domingo, 31 de julho de 2022

UCRÂNIA TENTA CARTADA DECISIVA CONTRA A RÚSSIA

 

Por
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo


Tropas russas em Kherson: retomada de cidade no sul da Ucrânia reforçaria Zelensky como líder em tempos de guerra, mas uma eventual derrota poderia acelerar tentativa russa de desacreditá-lo e derrubá-lo| Foto: EFE/EPA/SERGEI ILNITSKY

O governo ucraniano prepara uma contraofensiva de grande magnitude para tentar libertar a cidade de Kherson, no sul do país. O resultado dessa ação tem potencial para influir no destino político do presidente Volodymyr Zelensky e no apoio das potências do Ocidente às tropas ucranianas.

Diversas unidades militares ucranianas, que lutavam em Donbas, no leste, foram transferidas há cerca de duas semanas para a cidade de Mykolaiv – considerada um bastião de defesa no sul do país. As tropas estacionadas na cidade impediram que a Rússia completasse a conquista do litoral ucraniano no início da guerra. Lá, esses militares trocaram suas armas da era soviética por equipamentos americanos e se prepararam para o que pode ser a maior contraofensiva da Ucrânia até agora.

Rammstein, um atirador de elite que pediu para ser identificado apenas por seu apelido, lutava em Donbas usando um fuzil de assalto AK-12 (versão modernizada do clássico AK-47 soviético), equipado com uma mira telescópica improvisada. Essa arma é adequada para soldados regulares, mas é pouco precisa para um atirador de elite ou sniper como ele.

Em Mykolaiv, Rammstein recebeu uma arma adicional: um fuzil antimaterial americano Barrett M82, calibre .50, com silenciador. Desenhado para abater veículos ou aeronaves, o Barrett pode atingir alvos a 1,8 quilômetro de distância ou abater inimigos protegidos atrás de paredes ou em posições pouco fortificadas. Ou seja, o estado da arte para um atirador.

“Passamos por treinamento aqui em Mykolaiv. Mas a área está muito perigosa. O comando disse que há muitos espiões russos. Quando estamos de folga, não podemos andar fardados, porque eles seguem os militares para descobrir onde ficam suas bases”, disse Rammstein.

Após receber instruções específicas sobre o armamento, Rammstein se juntou a centenas de colegas, ucranianos e estrangeiros, que começaram a avançar em direção a Kherson.

O objetivo é libertar a cidade antes do dia 11 de setembro, dia tradicional de eleições na Federação Russa. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse em 19 de junho que o Kremlin se prepara para realizar plebiscitos nas regiões ocupadas de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk nessa mesma data.

A ideia seria usar a mesma cartilha que possibilitou a controversa anexação da Crimeia em 2014: realizar votações restritas aos locais em questão, questionando se os cidadãos querem fazer parte da Ucrânia ou da Rússia. A legislação ucraniana até prevê esse tipo de plebiscito, mas a votação tem que ser nacional.

Além disso, autoridades ocidentais dizem que há uma grande probabilidade de que a Rússia manipule os resultados dos plebiscitos, em uma tentativa de legitimar anexações formais de território.

Uma vez que o território ucraniano seja declarado oficialmente solo russo, o presidente Vladimir Putin pode afirmar, direta ou indiretamente, que a doutrina militar russa – que permite o uso de armamentos nucleares se solo russo for invadido – pode ser estendida aos territórios anexados da Ucrânia. A análise é do think tank americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês).

Por isso, os ucranianos têm pressa de atacar e seus aliados ocidentais tentam acelerar o envio de armas e munições. Porém, na prática, Kherson é a única área ocupada onde a Ucrânia tem chances reais de vencer os russos no curto prazo. Dificilmente os territórios em Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk serão libertados antes da anexação.

Kherson é o único território ocupado a oeste do rio Dnipro, que corta a Ucrânia praticamente ao meio. Entre os dias 19 e 20 de julho, os ucranianos usaram lançadores de foguetes de precisão americanos Himars para bombardear as duas únicas pontes sobre o Dnipro – que poderiam ser usadas pelos russos para levar reforços e armamentos para Kherson.

Uma delas foi quase inutilizada. A segunda, montada sobre o dique de uma usina hidrelétrica, continua operando, segundo informações recentes. De acordo com Serhiy Khlan, conselheiro administrativo de Kherson, o bombardeio de pontes serve para evitar que a Rússia mova equipamentos pesados para a cidade sem impedir a entrada de comida e suprimentos.

Também teriam sido atingidos ao menos dez alvos, entre depósitos de munição e centros de logística russos espalhados pela região. Em paralelo, tropas ucranianas tomaram diversos vilarejos, entre os dias 15 e 22 de julho, em preparação para a invasão.

No último dia 24, o presidente ucraniano anunciou que a contraofensiva estava em curso. Mas ainda não é possível saber qual a sua magnitude e se há armamentos e combatentes suficientes para cumprir a missão.

Segundo outro think tank, o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), a Ucrânia começou a guerra com aproximadamente 125 mil combatentes no exército e 100 mil membros da guarda nacional e forças de defesa territorial.

A Ucrânia não divulga seu número de baixas. Mas, com base em declarações do governo ucraniano de que cem militares são mortos por dia, órgãos de mídia internacionais estimaram que o número de combatentes mortos em ação varie entre 35 mil e 45 mil até o momento.

O ministro da defesa Oleksii Reznikov chegou a dizer que o país seria capaz de juntar 1 milhão de combatentes (700 mil combatentes do exército e 300 mil paramilitares). Mas ainda não surgiram evidências de que isso seja factível, nem se os novos recrutas teriam treinamento suficiente para fazer a diferença no campo de batalha.

Além disso, uma ação militar exitosa depende de muitos outros fatores, como armas avançadas, logística e organização. Não se sabe exatamente a quantidade de armas pesadas enviadas pelo Ocidente que estão em Mykolaiv. Mas, em tese, a Ucrânia leva vantagem na logística pela posição geográfica da cidade.

Cenário atual na Guerra da Ucrânia

O futuro político de Zelensky pode ser influenciado pelo resultado dessa operação. Se houver sucesso em libertar Kherson, o presidente mandará um recado aos Estados Unidos e seus aliados europeus de que as transferências de armas, treinamento e inteligência fornecidos estão fazendo efeito. Ele também reforçará sua imagem internamente, mostrando que é o homem certo para conduzir a nação em tempos de guerra.

No melhor cenário para a Ucrânia, as tropas russas não conseguirão enviar reforços suficientes a Kherson por causa da barreira do rio Dnipro e dos disparos de longo alcance dos Himars (que podem atingir alvos a até 80 km de distância). Em paralelo, um levante liderado por partisans (guerrilheiros) desestabilizará a defesa da cidade e os russos terão que fugir abandonando armas e equipamentos pesados com a aproximação da força de ataque principal ucraniana.

Por sua vez, Moscou vem transferindo tropas da frente oriental para o sul do país, a fim de sustentar posições em Kherson. Essas tropas tentarão cruzar o Dnipro pela ponte restante ou utilizando balsas e pontes temporárias. A aviação russa pode ser utilizada para bombardear blindados e tropas ucranianos, enquanto drones (que o Kremlin tenta comprar do Irã) sairão à caça dos lançadores de foguetes Himars e outras peças de artilharia fornecidas pelo Ocidente.

Sem falar que o Kremlin ainda possui grande estoque de mísseis de cruzeiro que podem atingir qualquer parte da Ucrânia.

Assim, se a contraofensiva ucraniana for incapaz de libertar Kherson, a capacidade de liderança de Zelensky e de seus generais pode ser colocada em dúvida. O chanceler russo Sergey Lavrov afirmou neste mês que um dos objetivos da Rússia é derrubar o presidente ucraniano.

O Kremlin vinha travando uma guerra de atrito (com muita violência e pouco avanço) que, entre outros objetivos, visava diminuir a moral dos ucranianos e desacreditar Zelensky. Uma vitória em Kherson poderia acelerar esse processo.

A Rússia parece estar apostando nessa batalha da mesma forma que a Ucrânia. Na frente oriental, as tropas fizeram uma pausa para descanso entre 7 e 16 de julho. Quando o avanço foi retomado, seguiu de forma mais lenta, apenas em duas direções: Bakhmut e Siviersky. Isso pode indicar uma reorganização das tropas russas.

Enquanto os dois exércitos se preparam para o enfrentamento em Kherson, a cidade permanece praticamente isolada. Antes da invasão russa, a população estimada era de 290 mil pessoas. No último levantamento, feito em maio, 180 mil ainda estavam na região. Não há acesso a remédios nem bens essenciais.

O governo ucraniano vem emitindo pedidos para a população deixar a cidade. Mas a rede de internet e meios de comunicação já teriam sido substituídos por redes russas.

