segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ERA CONVENIENTE PARA ELE DEMORAR A FALAR



Demorou por quê?

Valdo Cruz 




BRASÍLIA - O Datafolha revela: a maioria dos brasileiros acredita que Lula foi favorecido por empreiteiras em obras feitas em dois imóveis ligados ao ex-presidente e familiares.
A cúpula petista reage: os brasileiros foram levados a acreditar nesta história por causa de uma campanha da mídia e do Ministério Público contra seu líder supremo.
Bem, primeiro, de fato nem o tríplex do Guarujá nem o sítio em Atibaia estão no nome do petista. Agora, uma perguntinha: por que Lula demorou tanto em dar explicações?
Elas passaram a ser concedidas apenas depois que vieram a público fatos ligando o ex-presidente e empreiteiras a obras e serviços executados tanto no sítio como no tríplex.
A sensação é de que, não fossem as investigações, tudo ficaria escondido. No mínimo, são presentinhos e agrados dados ou que seriam dados a um ex-presidente por empresas que lucraram em seu governo.
Algo que o velho PT jamais aceitaria, mas o novo faz que não vê. E que sonha, para afastar este pesadelo do caminho, com o mundo mágico criado pelo marqueteiro João Santana na campanha de 2014.
Os petistas parecem não lembrar que, passada a eleição, a ilusão inventada pelo marqueteiro desmanchou-se no ar porque seu próprio governo havia quebrado o Tesouro e destruído a política econômica.
Mesmo assim o PT faz festa de aniversário num momento que demanda penitência e pressiona por mais uma aventura populista na economia para salvar sua própria pele.
Por falar no marqueteiro, preso em Curitiba, ele levou R$ 88,9 milhões para satanizar adversários e criar um Brasil ilusório. A PF suspeita que foi mais, e no caixa dois. O governo nega e diz que a conta salgada é prova de que tudo foi legal.
Seja como for, nunca uma ilusão custou tão caro ao país. Custou milhares de empregos e anos de forte retração da economia. Até o PT deveria estar arrependido do que pagou. Se não pagou bem mais.

NOTÍCIAS E RESULTADOS DO OSCAR



'Spotlight' leva Oscar de melhor filme e DiCaprio finalmente conquista estatueta

Estadão Conteúdo 




Foi um daqueles momentos de emoção que vão fazer história no prêmio da Academia. E o Oscar de trilha sonora vai para... Ennio Morricone, por Os Oito Odiados. O público levantou-se para aplaudir o veterano compositor dos spaghetti westerns de Sergio Leone. Em italiano, e com direito a tradutor, Morricone disse que não existem grandes trilhas sem grandes filmes. E agradeceu a Quentin Tarantino. Emoção maior na 68.ª festa do Oscar, que se encerrou na madrugada desta segunda, 29, só o momento mais esperado da noite. O prêmio de melhor ator. Leonardo DiCaprio polarizou as apostas do ano. Leva ou não leva? Levou - em sua quinta tentativa, a quarta na categoria de melhor ator, ele venceu pelo papel como Hugh Glass em O Regresso, de Alejandro González-Iñárritu.

Antes dele, o próprio Iñárritu ganhou seu segundo prêmio consecutivo como melhor diretor, depois do primeiro, no ano passado, por Birdman. Iñárritu agradeceu à Academia e a seu ator, dizendo que DiCaprio colocou sua alma no personagem do grisly man, que virou um símbolo da tenacidade do homem do Oeste. O diretor mexicano acrescentou que estamos vivendo um momento histórico - "Essa geração tem o privilégio de poder acabar com os preconceitos." Foi muito aplaudido, mas não levou o principal prêmio da noite. O melhor filme foi Spotlight - Segredos Revelados, de Tom McCarthy, com sua intransigente defesa do jornalismo investigativo, num momento em que o impresso sofre a concorrência do online (e da proliferação das redes sociais).

