quarta-feira, 30 de setembro de 2015

CORTAR GASTOS DESNECESSÁRIOS E NÃO AUMENTAR OS IMPOSTOS



  

Márcio Doti



Protestos não faltaram quando se anunciou que a diária do hotel que a presidente Dilma Rousseff utilizou em Nova York custa R$28 mil. Parece pequena a preocupação, mas o que está por trás desse exagero deve mesmo merecer toda a nossa repulsa. É mal empregado? É! Por simples razão: o país não suporta gastos assim, tais excessos devem ser evitados em respeito ao povo que não tem dinheiro nem para comprar o essencial da sua mesa diária de refeições. E porque a diária de hotel não vem sozinha, essa viagem começou com o deslocamento de helicóptero, depois o voo num Airbus da Presidência da República, o mesmo avião em que a presidente anda para baixo e para cima, inclusive para fins de semana numa unidade naval na Bahia e um campo da Aeronáutica no Rio de Janeiro.
O país que tem fila de CTI, ou seja, brasileiros com indicação de CTI para cuidar da saúde acabam morrendo ou sobrevivem, por sorte, nos corredores ou quartos de hospital. Porque falta CTI. Faltam remédios, as prefeituras, inclusive a de Belo Horizonte, estão com falta de medicamentos essenciais porque não existe a verba que precisa ser repassada pelo governo federal. Num país assim, o uso de carros oficiais, de compra de lanchinhos, locação de hotéis ou o uso de aeronaves deveriam ser contidos, no mínimo, em respeito aos que passam por privações porque falta dinheiro público para custear seus tratamentos.

Mais do que luxo, é um desrespeito
O Brasil precisa repensar costumes, práticas, vícios que foram incorporados ao cotidiano sem que nos ocorresse o quanto é incoerente manter hábitos de primeiro mundo sem que tenhamos atingido esse status, sem que tenhamos recursos suficientes para o que, de qualquer forma, é um luxo e para nós é mais do que luxo, é um desrespeito. É muito fácil resolver os problemas de caixa aumentando impostos, criando outros ou imaginando meios de enfiar a mão nos bolsos do povo como se pretende fazer com a ressuscitação do imposto do cheque. Se alguém tem que pagar a conta, que sejam os pobres, que seja a classe média, tudo embutido nos preços dos produtos de primeira necessidade. Sabemos que os mais humildes e a classe média não têm, normalmente, a forma de repassar os impostos que são obrigados a pagar. Diferentemente do que acontece com quem pode repassar os impostos para o custo das mercadorias que produz e vende.
Uma triste realidade que precisa ser revista
Isto acontece em todos os níveis, no plano federal, no plano estadual e no plano municipal. Acontece nas prefeituras, nas câmaras municipais, que muitas vezes se reúnem apenas uma vez por semana e, normalmente, à noite. São veículos mantidos para uso de servidores, algumas vezes adquiridos e cuja manutenção consome grandes somas, e outras tantas são veículos alugados e deixados à disposição de pessoal dos escalões superiores.
Tudo isso precisa ser revisto, deve ser combatido, é preciso separar o indispensável daquilo que deve ser evitado como despesa em momento de dificuldade, nesse tempo em que o dinheiro público não está sendo suficiente para custear as despesas básicas. A hora é de rever gastos. Não é a de criar impostos e taxas.

ECONOMIA BURRA QUE PREJUDICARÁ A POPULAÇÃO



Corte de verbas pode deixar 15 milhões de mineiros sem medicamento gratuito
Iêva Tatiana e Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia




O programa Farmácia Popular do Brasil oferta medicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto

Um dos programas sociais mais importantes do governo federal corre o risco de ser drasticamente reduzido em Minas. O Farmácia Popular pode extinguir a parceria com mais de 5.700 estabelecimentos particulares, em todos os municípios do Estado.
O programa, mantido pela União, garante medicamentos gratuitos ou a baixíssimo custo. Pelos planos do governo, que está em processo de corte de gastos devido à crise econômica, apenas as sedes próprias do Farmácia Popular seriam mantidas em 41 cidades mineiras. Juntos, esses municípios somam uma população de 5,5 milhões. O restante, 15 milhões, ficaria desguarnecido.
A proposta orçamentária do governo federal para 2016 zera os repasses para o Aqui Tem Farmácia Popular. Para o consultor técnico do Instituto Brasileiro para Estudo e Desenvolvimento do Setor de Saúde (Ibedess), César Augusto Vieira, a medida é um “tiro no pé”.
“Estamos vivendo dois dilemas preocupantes na saúde. O primeiro é o volume de investimentos na área, que não acompanha as reais necessidades do país. O outro, é o corte que deve impactar negativamente. A descontinuidade do programa vai ter efeitos muito danosos para a população”, avalia.
Segundo ele, a suspensão do uso de remédios por pessoas doentes, forçada, em muitos casos, pelo fim dos descontos, pode acarretar em problemas futuros no sistema público de saúde. “Doenças que podem ser controladas no início acabam se tornando problemas graves, que dispensam tratamentos muito mais onerosos”, argumenta Vieira.
O Farmácia Popular repassa medicamentos de uso contínuo, como os utilizados para tratamento de hipertensão, diabetes e colesterol alto, a preços até 90% mais baixos do que os praticados pelos estabelecimentos particulares. Ao todo, são 32 tipos de remédios no Aqui Tem Farmácia Popular e 112 nas redes próprias do programa federal – previstas para serem mantidas.
CRÍTICAS
O presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Oswaldo Fortini, também critica a iniciativa federal, que prevê corte de R$ 578 milhões para o principal braço do programa, destinado à distribuição de remédios considerados essenciais para o tratamento de doenças comuns na população brasileira.
“Não podemos imaginar a possibilidade de desabastecimento da população. Pode-se cortar muitas coisas, mas nesse nível é inadmissível. Não conseguimos entender uma iniciativa que pretende deixar as pessoas sem medicamentos que servem para mantê-las vivas”, diz Fortini.
Preocupação sentida na pele pela aposentada Míriam das Graças, que conta com o amparo da Farmácia Popular. “Compro remédio para o coração, que lá custa R$ 47. Acabando isso, o gasto vai aumentar bastante e, no fim do mês, vai fazer muita diferença. O governo está judiando da gente, dá vontade de chorar”.
Ministério da Saúde faz duras críticas ao fim do investimento
O próprio governo, na figura do Ministério da Saúde, faz duras críticas à possibilidade de encolhimento dos recursos destinados ao programa federal, criado em 2006. Em nota, a pasta reconhece que haverá sobrecarga nas redes municipais e estaduais caso o corte proposto seja aprovado.
Informou, ainda, que vem trabalhando em busca de soluções para a situação, que preocupa e traz riscos à manutenção do Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma das alternativas levantadas seria utilizar recursos do DPVAT (seguro obrigatório de veículos) para garantir um aporte adicional à saúde, conforme informou a assessoria de imprensa do órgão.
DESINTERESSE?
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) foi questionado se teria condições ou interesse em manter o fornecimento dos remédios que podem ser cortados da Farmácia Popular, mas não tocou neste assunto.
Em nota, informou apenas que existem 500 farmácias no Estado, sobretudo em municípios com menos de 30 mil habitantes, que distribuem remédios adquiridos pelo governo e municípios.
Em Belo Horizonte, continua a SES, uma farmácia na região Centro-Sul disponibiliza drogas especializadas, usadas no tratamento de doenças complexas e raras como esquizofrenia, Mal de Parkinson e por pacientes transplantados.
QUEDA NA PRODUÇÃO
Enquanto não há definição sobre o andamento do programa social, o arrocho na saúde preocupa a indústria farmacêutica, que prevê queda na produção. “É certo que poderá haver redução no consumo e, consequentemente, na fabricação dos medicamentos”, explicou o diretor de acesso da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Pedro Bernardo.
Em Belo Horizonte, a decisão representa o fim do Farmácia Popular. A capital não tem sede própria do programa e conta somente com credenciadas.
Na segunda-feira (28), o Hoje em Dia mostrou que a rede municipal de saúde enfrenta problemas para distribuir alguns medicamentos. A prefeitura alega que os problemas são pontuais.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

ESSE REMÉDIO VAI MATAR O DOENTE



  

Márcio Doti




Enquanto a presidente Dilma faz promessas na ONU sobre as metas do Brasil com relação ao clima, mais um complicador pousou no seu gabinete. Desta vez, a Fundação Perseu Abramo, um centro de estudos que o PT mantém, divulga documento assinado também por outras cinco entidades, fazendo duras críticas à política econômica do seu governo. As entidades entendem que as ações do governo estão encaminhando o Brasil para uma recessão que só interessa a banqueiros e a fundos de investimento. Que o ajuste praticado agrava o desemprego, acaba com os salários e, consequentemente, com o poder aquisitivo e anula as políticas sociais. Este é o lado da corda que puxa pelas conquistas sociais sem levar em conta os danos produzidos por gastos que os cofres não suportam. O que começa a aparecer com mais firmeza e tem retumbado nos movimentos sociais é justamente o conflito que põe a presidente Dilma no centro do furacão. Uma economia desordenada em função de gastos excessivos praticados em nome do social. Faltou freio e limite.
E é justamente essa discussão que promete ameaçar planos econômicos, sobretudo em ano eleitoral que está logo ali depois da esquina.
E isso é só mais lenha numa fogueira que já estava ardendo quando a presidente saiu daqui rumo a Nova Iorque e à reunião da ONU. A viagem começou em pleno momento em que desfilava pelas redes sociais um programa do PMDB anunciando um novo Brasil nas vozes do vice-presidente Michel Temer, do presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha e mais governadores e políticos de expressão do PMDB de vários estados brasileiros. Com todo o jeito de uma campanha preparatória de um governo peemedebista. Num grau tão chocante que a presidente decidiu suspender a reforma ministerial que abrigaria mais cinco ministros do partido até então parceiro, o PMDB.
PIMENTEL E A CONTA DE LUZ
Em Minas, o governador Fernando Pimentel é alvo das oposições com o seu aumentaço, especialmente no que diz respeito à elevação do reajuste do ICMS sobre a energia elétrica. E fazem isso explorando vídeo que mostra debate da TV Globo, dia 30 de setembro do ano passado. Ali, Pimentel criticava o valor do ICMS sobre a energia elétrica, na casa dos 30%, enquanto no Rio de Janeiro se cobrava 18%. Era preciso reduzir, dizia Pimentel, para evitar que as empresas continuassem fugindo do Estado.