As pessoas também não têm acesso a bancos e caixas eletrônicos para sacar dinheiro. Segundo o jornal Kyiv Independent, pró-Ucrânia, muitos estão conseguindo recursos vendendo seus bens em mercados de pulgas. A Rússia impôs uso do rublo, sua moeda nacional, mas as pessoas estariam se recusando a utilizá-la.

O periódico afirmou ainda que a polícia militar russa vem agindo com violência para tentar identificar membros da resistência ucraniana. Por sua vez, os partisans têm conduzido tentativas de assassinato contra autoridades russas.

Em resumo, a Ucrânia tem uma boa oportunidade para obter uma vitória militar e midiática localizada, devido a fatores como a posição geográfica de Kherson, a concentração de tropas em Mykolaiv e os lançadores de foguetes Himars. Mas a Rússia continua tendo superioridade de armamentos e de combatentes na guerra como um todo. Por isso, dificilmente Kherson será a última batalha desta guerra.


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EMPREGOS ESPECIALIZADOS NO AGRONEGÓCIO

 

Economia

Marcos Tosi – Gazeta do Povo


| Foto: Divulgação / CNA

Milhares de vagas de emprego em que não é preciso “sujar as botas” estão sendo criadas pelo agronegócio brasileiro. E está faltando gente habilitada. A rápida digitalização do campo, aliada a novas demandas ligadas à sustentabilidade, criou um déficit de profissionais num setor que já responde por um terço das vagas de trabalho no País.

Apenas nas grandes fazendas, até 2030 o déficit projetado chega a 64% para técnicos em agricultura digital; ou seja, de cada dez vagas ofertadas, menos de quatro serão preenchidas. O estudo “Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde”, realizado em 2021 pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) em parceria com o Senai e com a UFRGS, apontou que em dois anos oito carreiras do agronegócio iriam gerar 178,8 mil oportunidades, mas haveria apenas 32,5 mil profissionais disponíveis para preencher essas vagas. Um gap de 82% que, mesmo no médio e longo prazo (dez anos), deve permanecer relativamente alto, na casa dos 55%.

Para o Superintende de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado, as previsões não são inevitáveis nem devem criar um cenário de desânimo, mas de oportunidades. “Somente o Senai tem hoje 2,5 milhões de alunos matriculados. Existe esse gap no agronegócio, mas é possível ao Senai e ao Senar rapidamente atenderem essa demanda. As instituições do setor profissional estão se mexendo e passando a oferecer esses cursos. Precisamos também de um despertar do trabalhador e que os agricultores busquem incorporar essas novas tecnologias”, avalia.

Habilidades vão do uso de drones à compreensão da telemetria

Dentre as principais habilidades digitais exigidas nos novos empregos do agro, estão a operação de drones para vistoriar lavouras e pulverizar defensivos; o uso da telemetria para coletar dados de colheita, avaliar condições do solo, distribuir fertilizantes, analisar e tratar infestações de pragas e plantas daninhas; e o monitoramento do ambiente por meio de sensores e aplicativos que coletam dados climáticos, como ventos, temperatura e umidade.

Ao trazer avanços tecnológicos, por questão de competitividade, a própria indústria busca capacitar os funcionários de seus clientes e sua assistência técnica. Cláudio Calaça Júnior, diretor de marketing de produto da fabricante New Holland, destaca que a mudança de paradigma de mecânica para eletrônica já começou a ocorrer há dez anos. Mais recentemente, vieram com força a automação e a telemetria. “Para essas novas posições, de data analyitics e engenheiro de dados, começa a haver uma participação maior, tanto na indústria como no campo. Uma máquina no campo com telemetria está transmitindo online inúmeras informações durante todo o período de funcionamento. A gente precisa de profissionais numa central de inteligência que consigam fazer essa análise para que as soluções sejam efetivamente aplicadas”.

Nas fazendas maiores, técnicos em agricultura digital alocados de forma permanente são indispensáveis, mas para pequenos e médios produtores, a contratação de serviço bate-volta pode ser uma opção. A tendência é apontada pelo engenheiro-agrônomo José Carlos Hausknecht, sócio da MB Agro. “Temos os prestadores de serviço e as startups, que dão suporte aos agricultores e que devem criar muitos empregos. Nas fazendas, a gente vai ter cada vez mais o cara do escritório. É a pessoa que trabalha no back office, que faz planejamento e monitoramento remoto, com cada vez menos gente no campo. É um trabalho qualificado, que paga melhor, e a pessoa não precisa necessariamente ficar sofrendo debaixo do sol”, argumenta.

Cresce demanda por gestores no agronegócio

Do arado para o plantio direto, das anotações no caderno para as projeções e tabelas no tablet. Não foi apenas a forma de lidar com a terra que mudou, mas todo o processo de planejamento, administração e controle da produção e da comercialização. Em função dessa demanda por mais gestores no agro, desde 2014 a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) mantém sua própria faculdade. São cursos a distância, como Gestão do Agronegócio (3 anos), Gestão Ambiental (2 anos), Gestão de Recursos Humanos (2 anos) e Processos Gerenciais (2 anos). “Um número significativo de estudantes estão fazendo segunda graduação, porque sentiram esse gap e procuram acessar a área gerencial e tecnológica para se atualizar”, relata Alberto Santos, coordenador da Faculdade CNA.

O estudo sobre as profissões emergentes na era digital preconiza “ações imediatas para levar a digitalização até o campo, viabilizando cultivos mais eficientes que demandem menores áreas e menor desgaste de solo”. Entre as ações de curto prazo, está a necessidade de atualizar o currículo de cursos como o de engenharia agronômica, para que passem a formar engenheiros agrônomos digitais. Segundo estudo da Embrapa (2020) e da UFSM (2020), o Brasil vai precisar de 74,6 mil engenheiros agrônomos digitais para suprir a demanda de 40% das grandes fazendas, até 2030.

Nessa onda de mudanças, o levantamento prevê novas oportunidades para as mulheres das pequenas propriedades, que “podem ter foco no marketing digital para escoamento da produção ou na utilização de aplicativos para controle de compras de insumos, controle de precipitações, planejamento da lavoura, entre outros fatores relevantes, mas ainda carentes no pequeno agricultor”.

Busca por profissionais que refinem os dados coletados no campo

O setor rural tem a vantagem de requerer, prioritariamente, apenas uma atualização ou complementação de conteúdos digitais nas formações já existentes, por meio de cursos específicos ou pós-graduações. Santos, da CNA, aponta que as tecnologias embarcadas nos maquinários trouxeram vasta quantidade de dados, que podem acabar sendo inúteis se não houver quem os refine e interprete. “Esses dados estão disponíveis, às vezes de forma desmembrada, e precisam ser organizados, com gráficos e ferramentas de fácil compreensão. E o profissional precisa de uma formação multidisciplinar para não somente coletar os dados. Hoje a empregabilidade de quem se qualifica é muito grande, há grande demanda na área de gestão para o Centro-Oeste, principalmente Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, relata.

Se além de dominar ferramentas digitais do agro, o estudante ou trabalhador tiver treinamento em práticas ambientais, sociais e de governança (ESG), ele certamente estará na mira de head-hunters. Estudo da consultoria Michael Page revela que somente neste ano já houve uma alta de 50% na busca por profissionais ligados a ESG. Entre os perfis mais buscados estão o de diretor financeiro e de ESG (salários de R$ 35 mil a R$ 50 mil), head de sustentabilidade (R$ 20 mil a R$ 25 mil), gestor de projetos para eficiência em carbono (R$ 18 mil a R$ 22 mil) e especialista em ESG (R$ 10 mil a R$ 15mil). O que está por trás dessa demanda, segundo Stephano Dedini, diretor da Michael Page para o agro, são “as demandas de investidores e da sociedade por negócios, operações e cadeias produtivas sustentáveis. É uma visão transversal do ESG em toda a companhia”.

Para além das funções de alta qualificação em ESG listadas acima, veja quais são as demais profissões emergentes no setor agrícola.

