A ELEIÇÃO
ESTÁ AI – SÓ DEPENDE DE NÓS PARA SALVAR O PAÍS DO PIOR
Thais Herédia
O
resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre divulgado pelo
Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que o Brasil está em recessão “técnica”
– ou seja, tivemos crescimento negativo por dois trimestres seguidos. Entre
janeiro e março, a queda foi de 0,2% e entre abril e junho, foi de 0,6%.
O termo
recessão pode provocar calafrios, mas nem devemos dar bola para ele agora. A
atenção precisa se voltar para a engrenagem da economia brasileira e não para
os termos “técnicos” da macroeconomia. E a pergunta do momento é: esse
resultado do segundo trimestre foi já o fundo do poço ou ainda estamos
descendo?
Ainda
está cedo para saber qual será o número do terceiro trimestre, quiçá o do
quarto – vem aí mais uma saga pela espera dos resultados –, mas com os dados
disponíveis até agora as previsões apontam que pode haver recuperação. O
problema é que a intensidade não parece ser animadora. Todos os indicadores que
compõem os fundamentos da economia sinalizam que o país está fragilizado e
estagnado. Cito apenas três deles: confiança, investimento e o desempenho do
setor de serviços.
A
confiança dos agentes da economia (comércio, serviços, indústria, consumidores
e construção) está caindo há meses seguidos, chegando ao menor nível dos
últimos cinco anos. O segundo indicador é o desempenho do setor de serviços que
teve queda de 0,5% entre abril junho. Serviços não passavam para o vermelho
desde o final de 2008, ápice da crise mundial. Este é o setor de maior peso na
economia, quase 70% do PIB, e foi um dos grandes responsáveis pelos momentos
positivos que tivemos nos últimos anos.
“É muito
difícil isso acontecer porque esse é um setor muito dinâmico. Está claro que
houve um efeito mais forte da Copa do Mundo, mesmo assim, ninguém esperava um
desempenho negativo dos serviços”, disso ao G1 o economista da Autonomy
Capital, Marcelo Fonseca.
O
terceiro indicador é o de investimento... Este é desalentador. Segundo dados do
IBGE, ele caiu 5,3% no segundo trimestre e a queda em comparação com mesmo
período do ano passado é de 11%. Esse desempenho levou a taxa de investimento
da economia para o pior patamar desde 2006: 16,5% do PIB. As contas dos
especialistas indicam que precisamos de uma taxa de 22% do PIB em investimentos
para conseguirmos crescer 3% ao ano, sem gerar distorções, como a inflação
alta.
“Mesmo
depois das eleições, a recuperação do investimento será lenta e gradual. Nós
ainda estamos recebendo os efeitos da elevação dos juros, o crédito no setor
privado já está no terreno negativo. E temos uma crise hídrica e de
abastecimento energético que são uma espada na cabeça do empresário”, ressalva
Marcelo Fonseca.
As
previsões para o PIB de 2014 já começam a sofrer ajustes e os economistas nos
veem muito mais perto de zero do que do 0,70% do último levantamento de
expectativas. O poço, então, parece mais fundo. E quanto antes a
gente alcançar o final, mais cedo podemos olhar para cima e trilhar o caminho
de volta. Parte do processo de recuperação passa por assumir que o poço existe
e que ele é “nacional”. Só depende de nós.