criação de empregos”.

Novos embates no terceiro bloco

No terceiro bloco, de tema livre, houve novos episódios de embates ríspidos entre os candidatos, com destaque a Lula e padre Kelmon. O candidato do PTB questionou Lula sobre declarações de ex-integrantes do seu governo, em delações, sobre escândalos de corrupção. O ex-presidente voltou a dizer que foi absolvido em 26 processos dentro do Brasil e pela Suprema Corte – o que já foi desmentido pela Gazeta do Povo. As falas foram seguidas de um intenso bate-boca entre os candidatos, que fez com que o debate fosse paralisado pela produção do programa.

Na primeira pergunta, Bolsonaro perguntou a d’Ávila sobre os impactos de um governo de esquerda voltar ao poder. “Seria um desastre. A esquerda voltar ao poder nós já sabemos. É mais Estado intervindo na economia, prejudicando o mercado, separando o Brasil das cadeias globais de valor. Ou seja, é tudo o que nós não queremos. Nós precisamos avançar com a agenda liberal”, disse o candidato do Novo.

Felipe d’Ávila também mencionou a importância do avanço das reforma tributária e trabalhista para beneficiar a economia do país e gerar mais empregos.

Na réplica, Bolsonaro mencionou feitos do seu governo na área econômica, como redução de 35% do IPI para quatro mil produtos e redução de impostos federais nos combustíveis. Bolsonaro prometeu ainda que, no início de eventual novo mandato, a reforma tributária seria aprovada no Congresso.

À frente, Felipe d’Ávila falou sobre privatizações com Simone Tebet. A presidenciável disse que, caso eleita, seu governo seria parceiro da iniciativa privada. Sobre privatizações disse que “aquilo que é bom tem que ficar na mão do Estado se essa for a responsabilidade dele (…). Tem algumas estatais que são da essência do serviço público e nós temos que aproveitá-las”.

Ciro Gomes, em seguida, perguntou a Bolsonaro sobre esquemas de “corrupção generalizada” em seu governo. O atual presidente negou que existam casos de corrupção e passou a destacar feitos do seu governo na área econômica.

No questionamento seguinte, Lula perguntou a Ciro Gomes sobre propostas de políticas públicas para a cultura. O pedetista, em resposta, se comprometeu a recriar o Ministério da Cultura e a rever as leis de fomento, sendo a principal delas a Lei Rouanet.

Ao comentar sobre educação, Simone Tebet reforçou sua promessa de dar R$ 5 mil para todos os alunos que concluírem o ensino médio. Comprometeu-se ainda com ensino médico técnico em período integral e a levar internet para todas as escolas públicas.

Em direito de resposta ao final do terceiro bloco, Bolsonaro voltou a dizer que o Executivo não tem gerência sobre o orçamento secreto. “Vocês têm a chance agora, por ocasião da votação do orçamento normal, de tirar esses R$ 19 bilhões do orçamento secreto e suprir as demais áreas”, afirmou, em direção a Simone Tebet e Soraya Thronicke, que são senadores.

Saúde pública, habitação e cultura: temas abordados no último bloco
No bloco final, de temas pré-definidos, Soraya Thronicke usou o tema sorteado, de segurança pública, para perguntar a Bolsonaro sobre sua aceitação ou não ao resultado das eleições. Bolsonaro rebateu dizendo que a candidata do União Brasil havia pedido cargos em seu governo. Na réplica, Soraya também perguntou a Bolsonaro se ele havia se vacinado – na resposta, o atual presidente defendeu sua gestão de compra de vacinas durante a pandemia.

Simone Tebet aproveitou sua pergunta sobre o tema de gastos públicos para questionar Lula sobre desperdício de dinheiro público, desvios e corrupção. O petista respondeu mencionando índices econômicos de seu governo. Após perguntas de Simone Tebet sobre privatizações, Lula se comprometeu a fortalecer estatais em seu eventual governo.

Na sequência, Bolsonaro foi sorteado para perguntar sobre política cultural. O atual presidente fez críticas ao funcionamento da Lei Rouanet durante governos petistas. Padre Kelmon argumentou que em outros governos, a cultura foi banalizada. “No meu governo, se eu for eleito, faremos a cultura o meio para que as pessoas de fato façam o Brasil lá fora ser valorizado e respeitado mais ainda”. Afirmou, também, que dedicaria recursos de políticas culturais apenas para pequenos artistas.

Ciro Gomes perguntou a Soraya Thronicke se ela privatizaria a Petrobras caso eleita. A candidata do União Brasil aproveitou para alfinetar o governo federal alegando poucas privatizações e propostas liberais.

Felipe d’Ávila perguntou a Simone Tebet sobre como melhorar a coordenação do SUS, encabeçada pelo governo federal, com estados e municípios. A candidata do MDB mencionou a necessidade de aumentar recursos e tecnologia para a saúde pública, atualizar a tabela SUS e aumentar a atenção a idosos e pessoas com deficiência.

Padre Kelmon, ao perguntar para Felipe d’Ávila sobre habitação, aproveitou para valorizar o programa Casa Verde e Amarelo, do governo Bolsonaro, dizendo que “oferece moradia com dignidade”. Apontou, ainda, que ampliaria o programa, caso eleito. O presidenciável do Novo mencionou ações de regularização fundiária de um prefeito de seu partido como exemplo de descentralização de Brasília voltada a políticas de habitação.

A última pergunta do debate foi feita por Lula a Ciro Gomes com a temática da agricultura. O petista questionou Ciro sobre o aumento do desmatamento ilegal para aumentar a produção agrícola, ao que o pedetista respondeu que deve ser reprimido “com toda a dureza”. Ciro retomou sua proposta de zoneamento econômico ecológico, para determinar quais locais da Amazônia podem ser desmatados e quais não podem.

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O STF VAI CONTINUAR SENDO ATIVISTA AINDA POR MUITO TEMPO

 

Eleições

Por
Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo


Ministro Ricardo Lewandowski, que completa 75 anos em 2023 e terá que se aposentar, com Alexandre de Moraes, durante sessão plenária do STF| Foto: Carlos Moura/SCO/STF

O ativismo judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, que tem repercutido até mesmo na imprensa internacional, pode se tornar ainda mais extremo, dependendo do resultado das eleições presidenciais deste domingo (2). Com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber – que completam 75 anos durante o próximo mandato – o chefe do Executivo terá a tarefa de nomear, pelo menos, dois novos ministros para a Corte, já em 2023. Isso significa um Supremo um pouco mais à direita (se ainda não mais conservador), em caso de reeleição de Bolsonaro – cuja promessa é indicar dois nomes que “jamais serão favoráveis ao aborto” – ou ainda mais progressista, caso Lula vença o pleito.

Embora os dois ministros na iminência da aposentadoria tenham sido indicados por presidentes do PT (Rosa Weber foi indicação de Dilma Rousseff, em 2011, e Ricardo Lewandowski, de Lula, em 2006), Lewandowski, por exemplo, votou contra o aborto em caso de anencefalia, em 2012. Na época, ele afirmou que qualquer decisão envolvendo um tema de tamanha relevância e complexidade deveria ser precedida de amplo debate público e submetida ao crivo do Congresso Nacional. De acordo com especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, no entanto, a tendência é que novas nomeações da esquerda ao STF tenham posicionamento menos conservador em pautas caras à população, como aborto, ideologia de gênero e descriminalização de drogas.

“Temos uma Suprema Corte extremamente politizada, marcada pelo ativismo judicial, que deveria se restringir ao que é levado a ela em termos de constitucionalidade ou não das leis. Entretanto, a Corte abre inquéritos, promove investigações que fogem de sua alçada, é autora, investigadora e juíza da causa. Isso tudo está saltando aos olhos, não tem como esconder a militância do STF. Até o New York Times, que é um jornal progressista, reconhece isso”, contextualiza o advogado civilista e previdenciário Afonso Oliveira, membro do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR).

