quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

AQUELES QUE SE DIZEM INOCENTES, SÃO OS PIORES LADRÕES



  

Márcio Doti



A semana vai se consumindo em meio às repercussões das revelações feitas por Nelson Cerveró em delação premiada. Suas informações são muito importantes porque ele foi Diretor da Área Internacional da Petrobras no momento em que a empresa viveu o maior ataque dos gafanhotos acobertados pelo PT.
Começa por uma informação, que apesar de forte não vem acompanhada de nomes e detalhes, foi passada apenas na base do “ouvir dizer”. Mas, que ainda assim, deve chamar a atenção dos investigadores da Lava Jato: segundo Cerveró, a venda da petrolífera argentina Perez Companc para a Petrobras envolveu propina de U$100 milhões. O ex-presidente FHC rebate dizendo que se tratou de uma operação limpa.
Em 2008, Cerveró foi afastado da Diretoria Internacional e por uma questão de gratidão do PT, como Nelson Cerveró afirma, ele foi compensado por ter sido demitido da Diretoria Internacional em função de ocupar o seu cargo, por pressão do PMDB, Jorge Zelada, que posteriormente foi preso pela Lava Jato. Mas, por gratidão, Cerveró foi nomeado por Lula para uma diretoria da BR Distribuidora. Também porque os petistas ficaram agradecidos quando Cerveró contribuiu para a quitação de um empréstimo feito pelo Banco Schahin ao PT, com a ajuda de José Carlos Bumlai, aquele pecuarista amigo de Lula que tinha até entrada livre nos palácios de Brasília.
O empréstimo de R$6 milhões tinha sido tomado para comprar o silêncio de um empresário da região do ABC que estaria fazendo chantagem com os petistas, ameaçando contar detalhes do assassinato do prefeito Celso Daniel, caso até hoje mantido com grande dose de mistério.
Olha só como o dinheiro rolava solto: Cerveró quitou o empréstimo contratando a Schain Engenharia por U$1,6 bilhão para a operação de um navio-sonda da Petrobras. Faz parte da delação de Cerveró um detalhe não menos importante e revelador da trama, do emaranhado em que se transformou o governo petista: foi dessa BR Distribuidora, muito presente nos escândalos da Petrobras, que saiu o seu presidente, José Eduardo Vargas, já falecido, com ordens de Lula para ir direto armar o desmonte de uma CPI sobre a Petrobras, que em 2009 rolava no Congresso. Afirmou-se na época que a Petrobras destinou R$ 50 milhões para a contratação de vários escritórios de assessoria de imprensa a fim de controlar a mídia e engavetar a CPI. Certamente porque, já àquela época, a Petrobras era um prato cheio, mas tão indigesto que não podia vir a público.
Cerveró conta que em 2012 foi convocado ao gabinete de Renan Calheiros que reclamou da falta de repasses de propina acertada com a direção da BR Distribuidora. Isso foi contado em detalhes que aqui não interessam porque o objetivo é só o de dimensionar o tamanho e o alcance das propinas que saíam daqui e dali para bolsos de autoridades do mais alto escalão da República.
A mais bombástica e recente delação de Cerveró feita à Procuradoria Geral da República é a que liga a presidente Dilma diretamente aos escândalos. Cerveró afirmou que ouviu o senador Fernando Collor dizer que as negociações para indicar cargos de chefia na BR Distribuidora haviam sido conduzidas diretamente pela presidente Dilma. As delações de Cerveró, a bem da verdade, são um belo retrato do Brasil dos nossos dias.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

FALTAM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O MEIO RURAL




Zé Silva*




Numa democracia, grandes mudanças nas diversas áreas econômicas e sociais acontecem, efetivamente, a partir da mobilização desses setores por meio de suas organizações e entidades representativas. Mas essa mobilização também precisa interagir e repercutir nas organizações políticas, que, por sua vez, as decidem nos ambientes próprios para consolidar essas mudanças de forma democrática. Um desses ambientes é o Poder Legislativo, na União, nos estados e nos municípios.

E sem dúvida alguma, é na esfera federal, no Congresso, que temos a maior acolhida para mudanças e transformações demandadas pelo setor rural brasileiro. De nossa parte, sem contar tantos outras iniciativas dos demais parlamentares, podemos citar alguns projetos de lei com esse sentido de estabelecer novas bases de infraestruturas sociais e produtivas para suas populações.

Assim, o projeto de lei 4.943/13 – Qualidade de Vida no Campo, para garantir direitos sociais como educação e saúde de qualidade, saneamento básico, telefonia e habitação para cerca de 30 milhões de brasileiros que vivem no campo; o projeto 1.587/2011, propondo alterações na Lei da Agricultura Familiar, elevando de quatro para seis módulos fiscais o tamanho das propriedades classificadas como familiares, ampliando para mais de 150 mil agricultores o direito ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e a cerca de outras 20 políticas públicas.