Profissões emergentes no agronegócio
Profissão Descrição Requisitos
Operador de drones Manejar aviões não tripulados para monitoramento de plantações e pulverização contra pragas e doenças Drones, aviação, rotas, velocidade, aceleração
Técnico em agricultura digital Entender de processos do campo e TICs para encontrar soluções práticas na produção rural Agricultura e plantio, recirculação de águas, tecnologias sustentáveis e digitais
Designer de máquinas agrícolas Buscar soluções conforme padrões ESG para as máquinas agrícolas Desenvolvimento de produto, tecnologias digitais, conhecimento de sustentabilidade e design
Agricultor urbano Desenvolver o cultivo de alimentos nas grandes cidades Tecnologias digitais, plantas e formas de cultivo, análise de dados, relevo e topografia
Engenheiro agrônomo digital Conciliar conhecimentos agronômicos com as tecnologias digitais, para aplicação tanto nos processos quanto nos negócios Tecnologia digital, plantas e formas de cultivo, análise de dados, relevo e topografia
Técnico em agronegócio digital Trabalhar com TICs no plantio, cuidado com animais e clima Análise de dados, programação e gestão
Cientista de dados agrícola Entender de mercado agrícola, softwares, plantio e geoprocessamento Análise de dados, programação, estatística, mercado agrícola
Engenheiro de automação agrícola Trabalhar nos diversos fronts de automação para a agricultura Tecnologias de automação, cultivos, processos, trabalho remoto, conectividade
Fonte: SEMESP (2018) e experts entrevistados Mais infográficos


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ECONOMIA MELHORA E O DESEMPREGO CAI

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Em junho, Caged apontou 42 milhões de brasileiros com carteira assinada; IBGE registrou nova queda do desemprego, para 9,3%.| Foto: AEN

A sequência de bons números no mercado de trabalho brasileiro teve continuidade em junho, de acordo com as informações tanto do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, quanto da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, divulgados respectivamente na quinta e na sexta-feira. Pelo Novo Caged, que considera apenas os empregos formais, com carteira assinada, o país gerou 278 mil vagas em junho, no saldo entre contratações e demissões. Já o IBGE, cujo critério é mais abrangente, registrou nova queda na taxa de desemprego, que ficou em 9,3% no segundo trimestre deste ano, contra 9,8% no trimestre móvel anterior, de março a maio; agora, o país tem 10,1 milhões de desempregados, contra 10,6 milhões no trimestre móvel anterior.

Isso significa que, à exceção do primeiro trimestre deste ano, quando o desemprego estacionou entre 11,1% e 11,2%, as quedas têm sido substanciais, de ao menos meio ponto porcentual, desde que o indicador começou a recuar, em meados de 2021. Caso esse ritmo se mantenha, já em julho o país terá superado outra marca simbólica, com menos de 10 milhões de brasileiros desempregados pela primeira vez em muitos anos – dizemos “simbólica” porque 9 milhões de pessoas sem trabalho ainda é um número bastante alto, e que continua exigindo o olhar atento dos legisladores e dos formuladores de políticas econômicas.

Um alento para o futuro próximo do mercado de trabalho brasileiro é o fato de as previsões de crescimento da economia em 2022 estarem sendo revistas para cima

O desdobramento dos dois indicadores, Novo Caged e PME, traz números positivos. No Caged, por exemplo, houve saldo positivo nas vagas formais de trabalho em todas as unidades da Federação e nos cinco grandes setores pesquisados – comércio, serviços, indústria, construção civil e agropecuária; além disso, o salário médio de contratação em junho teve um ligeiro aumento, de 0,7% na comparação com maio. Também a PME verificou pequena elevação na remuneração média, que agora é de R$ 2.652. Apesar das tendências de leve alta nos salários, ambas as médias continuam bastante inferiores às de um ano atrás, e elevá-las é apenas um dos muitos “desafios secundários” a vencer – já que o desafio primário continua sendo a incorporação de brasileiros sem emprego ao mercado de trabalho.

Outra questão importante que merece atenção é o fato de a queda no desemprego ser majoritariamente puxada pelo trabalho informal – a taxa de informalidade continua na casa dos 40%, depois de ter ficado abaixo desse patamar durante parte do ano passado. Embora o país tenha novamente batido o recorde de brasileiros ocupados (conceito que inclui empregados com carteira assinada, autônomos, informais, servidores públicos, domésticos e empregadores), com 98,3 milhões, o mesmo não ocorre quando se consideram apenas os trabalhadores formalmente empregados: o melhor número da série história continua a ser de 37,5 milhões, registrado em 2014; atualmente, é de 35,8 milhões, pelos dados do IBGE. Segundo o Caged, que usa outra metodologia, esse número foi de 42 milhões em junho.


Um alento para o futuro próximo do mercado de trabalho brasileiro é o fato de as previsões de crescimento da economia em 2022 estarem sendo revistas para cima tanto internamente quanto externamente – o FMI, por exemplo, elevou sua projeção para 1,7%, mais que o dobro do que previa três meses atrás. No entanto, para 2023 os prognósticos de crescimento têm sido revistos para baixo, diante da possibilidade de que o aperto monetário promovido pelo Banco Central para conter a inflação seja menos intenso, mas mais prolongado que o previsto inicialmente. Manter o dinamismo da economia e o ritmo de geração de empregos em um cenário de Selic acima de 10% ao ano exigirá esforço adicional na realização de reformas, que infelizmente andam esquecidas nos corredores de Brasília.


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FATOS SOBRE AS URNAS ELETRÔNICAS

 

Homenagem

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Leonardo da Vinci: queimado na fogueira por questionar a infalibilidade das urnas eletrônicas.| Foto: Reprodução

Eu estava tranquilo, bebendo uísque com suco de boitatá, ouvindo punk rock gaúcho e lendo “A Lua Vem da Ásia”, clássico nonsense de Campos de Carvalho (o autor homenageado por esta crônica), quando me deparei com a notícia de que o Tribunal Superior Eleitoral [ajoelha-se e faz reverência] decidiu redobrar os esforços para conter a disseminação de “fatos sabidamente inverídicos” sobre as urnas eletrônicas, o sistema eleitoral, o surgimento do Universo e a extinção dos dinossauros. Aí, sem mais delongas, derramei a bebida, escorreguei nas bolinhas de gude que alguém jogou sorrateiramente no chão, bati a cabeça e, quando acordei, comecei a escrever esta crônica.

  1. As primeiras urnas eletrônicas chegaram nas caravelas. Eram instrumentos rudimentares, mas seguros e desde já invioláveis – de acordo com Pedro Álvares Cabral, que acumulava a função de capitão da frota e presidente do TSE à época. Trocadas por pau-brasil, num primeiro momento as urnas eletrônicas foram motivo de festa nas aldeias. Com o tempo, porém, surgiram dúvidas e, com as dúvidas, a desconfiança. A situação piorou depois da eleição apertada da cacique Dilma Guarani-Kaiowá. E só não vou contar o que aconteceu com o bispo Alexandre Sardinha para não ser acusado de fazer apologia ao canibalismo.
  2. Em 1789, golpistas mineiros revoltados com o imposto de 20% cobrado para que a Monarquia pudesse dar a todos, todas e todes saúde, educação, segurança e moradia, planejaram a famosa Inconfidência do Pão de Queijo. Além da diminuição dos impostos e da degola do Rei Roberto Carlos, os fascistas exigiam democracia e eleições livres com voto auditável. Graças a Joaquim Silvério, contudo, a milícia foi desmobilizada e, por 9×2 (de acordo com as urnas eletrônicas da época), Tiradentes foi condenado à forca.
  3. Você sabe que as urnas eletrônicas sempre foram seguras – e ai de quem duvidar! O que você não sabe é que a primeira grande suspeita de fraude envolvendo as maquininhas infalíveis ocorreu em 1888, quando do Plebiscito Nacional Sobre a Escravidão. As pesquisas da época mostravam uma clara vantagem dos escravagistas, embora seu principal líder, João Maurício Wanderley (PT-BA), não pudesse sair às ruas. Com receio de que o resultado da votação pudesse ser manipulado, os abolicionistas até tentaram uma mobilização, mas foram duramente repreendidos. No final das contas, os abolicionistas venceram no segundo turno, mas até hoje há quem diga que foi no primeiro.
  4. No hinduísmo há um deus para cada coisa. Nada mais natural, portanto, que exista lá um templo dedicado às urnas eletrônicas. Projetado por Oscar Niemeyer, o Templo da Tecnologia Perfeita (cuja sigla em sânscrito é TSE) fica na cidade de Faquínia. O templo é habitado por monges positivistas que a cada dois anos realizam o Festival do Voto Eletrônico, que atrai milhões de turistas para verem o ritual em que elefantes, usando togas pretas, pisoteiam imensas caixas cheias de papeizinhos nos quais as pessoas expressam seus sonhos. É cruel.
  5. Em 1912, ano do naufrágio do Titanic (que carregava uma preciosa carga de urnas eletrônicas), Niels Bohr, usando um ábaco que pertenceu a um sábio chinês chamado Xi Jinping (sem parentesco com o ditador atual), fez os primeiros cálculos para a construção de uma urna eletrônica quântica. Por falta de verbas, contudo, o projeto nunca foi adiante.
  6. Ao longo dos séculos, gênios como Leonardo da Vinci, Graham Bell, Nikola Tesla e Patativa do Assaré fizeram diversas sugestões que, em teoria, tornariam as urnas eletrônicas mais seguras e o sistema eleitoral como um todo mais transparente. Por causa disso, todos foram incluídos no Inquérito das Fake News, acusados de heresia contra a autoridade eleitoral constituída e queimados em praça pública.
  7. Adolf Hitler, além de ser vegetariano e genocida, desconfiava das urnas eletrônicas. E aqui vale uma curiosidade etimológica: foi durante o conhecido Discurso Infame Número 5 em Sol Menor, proferido em Nuremberg, que Hitler cunhou a palavra “hacker”, depois de engasgar com uma casquinha de amendoim.
  8. Entre os objetos deixados na Lua por Louis Armstrong e seu primo menos famoso, Neil, estavam um disco dos Beatles, um livro de direito constitucional de Alexandre de Moraes, um berimbau e uma urna eletrônica. Que funciona até hoje!
  9. Em 2019, o iate em que George Soros estava afundou no Pacífico. Obrigado a escolher quem e o que salvar do naufrágio, o bilionário (interpretado por Billy Zane) pulou no bote salva-vidas levando consigo o cartão de crédito corporativo da Open Society e uma urna eletrônica – que mais tarde ele usou para, em Código Morse, e ainda perdido na imensidão azul, determinar os resultados das eleições democráticas no Butão e em Bangladesh.
  10. Nas eleições de 2021, dois hackers, chamados Zé Antônio e Carlos Eduardo, usaram a senha #ForaBozo1234 para invadir o sistema do TSE. O objetivo, declararam os meliantes posteriormente, era só promover a “causa da zoeira” (possivelmente uma referência ao líder nazista Hans Zoeira). Na ocasião, eles usaram o teclado alfanumérico hiper-seguro, bem como o software de altíssima precisão, para escrever 50135 (que, se lido de ponta-cabeça, forma rudimentarmente a palavra “SEIOS”) e promover campeonatos de pingue-pongue eletrônico em milhares de seções eleitorais de todo o país.
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A DEMOCRACIA FOI SEQUESTRADA PELA ESQUERDA