“Suponhamos que o presidente Bolsonaro seja reconduzido, ele terá a oportunidade de indicar mais dois juízes técnicos, e o STF terá quatro juízes com um perfil mais conservador, mais à direita, julgando conforme a lei e a Constituição. Apesar de não formar maioria [uma vez que são 11 ministros no total], já teremos um ponto de equilíbrio maior, porque hoje o Supremo é majoritariamente progressista e político, com nove indicados por presidentes de esquerda e ideologia marxista”, analisa Oliveira. “Suponhamos que Lula vença, os dois próximos indicados seguirão a mesma linha dos que lá já estão há muito tempo. E creio que teremos consolidado a intervenção do Judiciário nos demais poderes”, prevê o advogado.

O professor de Filosofia do Direito André Gonçalves Fernandes, que é pós-doutor em Antropologia Filosófica e em Filosofia e História da Educação, recorda como nomeações mais conservadoras à Suprema Corte dos Estados Unidos resultaram na recente reversão da decisão Roe vs. Wade, que legalizou o aborto em todo o país em 1973. “Vimos isso com Trump, na nomeação de Brett Kavanaugh, Neil Gorsuch e Amy Cony Barrett, que tornou possível a alteração de Roe vs. Wade, algo que eu nunca imaginei que seria revertido”, afirma. “Se formada por pessoas sérias, essas Cortes têm a sensibilidade de perceber qual o sentir do povo e a retidão de observar o clima, a situação, ainda que decidam de maneira contrária. Então, em tese, se ganhar [para a Presidência] o candidato A ou B, altera, sim [esse cenário]”, completa.

Aborto 
Entre as pautas que tramitam atualmente no STF, está a descriminalização do aborto até três meses de gestação, cuja relatora é a ministra Rosa Weber. O pedido foi enviado à Corte pelo PSOL, em 2017. Atualmente, o aborto é tipificado como crime pelo Código Penal, com pena de até três anos para quem aborta e de até quatro para quem ajuda no procedimento. A punição não é aplicada em casos de anencefalia, estupro ou risco à vida da mãe.

Se de um lado, Bolsonaro sempre deixou claro seu posicionamento contrário ao aborto, em abril deste ano, Lula declarou que “todo mundo deveria ter direito” a ele, posicionando-se a favor da legalização. “Aqui no Brasil não faz (aborto) porque é proibido, quando, na verdade, deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito e não ter vergonha. Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter meu filho, vou discutir com meu parceiro. O que não dá é a lei exigir que ela precisa cuidar”, afirmou.

No mês seguinte à declaração do petista, uma pesquisa realizada pelo PoderData mostrou qual o sentimento do brasileiro em relação ao tema: 59% da população do país é contra a liberação do aborto no Brasil, taxa 4% maior do que a registrada no primeiro mês do ano. A parcela de cidadãos que afirmou ser favorável à liberação do aborto no país foi de 24%, mesmo percentual registrado na pesquisa anterior. Os que não sabiam somaram 17%.

“Essa eleição é de grande importância, talvez a mais importante dos últimos anos da nossa história republicana. Não estamos escolhendo o próximo presidente, mas qual será nosso regime, se vamos dar uma guinada à esquerda e ter um regime socialista, como alguns países aderiram: o Chile, com a proposta de nova Constituição, a Argentina, que vai bater uma inflação de mais de 100% ao ano, a Colômbia, que aboliu forças policias e legalizou as drogas”, acrescenta Afonso Oliveira. Para o advogado, duas indicações mais conservadoras podem ajudar a alcançar um “equilíbrio maior no debate e na tomada de decisão” em pautas que estão no STF, “como aborto, descriminalização das drogas, ideologia de gênero, família e educação”.

Leis abertas a maior interpretação 
Fernandes alerta que, se antigamente, a função de julgar se limitava a uma aplicação pura e simples da lei escrita ao caso concreto, nos últimos 20 anos as leis trazem cláusulas mais abertas, permitindo a discricionaridade do juiz [liberdade de optar por uma dentre várias soluções válidas perante o direito]. “Isso é ótimo. Mas um problema da Filosofia Analítica entrou no Direito e, com isso, passou-se a ressignificar não só essas cláusulas abertas, mas conceitos jurídicos centrados em uma tradição de dois mil anos a partir do zero. Essa tentação atinge um juiz de primeira instância, mas muito mais uma Suprema Corte. Nesse caldo, a tentação do juiz de ‘reescrever a Constituição’, sem poder constituinte, é enorme”, alerta o professor.

Com base nas “últimas votações do Supremo em assuntos de interesse nacional”, em que “ficam só os dois nomeados pelo atual presidente [os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça]”, Fernandes acredita em uma diminuição “na margem de risco de se reescrever a Constituição”, em caso de reeleição e de nomeação de mais dois ministros de mesmo perfil. “Vai demandar uma maioria mais qualificada, porque hoje é goleada. Teoricamente, dificulta o ativismo judicial do STF, que terá mais ministros contrários a essa prática, não só autoritária, mas abusiva e antidemocrática”, defende.

Uma virada no posicionamento do Supremo, como a que foi vista nos EUA, porém, “é uma construção”, pondera Afonso Oliveira. “Em um primeiro mandato se nomeiam dois ministros, no segundo mais dois. Daqui 12 ou 16 anos, tendo continuidade esse viés de direita na Presidência, haverá a oportunidade de nomear outros, porque há mais ministros que completam 75 anos nos próximos anos”, projeta.

“O modus operandi na política, como na vida em comunidade, é o avanço em alguns assuntos e retrocesso em outros. Tudo é um processo. Só há alterações bruscas em rupturas institucionais, como golpes de estado ou revoluções. O progresso contínuo positivista é um mito, em condições normais de temperatura e pressão é tudo um processo”, acrescenta André Gonçalves Fernandes.

Modelo semelhante ao americano 

Especialista em Direito Constitucional e Civil, o advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal é crítico ao sistema de nomeação de ministros para o STF, “quase cópia” do sistema norte-americano. No Brasil, de acordo com o artigo 101 da Constituição, “o Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada”. A nomeação é feita pelo Presidente da República, e a escolha precisa ser aprovada por maioria absoluta do Senado Federal. O mandato dura até o ministro completar 75 anos de idade.

“Isso não é muito comum em outros países que são exemplos no mundo do Direito, como Itália, França e Alemanha por exemplo. Essa forma de escolha tem se demonstrado inaplicável no país. No próprio EUA se mostra complicada, vide essa decisão do aborto modificada, que datava de 1973. Veja quanto tempo levou para o entendimento da Suprema Corte para corrigir um erro que tinha feito e ainda não corrigiu por completo”, exemplifica.

“A vitaliciedade não fez bem para a Justiça brasileira, some-se a isso o ativismo judicial cada vez mais forte no país, temos o STF hoje, umas das instituições que é das menos admiradas pelo público”, argumenta.

Vidigal acredita que modelos como alguns europeus, com mandato por tempo limitado, sem possibilidade de reeleição, e composição mais técnica que política, proporcionariam uma Corte com “atualização mais real para o momento da democracia”. “Não dá para ficar só na mão do presidente escolher, com a ratificação do Senado – no Brasil, só uma vez não se ratificou [desde a criação do STF em 1890, apenas cinco indicações do presidente foram derrubadas pelos senadores, todas em 1894, no governo do marechal Floriano Peixoto]. Até porque no sistema eleitoral brasileiro, se você perguntar a 3 milhões de brasileiros se votaram em quem queriam, 2997 milhões dirão ‘votei no menos pior’”, critica.