E a Academia não deixou barato. Achou até um comediante afrodescendente para fazer sua defesa. Afinal, a discussão sobre racismo no prêmio da Academia atingiu essa edição como nenhuma outra. Chris Rock começou fazendo piada com o Oscar ‘branco’, mas, à medida que esticava sua piada única, ficava cada vez mais evidente que o objetivo era livrar o cinemão - a indústria, a Academia de Hollywood - da acusação de racismo. E Chris Rock insistiu. "Estou aqui para apresentar o Oscar, também conhecido como prêmio das pessoas brancas." E mais - "Uau, estou vendo 15 negros trabalhando ali atrás". Adiante, ele fez a ressalva - "Existem, sim, negros nos filmes concorrentes". Entraram as imagens de Joy, de David O. Russell. Jennifer Lawrence empacada diante da câmera, na cena do estúdio. Whoopi Goldberg, como a encarregada da limpeza, deixa a vassoura de lado e empurra a garota branca - "C’mon, girl, uma black woman já teria dito seu texto". Perdido em Marte - quanto custaria salvar um astronauta negro? Valeria a pena? Não foram piadas de muito bom gosto, mas, mesmo tentando livrar a cara da Academia, Chris Rock insistiu na posição periférica dos negros na premiação deste ano.

Ao invés do Oscar de melhor ator coadjuvante, a premiação começou este ano pelos Oscars de roteiro. As cenas dos filmes indicados que apareciam na tela eram complementada com um extrato do roteiro, para o público acompanhar o diálogo e até as marcações de câmera e atores. O recurso não era 100% original - já foi usado antes -, mas valeu. E venceram A Grande Aposta (roteiro adaptado) e Spotlight - Segredos Revelados (original). Agradecendo o prêmio, o diretor e corroteirista Tom McCarthy, de Spotlight, não deixou por menos - "Esperamos que, com essa premiação, aumente a transparência para casos como esses envolvendo a Igreja Católica. Com visibilidade como essa, outras vítimas e envolvidos poderão se pronunciar e ter a coragem de dizer a verdade".

O melhor coadjuvante do ano passado, J.K. Simmons - Whiplash - veio apresentar o prêmio para a melhor atriz coadjuvante. Venceu Alicia Vikander, por A Garota Dinamarquesa. Nenhuma grande surpresa - Alicia venceu o prêmio da categoria no Sindicato dos Atores. O prêmio de ator coadjuvante saiu quando a cerimônia já ultrapassava duas horas de duração. Quem jogava suas fichas em Sylvester Stallone - e no reboot de Rocky, o ótimo Creed - viu Mark Rylance levar o o prêmio por Ponte dos Espiões. Após garantir que não preparou nenhum discurso, Rylance elogiou as palavras de Chris Rock durante a cerimônia. "Ele evitou que aumentasse o mal estar, que vinha crescendo nos último dias. Da mesma forma que não sou a favor de se distinguir ator principal de ator coadjuvante, não sou favorável da distinção de raças."

Uma hora de cerimônia e Mad Max - Estrada da Fúria já havia ganhado três prêmios - melhores figurino, direção de arte e maquiagem. Mais um pouco e viria a quarta estatueta - melhor montagem. E a quinta - mixagem de som. E a sexta - edição de som. Já que a Academia não consideraria seriamente premiar a alegoria visionária de George Miller - afinal, um filme de ação -, pelo menos atribuiu-lhe os troféus das categorias que sustentavam, como pilares, a audaciosa proposta estética (operística?) do diretor. E o Brasil nãso chegou lás., Alê Abreu viu o prêmio animação ser atribuído a Divertida Mente - o favorito da Pixar - e não a seu belo O Menino e o Mundo.



O HOMEM DEVE ESTAR ACIMA DE TODAS AS COISAS




Frei Beto




Em agosto de 1945, duas cidades japonesas foram varridas do mapa: Hiroshima e Nagasaki. Mais de 200 mil pessoas perderam a vida atingidas pelas bombas atômicas
lançadas por aviões estadunidenses.

