sábado, 31 de maio de 2014

QUITAÇÃO DE DÍVIDA

BRASILEIROS QUITAM A SUA DÍVIDA DE 2014 COM OS GOVERNOS

Hoje, no dia trinta e um de maio, todos os trabalhadores brasileiros completam a sua contribuição obrigatória, depois de trabalharem 151 dias, desde o início do ano, para os cofres públicos, dedicando cinco meses do ano de todo o esforço do seu trabalho para quitarem a dívida de 2014 para o pagamento de impostos e taxas.
Os impostos que todos os brasileiros pagam são os seguintes: Tributos incidentes sobre salários e honorários, tais como Imposto de Renda e Contribuições Previdenciárias, os tributos embutidos nos produtos e serviços, como PIS, CONFINS, ICMS, IPI, ISS e também sobre o patrimônio, como, IPTU, IPVA, ITCMD, ITBI e ITR. As taxas de limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos, bem como as contribuições, como no caso da iluminação pública. Estas despesas aumentam ainda  se forem incluídos os gastos em saúde, educação e outros serviços particulares.  
Comparação com o tempo dedicado para acertar as contas com os fiscos municipal, estadual e federal do Brasil com o de outros países. Na Noruega, 154 dias, na Hungria, 142 dias, na Alemanha, 138 dias, na Bélgica, 102 dias.
Nos países acima citados, o investimento do capital recolhido pelo governo é percebido no aumento da qualidade de vida da população e nos investimentos realizados que são vistos e todos percebem.
Aqui no Brasil, apesar dos altos impostos, as verbas públicas somem e não há dinheiro para investimentos em obras e melhoria da qualidade de vida da população, não vemos eficiência do governo para gerir a máquina pública e administrar os gastos.  
Entra governo e sai governo, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Isto é, sai uma panela e entra outra e nada se resolve.
À proposito do assunto em pauta, transcrevo o artigo do Jornalista Manoel Hygino editado no Jornal Hoje em dia do dia 31/05/2014, que através da comparação com um episódio ocorrido na Marinha Mercante Britânica com a situação política atual do Brasil, alerta para a situação apropriada do momento onde ocorrerá uma eleição importantíssima este ano e nós que pagamos muitos impostos, saibamos contribuir para as mudanças profundas que esperamos que ocorram após as eleições.



Manoel Hygino (Jornalista)

Yves Mello enviou a Fernando Guedes e este me reencaminhou um caso muito interessante e que de perto diz respeito ao período político que atravessamos. Refere-se a episódio envolvendo a Marinha Mercante Britânica, cujos marujos em uma embarcação não tomavam banho nem trocavam de roupa, há meses.

Por óbvias razões, o odor fétido percorria todas as áreas. O fato não escapou, como não poderia, à sensibilidade olfativa do comandante. Este convocou a sua cabine o imediato e o advertiu severamente:
– Mr. Simpson: o navio exala mau cheiro desagradável e pútrido. Manda os homens trocarem suas roupas. Imediatamente.
O imediato, atento, obedeceu: “Aye, aye, Sir...”.
Partiu para a parte inferior da embarcação, reuniu seus homens e transmitiu a ordem:
– Marinheiros, o capitão se queixa do fedor a bordo e manda que todos troquem suas roupas. Assim, tu, David, troca a camisa com John; John, troca a tua com Peter. Peter troca com Alfred; Alfred com Gilbert.
Todos mudaram suas roupas, por força do que, contente, o imediato voltou ao seu superior e comunicou: “Sir, todos já trocaram de roupa”. Imediatamente, o capitão, visivelmente aliviado, mandou que a viagem fosse reiniciada. Só no decorrer de algumas milhas constatou-se que os marinheiros apenas tinham permutadas as roupas entre si, sem serem lavadas e sem que os marujos se banhassem. O mau cheiro logo voltou e impregnou desagradavelmente todo o ambiente. 
Como a marinha era de Sua Majestade Real, o episódio automaticamente evoca Shakespeare, que – na voz e palavras do príncipe dinamarquês Hamlet- reclama, após o assassinato do pai, monarca, do ambiente na corte: “Há algo de podre no reino.”
Em resumo, a moral da história: não basta eliminar o odor desagradável com a simples substituição das roupas, se as causas – em outras palavras: a decomposição, a degradação – continuam. No caso da vida política brasileira, é indispensável mudar. Não só as roupas, mas também figuras que as vestem.
A hora se me afigura extremamente apropriada, até porque há uma eleição importantíssima este ano. O homem deste país, o que trabalha, produz e paga impostos, espera que haja uma transformação profunda, mas evidentemente tem de comprometer-se consigo mesmo e com o futuro. Em uma democracia, todos somos responsáveis por nosso próprio destino. 
Sabem todos os brasileiros de onde vem o mau cheiro, podem percebê-lo, identificar seus agentes e contribuir, assim, para eliminar as causas e prevenir contra os efeitos perversos. Acresce que, agora, o mundo está de olho no Brasil. Não podemos demonstrar incapacidade política e despreparo para a prática da democracia, tão duramente reconquistada. 