Manifestos

Por
Leonardo Coutinho – Gazeta do Povo


Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do PT, em imagem do período em que o partido governava o Brasil| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Quer vencer uma guerra? Conquiste o conceito. O Brasil, a América Latina e, por que não, o Ocidente viraram um campo de batalha onde quem ganha é quem primeiro captura a palavra-chave, consenso ou ideia que lhe permite uma situação próxima à invulnerabilidade. O tema da vez é a democracia. Mas, no passado, já foi a ética, a vida e a paz, entre tantos outros exemplos possíveis.

Todos os dias brotam de qualquer esquina um manifesto, um movimento, um discurso, uma organização em defesa da democracia. O negócio ficou tão banalizado que – se até o PSOL, PT, PCdoB e PDT, partidos brasileiros que abertamente defendem ditaduras com longo prontuário de censura, prisões arbitrárias, torturas e execuções sumárias se sentem à vontade para se colocarem como os arautos da democracia – ninguém deveria se assombrar se aparecesse um manifesto dos frequentadores da Cracolândia em defesa de um valor tão universal.

O negócio é transformar o mundo em um tabuleiro de peças brancas e negras onde ou a pessoa, movimento ou organização se posiciona de um lado, ou é empurrada a ser do outro. Mesmo que nem um nem outro seja exatamente aquilo que o jogo lhe permite ou obriga a ser.

Muito recentemente, PSOL, PT, PCdoB, PDT, MDB, PSD e PSDB não viram problema algum em confraternizar com o PCC (atenção, não é a gangue brasileira, mas o Partido Comunista Chinês) em um evento que vendeu a tese de que a democracia tal qual conhecemos é uma invenção superada e que temos (isso mesmo, temos) que aprender a aceitar a fluidez do conceito e a enxergar, sob o prisma da “aculturação”, que nem tudo que parece ser ditatorial de fato é. Prender opositores, proibir desenhos animados, suspender transmissões de telejornais em momentos em que são tratados temas desagradáveis e a manutenção de campos de concentração não é nada demais. É tudo uma questão de adaptação do conceito.

Vale relembrar como a eleição de Donald Trump levaria o mundo ao abismo. A carta de renúncia de uma ex-editora de Opinião do jornal americano The New York Times é um dos melhores diagnósticos da loucura que tomou conta da mente de muita gente nos Estados Unidos e no mundo. A democracia havia entrado na UTI e com ela a humanidade seria mergulhada nas trevas.

Goste ou não de Donald Trump, fica difícil negar que durante seus três primeiros anos de governo ele manteve a economia dos Estados Unidos no prumo, as pessoas estavam ascendendo socialmente, as taxas de desemprego eram as menores da história e ele seguia para uma reeleição garantida. Mas 2020 mudou tudo.

Primeiro, veio a pandemia. Trump começou a perder para si mesmo ao jogar para a sua base mais radical. Fazendo o que tinha que fazer contra o coronavírus da porta para dentro, mas escondendo as suas ações por meio de um discurso que só serviu como arma eleitoral. Ele não ganhou a pecha de genocida como Jair Bolsonaro no Brasil, mas ficou bem chamuscado pelo seu discurso errático no princípio da pandemia.

Depois veio a morte de George Floyd e os Estados Unidos se inflamaram. A ONG Black Lives Matter catapultou seu nome como um símbolo universal da luta antirracista. Eis o tal poder de sequestrar o conceito.

Mesmo engolfado pelas crises e derrotado eleitoralmente, Trump tinha a chance de deixar a Casa Branca maior do que quando entrou e com chances de voltar, mas preferiu jogar tudo no lixo embarcando nos eventos que desaguaram no espetáculo de 6 de janeiro de 2021, quando sua base, em apenas duas horas, se prestou ao papel de justificar toda a lorota antidemocrática que era aplicada ao seu governo mesmo antes de sua posse.

No Brasil, “defesa da democracia” virou pedestal para difamação política. É evidente que tem gente decente que verdadeiramente acredita que a democracia está por um fio e que o golpe está à espreita. Mas será que a democracia está morrendo mesmo apenas por estes meios?

A democracia está em crise. O mais tenebroso é perceber que ela está sendo asfixiada muito mais por quem pensa que defende.

É mais ou menos uma repetição da encenação petista que caiu por terra com o Mensalão, em 2005. Por décadas, o PT era o dono da ética. Ninguém fora da legenda era honesto ou poderia se dizer honesto no que se refere ao exercício da política. O sequestro do conceito era tão massivo que era impossível imaginar que uma denúncia de roubalheira não viesse de um destemido parlamentar petista, ou não tivesse um petista abnegado como fonte de informação.

Veio o Mensalão, que para quem não se lembra era basicamente a compra de apoio parlamentar com dinheiro público, e com ele um choque de realidade. O PT era um partido ordinariamente igual a qualquer outra legenda que a vida inteira foi chamada de um ninho de ladrões e corruptos pelos próprios petistas.

Alguns envergonhados pularam fora e fundaram o PSOL. Outros apostaram na falta de memória do povo e seguiram em frente. Mostrando que estavam certos, com a reeleição de Lula um ano e meio depois da descoberta da roubalheira.

Depois veio Dilma Rousseff, que afundou o Brasil na maior crise econômica da sua história (a mesma que persiste até hoje) e o Petrolão e a Lava-Jato.

Mas os mesmos petistas que apostaram no esquecimento e no sequestro de conceitos souberam dar tempo ao tempo.

O script foi simples. Aproveitaram-se da reverberação global dos chiliques dos americanos que se assombraram com a eleição de Trump um ano antes e, já nos meses que antecederam a posse, colaram no presidente eleito uma série de adjetivos que tornariam algumas de suas tosquices símbolo máximo da destruição da democracia.

Bolsonaro foi mordendo a isca e reforçando a imagem constantemente mostrada para causar vergonha, medo e repulsa.

Assim como se deu com Trump, o esforço de romper com as elites e os críticos (os mais visíveis estão na imprensa) levou Bolsonaro a se transformar no arquétipo perfeito do autocrata.

Com o pavimento pronto, quem lá nunca foi um defensor incondicional da Democracia (aquela com D maiúsculo) capturou o conceito e passou a se vender como o remédio contra o mal.

Um oportunismo flagrante, mas que dá certo, porque muita gente caiu no caldo do medo, vergonha e repulsa. Uma operação que tem feito uma boa parte das pessoas no Brasil, América Latina, Estados Unidos e no Ocidente em geral, sem dó, pisar no acelerador em uma estrada já conhecida, mas que tem sido mostrada como nova e única saída.

As críticas nas sociedades democráticas são elementos básicos. Mas a desumanização (gado), a deslegitimação (fascista) e o terror político não só contradizem os fundamentos democráticos como os corroem.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/leonardo-coutinho/como-o-conceito-de-democracia-foi-sequestrado-pela-esquerda/
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EMPRESAS DEVEM SE PREOCUPAR COM A INOVAÇÃO

 

Maiara Muraro Martins – FCamara

Cada vez mais há a necessidade das empresas se preocuparem com inovação, pois além de ter importância para os negócios, gera posicionamento e credibilidade no mercado.

