segunda-feira, 31 de outubro de 2016

ESTÁ DIFÍCIL CONTROLAR O VIRUS ZIKA NO BRASIL



Para OMS, Brasil não vai controlar zika sem investimentos em saneamento


Estadão Conteúdo 







A recomendação da OMS é que governos e população comecem a tratar a doença como uma nova realidade


O vírus zika "se instalou" de fato em países tropicais, como o Brasil, e apenas campanhas para mudar o comportamento de cidadãos não vão mais frear a proliferação de casos. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que indica que o Brasil terá de investir em saneamento se quiser lidar com o surto.

"As campanhas no Brasil tem falado essencialmente em comportamento, em não deixar água parada", disse Nathalie Broutet, coordenadora da Agenda de Pesquisa do Vírus Zika OMS. "Mas se não houver investimento em saneamento, não haverá um controle dos vetores. No Nordeste brasileiro, existem muitas áreas sem saneamento suficiente."

Nesta quarta-feira (26) a entidade lançou seu plano de pesquisas até o final de 2017, apelando para que a comunidade internacional financie seus trabalhos em U$ 112,5 milhões. Por enquanto, porém, a OMS recebeu apenas US$ 24 milhões.

"O vírus passou de emergência para um programa de longo prazo", disse Boris Pavlin, gerente do programa de combate ao zika na OMS. "O zika vai ficar conosco por um bom tempo."

De acordo com ele, diante da falta de instrumentos mais eficientes para controlar o mosquito vetor do vírus, o zika "está se estabelecendo". "Precisamos de novos instrumentos", disse.

Na avaliação de Pavlin, nenhum mosquito pode ser erradicado e o Aedes aegypti tem se mostrado "desafiador". "Mas ainda assim, se houver um controle, a doença pode ser reduzida", disse o especialista.

Mais de um ano depois de iniciar o trabalho, a OMS diz que tem lidado com as famílias afetadas e criar serviços para essas crianças contaminadas. Mas a entidade ainda trata do assunto como uma emergência. "Estamos aqui por um longo tempo", admitiu Pavlin, reconhecendo que a OMS ainda não tem respostas para muitas das perguntas.

"Raramente temos visto um vírus que se espalha tão rapidamente", disse. Segundo a OMS, duas vacinas já começaram a passar por testes de primeira fase. Mas ainda há data para o resultado final e sua comercialização. Na entidade, a possibilidade de uma vacina estar pronta em 2017 é considerada como "irrealista".

Enquanto isso, a OMS sugere que governos e mesmo a comunidade internacional comecem a tratar a doença como uma nova realidade. "A OMS e seus parceiros estão se planejando para uma resposta ao zika a longo prazo, já que a proliferação vai continuar no futuro e a comunidade global terá de ajustar sua resposta de uma emergência para uma administração de longo termo", afirma um documento da agência.

"O vírus vai continuar se espalhando por todos os países que tem o vetor", afirmou Pavlin. "O que não se sabe é o que vai ocorrer naqueles locais onde o problema já é endêmico."

FBI VAI INVESTIGAR E-MAILS DE HILLARY CLINTON



FBI obtém mandado para examinar e-mails relacionados a caso de Hillary Clinton

Estadão Conteúdo 






Os agentes querem avaliar e-mails enviados pela ex-assessora de Hillary, Huma Abedin

O FBI obteve um mandado para começar a examinar e-mails recém-descobertos que podem ser relevantes para a investigação sobre o uso de um servidor privado pela candidata democrata à presidência dos EUA, Hillary Clinton, para o envio de e-mails, informou uma autoridade com conhecimento do assunto à Associated Press.

Agentes do FBI querem avaliar e-mails de Huma Abedin, assessora de longa data de Hillary. As mensagens foram encontradas em um aparelho durante outra investigação que envolvia o envio de mensagens de conteúdo sexual por Anthony Weiner, ex-congressista de Nova York e ex-marido de Huma.

A autoridade não informou quando os agentes completarão a apuração dos e-mails, mas ressaltou que eles agirão com urgência.