“Se fossem aplicadas exigências mínimas para cargo de ministro da Suprema Corte, seria mais benéfico para o país. Também seria importante haver impedimentos, como a pessoa não ter alçado cargo de ministro nos dez últimos anos, porque acaba se fazendo política nesse cargo, e isso o ajuda a ser aprovado. A pessoa não é escolhida por capacidade técnica”, afirma Vidigal. O ministro do STF Alexandre de Moraes, por exemplo, foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Temer, em 2016.

Mais impactos das eleições 
O advogado Afonso Oliveira recorda que, além das indicações ao STF, o presidente eleito também tem poder de nomear desembargadores e juízes no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e nos Tribunais Regionais Federais, que são a segunda instância da Justiça Federal brasileira. “A corte que mais impacta é o STF, mas as outras que formam os graus recursais do poder judiciário e também terão grande impacto”, lembra.

Na opinião de Oliveira, as eleições deste fim de semana também podem resultar em um “Senado mais equilibrado”, com base mais forte para o governo e o “desengavetamento de dezenas de denúncias contra ministros do STF”. “O primeiro ministro que vier a ser julgado pelo Senado, ainda que não se confirme seu impeachment, terá recebido o recado que o Senado está observando e determina os limites constitucionais para a atuação desses ministros. Só o fato de abrir processos assim é uma sinalização clara, republicana, de que o Judiciário pode muito, mas não podem tudo”, reforça.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/o-novo-stf-pode-ser-ainda-mais-ativista-que-o-atual/
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BOLSONARO ELEITO O QUE SERÁ DE NÓS?

 

Decisão do TSE
DIREITO DE RESPOSTA

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Em mais uma fantasia do autor, Lula chora a vitória de Bolsonaro: o que será de nós?| Foto: Reprodução/ Twitter

Não sei se você chegou a ver, mas na terça-feira (27) publiquei um texto intitulado “O que será de nós se Lula vencer as eleições”. O texto se baseava apenas na pergunta que me fazem insistentemente há algumas semanas e na minha tentativa de responder a essa questão que, antes de ser eleitoral, é existencial.

Qual não foi minha surpresa, quando, dois dias mais tarde, recebi um e-mail do Tribunal Superior Eleitoral exigindo que eu escrevesse “um texto de igual teor sobre as mazelas que se abaterão sobre o povo brasileiro no caso de uma vitória do presidente fascista Jair Bolsonaro”? Mentira, claro. Não recebi e-mail nenhum. Mas só o fato de por um segundo você ter acreditado em mim mostra bem a que nível chegou a confiança nas instituições.

A verdade é que nunca tinha parado para pensar no que será de mim/nós se Bolsonaro vencer as eleições porque tenho o privilégio (mais um, além de ser cristão, homem, branco, de classe média, marido da Dani, pai do D., dono da Catota e ainda por cima bonito!) de viver rodeado por pessoas que ou não comungam do antibolsonarismo psicótico ou disfarçam muito bem. Estou aqui tentando puxar pela memória, mas não me ocorre mesmo nenhum amigo que tenha qualquer receio de enfrentar mais quatro anos de Bolsonaro.

“Nem entre jornalistas?!”, você me pergunta, incrédulo. Esse, aliás, é o grupo do “disfarça bem” a que me referia. Mas não, não entre eles. Mesmo os mais petistas dos jornalistas que me cercam sabem que o fascismo de Bolsonaro é imaginário, enquanto o ressentimento de Lula é bem real. Os petistas, jornalistas ou não, acreditam que surfarão nesse ressentimento. Mas só porque faltaram à aula de história na qual se ensina que as revoluções devoram seus filhos. E eu estou velho cansado para lhes ensinar isso.

De qualquer forma, lá vou eu fazer o exercício de imaginação. Me sento na posição de índio, mantenho a coluna bem reta, respiro fundo, sinto a calma me invadindo e, com algum esforço, escuto até mesmo o som de uma cítara ao longe. Pronto. Agora já posso prever um futuro segundo mandato de Bolsonaro e. Mas o que é isso que estou vendo, meu Deus?!

Resposta
Calma! O que me assusta nessa fantasia não é massacre de trans nem modernos porões da ditadura. O que me assusta na possibilidade de termos Bolsonaro por mais quatro anos no poder é a perpetuação do fascismo imaginário, com sua promessa cotidiana de golpe; os falsos escândalos do tipo se-colar-colou; as CPIs do Nada e do Coisa Nenhuma; o chororô dos artistas; as conjunções adversativas; a rejeição estética, etc. Sinceramente, não sei se tenho saúde para aguentar mais versões do “Hino ao Inominável”.

Sem meias palavras: se Bolsonaro vencer a eleição, não acredito que a cruz de cada um fique necessariamente mais leve. Porque o Brasil continuará sendo. Apesar da reeleição de Bolsonaro, o espírito progressista insistirá em questionar os valores da tal cultura judaico-cristã. A gasolina talvez fique mais barata por um tempo, para voltar a subir de acordo com o preço internacional do petróleo – e as pessoas continuarão sem entender como funciona o mercado de commodities. Grandes artistas do século XX morrerão e lamentaremos não ter substitutos à altura. Sem falar que o prefeito de Curitiba insistirá na instalação de radares pela cidade.

Mas, à semelhança da resposta que dei para a pergunta “O que será de nós se Lula vencer?”, me sinto obrigado a dizer que: lutaremos e sobreviveremos. Ouviremos o mais recente megassucesso da Anitta e escreveremos uma crônica. Participaremos do curso Tecnoturbomachofascismo 2 – Agora o Inimigo é o Mesmo, de Márcia Tiburi. Leremos qualquer outro livro que passe na caatinga, com personagens infantis tecendo altas considerações ideológicas contra o capitalismo. Assistiremos a filmes que santificam terroristas de esquerda que te matavam pelo teu bem. E assim por diante. Ou seja, lutaremos.

(Sei que não fazia muito sentido manter a primeira pessoa do plural depois de “sobreviveremos”, mas achei que a mudança para o singular seria brusca demais e soaria mal.  Mas você sabe que estou falando que eu ouvirei Anitta, farei o curso, lerei o romance-tese e assistirei ao filme intelectualmente desonesto, né? Você não. Você só terá o prazer de continuar lendo minhas incursões por essas festas estranhas com gente esquisita).

E sobreviveremos, estimado leitor. Ah, se sobreviveremos! Riremos num dia e choraremos noutro. Reclamaremos do excesso ou da falta de trabalho. Ralharemos contra as gerações mais novas. Se continuar havendo perseguição e ativismo judicial no STF, denunciaremos e escreveremos sátiras e comporemos paródias. Dos planos que continuaremos fazendo, uns se concretizarão e outros não. Nosso amor será retribuído aqui e rejeitado ali. Sobreviveremos – até não sobrevivermos mais, porque este é o curso natural das coisas.


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CANDIDATOS DE PEQUENOS PARTIDOS PODEM GANHAR DOS PARTIDOS GRANDES

Eleições

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Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) é candidato ao Senado pelo RS.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Aconteceu quinta, no Rio Grande do Sul, e serve para todos os estados que têm uma enxurrada de candidatos ao Senado. A eleição para o Senado é majoritária, ganha quem tiver mais votos, não importa que sejam só 10% – se houver muitos candidatos, o vitorioso pode ter 12%, o segundo lugar ter 9% e o terceiro, 8%. Na verdade, em todos os estados podemos fazer uma divisão em duas partes. Não vou chamar de “esquerda” ou “direita”; pensemos em um grupo que reúne ideias, posições e doutrinas parecidas, e é maior que um outro grupo, que tem menos candidatos. Pois esse grupo que tem menos pessoas (portanto, menos votos), mas também tem menos candidatos, pode eleger o senador.