O mau tempo precisa, mais do que isso, exige transformações. Principalmente depois da Copa, as atenções estarão muito voltadas para nós. Chegou o momento de correspondermos às expectativas.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

DOAÇÃO A UNIVERSIDADE



As Universidades, como qualquer outra instituição, precisam de dinheiro para desenvolver uma série de atividades, incluindo as pesquisas, para a sua subsistência e desenvolvimento.

É nesse ponto que os países desenvolvidos levam vantagem e tiram proveito dos financiamentos que conseguem e desenvolvem suas pesquisas sem a burocracia existente como aqui no Brasil. Por isso pertencem ao primeiro mundo. 

VAMOS ACABAR COM A BURROCRACIA!

Diferentemente dos EUA, doação a universidade é rara no Brasil

Para especialistas, elite nacional não se sente comprometida com educação e futuro do país

LUCIANNE CARNEIRO (EMAIL)

RIO e SÃO PAULO — A visita da presidente Dilma Rousseff ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) e à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, abriu o debate sobre o financiamento de universidades brasileiras com recursos de ex-alunos e empresas. Prática comum nos EUA — onde os fundos, chamados de endowments, chegam a reunir mais de US$ 30 bilhões, como é o caso de Harvard —, a doação ainda é rara no Brasil, embora comecem a aparecer iniciativas pingadas. De acordo com o professor de Política Educacional da Faculdade de Educação da USP Romualdo Portela de Oliveira, há na elite dos EUA uma percepção de responsabilidade com a educação, e as doações são muito frequentes:
— No Brasil, temos coisas pontuais, isoladas, algo infinitamente menor. Nossas elites têm muito pouco compromisso com o futuro da nação. Há uma percepção de que isso é responsabilidade do Estado.
Em artigo publicado ontem no GLOBO, Elio Gaspari afirma que poucos dos bilionários brasileiros patrocinam filantropias relevantes, seja por avareza ou por temer má gestão dos recursos. Procurados pela equipe, alguns dos principais bilionários brasileiros (segundo a “Forbes”) não comentaram o assunto.
Para Oliveira, da USP, as doações a universidades refletem uma preocupação social e permitem ganhos para a educação. O Brasil, segundo ele, poderia aprender com o exemplo bem-sucedido dos EUA.
— Ainda que a universidade seja pública, e a maior parte do financiamento venha do governo, não há problema que empresas e pessoas ajudem na sua manutenção — diz.
Para o advogado Felipe Sotto-Mayor, diretor da Endowments do Brasil — que estrutura fundos para universidades —, ainda não há cultura de o brasileiro investir nas universidades que estudou:
— A elite brasileira estuda de graça aqui e doa para a universidade lá de fora, onde fez MBA.
A Fundação Lemann, por exemplo, criada pelo empresário Jorge Paulo Lemann, quarto homem mais rico do país, financia programas de gestão escolar e de bolsas de estudo em várias universidades do mundo. E assinou com a Capes acordo de cooperação para o programa Ciência Sem Fronteiras, que prevê a criação de uma rede de apoio aos bolsistas de pós-graduação de Harvard e outras cinco universidades americanas. O convênio foi assinado em Harvard, durante a visita de Dilma.
Burocracia e falta de estrutura dificultam
O fato de os recursos não serem bem utilizados é um receio de ex-alunos e empresas. Outra dificuldade é a burocracia e a falta de estrutura para as doações.
— Há casos de pessoas que tentam doar por aqui e encontram uma série de dificuldades — conta o professor da USP.