Muito além disso: vem a importância de motivar os colaboradores, gerar excelência em seus serviços, reduzir custos operacionais, conquistar clientes, entre outros.

No texto abaixo, especialista da FCamara elenca os principais motivos que vão incentivar as empresas a investirem em inovação.

Caráter competitivo é um dos principais ganhos, além de credibilidade no mercado e colaboradores mais engajados

A preocupação em investir em inovação aumenta entre as organizações e, de fato, esse é um item crucial quando se pensa em crescimento, credibilidade e posicionamento no mercado. Contudo, apesar de entenderem a importância da inovação para os negócios, transformar isso em algo concreto nem sempre parece tão fácil.

“Quem não incorpora em seu negócio uma mentalidade voltada à inovação, acaba ficando para trás. Quando implementamos um programa de transformação cultural, voltado à cultura da inovação, nos certificamos que estamos atuantes em um mercado competitivo. Com isso, também beneficiamos os colaboradores com um ambiente motivador e geramos excelência nos serviços”, pontua Maiara Muraro Martins, Head do Imagine, plataforma de inovação que engaja e dá voz aos colaboradores, incentivando a proposição de ideias, o intraempreendedorismo e o fomento a uma cultura inovadora nas empresas. O Imagine é uma solução do Grupo FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa a transformação dos negócios e vem fazendo a diferença para empresas que buscam essa aculturação.

Pensando nisso, a especialista elenca quatro benefícios que mostram a importância de investir em inovação.

Caráter competitivo frente aos concorrentes

Empresas que não inovam ao longo do tempo, tendem a perder força no mercado. A inovação é um diferencial competitivo e um posicionamento desejável para o público consumidor e investidor.

“Uma empresa inovadora é uma empresa à frente do seu próprio negócio, pronta para dominar novos mercados e, se preciso, recriar seu negócio ou revolucionar suas próprias soluções. É ela mesma quem torna sua solução anterior obsoleta, pois sua cultura inovadora a faz identificar, antes mesmo do público e do mercado, novas oportunidades, implementando melhorias e a evolução de seus serviços”, explica Maiara.

Conquista de clientes com novos serviços e produtos

A inovação está diretamente relacionada à jornada de satisfação do cliente. Uma empresa inovadora tem mais potencial de conquistar novos mercados e agregar valor para os clientes já existentes, pois está sempre guiada por uma melhoria contínua, focada nas necessidades do público.

Redução de custos operacionais

Inovar também significa promover a otimização de processos e de rotinas de trabalho. Com isso, uma empresa ganha eficiência e produtividade e reduz custos e riscos.

Colaboradores mais satisfeitos

Quando a cultura da inovação está presente, a responsabilidade pela inovação se torna compartilhada entre todos. Esse movimento mais horizontal e colaborativo proporciona um estímulo criativo coletivo. A tendência é um ambiente mais motivador e engajador.

“A cultura da inovação cria senso de pertencimento e participação nas decisões estratégicas do negócio, de ponta a ponta da organização. Uma empresa inovadora naturalmente dá mais voz e autonomia às suas equipes e a consequência é ter colaboradores mais satisfeitos e realizados, o que se reverte em ainda mais resultados”, finaliza a especialista.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon tem crescido exponencialmente, até o momento, tivemos 130.000 visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sábado, 30 de julho de 2022

BOLSONARO DIZ EM MANIFESTO SER A FAVOR DA DEMOCRACIA


Advogados de direita divulgam carta em defesa da democracia e das liberdades individuais
Por
Gazeta do Povo


Manifesto do Movimento Advogados de Direita Brasil (ADBR)| Foto: Reprodução

O Movimento Advogados de Direita Brasil (ADBR) lançou uma carta, na quinta-feira (28), em defesa da democracia e das liberdades individuais, principalmente a liberdade de expressão. Chamado de “Manifesto à Nação Brasileira – Defesa das Liberdades”, o abaixo-assinado virtual contava com aproximadamente 75 mil assinaturas até as 11 horas desta sexta-feira (29). Por volta das 15h30, o número já tinha subido para 170 mil apoios ao documento.

“Sem liberdade não há democracia, sem justiça não há liberdade, sem honra não há respeito, sem dever não há ordem e progresso, sem piedade não há amor e humildade e sem esperança iremos sucumbir”, diz trecho do manifesto. No texto, os advogados de direita declararam apoio ao presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL.

Ao tratar da liberdade de expressão, o movimento criticou as tentativas de consolidação da “ditadura do pensamento único”, de desmonetização dos meios de comunicação independentes e perfis de redes sociais, e ainda os inquéritos – que os advogados chamam de ilegais e inconstitucionais – com o objetivo de criminalizar a opinião contrária. O último ponto foi uma referência ao chamado “inquérito das fake news”, do Supremo Tribunal Federal (STF). Reportagem da Gazeta do Povo mostrou que os defensores dos investigados estão há dois anos sem ter acesso integral aos autos.

“Os milhões de cidadãos brasileiros, incluindo o Presidente da República Federativa do Brasil, o Exmo. Sr. Jair Messias Bolsonaro em suas liberdades individuais  buscam posicionar-se perante a sociedade com  opiniões  acerca de temas importantes para nação, no entanto,  estamos sofrendo ataques infundados por pessoas que não respeitam opiniões diferentes”, diz o documento. Confira o texto do manifesto na íntegra abaixo.

Outras cartas em defesa da democracia 
O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, divulgou a sua própria carta em defesa da democracia na noite desta quinta-feira (28). Em uma publicação nas redes sociais, ele manifestou mais uma vez ser a favor do regime democrático.

Já a “Carta aos Brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito” é movimento encabeçado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). A carta foi subscrita por ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), juristas, artistas, banqueiros, empresários, entre outros. De acordo com a USP, a carta já alcançou 370 mil apoios. O texto cita a preocupação com os ataques contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as urnas eletrônicas.

Além da iniciativa da USP, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) prepara um manifesto chamado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”. O conteúdo também deve tratar da defesa da democracia e do sistema eleitoral, bem como se antecipar aos atos de 7 de Setembro.

Manifesto do Movimento Advogados de Direita Brasil

“MANIFESTO À NAÇÃO BRASILEIRA

EM DEFESA DO BRASIL E DAS LIBERDADES DO POVO, PELO POVO E PARA POVO.

Nós, o povo brasileiro, na defesa do Brasil e das Liberdades do Povo, pelo Povo e para o Povo, e, em apoio ao Presidente do Brasil Jair Messias Bolsonaro nos dirigimos à Nação Brasileira, para declarar que sem liberdade não há democracia, sem justiça não há liberdade, sem honra não há respeito, sem dever não há ordem e progresso, sem piedade não há amor e humildade e sem esperança iremos sucumbir. 

Há em nosso País a gravíssima tentativa da consolidação da “ditadura do pensamento único” que vem impondo a censura e desmonetização dos meios de comunicação independentes e de perfis de redes sociais de brasileiros. 

Testemunhamos a instauração de inquéritos ilegais e inconstitucionais com o simples objetivo de criminalizar a opinião contrária, pelo órgão que deveria zelar pelos direitos fundamentais da população, abolindo nossas liberdades individuais e garantias fundamentais. 

Somos um povo pacífico, que ama sua nação, que defende a democracia e as liberdades. Não podemos renunciar as liberdades que Deus nos deu. Nosso dever é lutar  pelo que já conquistamos, por aquilo que cremos, por nossa fé, pelo direito de ir e vir, pelo direito de se expressar. 

Qualquer pessoa deve ter o seu direito de se expressar livremente sem qualquer tipo de limites. A liberdade de expressão é o que permite o diálogo entre pontos de vista diferentes, antagônicos. 

Sem o direito de se expressar, sem essa liberdade todos os demais direitos estarão prejudicados. A liberdade de expressão inclui o direito a fazer críticas, ou seja, a criticar quem quer que seja. Parcela da população brasileira hoje não pode usufruir desse direito. Está sendo impedida por pessoas que deveriam garantir.

Não é aceitável que um lado tente imputar a nós, um povo livre e pacífico, a condição de incentivadores de atos antidemocráticos e de divulgadores de fake News. A verdade é que uma pequena parcela da população detentora de poder, não aceita críticas. Não aceita escutar a opinião do POVO, do PODER SUPREMO DE UMA NAÇÃO DEMOCRÁTICA. 

Os milhões de cidadãos brasileiros, incluindo o Presidente da República Federativa do Brasil, o Exmo. Sr. Jair Messias Bolsonaro em suas liberdades individuais  buscam posicionar-se perante a sociedade com  opiniões  acerca de temas importantes para nação, no entanto,  estamos sofrendo ataques infundados por pessoas que não respeitam opiniões diferentes. 