Pode parecer estranho, mas a contagem é essa. Imaginem só: Um lado tem 12 milhões de pessoas e dois candidatos; o outro tem 20 milhões de eleitores, mas cinco candidatos. Pode acontecer de o mais votado entre esse grupo maior ficar com 8 milhões de votos, enquanto o mais votado daquele grupo menor consegue 10 milhões. O grupo minoritário vai conseguir fazer o senador. Então, é preciso tomar cuidado com isso.

Por que conto essa história? Porque a candidata do Partido Progressista ao Senado pelo Rio Grande do Sul, a vereadora Comandante Nádia Gerhard, renunciou à candidatura em favor do candidato general Mourão. Mas agora não há mais tempo de mudar a urna eletrônica; os votos que ela receber não serão transferidos para Mourão pela Justiça Eleitoral, quem tem de fazer isso é o eleitor, na hora de teclar. Então, é bom tomar cuidado caso haja mais casos de renúncias em favor de outro candidato nessa reta final porque a transferência não é automática; se um dia antes da eleição presidencial um dos candidatos disser que renuncia em favor de Fulano, não significa que os votos dessa pessoa serão contados para o Fulano pela Justiça Eleitoral.


O duplo padrão da Justiça brasileira
Observadores internacionais estão aí, mas o que eles vão conseguir observar?
Os observadores estrangeiros já chegaram. É bom lembrarmos que, tradicionalmente, observador estrangeiro vem a convite ou é enviado por um organismo internacional para ver se estão roubando a eleição. Caso da Nicarágua, da Venezuela, vai gente lá para ver o que está acontecendo. Os observadores vieram para cá, vão verificar se o eleitor vai votar livremente, que não há pressão, que não há nenhum tipo de coação, e depois vão acompanhar a apuração. Na maior parte do mundo, 99% do planeta, é mais fácil que no Brasil, porque os observadores e os fiscais acompanham a contagem manual dos votos. Para ver a computação eletrônica eu já não sei; imagino que esses fiscais, esses observadores sejam superentendidos no mundo digital para poder dar uma olhada, desconfiar ou confiar. Enfim, tomara que dê tudo certo. Todo mundo quer isso.

Previsões para a economia em 2022 só melhoram

Só para lembrar as previsões econômicas do Banco Central para o fim do ano: inflação de 5,8% e crescimento de 2,7% – eu aposto em 3%. E esse crescimento está muito bom para a indústria, os serviços e o comércio, que geram muito emprego. O agro até que está estável, mas a produção garante alimento e balança comercial. A consequência disso é que no mês de agosto foram abertas 278,6 mil vagas com carteira assinada. Já são 1,8 milhão de vagas neste ano de 2022.


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ESQUERDA DA ITÁLIA CHAMA A PRIMEIRA MINISTRA ELEITA DE FASCISTA IGUAL A DAQUI

 

Por
J.R. Guzzo


| Foto: EFE

A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, definiu a si própria com a seguinte descrição: “Sou mulher, mãe, italiana e cristã”. O que poderia haver de tão perigoso assim numa frase como essa? Mas aí é que está: sua definição foi carimbada pela imprensa europeia, mundial e brasileira, automaticamente, como uma prova de que ela é “extremista”, “fascista”, “totalitária” e, pior do que tudo, uma “ameaça à democracia”. Giorgia é condenada, também, por ser a política mais popular da Itália de hoje – isso é considerado como crime de “populismo”, nome com o qual se deprecia atualmente a atuação de todo adversário conservador que tem a maioria do seu lado.

Giorgia Meloni é a última prova da doença, até agora aparentemente sem cura, que infecciona cada vez mais a vida política dos países que foram um dia as grandes democracias do mundo: a ideia de que se o governante eleito não for de esquerda ele é uma “ameaça à democracia”. Essa ameaça é tanto maior, para as classes intelectuais, os devotos do “politicamente correto” e as castas burocráticas que mandam na Europa sem nunca ter tido um único voto na vida, quanto maiores forem as votações de quem não concorda com eles todos. Nada é mais insuportável do que isso: o apoio que um político conservador recebe do eleitorado. A população, nesses casos, é tida como “recalcada”, “autoritária” e incapaz de fazer as escolhas que a elite quer que sejam feitas.

Giorgia é condenada, também, por ser a política mais popular da Itália de hoje – isso é considerado como crime de “populismo”, nome com o qual se deprecia atualmente a atuação de todo adversário conservador que tem a maioria do seu lado

Giorgia Meloni é acusada, como se fosse uma delinquente política, por ter posições diferentes do pensamento único de esquerda – e, pior ainda, por ter o apoio da maioria do eleitor italiano nessas suas posições. Ela é contra o aborto, por exemplo, e essas últimas eleições provaram que milhões de cidadãos pensam exatamente igual; qual é o crime, aí? Nenhum, é claro, mas as mentes civilizadas da Europa e do mundo ficaram horrorizadas. Ela é contra o aborto? Então só pode ser uma fascista empenhada em levar a Itália 100 anos para trás, de volta ao fascismo de Mussolini. Ela é contra a imigração descontrolada; diz que não se pode resolver a pobreza na África trazendo os africanos para a Europa, e sim permitindo que a África se desenvolva economicamente. Horror, de novo – sobretudo quando ela mostra que todos esses países igualitários, inclusivos e progressistas da União Europeia exploram de forma destrutiva os recursos naturais da África, se beneficiam do trabalho infantil e se comportam como potências coloniais; a França, por exemplo, continua a emitir as moedas de 14 países.

A nova chefe do governo italiano é denunciada como extremista por ser favorável ao primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria, cujo pecado mortal é ser anticomunista, ganhar todas as eleições que disputa e nunca violar nenhuma lei de seu país. Outra prova do direitismo populista de Giorgia Meloni é o seu esforço para minimizar com subsídios do erário publico os aumentos monstruosos nas contas de energia elétrica, que subiram até 500% em um ano; acham que isso vai contra a “orientação da comunidade” e não beneficia os imigrantes pobres da África. Ela é contra as sanções à Rússia, que não trouxeram benefício absolutamente nenhum para a Itália; só prejuízo. Eis aí, para as mentes progressistas, mais uma ameaça à democracia.

Giorgia Meloni, acima de tudo, comete o desafio imperdoável de pensar com a própria cabeça, propor medidas que os seus eleitores aprovam e não levar a sério, como mandam as leis religiosas da mídia mundial, a política miúda das merkels, macrons e outras nulidades absolutas, com pose de estadista, que levaram a Europa à situação em que ela está no momento – recessão, inflação recorde, mendicância energética e medo do frio no próximo inverno. Giorgia, em suma, não é uma “globalista”. Por isso, e por todo o resto, não tem perdão – e não terá nunca.

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LULA EM ESTADO BRUTO É UM PERIGO

 

Por
Luís Ernesto Lacombe


O ex-presidente e candidato à Presidência Lula.| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Ele é o candidato dos ministros supremos, sem os quais nem poderia concorrer. De inocente não tem nada. Inocentado não foi. Acumulou condenações em três instâncias. No TRF e no STJ, por unanimidade, com provas sobradas. Corrupção e lavagem de dinheiro… Teve até a pena aumentada e, de repente, depois de cinco anos, resolveram “descondená-lo”. Virou o candidato da velha imprensa, da imprensa velhaca, de artistas órfãos do dinheiro público. Sempre foi o escolhido dos banqueiros, de empresários fajutos – os reis da boquinha –, dos donos da boca, traficantes, terroristas, bandidos.

Ele adora um ditador, os de Cuba, da Venezuela, da África. Financiou esses tiranos com o dinheiro dos brasileiros. Não à toa, acha o regime totalitário chinês um exemplo a ser seguido. Aplaude Daniel Ortega, da Nicarágua, que persegue religiosos e a imprensa. Acha lindo defender o aborto e a censura. Quer abraçar o globalismo, e a soberania nacional que se exploda. Quer que acreditem que há boas intenções, que há bondade numa aliança, desde o início, construída sobre enganações, uma aliança do mal.