Pouco a pouco, no entanto, algumas iniciativas começam a aparecer. A Escola Politécnica da USP tem hoje dois fundos para receber recursos de ex-alunos e empresas. O primeiro deles foi organizado pela diretoria e estruturado pela Endowments do Brasil, e já arrecadou quase R$ 400 mil. O outro é o Fundo Patrimonial Amigos da Poli, criado por ex-alunos, com meta de levantar R$ 10 milhões até o fim do ano.
— Queremos retribuir para a Poli tudo que recebemos e contribuir para seu crescimento. Já conseguimos R$ 5 milhões — diz Diego Martins, diretor do Fundo Patrimonial Amigos da Poli, acrescentando que universidades como Yale e Harvard têm mais de um fundo.
Além do fundo da Poli, a Endowments do Brasil também é responsável pelo projeto do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da USP. E negocia hoje com uma universidade do Rio e com a Faculdade de Direito da FGV de São Paulo.
— É mudança lenta. Para formar um fundo, porém, é preciso negociar com possíveis doadores e diferentes áreas das universidades — diz Sotto-Mayor.
Em outras universidades, ainda que não haja fundos organizados, iniciativas começam a ganhar fôlego. A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA/USP) lançou uma campanha para equipar sua biblioteca, depois de grande ampliação da unidade. Quase R$ 300 mil da meta de R$ 1 milhão já foram arrecadados de pessoas físicas. Outros R$ 700 mil, de um total de R$ 7 milhões, vieram de empresas, pela Lei Rouanet.
— Conseguimos R$ 8,5 milhões com o governo para obras físicas. Mas decidimos fazer essa campanha para equipar a nova biblioteca e movimentar a cultura de doação — diz o diretor da FEA/USP, Reinaldo Guerreiro.
O Instituto Coppead, da UFRJ, por sua vez, tem seis cátedras patrocinadas por empresas — Ipiranga, L’Oréal, Amil, Fiat, Visagio e Organizações Globo.
— As empresas financiam essas cátedras permitindo mais investimento em pesquisa, sem contrapartida — diz Kleber Figueiredo, diretor do Coppead.
* COLABORARAM: Ronaldo D’Ercole e Lino Rodrigues
Uma tradição de séculos
As doações de milionários, ex-alunos e empresas são parte fundamental do orçamento das universidades americanas e estão até mesmo na origem de muitas dessas instituições de ensino.
— As doações são muito importantes na cultura americana e constituem parte substantiva dos orçamentos das universidades — afirma Romualdo Portela de Oliveira, professor de Política Educacional da Faculdade de Educação da USP.
Oliveira explica, por exemplo, que a Cornell University foi criada em 1865, com a doação do empresário Ezra Cornell. Hoje, o fundo da universidade reúne US$ 5,059 bilhões.
Para se ter uma ideia, o valor dos dez maiores fundos de universidades americanas, os endowments, ultrapassava US$ 140 bilhões no ano passado, segundo dados do Instituto de Ciências da Educação dos EUA. O maior dos fundos é o da Universidade de Harvard, com US$ 31,728 bilhões. Os recursos patrocinam desde projetos de pesquisa, construção de salas ou prédios até bolsas para alunos.
As universidades americanas estão totalmente organizadas para receber esses recursos. Há setores que trabalham especificamente para entrar em contato com ex-alunos e organizar encontros para “passar o chapéu”. Além disso, os alunos são constantemente informados dos projetos e unidades financiados por esses fundos.
— Os endowments permitem que as universidades cresçam ainda mais. Universidades como Yale e Stanford têm muitos fundos diferentes que acumulam patrimônio e contribuem fortemente para os projetos — diz Diego Martins, diretor do Fundo Patrimonial Amigos da Poli, da Escola Politécnica da USP.