A investigação sobre e-mails de Hillary, que havia sido encerrada em julho sem qualquer acusação, voltou à tona na última sexta-feira, quando o diretor do FBI, James Comey, alertou o Congresso sobre a existência de e-mails que poderiam ser pertinentes para a averiguação.

O FBI quer verificar se os e-mails contêm informações confidenciais ou foram utilizados de forma inapropriada, fatores que também motivaram a investigação original sobre Hillary.

A polêmica sobre e-mails de Hillary ressurgiu pouco mais de uma semana antes da eleição presidencial dos EUA, marcada para 8 de novembro. As últimas pesquisas de opinião mostram Hillary à frente do adversário republicano, Donald Trump, na disputa pela presidência norte-americana. Fonte: Associated Press.

ACORDO ENTRE GOVERNO E FARCS NA COLÔMBIA



Suspense na Colômbia

Manoel Hygino 




O governo de Bogotá chegou a acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para encerrar uma luta feroz de mais de cinquenta anos, mediante intermediação do presidente de Cuba, Raúl Castro. Quando os colonizadores espanhóis ali desembarcaram, em fim do século XV, o país era habitado por índios e se iniciou uma história de conflito e dor. Com a sucessão de épocas, o país foi dividido entre os partidos Liberal e Conservador, cuja rivalidade conduziu às guerras civis.
São fatos relativamente recentes: num meio-dia de sol quente, em 9 de abril de 1948, um político liberal – Jorge Eliécer Gaitán – foi morto ao sair de seu escritório no centro de Bogotá, capital. O crime foi cometido por pessoas que espancaram o agressor até a morte, eclodindo uma onda de destruição pela cidade. Com milhares em fúria, a polícia não conseguiu reprimir a multidão. Naqueles dias, de “El Bogotazo”, estavam ali dois jovens estrangeiros: o argentino Ernesto Guevara de La Serna e o cubano Fidel Castro Ruz, participando de uma Conferência Internacional.
O conflito de 9 de abril se ampliou a todo o país. A insatisfação pelas dificuldades da população levou também grupos a invadirem propriedades no campo. O período, de “La Violencia”, durou de 1948 a 1958. O Congresso foi fechado, emudecida a imprensa, todas as manifestações proibidas.
Associaram-se interesses para disputar o poder pelas armas. Criou-se o Exército de Libertação Nacional, liderado por ex-integrantes do Partido Comunista Colombiano descontentes por sua linha moderada. Em 1964, organizaram-se as Farc da Colômbia, braço armado do Partido Comunista e, em 1968, o Partido Marxista-Leninista da Colômbia, de orientação chinesa.
Armava-se o palco para a encarniçada luta, que contaria ainda com o Movimento 19 de Abril, que engrossou um caldo de caos por todo o país. Grupos armados se espalharam pelo território, que estabeleceram também a indústria do sequestro, fonte de renda das Farc e do M-19.
As tentativas de restabelecer a paz falharam, até porque também o narcotráfico já aquecia a beligerância. Os governos do Equador e da Venezuela, segundo dados da Interpol, intervinham para impedir êxito nos entendimentos, enquanto as fronteiras eram violadas.
Em maio de 2008, morreu o comandante das Farc, Manuel Marulanda. Em julho, um comando do Exército conseguiu resgatar a senadora Ingrid Betancourt, franco-colombiana, em poder dos rebeldes desde 2002, além de três americanos e onze colombianos.
Em 2016, contudo, assina-se um acordo de paz entre o governo, representado pelo presidente Manuel Santos, em Cartagena de las Indias, ao passo que Timoleón Jiménez, apelidado Timochenko, comandante máximo das Farc, pedia perdão pela tragédia.
No entanto, nada está seguro. A senadora Ingrid Betancourt lembrou: “Há um ano, Timochenko deu declaração dizendo que não se arrependia de nada. Que seguiria sendo um guerrilheiro mesmo depois de assinar um acordo”.
Que há de se esperar?