O voto em Lula é o resultado do ódio à verdade, ao mundo real, o ódio a si mesmo. É uma tentativa de liquidar a esperança

Sua campanha pode tudo, pode mentir à vontade… “A alma mais honesta deste país” está liberada para falar o que quiser. E as besteiras que fala não viram manchetes, não geram questionamentos. Ele representa um mundo sem fim de absurdos. Querem fingir que não houve roubalheira, mensalão, petrolão, que ninguém pilhou estatais e fundos de pensão, que ninguém foi condenado e preso, que bilhões não foram devolvidos aos cofres públicos. E é bom separar um troquinho porque Lula já avisou que quer ser indenizado.

Ele não tem plano de governo, só tem ameaças. Ao agronegócio, à liberdade econômica, ao Estado enxuto e competente, às liberdades individuais, à liberdade de expressão… Não sabe como gerar empregos, o que o atual governo tem feito, mesmo com pandemia e uma guerra na Europa. Entenda-se, de uma vez por todas, não há como apontar um país sequer em que o sistema econômico socialista tenha dado certo. Lula não foi bom, não é bom e nunca será. Suas ideias não eram boas, não são boas e nunca serão.


Mentiras, bobagens e gafes
Comunistas, corruptos e narcotraficantes
Cadê o criminoso?
Não há amor na psicopatia. Não há bondade em quadrilhas. Não há esquecimento redentor, que transforme alguém tão ruim na melhor pessoa do mundo. O voto em Lula é o resultado do ódio a um governo que tem muitas qualidades. É, no fim das contas, o ódio à verdade, ao mundo real, o ódio a si mesmo. É uma tentativa de liquidar a esperança, que tremula na bandeira verde e amarela. A bandeira vermelha, e isso não mudará, nos serve apenas como um alerta de perigo.


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PRESIDENTE DA UCRÂNIA ACONSELHA SOLDADOS RUSSOS QUE FUJAM

 

A resposta de Zelenski à anexação da Rússia

Foto: Yuri Kochetkov

Por Andrew E. Kramer – Jornal Estadão

Em um discurso, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, avisa aos soldados russos: ‘Se quiserem viver, corram’

KIEV, Ucrânia — O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, e seu governo estão respondendo em tom de desafio e com um toque de bravata à torrente de ameaças da Rússia à medida que o país invasor se prepara para fazer a provocação de declarar território russo partes da Ucrânia de maneira infundada.

Em meio a sinais ameaçadores de Moscou sobre escalar a guerra, sugerindo até o uso de armas nucleares, as forças ucranianas pressionam adiante com seu ataque contra as tropas russas no leste e no sul, em regiões que a Rússia pretende declarar território russo nesta sexta-feira. E autoridades do governo ucraniano estão perseguindo também uma vantagem em propaganda, postando em redes sociais instruções em língua russa a respeito de como os soldados russos podem se render em segurança.

Zelenski tem se esforçado para sinalizar que não está desdenhando da ameaça russa. Ele disse não acreditar que Putin esteja blefando em suas ameaças de escalada militar ou uso de armas nucleares.

Reservistas russos convocados para a guerra se despedem de familiares em São Petersburgo.
Reservistas russos convocados para a guerra se despedem de familiares em São Petersburgo. Foto: Yuri Kochetkov/ EFE – 29/09/2022

Mas o presidente ucraniano também marcou publicamente os recentes sucessos da Ucrânia na quarta-feira, entregando medalhas a 320 soldados e outros membros de serviços de segurança em razão do contra-ataque deste mês na região de Kharkiv, no nordeste ucraniano.

A Rússia acionou seus planos de reivindicar território da Ucrânia depois da ofensiva ucraniana romper as linhas do Exército russo e forçá-lo a abandonar milhares de quilômetros quadrados.

Ao reivindicar território ucraniano, a Rússia pretende afirmar que a Ucrânia está atacando território russo, não ao contrário. Autoridades russas têm falado em defender suas terras a qualquer custo, sugerindo o possível uso de armas nucleares. A Rússia também anunciou uma convocação militar para alistar centenas de milhares de novos soldados.

O estratagema já está em andamento: líderes que representam a Rússia em quatro regiões ucranianas viajaram para Moscou para solicitar formalmente ao presidente Vladimir Putin a integração de suas regiões à Rússia após referendos fraudulentos apoiarem ostensivamente a ideia. Um palco foi montado na Praça Vermelha.

Em Kiev, as autoridades estão respondendo com o mesmo toque de arrogância que tem caracterizado suas declarações públicas ao longo de toda a guerra, apesar de respostas mais cautelosas dos aliados ocidentais.

“Se querem viver, corram”, afirmou Zelenski em seu discurso noturno da quarta-feira, falando russo e se dirigindo aos soldados russos. “Se vocês querem viver, se rendam. Se querem viver, lutem nas ruas de seu país por sua liberdade.”

O ministro da Defesa ucraniano, Olexii Reznikov, afirmou em uma conferência de especialistas em segurança que muitas nações ocidentais tinham achado que o governo ucraniano colapsaria no início da invasão russa, mas se equivocaram. “Os ucranianos jamais se renderão”, afirmou ele.

Depois da contraofensiva na região de Kharkiv, a iniciativa no campo de batalha pendeu para o lado da Ucrânia, afirmaram analistas militares. As tropas ucranianas têm pressionado a partir de várias direções a cidade de Liman, sob controle russo, no leste da Ucrânia, e parecem ter estabelecido um cerco completo.

Se soldados russos forem capturados ou forçados a fugir por uma estrada que continua sob seu controle, isso representaria uma derrota embaraçosa para os russos em uma região que eles estão se mobilizando para declarar parte de seu país.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a Rússia pretende capturar ao menos toda Donetsk, onde fica Liman. A Ucrânia controla agora cerca de metade da região.

Presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski participa de cerimônia de memória a judeus mortos por tropas nazistas na 2ª. Guerra; Kiev subiu o tom contra movimentos russos.
Presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski participa de cerimônia de memória a judeus mortos por tropas nazistas na 2ª. Guerra; Kiev subiu o tom contra movimentos russos. Foto: Ukranian Presidential Press Service via AFP

A queda de Liman também minaria as linhas de defesa russas no leste da Ucrânia, escreveu o Instituto para o Estudo da Guerra, um grupo de análise dos Estados Unidos.

Ataques de foguetes e mísseis russos atingiram duas cidades ucranianas, Dnipro e Krivii Rih, entre a noite da quarta-feira e a madrugada da quinta-feira, danificando residências, matando dois civis e ferindo outros 15. O governo ucraniano não divulga informações sobre baixas militares decorrentes de ataques russos.

Ucranianos comuns, prontos para esperar o pior da Rússia depois dos bombardeios de áreas civis e da descoberta de covas coletivas em territórios retomados pelo Exército ucraniano, estão aflitos. Muitos expressam em redes sociais seu medo da guerra nuclear.

“O próximo ataque será nuclear, em breve”, afirmou o músico Stanislav Kotliar no Facebook. “Esta é a principal razão pela qual mandei as pessoas que amo para a Alemanha, apesar delas quererem ficar na Polônia: para afastá-las da nuvem radioativa.”

Ainda assim, até analistas ucranianos e ex-autoridades de segurança consideram a ameaça nuclear da Rússia um sinal de fraqueza em vez de força. Oleksandr Daniliuk, ex-secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, afirmou em entrevista que a Ucrânia não cessará suas ofensivas se a Rússia declarar as quatro regiões território russo.