Nossas convicções de DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA E LIBERDADE em nada ofende quem quer que seja e tampouco ameaça a democracia como tanto repetem. Precisamos estar unidos para defender as LIBERDADES, porque SEM LIBERDADE NÃO HÁ DEMOCRACIA. 

Por fim, concluímos este Manifesto com a seguinte expressão de Alexis de Tocqueville: “Democracia amplia a esfera da liberdade individual, o socialismo a restringe. Democracia atribui todo o valor possível de cada homem; socialismo faz de cada homem um mero agente, um mero número. Democracia e socialismo não têm nada em comum além de uma palavra: igualdade. Com uma grande diferença: enquanto a democracia procura a igualdade na liberdade, o socialismo procura a igualdade no controle e na servidão”.

Deus seja Louvado.

Brasil acima de Tudo.

República Federativa do Brasil, 28 de julho de 2022”.


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O MUNDO NÃO PODE DESISTIR DE APOIAR A UCRÂNIA

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Edifício atingido em Mykolaiv, na costa sul ucraniana, em julho de 2022.| Foto: EFE/EPA/UKRAINIAN STATE EMERGENCY SERVICE

Se o plano inicial de Vladimir Putin era conseguir rapidamente uma rendição da Ucrânia, sendo frustrado pelo tamanho e pelo heroísmo da resistência da população invadida, a nova estratégia é vencer pelo cansaço – não apenas o cansaço dos ucranianos, mas o daquela parte da comunidade ocidental que se mobilizou para impor sanções à Rússia como forma de conter o expansionismo de Putin. Para isso, o russo conta com uma desmobilização da opinião pública em vários países e também usa como ferramentas de chantagem o fornecimento de itens vitais para qualquer sociedade: alimentos e, especialmente, energia.

Nos Estados Unidos, que chegaram a liderar o movimento ocidental pela imposição de sanções econômicas à Rússia, o presidente Joe Biden está pressionado pelo precário desempenho econômico – à inflação global soma-se, agora, uma recessão. Para evitar uma derrota avassaladora nas eleições de novembro, as midterms, em que boa parte do Congresso será renovado, Biden tem se esforçado para desviar a atenção do eleitor dos temas econômicos, mas resolveu fazê-lo apelando não à resistência a Putin, mas a temas morais como o acesso ao aborto, após a decisão da Suprema Corte que derrubou Roe v. Wade.

A história saberá separar e julgar aqueles que fizeram tudo o que estava a seu alcance para frear Putin, e aqueles que o ajudaram a manter funcionando sua máquina de agressão

A posição norte-americana deixa os europeus como os protagonistas da oposição à Rússia; eles, no entanto, são os mais vulneráveis a retaliações russas no fornecimento de energia, devido à enorme dependência de gás russo em nações como a Alemanha. A Rússia já vem reduzindo o fluxo no gasoduto Nord Stream, alegando dificuldades técnicas de manutenção, o que a Alemanha contesta. Por mais que a população europeia continue a apoiar maciçamente os ucranianos, a aposta russa é erodir esse apoio à medida que os europeus se vejam em dificuldades para garantir a energia necessária à indústria ou a atividades básicas como o aquecimento residencial. Por enquanto, os líderes europeus vêm se esforçando para escapar da chantagem russa, anunciando um plano de redução voluntária de consumo enquanto buscam fontes alternativas de energia.

No entanto, o calcanhar de Aquiles da estratégia ocidental de conter a Rússia por meio de sanções econômicas está no fato de elas só terem sido adotadas pelas economias desenvolvidas da Europa e da América do Norte – e mesmo estes países ainda não têm como abrir mão completamente das commodities russas. Com isso, a Rússia vem registrando superávits comerciais robustos: apenas no segundo trimestre, o saldo positivo foi de US$ 70 bilhões, o maior desde 1994, colaborando também para impedir a desvalorização do rublo. Nações asiáticas, africanas e latino-americanas – incluindo o Brasil – continuam mantendo relações comerciais com a Rússia em níveis próximos da normalidade pré-invasão da Ucrânia, o que, no fim das contas, significa financiar a agressão militar de Vladimir Putin contra o povo ucraniano.


No entanto, em uma situação com essa não há como se esconder atrás das alegações de que é necessário ser pragmático. Não estamos diante de uma simples querela entre vizinhos, mas de um dos maiores retrocessos civilizatórios em muitas décadas, em que uma potência nuclear se julga no direito de atacar outra nação soberana para impedi-la de definir seu próprio destino, ressuscitando um tipo de imperialismo que se julgava definitivamente abandonado. Momentos como este pedem lideranças firmes, que se recusem terminantemente a continuar bancando a loucura de Putin; e populações resilientes, que entendam a necessidade de sacrifícios temporários em nome da solidariedade para com o povo ucraniano e a necessária contenção de um autocrata que se julga onipotente. A neutralidade, neste caso, é cumplicidade, e a história saberá separar e julgar aqueles que fizeram tudo o que estava a seu alcance para frear Putin, e aqueles que o ajudaram a manter funcionando sua máquina de agressão.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/o-mundo-nao-pode-se-cansar-do-apoio-a-ucrania/
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A LIBERDADE DE EXPRESSÃO PERMITE OS PARTIDOS NAZISTAS E COMUNISTAS?

 

Entrevista Gustavo Maultasch
Por
Jones Rossi

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A foice e o martelo, símbolos do comunismo: defender a totalitária e assassina ideologia comunista ainda é permitido no Brasil| Foto: BigStock

O debate sobre liberdade de expressão no Brasil se faz com muita histeria e pouca informação. Desde que o podcaster Monark foi “cancelado” nas redes sociais e até investigado pela Procuradoria Geral da República por uma declaração sobre a possibilidade de existir um Partido Nazista no Brasil — uma provocação que visava debater o conceito de liberdade de expressão absoluta vigente nos EUA e o fato de o Brasil permitir a existência de outro partido ligada a um totalitarismo assassino, o Partido Comunista do Brasil —, a discussão sobre o tema pouco avançou.

Por isso deve ser celebrado o lançamento de um livro como “Contra Toda a Censura — Pequeno Tratado Sobre a Liberdade de Expressão” (Ed. Avis Rara), do diplomata Gustavo Maultasch. Entre seus vários méritos, está o de tratar de questões bastante atuais, como a tentativa de desacreditar e até criminalizar questionamentos à ciência durante a pandemia, além de recuperar casos clássicos que tratam da liberdade de expressão, como o do advogado judeu que defendeu o direito a uma marcha de nazistas nos EUA.

Na entrevista abaixo, Maultasch fala de alguns dos pontos mais importantes abordados em “Contra Toda a Censura”.

Gazeta do Povo — A criação de uma lei contra o discurso de ódio não funcionou contra a ascensão do nazismo na Alemanha. Por que ainda insistem em leis semelhantes atualmente?

Gustavo Maultasch — Eu acho que essa insistência tem duas razões principais. A primeira razão tem a ver com a ideia dirigista, centralizadora e salvacionista de que o governo tem a função de promover o bem-estar e de reduzir o nosso desconforto. Então se determinados discursos incomodam, se ofendem, então o seu silenciamento seria uma função legítima do estado. A segunda razão é o desconhecimento mesmo: muita gente simplesmente não sabe que proibir discurso de ódio não só não é muito eficaz, como também produz uma série de consequências indesejáveis (como a criação de mártires e o aumento dos riscos de tirania).

O Monark foi muito mal compreendido quando falou que o Partido Nazista deveria ser permitido no Brasil. Muitos de seus críticos esqueceram que uma marcha nazista foi realizada nos EUA com a ajuda jurídica de um judeu. Do ponto de vista da liberdade de expressão, o Brasil deveria permitir um Partido Nazista ou aproveitar e também proibir o Partido Comunista, já que ambos defendem ideologias assassinas?

Por uma questão de isonomia, ou você proíbe os dois, ou você permite os dois. E a isonomia é fundamental para que as regras sejam legítimas (do contrário, muitos começam a pensar que a justiça é parcial e tem partido). Agora, é sempre bom lembrarmos do seguinte: todos nós somos contrários a essas ideologias extremistas e assassinas; a questão é saber qual a melhor maneira de as combater, em especial tomando o cuidado de não dar poder demais ao governo para definir o que podemos e não podemos dizer. Na visão que defendo no livro, dar poder ao governo é uma solução pior do que o problema que se busca resolver.

Por que o “Paradoxo da Tolerância” de Karl Popper é tão citado e ao mesmo tempo tão pouco compreendido? O que ele realmente quer dizer?