ALEXANDRE KALIL VENCEU AS ELEIÇÕES EM BELO HORIZONTE-MG



Eleito com 52,98% dos votos, Kalil herdará orçamento de R$ 600 milhões a menos no caixa

Bruno Moreno 






CARÊNCIA – A redução de déficit habitacional constitui uma das demandas mais difíceis de se resolver nos próximos quatro anos

Alexandre Kalil tomará posse em 1º de janeiro de 2017 com inúmeros desafios a serem sobrepostos, mas o principal, de longe, será a falta de recursos financeiros decorrente da recessão no país. Eleito pelo PHS, ele assumirá com uma projeção de ter em caixa R$ 600 milhões a menos do que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) neste último ano de mandato.

A previsão é da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2017, que aponta uma receita total de R$ 11,6 bilhões para o ano que vem. Neste ano, Lacerda estimou um orçamento de R$ 12,2 bilhões, o que ainda não foi confirmado.

Se esse valor fosse corrigido apenas pela inflação projetada (6,9%) pelo Banco Central, como ocorria antes da crise financeira, deveria chegar a R$ 13,1 bilhões.

DESTINO TRAÇADO

A maior parte do orçamento previsto já está comprometida com o pagamento de salários e a manutenção das políticas públicas. As rubricas que mais pesam estão destinadas à saúde (R$ 3,7 bilhões), educação (R$ 1,7 bilhão) e obras (R$ 1,2 bilhão).

Além dessas prioridades, questões relacionadas a mobilidade, planejamento urbano, habitação, finanças públicas e segurança serão algumas das “pedras no sapato” de Kalil.

SITUAÇÃO FISCAL

Para o especialista em contas públicas e professor do Ibmec Thiago Borges, a capacidade do investimento é bem reduzida e será preciso que o novo chefe do Executivo Municipal priorize áreas, mas é possível que a situação fiscal comece a melhorar.

“A prefeitura tem uma boa arrecadação. É muito apertado, contudo não é ruim, comparativamente com outros municípios. Pensando num cenário em que o país comece a se recuperar, a tendência é a de que o novo prefeito receba a PBH num nível melhor de gestão. Porém, a capacidade de investimento é baixa. Então, as escolhas vão ter que ser as melhores possíveis para atender à população”, avalia.

Plano diretor

Um dos principais desafios de Kalil, no âmbito político, é a aprovação da revisão do Plano Diretor, cujo projeto de lei está parado na Câmara Municipal, não devendo ser votado neste ano. Por isso, deve cair no colo do novo prefeito a negociação com os vereadores para possíveis alterações.

O Plano Diretor é a lei que determina o que pode e o que não pode ser feito na cidade, direciona o crescimento ordenado, induz o desenvolvimento, aponta onde deve e onde não deve haver adensamento.


Eleito com 52,98% dos votos, Kalil herdará orçamento de R$ 600 milhões a menos no caixa


Especialistas sugerem planejamento urbano focado em moradia popular e transporte público

Na capital mineira, há pelo menos 56 mil famílias aguardando uma moradia, de acordo com a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). No orçamento de 2017, está previsto investimento de R$ 220 milhões no Fundo Municipal de Habitação Popular, mas o montante não é suficiente para zerar o déficit.

Para Jupira Gomes de Mendonça, professora do Departamento de Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG, esse é o principal desafio em termos de política urbana.

“Temos um déficit habitacional muito grande e nenhuma política que possa favorecer a distribuição de terras. Existem instrumentos que poderiam incidir sobre o preço da terra. BH hoje tem um preço do solo urbano muito alto. Isso impede as pessoas de terem moradias legais, acesso a recursos urbanos em geral e ao trabalho. Em parte, se expulsa os pobres, e outros dão um basta na situação ocupando áreas”, avalia.

Mobilidade

Conforme o consultor em engenharia de transportes e trânsito, Osias Baptista, o prefeito precisa priorizar o transporte público e o pedestre na cidade.

“O desafio mais grave de todos é a segurança viária. BH deveria ter a postura de não se admitir morte no trânsito. Tem que realmente trabalhar em todas as frentes possíveis, envolvendo engenharia, fiscalização e educação”, argumenta.

Isso implica, necessariamente, no entendimento de que o sistema de transporte público, qualquer que seja, tem que ser priorizado em detrimento dos carros.

“Todas as cidades do mundo estão chegando à conclusão de que é um buraco sem fundo a prioridade ao transporte privado”, afirma.