Se as linhas russas continuarem a colapsar depois da chegada dos reforços da mobilização, afirmou ele, isso aumentaria o risco de um ataque nuclear tático. Mas ele acrescentou: “Para Putin, seria uma ilusão pensar que a Ucrânia e o Ocidente recuarão. É importante continuar retomando território ocupado pela Rússia. É isso o que Putin está tentando evitar, então é isso o que devemos fazer”.

LIVROS PARA LEITURA INDICADOS PELO ELON MUSK

Por Ana Julia Guimarães – StartSe

 “Eu leio”, disse Elon Musk ao ser perguntado sobre como aprendeu a fazer foguetes

Elon Musk é um dos empreendedores mais conhecidos do mundo.  Vem dele as decisões que decidem o futuro de empresas como Tesla, Starlink, Hyperloop e SpaceX.

No topo da lista de bilionários da Forbes em 2022 e com previsões de se tornar o primeiro trilionário do mundo em 2024, o empresário divide opiniões com o público sobre suas polêmicas e ações rápidas.

Um dos seus maiores objetivos é o futuro da humanidade, portanto, a maioria dos seus recursos são destinados à pesquisas para a produção de energia limpa. Além disso, ele lidera projetos de desenvolvimento aeroespacial, internet, inovações automobilísticas, pesquisas na área de inteligência artificial e neurotecnologia.

E se tem algo que ele já deixou muito claro é que: a literatura sempre foi uma grande fonte de inspiração para os seus negócios.

Veja 5 livros que foram importantes na trajetória de Elon Musk:

O Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams

Se você gosta de ficção, esse é para você: o livro conta a história do mochileiro que tentou escapar da destruição da Terra pegando uma carona com uma nave alienígena.

Além disso, o autor – Douglas Adams – cria personagens inesquecíveis e situações mirabolantes para debochar da burocracia, dos políticos, da “alta cultura” e de diversas instituições atuais.

Segundo Musk, a história “era instrumental ao seu pensamento” e se apaixonou de primeira. Inclusive, ao lançar um Tesla Roadster ao espaço em fevereiro, ele inseriu a frase “Don’t panic”, que está presente na capa de uma das primeiras edições da saga, no monitor do carro.

Capa do livro Capa do livro O Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams (Fonte: Amazon)

Benjamin Franklin: Uma Vida Americana, de Walter Isaacson

Benjamin Franklin foi uma das figuras mais influentes de sua época com suas descobertas científicas e ideias filosóficas que ficaram conhecidas mundialmente.

Ele foi a primeira pessoa a provar que raios são eletricidade e também é o responsável pela criação das lentes bifocais.

O livro é uma biografia que conta sua história – que ultrapassa o seu próprio tempo, e mostra como a colaboração de Franklin em documentos como a Declaração de Independência Americana ajudou a moldar o mundo moderno.

Musk sempre diz que Benjamin Franklin é um de seus heróis.

Capa do livro Benjamin Franklin: Uma Vida Americana, de Walter Isaacson (Fonte: Amazon)

Structures: Or Why Things Don’t Fall Down, de J.E. Gordon

Você já se perguntou por que as pontes suspensas não desmoronam sob oito faixas de tráfego? Como as barragens retêm ou cedem sob milhares de galões de água? Ou quais princípios orientam o projeto de um arranha-céu?

Se a resposta for sim, este livro vai aliviar sua ansiedade e responder às suas dúvidas. JE Gordon tira a engenharia de seus termos técnicos confusos, comunicando seus princípios fundadores em prosa acessível e espirituosa.

Quando Musk fundou a SpaceX, ele reservou um tempo para estudar os fundamentos da ciência dos foguetes, e um dos livros que ajudou o empresário foi esse.

Capa do livro Structures: Or Why Things Don’t Fall Down, de J.E. Gordon (Fonte: Amazon)

Superinteligência, por Nick Bostrom

Algo nós já sabemos: o cérebro humano possui algumas aptidões ausentes nos cérebros dos demais seres vivos e nossa posição dominante no planeta se deve a isso. Mas e se algum dia os cérebros artificiais superarem a inteligência dos cérebros humanos?

Esse é o principal tema do livro – e uma das preocupações de Elon Musk, que já chegou a fazer um tweet dizendo que uma IA pode ser mais perigosa do que armas nucleares.

Capa do livro Superinteligência, por Nick Bostrom (Fonte: Amazon)

O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien

Mais uma ficção. A história narra o conflito contra o mal que se alastra pela Terra-média, através da luta de várias raças – Humanos, Anões, Elfos, Ents e Hobbits – contra Orques, para evitar que o “Anel do Poder” volte às mãos de seu criador Sauron, o Senhor Sombrio.

Musk diz que aprendeu com a trilogia que não se deve desistir de uma causa que é importante, mesmo que ela a esteja o levando para a perdição.

Capa do Livro o Senhor dos Anéis, de J.R.R Tolkien

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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

BRIGA ENTRE ALEXANDRE DE MORAIS E BOLSANRO SOBRE VAZAMENTO DE INVESTIGAÇÃO

 

  • Murilo Fagundes – Poder360

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), subiu o tom nesta 4ª feira (28.set.2022) contra o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, por abrir apuração sobre o vazamento de investigação sigilosa no gabinete presidencial. “Alexandre, quem vazou foi você. Seja homem, Alexandre, seja homem. Tudo você bota culpa na PF”, disse em transmissão no seu canal do YouTube.

Moraes foi o principal alvo de Bolsonaro na live“Que eleição é essa? O que está acontecendo, TSE, Alexandre de Moraes? Vocês arranjam maneiras de não se garantir a possibilidade de diminuirmos e muito a possibilidade de fraude.”

Bolsonaro voltou a dizer que desconfia da auditoria das urnas eletrônicas. Disse ainda que gravou sua reunião com o ex-chanceler do Paraguai Rubén Ramírez Lezcano, chefe da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) na observação do processo eleitoral, e solicitou ao encarregado um relatório para dizer que os aparelhos não são auditáveis.

“Um caso hipotético: alguém fala que houve fraude. O que vocês vão fazer para dizer que não houve fraude ou que houve fraude?”, disse. E continuou:

“Faça um relatório preliminar, assinado pelos seus técnicos, porque, na possibilidade de alguém questionar a legitimidade [da eleição], você vai escrever antecipadamente que as urnas são inauditáveis’. Pedi isso para ele, em nome da democracia, da transparência, do povo paraguaio”.

Horas antes, o TSE disse em nota que os questionamentos à segurança das urnas feitos pelo partido do presidente Jair Bolsonaro são mentirosos e buscam “tumultuar o processo eleitoral” e atentar contra o Estado Democrático de Direito. Moraes também determinou que o caso seja investigado no inquérito das fake news, que corre no Supremo.

Ainda na transmissão, Bolsonaro disse que determinará que as Forças Armadas garantam o voto dos eleitores vestidos de verde e amarelo.

O chefe do Executivo citou uma publicação que atribuía ao TSE suposta proibição de eleitores que forem votar com a camisa da seleção. Bolsonaro, então, se irritou: “Não vai ter eleição em seção que proibir verde e amarelo”, disse. A Corte, na verdade, recebeu proposta para proibir o adereço a mesários.

“Como é que é, Alexandre de Moraes? Proibir usar camisa da seleção? É interferência demais. Tá com medo do quê? Do mar de verde e amarelo? Preocupado com o mar de verde amarelo votar e aparecer nome do Lula ganhando? É isso, TSE? É isso?”, disse.

Bolsonaro não disse de onde transmitia sua live, mas citou “despesa enorme” com a transmissão. O TSE vetou transmissões feitas pelo candidato do PL dentro do Palácio da Alvorada.

“Estou escondido fazendo live, uma despesa enorme levando-se em conta o que gastaria se tivesse no Alvorada.” Os candidatos ao governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao Senado por São Paulo, Marcos Pontes (PL), participaram.