Por detrás das bombas estavam homens graduados nas melhores universidades do mundo. Robert Oppenheimer, que chefiou o Projeto Manhattan, do qual resultaram os
artefatos mortíferos, era físico teórico formado por Harvard, em 1925. Após a catástrofe japonesa, foi acometido de crise de consciência. Mais tarde, posicionou-se a
favor de maior controle na proliferação de armas nucleares, o que lhe custou a acusação de ser espião soviético.
Edward Teller, colega de Oppenheimer no Projeto Manhattan, nascido na Hungria, graduou-se em engenharia química na Alemanha. Canalizou sua inteligência para inventar a bomba de hidrogênio, 750 vezes mais potente que a de Hiroshima. Na década de 1980, destacou-se como mentor do Programa “Guerra nas estrelas”, patrocinado pelo
presidente Reagan.

Se Oppenheimer tivesse recebido uma formação humanista baseada em valores morais, teria chefiado o Projeto Manhattan? Se Teller tivesse recebido uma formação humanista fundada na ética, teria criado a bomba de hidrogênio? E os presidentes Roosevelt e Truman teriam autorizado o Projeto Manhattan e o genocídio nuclear em Hiroshima e
Nagasaki?

Uma verdadeira formação humanista supõe encarnar valores como solidariedade, cooperação, luta por justiça, defesa da dignidade de todos os seres humanos e preservação ambiental.

Dentro de uma universidade, toda a diversidade de disciplinas, da filosofia à medicina, segue o mesmo objetivo de constituir uma instituição voltada a formar mão de
obra qualificada para o mercado, e raramente profissionais em condições de responder às demandas da população.

A universidade precisa sempre se submeter à autocrítica. Perguntar-se se é uma ilha do saber indiferente às reais necessidades do país ou se constitui uma usina capaz
de dotar a nação de ferramentas teóricas e práticas para solucionar os problemas que a afetam.

Os EUA se espelharam no modelo alemão, pois necessitavam de profissionais qualificados para expandir seu parque industrial. Estabeleceu-se estreito vínculo entre
empresas e universidades. O princípio estratégico pedagógico é fortalecer o mercado e a apropriação privada da riqueza.

O caráter desse projeto pedagógico das universidades dos Estados Unidos se encontra bem definido nestas palavras de Marx e Engels: “Todos os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus ‘superiores naturais’, a burguesia os despedaçou sem piedade, para só deixar subsistir, de homem para homem, o laço frio do interesse. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca. Substituiu as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável liberdade de comércio”.

RADICALIZAR É DEIXAR DE FAZER BOBAGENS NA ECONÔMIA




José Antônio Bicalho



A presidente Dilma Rousseff prefere compor a radicalizar, mesmo que isso signifique empurrar a economia ladeira abaixo. Ao invés de ouvir seu próprio partido, opta por uma política econômica conservadora e recessiva, muito ao gosto de seus adversários. Acredita que conseguirá, assim, salvar seu mandato, enquanto na verdade o efeito será o oposto.
Dilma só terá forças para enfrentar o impeachment se a economia reagir. E o receituário para tal está esboçado no Programa Nacional de Emergência, elaborado por petistas descontentes que tentam forçar uma guinada à esquerda na política econômica. Ainda não tive acesso ao documento, mas as linhas gerais que vazaram na imprensa mostram, ao menos, coerência.
O que o partido propõe à presidente é a utilização de parte das reservas internacionais (atualmente em cerca de R$ 1,5 trilhão) para a criação de um fundo nacional de desenvolvimento, o aprofundamento dos programas de distribuição de renda, uma forte redução da taxa básica de juros e a volta da CPMF.
Seria preciso fazer mais, conforme já defendi aqui, como o fim imediato dos leilões de swap e das recompras diárias dos títulos da dívida pelo BC junto aos bancos comerciais (duas fontes de sangria de dinheiro público que só favorecem especuladores e bancos).
Se assim o fizesse, Dilma talvez salvasse seu mandato, afastando o baixo astral da recessão e injetando otimismo nos empresários e trabalhadores. Se caísse, pelo menos cairia de pé, praticando uma coerente política econômica desenvolvimentista e não ortodoxa. Se cair da maneira como está, de joelhos para o mercado financeiro, será melancólico.

STM CONDECORA AUTORIDADES

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