O BRASIL É A VÍTIMA

Um bom tumulto
Janio de Freitas 


Ainda que paradoxal, na existência já de mais de 30 partidos, a criação de outro –a ser decidida hoje– é capaz de levar a um necessário tumulto no panorama partidário. Se autorizado pela Justiça Eleitoral e cumpridos os acordos para adesão de deputados, o Partido Liberal resultará, mais do que no fortalecimento de Dilma Rousseff, no enfraquecimento do PMDB. E enfraquecer o PMDB é uma necessidade do país.
Desde a volta ao regime civil, o PMDB tem usado a sua preponderância parlamentar como fator desestabilizante. Esta é uma afirmação contrária à ideia estabelecida, mas coincidente com os fatos rememoráveis. Saído da ditadura com a aura de representante da luta e da reconstrução democráticas, o PMDB se posicionou como força orientadora e incontrastável. Cabe-lhe a responsabilidade por grande parte dos fracassos administrativos e da intranquilidade política no governo Sarney, sem que isso fosse reconhecido na época nem depois.
Ulysses Guimarães, instigado pelas correntes da divergência interna no PMDB, e sempre desejoso de ser o líder de todas, foi o portador impositivo de reivindicações e ambições peemedebistas incessantes. A estas juntaram-se as manobras de Sarney para criar áreas de domínio seu no governo, de tudo decorrendo um governo inviável. Com penosas consequências para o país como um todo e sobretudo para as classes carentes. O PMDB não governou, porque não era governo, mas também não fez oposição consequente, porque se supunha e agia como o verdadeiro governo. O poder tinha que ser do PMDB.
Foi de Collor. Graças ao PMDB. A imposição do plano anti-inflacionário tresloucado só foi possível porque o PMDB garantiu-o no Congresso. Todos os desatinos que se seguiram foram apoiados ou consentidos pelo PMDB. Mesmo quando a exacerbação dos problemas de Collor, em torno dele e no governo suscitou animosidade nacional, o PMDB tergiversou o quanto pôde, acompanhado pelo PFL (hoje DEM). O país não teria passado pela maior parte do acontecido no período Collor, não fosse a garantia inicial dada pelo PMDB, com seu longo comprometimento.
Fernando Henrique hoje posa, uma especialidade, de vestal udenista. Em seu governo entregou-se ao PMDB, mas não só: também se entregou ao PFL. O método pesado de Sérgio Motta, com as mãos nos bolsos, e, depois, a eficiência sutil de Luís Eduardo Magalhães não evitaram a sucessiva entrega ao PMDB de ministérios, de pedaços do governo, de muitas verbas altas e outras vantagens pacificadoras. Dos muitos bilhões do Proer às privatizações, ou aos bloqueios à CPI da compra de votos para reeleição e a outras CPIs, o governo Fernando Henrique pagou altos preços pelo apoio ou pelo consentimento do PMDB. Sem os quais Fernando Henrique e o governo não se aguentariam com tais escândalos, mesmo sob a proteção midiática.
O primeiro mandato de Lula foi um entregar dos pontos para todos os lados. Menos para aqueles com os quais o próprio Lula e o PT tinham o seu compromisso existencial. A CPI do mensalão e o subsequente processo apenas alargaram as portas para o alheio. No centro desse enclave invasor, o PMDB -antecipando o que seria a forte "base aliada" do segundo mandato.
O governo Lula não foi erodido por crises, passado o mensalão. Mas, em grande parte, porque o toma-lá/dá-cá com o PMDB foi executado com muito mais habilidade, talvez como contribuição da experiência de Lula nas batalhas sindicais. Mas a herança de Lula para Dilma começou e terminou na entrega da faixa presidencial. O PMDB faz com Dilma o que fez com Sarney, em situações política e econômica também semelhantes. Não é preciso mencionar o que o PMDB das pautas-bombas tem feito. É suficiente chamar atenção para o verdadeiro sentido da ação do PMDB: Dilma é vítima apenas circunstancial, do PMDB como do PSDB, porque a verdadeira vítima é o país.
Se o PL nasce e recebe as adesões já combinadas, tornará possível uma aliança partidária que se equipare em número ao PMDB. Sem efeito direto sobre a crise -que a fraternidade PMDB-PSDB, com auxílio dos demais seguidores de Eduardo Cunha, é bastante para manter. Mas a nova aliança quebraria a perniciosa predominância parlamentar com que o PMDB se faz operador de crises, tanto políticas como de governabilidade. Contra o país.

STM CONDECORA AUTORIDADES

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