Entenda o caso

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou uma apuração do vazamento de informações sigilosas de uma investigação sobre movimentações financeiras consideradas suspeitas, que teriam sido feitas no gabinete do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Moraes decidiu abrir um procedimento administrativo sigiloso. O juiz auxiliar do ministro, Airton Vieira, comandará a apuração. Leia a íntegra da decisão (134 KB).

Entre as providências determinadas por Moraes, está o envio de ofício ao delegado da PF Fábio Alvarez Shor, responsável pela investigação, para que preste informações sobre o vazamento.

“Notadamente no que diz respeito ao acesso, no âmbito policial, às decisões proferidas nos autos da referida Pet e aos relatórios produzidos nos autos, bem como forneça os nomes de todos os policiais federais que têm conhecimento dos assuntos investigados na Pet mencionada”, escreveu Moraes.

Em reportagem publicada na 2ª feira (26.set), o jornal Folha de S.Paulo mostrou que a PF identificou mensagens que levantaram suspeitas de investigadores no telefone do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.

A PF analisou movimentações financeiras destinadas ao pagamento de contas pessoais da família do chefe do Executivo e de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entre elas uma tia, não identificada.

O material no telefone de Cid, entre mensagem, fotos e áudios trocados com outros funcionários da Presidência, indicaria a realização de saques em dinheiro. A pedido da PF, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a quebra de sigilo bancário de Cid.

As transações consideradas suspeitas no gabinete de Bolsonaro estão sendo analisadas em inquérito policial. Não há até o momento acusação ou confirmação das suspeitas levantadas pela PF. O Poder360 apurou que o ajudante de ordens não havia sido informado sobre a quebra de seu sigilo.

Em live em seu canal no YouTube na 3ª feira (27.set), Bolsonaro disse que as transações em questão são relacionadas a contas pessoais, como a mensalidade da antiga escola de sua filha Laura. Também pediu a Moraes para que esquecesse a primeira-dama e acusou o ministro de ter passado a informação para a imprensa. “Foi o Alexandre de Moraes que vazou, não foi a PF, não.”

Saques

A Presidência da República afirmou que as transações financeiras feitas no gabinete de Bolsonaro, que estão sob análise da Polícia Federal, foram realizadas a partir da conta pessoal do chefe do Executivo. O Planalto negou que os saques considerados suspeitos tenham origem em dinheiro público.

“Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos exclusivos da conta pessoal do senhor Presidente”, afirmou à reportagem. “O Presidente da República nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal.”

Desde janeiro de 2019, o cartão corporativo pessoal de Bolsonaro está “zerado”, segundo o Planalto.

De acordo com a Presidência, os saques e depósitos fazem parte das funções da Ajudância de Ordens. A Ajudância de Ordens faz parte da composição do gabinete do presidente da República. O artigo 8 do decreto 10.374, de 2020, que trata das funções da assessoria especial e do gabinete da Presidência, determina que:

“À Ajudância de Ordens compete:

“I – prestar os serviços de assistência direta e imediata ao Presidente da República nos assuntos de natureza pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem;

“II – receber as correspondências e os objetos entregues ao Presidente da República em cerimônias e viagens e encaminhá-los aos setores competentes; e

“III – realizar outras atividades determinadas pelo Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República.”

Uma das transações questionadas envolve uma tia de Michelle Bolsonaro, que teria recebido pagamentos fracionados por atuar como babá da filha mais nova do presidente. De acordo com o Planalto, o “auxílio financeiro da primeira-dama à tia se dá por questões de confiança pessoal e segurança, já que ela sempre cuidou da filha Laura por ocasião das ausências da primeira-dama”.

De acordo com a Folha, a quebra de sigilo foi realizada dentro do caso que apurava suposto vazamento de inquérito sigiloso da PF sobre um ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Cid passou a ser investigado por ter auxiliado Bolsonaro no dia em que o presidente divulgou o caso envolvendo o TSE e o ataque hacker.

Em maio de 2022, o ministro Alexandre de Moraes uniu a investigação das declarações do presidente sobre o processo eleitoral ao inquérito que apura a suposta atuação de uma milícia digital contra a democracia.

Eis a íntegra da nota da Presidência divulgada em 27.set.2022, às 10h39:

“A Secretaria Especial de Comunicação Social informa que a Ajudância de Ordens da Presidência presta serviços de assistência direta e imediata ao Presidente da República também nos assuntos de natureza pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem.

“O desempenho de atividades notadamente particulares para atender o senhor Presidente da República, como, por exemplo, o pagamento de contas e boletos bancários está amparado pelo art. 8º do Anexo I, do Decreto 10.374, de 2020. Não ocorre ‘triangulação’ com outros Ajudantes de Ordens, mas as mensagens trocadas entre os integrantes da Ajudância de Ordens referem-se às missões distribuídas entre eles para atendimento das demandas inerentes ao cargo.

“Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos exclusivos da conta pessoal do senhor Presidente. O auxílio financeiro da Primeira-dama à tia se dá por questões de confiança pessoal e segurança, tendo em vista que, nas ausências da Primeira-Dama, é ela quem cuida da filha do casal. 

“Nenhum dos recursos referidos pelo repórter da Folha de São Paulo tem origem no suprimento de fundos. O Presidente da República nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal”.

Quem é Cid

Um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, Cid é o chefe da Ajudância de Ordens e acompanha o presidente em suas atividades diárias, inclusive em viagens. Também participa das transmissões ao vivo feitas por Bolsonaro. Por auxiliar diretamente o chefe do Executivo em lives, o tenente-coronel é mencionado em 2 casos em que declarações de Bolsonaro são questionadas pela PF.

“Quem vazou foi você, seja homem”, diz Bolsonaro a Moraes© Fornecido por Poder360

Reprodução @jairbolsonaro – 22.out.2019

O chanceler Carlos França, o presidente Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid em viagem ao Japão em 2019

Além de ter participado da live em que Bolsonaro vazou suposto inquérito sigiloso sobre o ataque ao TSE, o ajudante de ordens também estava presente quando Bolsonaro declarou que estudos “sugerem” que pessoas vacinadas contra a covid-19 “estão desenvolvendo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”.

Em relatório enviado a Moraes em 17 de agosto, a PF disse haver indícios de que Bolsonaro cometeu crime durante a transmissão em que associou a vacina à aids.

Em 2020, Cid também foi ouvido pela PF por causa de trocas de mensagens com o blogueiro Allan dos Santos. As conversas foram identificadas pela PF no celular de Allan, que é alvo de 2 inquéritos no STF: um apura a disseminação de notícias falsas contra o Supremo; o outro, a organização de milícias digitais criadas para atacar instituições democráticas.

INVESTIDORES ESTÃO PREFERINDO INVESTIR NO BRASIL

 ercado Financeiro

Por que o Brasil é a “bola da vez” entre os investidores estrangeiros

Byvaleon

Set 29, 2022

Mercado financeiro

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


Bolsa brasileira subiu pouco mais de 7% desde o início do ano, enquanto, no mundo, a queda média das principais bolsas chega a 23%.| Foto: Sebastião Moreira/EFE

O mau humor dos investidores em relação às perspectivas para a economia global e, em menor grau, uma certa cautela com a proximidade das eleições acentuaram tensões no mercado financeiro brasileiro nos últimos dias. Ainda assim, analistas continuam apontando que o Brasil é a “bola da vez” do investimento estrangeiro entre os países emergentes.

“Acreditamos que os ativos brasileiros possam seguir em uma tendência de redução de risco e valorização nos próximos meses, mesmo com as eleições estando próximas”, apontaram analistas da XP em relatório divulgado na manhã de terça-feira (27). Do início do ano até terça, a bolsa brasileira acumulou valorização de 7,5% em dólares, ao passo que as principais bolsas do mundo sofreram perdas de 23,1%, em média, segundo o índice MSCI Global.