PROJETO SOLAR-T



Em nova frequência (Pesquisa Brasileira)
PROJETO SOLAR-T
Telescópio desenvolvido em São Paulo vai detectar explosões solares na faixa de tera-hertz a partir de um balão estratosférico
EVANILDO DA SILVEIRA | Edição 219 - Maio de 2014 (Revista FAPESP)

Depois de 10 anos de trabalho, está pronto o primeiro equipamento brasileiro para medir e estudar um dos aspectos menos conhecidos e mais misteriosos da atividade do Sol: as radiações emitidas na origem das explosões que ocorrem na estrela na faixa do infravermelho distante, conhecida também como tera-hertz (THz). Trata-se do Solar-T, um telescópio que não forma imagens como seus congêneres ópticos. Ele identifica e mede as radiações emitidas pelos objetos observados. Funciona como um fotômetro ao medir a intensidade dos fótons, que são as partículas associadas às ondas eletromagnéticas, como a luz. A previsão é que o aparelho faça seu primeiro voo sobre a Antártida, a bordo de um balão estratosférico a 40 quilômetros (km) de altitude em conjunto com um experimento da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, no verão de 2015, em uma missão com duração de duas semanas.

O aparelho foi desenvolvido, com financiamento de R$ 590 mil da FAPESP, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, em colaboração com o Centro de Componentes Semicondutores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A medição das radiações emitidas pelo Sol ocorre na faixa dos tera-hertz do espectro eletromagnético que, entre outras, abrange as ondas de rádio, infravermelho e luz visível. “Não há equipamento igual no mundo até o momento para operar nas frequências de THz, com o objetivo de estudar as explosões solares”, garante o pesquisador da equipe Rogério Marcon, do Laboratório de Difração de Raios X do Instituto de Física da Unicamp e criador do Observatório Solar Bernard Lyot, uma instituição privada de Campinas que participou do projeto Solar-T. “A faixa dos THz é utilizada na medicina e segurança, mas na astrofísica solar é inédita.”

Para Marcon, o trabalho do grupo do Mackenzie e da Unicamp coloca o Brasil na linha de frente das pesquisas em detectores na faixa de THz e sobre a natureza das explosões solares. “Tudo é novidade”, diz. A mesma equipe desenvolve o projeto Hats (high altitude terahertz solar telescope), um telescópio de solo, com objetivos semelhantes aos do Solar-T, mas com diferenças tecnológicas e de operação. Esse novo equipamento deverá ficar pronto até o fim de 2014, para ser instalado provavelmente no Parque Astronômico do Atacama, a 5.100 metros de altitude, nos Andes chilenos. “Até agora conseguimos financiamento de R$ 300 mil do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e do Mackenzie”, conta Pierre Kaufmann, do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (Craam), coordenador dos dois projetos.

A história que culminou nesses dois equipamentos começou em 1984, quando Kaufmann detectou os primeiros sinais de que explosões solares poderiam emitir radiação na faixa de tera-hertz, também chamados de raios T. De acordo com ele, até os anos 1970 acreditava-se que as explosões emitiam radiação com frequências até micro-ondas no máximo e aí decaíam. Depois disso, alguns pesquisadores, como o inglês David Croom e o norte-americano Fred Shimabukuro, mostraram que nas explosões solares havia um tipo de radiação de intensidade crescente, que, imagina-se hoje, poderia chegar aos tera-hertz. Mas devido às limitações e à baixa sensibilidade de seus telescópios, eles não conseguiram determinar que frequência máxima essa radiação atingia.