Ele é muito citado porque tem uma descrição simples (não se pode tolerar a intolerância, sob risco de perdermos a tolerância), foi descrito por um filósofo consagrado e, ainda, porque serve de álibi ao ímpeto censório: basta eu tachar alguém de “intolerante” que aí passo a ter a licença moral para censurá-lo à vontade. O problema é que Popper foi muito ambíguo na descrição do paradoxo, e não dá para concluir com exatidão o que ele quis dizer com “intolerância”. Ou seja, o paradoxo da tolerância é uma mistura de ambiguidade de Popper e de álibi dos autoritários.

Deve existir algum limite para a liberdade de expressão? As pessoas deveriam ter o direito de fazer apologia a crimes ou até mesmo gritar “fogo” dentro de um cinema lotado, podendo causar tumulto e até ferimentos e mortes?

Mesmo os defensores da ampla liberdade de expressão admitem diversos limites, como por exemplo divulgar pornografia infantil, mandar matar alguém, incitar à violência direta, fazer ameaças, e assim por diante. Quando se analisam os detalhes e as situações extremas, vemos que há vários limites sim. A proibição de se gritar “fogo” dentro de um cinema lotado seria também um caso de proibição, pois se trata da criação de um dano iminente a partir da provocação deliberada de um pânico imediato (corre-corre, empurra-empurra, pisoteamentos etc).

Se convencionou atualmente entre setores mais progressistas da sociedade que as palavras podem ferir. As pessoas devem ir presas pelo que dizem, por mais insensíveis ou violentas sejam as palavras proferidas?

Como já mencionei, a incitação à violência direta (“vamos ali bater naquele cara”) deve sim ser proibida. Mas a mera ofensa, por mais insensível e grosseira que seja, não deve ser proibida, porque num país populoso e diverso como o nosso, sempre haverá alguém ofendido por algo que dissemos (isso quando não se ofendem com a nossa própria existência). Cristãos não se sentiriam ofendidos com piadas com Cristo? Feministas não estariam ofendidas com letras de funk que sexualizam e objetificam a mulher? Pessoas que perderam parentes para o vício não se ofenderiam com campanhas pela legalização das drogas? Gordos não se ofenderiam com recomendações médicas de perda de peso? Um nacionalista não poderia se ofender por xingamentos à pátria? E charges, não são ofensivas – praticamente todas elas? Deveríamos proibir então a profissão de chargista? Não faz o menor sentido. Admitir a existência de ofensas é o preço que pagamos para manter a nossa própria liberdade.

O STF popularizou o termo “ataque às instituições”. Também se popularizou o termo “negacionismo” para se referir a pessoas que muitas vezes não estão negando a ciência, apenas a questionando. Os dois termos refletem uma sofisticação da censura, que agora se reveste de “proteção à democracia, à ciência e à sociedade”?

Todo censor vive um dilema: ele quer censurar, mas ele sabe que o que faz é ilegítimo. Então ele precisa inventar um pretexto que o faça parecer que age em nome “do bem”: estou silenciando para proteger as minorias, a saúde pública e as instituições contra as forças do atraso, do mal, do ódio! De certa maneira isso sempre ocorreu: antigamente o pretexto do censor era o de combater a heresia ou de promover “a moral e os bons costumes”, e hoje ele se refere a combater as “fake news” ou a “defender a democracia”. Mas concordo que há maior sofisticação, ou pelo menos maior variedade de argumentos que os autoritários têm utilizado para buscar silenciar as opiniões (e os grupos) indesejáveis.

A censura e os limites impostos à liberdade de expressão não fazem prevalecer uma visão de que as pessoas não podem confiar nos outros e isso, por consequência, não acaba erodindo os pilares básicos da sociedade?

A censura comunica que se você sair da linha, se você não tiver ideias aceitáveis, você poderá ser processado e punido. Isso mina a legitimidade da democracia, pois muitos começam a pensar que talvez ela não seja um regime realmente do povo e para o povo, um regime que realmente permita a participação de toda e qualquer opinião no mercado de ideias. E isso é o oposto do que precisamos: se queremos preservar a democracia, precisamos manter firme o nosso ímpeto de a defender; e esse ímpeto somente é mantido quando temos a certeza de que somos livres e de que temos plena participação na definição dos rumos da democracia. Isso é a verdadeira democracia, e não a democracia tutelada que os donos da verdade insistem em nos impor.


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GESTÃO DE ESCOLA PÚBLICA COMPARTILHADA COM A INICIATIVA PRIVADA PARA MELHORAR O ENSINO

 

Projeto de Lei
Por
Ana Carolina Curvello


As escolas charter (contrato ou alvará, em português) são instituições privadas que funcionam com dinheiro público.| Foto: Pixabay

Tramita na Câmara Municipal de São Paulo um projeto de lei, o PL 573/2021, que pretende implementar o sistema de gestão compartilhada em escolas de ensino fundamental e médio com organizações da sociedade civil sem fins lucrativos. O modelo seria parecido ao das escolas “charter” nos Estados Unidos, mas aqui seria aplicado em instituições públicas auxiliadas com o expertise de escolas particulares de alto desempenho. Sindicatos criticam o projeto alegando o risco de uma privatização velada do ensino. Por outro lado, especialistas o veem como uma boa opção para enfrentar o falido modelo estatal de educação no Brasil.

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De autoria da vereadora Cris Monteiro (Novo), com os coautores Rubinho Nunes (União) e Fernando Holiday (Novo), o projeto tem como objetivo melhorar a qualidade do ensino a partir de um novo modelo de gestão, buscando diferentes estratégias para a implementação de uma grade curricular “mais aberta ao pluralismo de ideias e concepções pedagógicas”.

Pela proposta, a gestão compartilhada não mudaria a natureza administrativa das escolas, que permanecerão públicas e gratuitas. Caso aprovado, o modelo seria implementado com prioridade em escolas públicas municipais localizadas em bairros com menores indicadores de Desenvolvimento Humano e resultados deficientes na avaliação escolar.

Mudanças na gestão
O projeto prevê que as organizações sociais terão liberdade para estruturar a grade curricular e os projetos pedagógicos a partir de modelos de sucesso de escolas particulares, além de autonomia para montar e gerir o time de professores e trabalhadores da escola. Com isso, professores que costumam faltar (as escolas públicas têm alto índice de absenteísmo) ou não dão bem as aulas podem ser demitidos com mais facilidade.

O ex-secretário de Educação de Porto Alegre, Adriano Naves, que deu início a parceria com empresas privadas na gestão de escolas de educação infantil na capital gaúcha, defendeu a liberdade da empresa de gerir a equipe multidisciplinar, buscando os melhores profissionais do mercado para o ensino público.

“Tínhamos uma mistura de profissionais da organização e professores municipais, e esse tipo de gestão não foi bem-sucedido. A contratação de professores por parte da organização é melhor porque você cobra o resultado. Não poder demitir o professor não dá plena condição de pedir o resultado”, explicou.

A possibilidade de realocação e contratação de profissionais, no entanto, é criticada por especialistas como Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Se você faz isso para evitar concursos e evitar professores terceirizados pode prejudicar um projeto mais completo de melhoria da qualidade da educação pública. Eu temo que isso nos leve achar que a solução da educação é repassar a gestão de pessoas para organizações da sociedade civil – e isso não é uma boa ideia”, disse.

Gestão x qualidade
Na justificativa do projeto, a vereadora Cris mencionou que “a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo tem o maior orçamento entre todas as secretarias, com R$13,7 bilhões. Mesmo assim, o município não está nem entre as dez cidades brasileiras com os melhores índices educacionais do país”.

A má gestão das escolas públicas brasileiras é apontada por alguns especialistas como um dos grandes problemas para a melhoria da educação.

“O Brasil gasta pouco e mal, tem os dois problemas na educação. Nós ainda não estamos conseguindo ter uma educação com a qualidade à altura do 12º país em termo de PIB. Precisamos garantir que nenhum estudante esteja fora da escola e melhorar a atenção na primeira infância”, menciona Cláudia.

Fernando Schüler, professor do Insper e cientista político, é favorável à parceria com a iniciativa privada para consertar o modelo de gestão estatal brasileiro da educação que não gera bons resultados. Para ele, as políticas públicas devem focar nos alunos e não em interesses de corporações, como os sindicatos. Um dos problemas no Brasil, diz, consiste em destinar aos mais pobres o modelo de escolas geridas por ONGs e sindicatos, que têm péssimos resultados, enquanto os ricos têm a oportunidade de escolher as melhores escolas.

“Temos uma distorção no Brasil, onde o modelo educacional atual serve ao que as corporações consideram mais adequado, mas esse modelo ineficiente deveria ser deixado de lado para dar prioridade ao que o aluno precisa”, defende Schüler.