Nos Estados Unidos, o principal mercado global de ações, os dois principais indicadores (o S&P 500 e o Dow Jones) recuaram 20% no ano. Na Nasdaq, a bolsa que reúne principalmente empresas de tecnologia, a queda foi maior: 30%. A justificativa, segundo Gabriela Joubert, analista do banco Inter, é de que essas empresas são mais sensíveis à alta nos juros que o banco central norte-americano está promovendo para combater a inflação.

Para a estrategista Jennie Li, da XP, o Brasil está bem posicionado em relação a seus pares. “Comparando a rentabilidade da renda variável brasileira com juros reais, a bolsa por aqui está bem atrativa.”

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Copom reforça que juros devem seguir elevados por um período longo
OCDE projeta maior crescimento para a economia brasileira em 2022
Investimento produtivo também está em alta
Não é só no investimento em carteira, como é conhecido o financeiro, que o Brasil está bem. O mesmo ocorre em relação ao investimento produtivo. Segundo o Banco Central, o saldo do Investimento Direto no País (IDP) – dinheiro aplicado por estrangeiros na economia “real” – foi de US$ 65,6 bilhões, ou 3,73% do PIB, no intervalo de 12 meses até julho. É o melhor desempenho desde março de 2020.

De janeiro a julho de 2022, o IDP teve saldo de US$ 52,6 bilhões, 57% acima do mesmo intervalo do ano passado e o maior valor em uma década para esse período do ano. Nos 12 meses de 2021, os ingressos haviam sido de US$ 46,4 bilhões. Em todos os casos citados, os valores do IDP são líquidos, isto é, já foram descontadas as saídas de capital.

Dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) mostram que, em 2021, o Brasil foi o sexto principal destino para investimentos estrangeiros no setor produtivo, atrás de Estados Unidos, China, Hong Kong, Cingapura e Canadá. Pela contabilidade da Unctad, foram aplicados US$ 50,4 bilhões em investimentos estrangeiros no setor produtivo do Brasil.

O que favorece o investimento estrangeiro no Brasil
Os especialistas explicam que uma série de fatores favorece o investimento estrangeiro no Brasil:

o país foi um dos primeiros a reagir à expansão da inflação mundial, aumentando a taxa de juros;
o Brasil tem ativos com valores atraentes e grande exposição aos setores que os investidores querem;
países que disputam o capital estrangeiro com o Brasil não estão atraentes devido a fatores internos. É o caso de Argentina, Rússia e Turquia;
diversos riscos geopolíticos lá fora, além da guerra entre a Rússia e a Ucrânia; e
risco de recessão em algumas das principais economias mundiais, por causa da alta dos juros.
Uma vez que se antecipou, o Brasil já conseguiu dar uma trégua no aperto monetário. Após 12 altas consecutivas desde março de 2021, o Banco Central decidiu manter a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano na mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A manutenção ocorre após registros de deflação em julho, agosto e na parcial de setembro.

O Banco Central, porém, não descarta novas altas, dizendo estar atento à evolução da atividade econômica, à dinâmica da inflação de serviços, às expectativas para a inflação de 2024 e às perspectivas fiscais. Um dos recados da ata da última reunião foi que os juros tendem a continuar altos por um longo período.

No resto do mundo, o tempo da política monetária é outro. Os Estados Unidos devem continuar elevando suas taxas por causa da inflação, que fechou os 12 meses encerrados em agosto em 8,3%, segundo o US Bureau of Labor Statistics. Lá, a meta de inflação anual é de 2%.

O fenômeno deve ser acentuado no Reino Unido, depois de a primeira-ministra, Liz Truss, e o ministro da Economia, Kwasi Kwarteng, anunciarem os maiores cortes de impostos em meio século, o que deve forçar o Banco Central local a aumentar ainda mais as taxas de juros. A inflação por lá é a maior dos últimos 40 anos.

Quem também está em um processo de aumento de juros causa da forte inflação é a zona do euro. Os preços tiveram uma alta anual de 9,1% em agosto, motivada por questões energéticas e de reajuste nos alimentos. É o triplo da alta verificada no mesmo período do ano passado.

Nesta semana, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para baixo as projeções de crescimento para o mundo. Agora, a estimativa para as 20 maiores economias é de uma expansão de 2,8%. Em junho, era de 3% e, em dezembro, 4,5%.

Enquanto isso, a instituição fez um forte ajuste – para cima – em sua projeção para o PIB brasileiro de 2022, que foi de 0,6% para 2,5%, mas ao mesmo tempo baixou de 1,2% para 0,8% a expansão esperada para 2023.

“A economia brasileira está relativamente bem em relação ao resto do mundo, sejam os emergentes ou países desenvolvidos”, diz o gestor de renda variável da Warren, Eduardo Grübler.

O ponto médio das projeções coletadas pelo Banco Central e publicadas no relatório Focus sinaliza para um crescimento do PIB de 2,67% e de uma inflação de 5,88% em 2022. Para o ano que vem, as medianas são de 0,5% e 5%, respectivamente.

Li, da XP, avalia que o país está bem posicionado quando se olha para fora. “Comparando a rentabilidade da renda variável brasileira com juros reais, a bolsa por aqui está bem atrativa”, diz. Segundo ela, essa rentabilidade é influenciada por dois segmentos bastante cobiçados no momento: bancos e commodities, que juntos respondem por mais de 60% do Ibovespa.

Victor Beyrutti, economista da Guide Investimentos, destaca que outro fato a se considerar é que os Estados Unidos e a Europa entraram em 2022 com a bolsa nas máximas históricas, enquanto o Brasil estava mais distante de seu melhor momento.

Na renda fixa, o país tem um importante trunfo: oferece uma boa relação entre risco e retorno. Tem os maiores juros reais (já descontada a inflação) do mundo, à frente de México, Colômbia, Chile e Indonésia. Levantamento feito pela gestora de fundos de investimento Infinity mostra que por aqui os juros reais são de 8,22% ao ano, considerando a inflação e os juros futuros dos próximos 12 meses.

O Brasil também se beneficia da má situação de concorrentes que disputam espaço no portfólio do investimento estrangeiro. A Argentina está em meio a uma crise e foi obrigada a renegociar o acordo que tinha com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A Rússia está às voltas com uma campanha militar problemática na Ucrânia, que já lhe rendeu sanções internacionais e pode render novas. E a Turquia tem uma política econômica errática.

Outro fator que favorece o Brasil é a distância dos principais problemas geopolíticos: além da guerra na Ucrânia, há as tensões entre os Estados Unidos e a China e entre esta e Taiwan.

Quais as tendências para o investimento estrangeiro no Brasil em 2023

Para o diretor da Nova Futura Asset, Pedro Paulo Silveira, uma combinação de três percepções pode manter o mercado otimista por mais tempo. São elas:

o Brasil agiu rápido para controlar a inflação e teve sucesso;
o país está superando as expectativas em relação ao crescimento e à política fiscal; e
o resultado eleitoral – qualquer que seja – será bom para o país.
Li, da XP, também acredita que os ativos brasileiros possam seguir em uma tendência de redução de risco e valorização nos próximos meses.

Para ela, os trunfos do país são a grande exposição na bolsa brasileira aos setores que os investidores querem no momento, como commodities e bancos, o valor atraente das ações e as altas taxas de juro na renda fixa.

Beyrutti, da Guide, acredita que é preciso esperar o cenário pós-eleições. Um dos fatores que pesam é o menor otimismo em relação à economia mundial, marcada por alta inflação e crescimento menor, que poderia levar a uma migração dos investidores a papéis mais seguros, como os títulos do Tesouro americano.


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