Em 1984, uma descoberta do próprio Kaufmann e equipe aumentou o conhecimento nessa área de pesquisa. “Com um telescópio com maior sensibilidade, do Rádio Observatório de Itapetinga, em Atibaia [no interior paulista], detectamos uma explosão solar com uma radiação com intensidade crescente, até 100 giga-hertz [GHz]”, conta. “Na época, produzimos um artigo científico, publicado em 1985 na revista Nature, no qual propusemos a existência de radiações solares com frequências superiores a 100 GHz. A descoberta teve um tremendo impacto. A partir desse trabalho, corroborado pelo de outros autores, nós começamos a tentar detectar radiações em faixas mais altas.”

Kaufmann conta que, para isso, a FAPESP aprovou, em 1997, um projeto para pesquisas sobre radiações solares nas frequências de 200 e 400 GHz, ou 0,2 e 0,4 THz, respectivamente. O financiamento permitiu a construção do Telescópio Solar para Ondas Submilimétricas (SST) que foi instalado no Complexo Astronômico El Leoncito (Casleo), localizado nos Andes argentinos a 2.600 metros de altitude. “Em novembro de 2003 detectamos essa radiação em duas frequências: 212 GHz e crescente até 405 GHz”, conta o pesquisador do Mackenzie. Até então, a maior frequência que se media no mundo era 100 GHz. “Com esse telescópio, nós detectamos a existência de duas componentes de radiação nas explosões solares, uma em micro-ondas, bem conhecida, e outra na faixa THz simultânea e nunca vista. Mas devido às limitações das observações feitas a partir do solo, não conseguimos determinar até que frequências essa radiação poderia chegar. Mesmo em elevadas altitudes, a atmosfera é opaca para quase toda a faixa THz do espectro.”

Agora, com o Solar-T e o telescópio de solo, o pesquisador pretende ir mais longe. O primeiro é subdividido em dois aparelhos, um para detectar radiação de três THz e o outro de sete THz. Cada um deles é feito de duas partes: o primeiro é o sistema coletor, ou os telescópios propriamente ditos, para captar a radiação solar, e o sistema sensor. Cada telescópio tem configuração óptica tipo Cassegrain com dois espelhos, o principal, côncavo com 7,6 centímetros de diâmetro, e outro convexo, menor, além de filtros especiais para bloquear radiações indesejáveis, como as ondas eletromagnéticas na faixa do infravermelho próximo e no visível, que poderiam superaquecer e até incendiar o equipamento, além de mascarar o fenômeno procurado nas frequências THz. Outros filtros e malhas metálicas delimitam a frequência que se quer detectar, no caso três e sete THz. Embora não formem imagens, os espelhos são necessários para captar e concentrar as radiações eletromagnéticas.

A segunda parte do Solar-T é o sistema sensor, composto por uma Célula de Golay, equipamento fabricado pela empresa Tydex, de São Petersburgo, na Rússia. Trata-se de um detector optoacústico que registra as variações da intensidade da radiação. O Solar-T tem ainda um sistema de aquisição, armazenamento, transmissão e recepção de dados, produzido pelas empresas brasileiras Propertech Tecnologia, de Jacareí, e Neuron, de São José dos Campos, no interior de São Paulo. A primeira também é responsável pela integração de todos os componentes e a montagem final do equipamento.

Os dois telescópios têm duas inovações. A primeira está no espelho maior, que é rugoso. “O objetivo dessa rugosidade é difundir a radiação infravermelha”, explica Kaufmann. “Ela consegue difundir 80% dessa luz. Os outros 20% são suprimidos pelos filtros, com isso eliminamos o infravermelho e a luz visível.” A outra inovação, que foi objeto de um pedido de patente, é um dispositivo que capta qualquer explosão do disco solar. Para isso, é preciso que a imagem do disco completo esteja focada na superfície do sensor. Os dados obtidos do Solar-T são armazenados e enviados para satélites da rede Iridium, que os transmitem para uma estação terrestre e dali, pela internet, para os pesquisadores.