Modelo é adotado em outros setores
No Brasil, como ocorre em muitos países, a legislação permite parcerias com Organizações Sociais (OS), entidades privadas ou organizações não governamentais para a administração de serviços públicos.

As OS tendem a ser mais ágeis e menos burocráticas, por exemplo, para os processos de compra de material. No trato com seus funcionários, costumam exigir mais desempenho, já que podem demitir, e também, por outro lado, pagar bonificações para os melhores profissionais. Precisam cumprir metas claras, definidas pelo governo, ou então perdem o direito de administrar o local.

No estado de São Paulo, por exemplo, a Pinacoteca, a Osesp e o Instituto do Câncer são geridos por OS. Em teoria, esse tipo de parceria poderia ser instaurado também na educação, como acontece, com altos índices de sucesso, nos Estados Unidos, na Inglaterra e no Japão, entre outros países.

“A anomalia que existe no Brasil é a educação ficar de fora e ser barrada no processo que é amplamente visado em outras áreas”, mencionou Schuler.

Apesar da legislação permitir o uso de OS na educação, existe um entrave grave: pela lei, só é possível usar recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) em creches não estatais, mas não em escolas particulares de ensino fundamental e médio, para as quais só é possível usar recursos do próprio município. Com isso, só as cidades mais ricas podem fazer parcerias com iniciativas privadas.

“Escola pública não estatal” em outros estados 

O modelo de gestão compartilhada não é novidade no Brasil. Os estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul contam com projetos semelhantes ao que se pretende implantar em São Paulo.

No texto do projeto, a autora Cris Monteiro menciona os Centros de Ensino em Tempo Integral (Procentro), baseado no modelo de charter school, que foram criados em Pernambuco no período de 2005 a 2007. Segundo a vereadora, “a iniciativa diminuiu as taxas de abandono e evasão escolar e aumentou o desempenho dos alunos e o engajamento das famílias”.

Em Minas Gerais, foi lançado em maio do ano passado, o Projeto Somar, que estimula a gestão compartilhada de escolas estaduais que ofertam o ensino médio, em parceria com organizações da sociedade civil sem fins lucrativos. O foco do projeto piloto é a melhoria da qualidade do ensino a partir de um novo modelo de gestão e a busca por diferentes estratégias para a implementação do Novo Ensino Médio.

A capital gaúcha implantou em 2019 o modelo “escola pública não estatal”, parecido com as charter schools nos Estados Unidos. A Prefeitura paga para que crianças estudem no ensino fundamental em uma escola com gestão privada, que utiliza a mesma metodologia de ensino encontrada em um dos principais colégios particulares da cidade. Já foram implantadas quatro escolas no modelo charter em Porto Alegre – a última, no final de 2020.

Segundo o ex-secretário da Educação, esse modelo vem sendo apontado como a melhor forma de ampliar e qualificar a oferta de educação pública não estatal.

“Precisamos ter um sistema de educação que seja plural. A educação básica é um monopólio do estado, 80% são escolas públicas estatais. É fundamental ter variedades e essa possibilidade de gestão. Temos que focar nos bons resultados”, disse Naves.

Modelo charter é uma boa opção?
As escolas charter (contrato ou alvará, em português) são instituições privadas que funcionam com dinheiro público. Ao invés de administrar diretamente a educação, o Estado delega essa função à iniciativa privada que, para continuar “parceira” do Estado, precisa cumprir metas de qualidade medidas todos os anos.

Nos Estados Unidos, as escolas charter costumam apresentar ótimos resultados, em especial entre os alunos mais pobres. Os relatórios do Centro de Pesquisa de Resultados Educacionais da Universidade Stanford, o Credo, indicam que o modelo é especialmente útil quando projetado para atender às demandas de comunidades carentes.

Pesquisador dessa modalidade de escolas, Schüler destacou que existem legislações diferentes nos estados americanos. “Esse modelo está sendo usado há mais de 30 anos nos EUA. Hoje 7% das escolas são no modelo charter e temos vários modelos bem-sucedidos como em Nova York. É óbvio que tem modelos com mais resultados e outros com menos”, critica.

Sobre o modelo charter, Cláudia Costin diz que ele “não é errado e pode ser um campo interessante para experimentação”. Ela não concorda, porém, com a ideia de substituição da rede pública.

Sindicatos temem a privatização das escolas 

A proposta tem sido bastante criticada por entidades educativas e sindicatos. Muitos alegam que o projeto não tem embasamento científico e traz muito mais perigos do que soluções para a oferta e garantia da educação pública de qualidade.

“O PL 573 é privatização e destruição do Ensino Público! O nosso departamento jurídico está estudando e fará uma peça apontando as irregularidades do PL, pois se trata de um texto que agride a Constituição Federal por pretender mudar a forma de gestão de um serviço público”, disse o Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo.

Schüler ressalta que a proposta não tem nada a ver com privatização, mas com um novo formato de gestão.

“Não é bem uma privatização. O mais importante é entender o que a lei propõe. É uma nova opção, e o gestor público terá à sua disposição um leque maior de alternativas de gestão das escolas. A lei é positiva no sentido de que abre uma possibilidade, cria uma alternativa a mais, conforme determina a Constituição brasileira”, explica.

O professor do Insper complementa: “Não é uma questão ideológica, é uma questão operacional e de gestão. Escolas privadas que não têm as amarras burocráticas funcionam com mais velocidade, com mais capacidade de responder às exigências e demandas”.

Uma audiência pública foi marcada para o dia 9 de agosto na Câmara Municipal de São Paulo para discutir o projeto. Segundo informações da Câmara Municipal, a autora do projeto, Cris Monteiro, se comprometeu a não levar a iniciativa à votação em plenário enquanto não for realizada a audiência.


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BANDEIRA BRASILEIRA DESVIRTUADA EM DOIS MOMENTOS

 

Símbolo nacional
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Imagem ilustrativa.| Foto: Gazeta do Povo

A juíza gaúcha que ameaçou proibir a Bandeira Nacional e a cantora brasileira, que num palco californiano pisoteou a bandeira de seu próprio país, levaram para o topo dos assuntos nas redes sociais o nosso símbolo nacional.

Ainda menino, via meu avô hastear a bandeira na fachada de nossa casa em todos os feriados nacionais e durante a Semana da Pátria; no grupo escolar, ainda nos anos 40, hasteávamos e arriávamos a bandeira todos os sábados, cantando o Hino Nacional e o Hino à Bandeira – que tem a letra de Olavo Bilac. Eu ainda não tinha dois anos de idade e Sílvio Caldas gravava Fibra de Herói, com simples e bela letra do poeta Theófilo Barros Filho e música do consagrado maestro Guerra Peixe.

A juíza e a cantora que ameaçaram a bandeira servem para gritar em nossas consciências que também somos guarda-bandeiras e que o nosso símbolo maior está esquecido

Hoje os quartéis adotaram a vibrante Fibra de Herói, que tem por estribilho “Bandeira do Brasil/Ninguém te manchará/Teu povo varonil/Isso não permitirá”. Na época, o mundo estava em guerra, mas o Brasil ainda não. Hoje há uma quase guerra por causa da eleição de outubro e ações contra a bandeira têm causado pesada reação. Eu mesmo me senti pisoteado. Cheguei a tuitar que a cantora pisoteava meus avós, meus pais, meus filhos – todos simbolizados pelo auriverde pendão da esperança, do poema de Castro Alves. Porque ela simboliza todos nós, brasileiros – os vivos, os mortos e os que vão nascer.

A juíza, coitada, recebeu um chega-pra-lá do TRE; a cantora alega que se arrependeu no momento seguinte, passando atestado de ciclotimia grave. Fico pensando que elas não tiveram a menor formação sobre os valores da nacionalidade, as raízes que nos unem num país. Os símbolos são importantes. As pessoas os têm, as famílias, as empresas, as religiões, os clubes esportivos. E o nosso símbolo maior é a bandeira, como é a Constituição a lei maior. Tudo isso nos une, num momento em que parece haver no ocidente um grande movimento de separação, de apartheid, certamente para nos enfraquecer. Divide et impera. Ou seja, fraciona uma nação, separando seus nacionais, para tomar o poder e impor a vontade do conquistador.


A bandeira tem quatro cores. As cores dos brasileiros têm todos os tons de pele, numa mistura genética que formou uma gente bonita, graciosa, bondosa, muito especial, a ocupar esse país-continente tropical. Quando estudávamos nossos heróis, no grupo escolar, Marcílio Dias me impressionava, porque defendeu a bandeira que os inimigos queriam arrancar do mastro de seu navio. E morreu misturando seu sangue com as cores do pavilhão sagrado, verde e amarelo. A juíza e a cantora que ameaçaram a bandeira servem para gritar em nossas consciências que também somos guarda-bandeiras e que o nosso símbolo maior está esquecido nas escolas e talvez em nossas casas.


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