Canadá oferece residência
temporária a refugiados barrados por Trump
Da Radio France
Internacionale
O premiê canadense Justin Trudeau foi um dos líderes internacionais que
se manifestou contra a decisão de Trump
O Canadá vai oferecer residência temporária às pessoas que ficarem
bloqueadas no país devido à recente proibição migratória do presidente americano,
Donald Trump, que bloqueou a entrada nos Estados Unidos de viajantes
procedentes de sete países de maioria muçulmana, afirmou neste domingo (29) o
ministro da Imigração canadense, Ahmed Hussen. As informações são da Radio
France Internacionale.
"Quero assegurar às pessoas que estejam bloqueadas no Canadá que
vou usar a minha autoridade para conceder-lhes uma autorização de residência
temporária, se necessário, como já fizemos no passado", disse o chanceler,
durante encontro com a imprensa.
Ele não precisou, durante a coletiva, quantas pessoas ficaram bloqueadas
no Canadá depois de Trump suspender, na sexta-feira (27), a entrada nos EUA,
durante 120 dias, de refugiados, e o ingresso, por 90 dias, de cidadãos do Irã,
Iraque, Síria, Iêmen, Sudão, Somália e Líbia.
Hussen, que é de origem somaliana, informou ainda que os cidadãos dos
sete países que sofrem a interdição migratória americana e que possuam um
cartão de residente permanente canadense válido, ainda podem entrar nos Estados
Unidos. O decreto de Trump se aplica aos cidadãos dos sete países listados que
estivessem em trânsito no Canadá. Mais de 35 mil cidadãos canadenses
binacionais também possuem a nacionalidade de um desses sete países, afirmou
Hussen.
"Para aqueles que estão fugindo da perseguição, do terror e da
guerra, saibam que o Canadá os acolherá, independentemente de sua fé",
tuitou no sábado (28) o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau. O Canadá
afirmou ter recebido garantias de Washington de que os canadenses com dupla
nacionalidade não seriam afetados pelo decreto norte-americano.
Trump rebate
O presidente Trump reiterou no domingo (29), após protestos que
proliferaram nos EUA e a repercussão de condenações internacionais à medida,
que o decreto que proíbe temporariamente a entrada em solo americano de
cidadãos dos sete países relacionados não é um veto a muçulmanos.
"Não é uma proibição aos muçulmanos, como a mídia está reportando,
de maneira falsa. Não se trata de religião, se trata de terrorismo e de manter
nosso país a salvo", afirmou o mandatário, acrescentando que mais de 40
países muçulmanos não foram afetados pela ordem executiva.
"Os Estados Unidos são um país orgulhoso de imigrantes e
continuaremos a demonstrar compaixão com aqueles que fogem da opressão, mas
faremos isto enquanto protegemos nossos próprios cidadãos e fronteiras. Os
Estados Unidos da América sempre foram a terra dos livres e o lar dos
bravos", declarou Trump, citando um trecho no hino nacional americano, em
comunicado oficial.
Ele afirmou que os sete países atingidos pela medida constavam de uma
lista de países utilizada durante o governo de Barack Obama: as pessoas que
tivessem visitado estes países nos últimos cinco anos não possuíam o direito de
ir aos Estados Unidos sem visto.