O telescópio de solo, o Hats, tem basicamente o mesmo objetivo, mas seu tamanho e configuração são diferentes. Ele tem um espelho côncavo, com 46 centímetros de diâmetro, e foco curto, de acordo com o mesmo conceito óptico usado no Solar-T em que a radiação solar é refletida para o sensor. O objetivo é detectar radiação em “janelas” de 850 giga-hertz e 1,4 tera-hertz. “Ele é inteiramente robótico, com sistema próprio de rastreio e de manobras usadas para calibrar e determinar a opacidade atmosférica. Possui também uma redoma retrátil automática comandada por estação meteorológica para protegê-lo em regimes de intempéries locais”, explica. “Além disso, terá estação geradora de energia própria, por painéis solares, e facilidades para transmissão remota de dados.

Essas tecnologias usadas nos dois equipamentos vão possibilitar avanços científicos importantes no conhecimento dos mecanismos, principalmente na produção de energia, que estão por trás das explosões solares. Segundo Kaufmann, quase não existiram avanços conceituais nessa área nos últimos 60 anos. “Sabemos tanto hoje quanto quando elas foram descobertas”, diz. “Há vários modelos que tentam explicar o fenômeno, mas nenhum foi confirmado.” Entender o papel da radiação na faixa dos tera-hertz não é mera curiosidade científica. Esses fenômenos, que se repetem com maior intensidade a cada 11 anos mais ou menos, têm implicações diretas no dia a dia da atual civilização. Em 1989, por exemplo, quando ocorreu uma das mais fortes explosões solares de que se tem registro, houve queda da transmissão de eletricidade em alguns países, como no leste do Canadá e costa leste dos Estados Unidos, e na Suécia. Atualmente se sabe que tais eventos podem afetar satélites, sistemas de navegação como GPS e telecomunicações incluindo os celulares. Como consequência, danos em satélites podem ocorrer levando ao mau funcionamento dos sistemas de comunicação e navegação de aviões e navios. Entender o fenômeno é a melhor maneira de prevenir tudo isso.

O Solar-T vai voar num balão estratosférico até 40 km de altitude, para se livrar do manto opaco das radiações em tera-hertz da atmosfera. A equipe de Kaufmann recebeu duas propostas para voar quase sem custos. Na Universidade da Califórnia o Solar-T deve voar com o experimento de raios gama Grips (gamma-ray imager-polarimeter for solar flares), que tem um sistema automático de apontamento e rastreio do Sol. Primeiro seria feito um voo de teste, de um dia no Texas, em setembro deste ano por um grupo de lançamento de balões da Nasa (com 80% de probabilidade de confirmação). O outro convite é para uma missão de 7 a 10 dias sobre a Rússia, em colaboração com o Instituto de Física Lebedev de Moscou. Nesse caso será necessário desenvolver um novo sistema de direcionamento para o Sol, o que exigiria mais recursos.
Projeto
Solar flare THz measurements from space: phase I (2012-2013) (nº 2010/51861-8);Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisador responsável Pierre Kaufmann (Universidade Presbiteriana Mackenzie); Investimento R$ 429.972,33 e US$ 64.000,00 (FAPESP).
Artigo científico
Kaufmann, P. et al.; Correia, E.; Costa, J.E.R.; Vaz, A.M.Z.; Dennis, B.R. Solar burst with millimetre-wave emission at high frequency only
Nature. v. 313, p. 380. 1985.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

GPS



Morre aos 93 anos Roger Lee Easton Sr., o inventor do GPS


Físico americano, Roger Lee Easton Sr. trabalho entre 1943 e1980 no Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA
Inventor do GPS e pioneiro da navegação moderna, Roger Lee Easton Sênior morreu aos 93 anos de idade no último dia 8 de maio em sua residência em New Hampshire, Estados Unidos. Segundo o site Business Wire, o americano nasceu em 30 de abril de 1921 e se formou como físico no Middlebury College. Em 1943, Easton começou a trabalhar no Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA, ele trabalhou com sensores de radar e sistemas de pouso durante a Segunda Guerra Mundial.
A partir de 1955, ele ajudou a escrever o “Projeto Vanguard” um programa de satélite embrionário do GPS. Na década de 1960, o cientista colocaria relógios de alta precisão em vários satélites que também poderiam ser usados para determinar a localização exata de uma pessoa no chão. Esse sistema era chamado de “Timation for Time-Navigation”, mas posteriormente renomeado pelo departamento de Defesa dos EUA como “Global Position System” (Sistema de Posicionamento Global) ou GPS.
Easton tem 11 patentes de “sistema de navegação” registradas em seu nome. Ele se aposentou em 1980 e ganhou diversos prêmios. Ele entrou na política ainda nos anos 1980 e serviu dois mandatos como senador estadual em New Hampshire. Ele deixou esposa, dois filhos, uma irmã e cinco netos.

GPS, Global Positioning System  em inglês, ou “Sistema de Posicionamento Global”, é um sistema eletrônico de navegação civil e militar que emitem coordenadas em tempo real e é alimentado por informações de um sistema de 24 satélites chamado NAVSTAR e controlado pelo DoD, Department of Defence (Departamento de Defesa) dos EUA.

O GPS, de início, era um projeto militar dos EUA chamado de “NAVSTAR” e que foi criado na década de 1960, mas que só foi considerado completo em 1995, depois de 35 anos de trabalho que custaram 10 bilhões de dólares aos cofres americanos.

A revolução causada pelo GPS na geografia é comparável (senão maior) a revolução da descoberta do continente americano que ampliou o mundo conhecido até então. Com o GPS é possível estabelecer a posição praticamente exata, com margem de erro mínima de 1 metro, de qualquer ponto do planeta a qualquer momento. Alguns receptores super-acurados conseguem chegar, depois de alguns dias, a uma precisão de até 10 mm utilizando-se de técnicas de processamento específicas!

O GPS, basicamente, funciona com uma constelação de 24 satélites (NAVSTAR) que orbitam a terra duas vezes por dia, emitindo sinais de rádio a uma dada freqüência para receptores localizados na terra, que podem ser até portáteis (como um “palm”).

Cada satélite, identificado por um código pseudo-randômico (“aparentemente aleatório”) de 1 a 32, emite um sinal que contém o código CA (geral), o código P (de precisão) e uma informação de status (dia, hora, mês) que são recebidos pelo receptor, embora os receptores de uso civil recebam apenas o código CA emitido em uma freqüência enquanto que os receptores militares recebem cada código emitido em duas freqüências garantindo maior precisão.

O que, aliás, junto com a interferência proposital inserida pelo DoD na transmissão para aparelhos civis (Selective Availability – Disponibilidade Seletiva) e o atraso causado pelos elétrons livres presentes na ionosfera (comum a qualquer transmissão de rádio) na transmissão do sinal, fazem com que a precisão dos dados seja ainda menor para uso civil.

Já para uso militar o sinal de todos os satélites é emitido ao mesmo tempo com uma precisão impressionante garantida devido a um relógio atômico (o metrônomo é um átomo) presente em cada satélite e que é o sistema de medição de tempo mais preciso já criado até hoje. E os seus receptores não sofrem a interferência da ionosfera nem da “Disponibilidade Seletiva”.

Todas estas interferências na transmissão civil são por causa da possibilidade deste sistema ser utilizado inadequadamente por terroristas, ou algo parecido. Então, o DoD criou uma hierarquia de acesso aos dados onde os “usuários autorizados”, o DoD, recebem dados com precisão melhor, enquanto que os “usuários não-autorizados”, civis, recebem dados com precisão de 15 a 100 metros.



DEFESA DE BOLSONARO AO STF SOBRE IDA A EMBAIXADA DA HUNGRIA

  Bolsonaro na embaixada da Hungria ...