Também nesse sentido são os nossos projetos 1.764/2011, que dispõe sobre reservas de vagas aos processos seletivos em universidades federais para estudantes oriundos do meio rural, e 2.497, reduzindo de 8 para 4 horas o prazo para restabelecimento de energia elétrica na área rural. Este já aprovado em todas as comissões da Câmara e tramitando agora no Senado com o número 11/15.

Entretanto, nos limites dos estados da Federação, de um modo geral, a construção de políticas públicas e a acolhida às demandas do setor rural ainda carecem de uma maior dinâmica. O mesmo acontece nos municípios, em que a maioria se limita a aplicar políticas públicas construídas quase todas no âmbito federal.

Para mudar esse quadro, é preciso uma participação mais efetiva de nossas lideranças e gestores públicos municipais. Uma atitude que virá, principalmente, da compreensão do estratégico papel econômico e social desempenhado pelo agronegócio, em todas as suas dimensões, mas sobretudo da agricultura familiar, pelo que representa para a promoção da segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e geração de trabalho.

Para ilustrar essa situação de marginalidade do campo nas políticas públicas, nas ações e investimentos propostos no ambiente político-institucional de estados e municípios, temos que os recursos orçamentários para fortalecimento do setor agrícola nessas unidades da Federação são ínfimos.

Nesse quadro, mais uma vez as eleições municipais deste ano são reveladoras das oportunidades que a democracia oferece para aprofundar ou mudar rumos e processos em nossas condições econômicas e sociais. A hora é essa, pois as leis, as políticas públicas e demais processos democráticos para uma mobilização em direção a mudanças e transformações são instrumentos também ao alcance de estados e municípios.

*Agrônomo, extensionista rural, deputado federal pelo Solidariedade/MG, escreve às quartas-feiras

NO BRASIL, TUDO QUE SE REFERE À CULTURA, NÃO VAI PRA FRENTE



  

José Carlos Buzelin




Se o Teatro da Cidade tivesse sido construído em Nova York, estaria na Broadway. Mas, nesta infeliz Belo Horizonte, acabou fechando suas portas.

Dias atrás, encontrei-me com meu amigo Pedro Paulo Cava, aclamado diretor, ator, autor, dramaturgo, produtor e professor de teatro. Decepcionado e jamais vencido, falava das dificuldades enfrentadas à consecução de arrojado projeto, por ele idealizado e conduzido por 25 anos consecutivos. Lembrou-se dos obstáculos superados, quando resolveu criar o espaço que acabou sendo uma referência artística e cultural mineira, com prestígio nacional.

Nos anos de 1970, aos 24 anos de idade, Cava despontava brilhante por seus empreendimentos. Em 1986, recebera inestimável apoio de Luiz Fernando Pereira da Silva, então diretor da “Elo Engenharia”, oferecendo-lhe dependências para o almejado teatro, no edifício “Couto e Silva”, na rua da Bahia. Desde a década de l990,nada menos que 1,8 milhão de pessoas prestigiaram a casa, constituindo um público cada vez mais numeroso. Sob o patrocínio de 200 empresas possíveis se tornaram memoráveis apresentações!

Faz até chorar a saudade dos musicais, numa ascensão de constante afirmação, com permanência em cartaz, jamais vista aqui. ”Mulheres de Hollanda” (1992-1994), reprisada posteriormente; “Na Era do Rádio” (1995-1997); “Estrela Dalva”(2000-2004, encerrada no auge do sucesso); “Brasileiro, Profissão Esperança”(2009-2010); “Morte e Vida de Severina”(2011-2013) e, finalmente,“Samba, Amor e Malandragem” (2014-2015).

Artistas como Mário Lago, Baden Powell, Lô Borges, Paulo César Pinheiro, Paula Santoro, Maurício Tizumba, Geraldo Vianna, Juarez Moreira, Tereza Cançado, Fernando Muzzi, dentre outros, conferiram ao aludido teatro tradição e respeitabilidade.

SEGREGADA

Templo que recomenda a Praça Carlos Chagas, recentemente revitalizada. Sob a predominância da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, destina-se também ao lazer, bem como à pratica esportiva. O acesso à igreja acabou prejudicado com a retirada do próprio estacionamento extensivo à região, transformado em playground.

Novos assentos, ainda que úteis, comprometeram o adro destinado à circulação e à preservação do silêncio, indispensável à oração. Utilizados por infelizes moradores de rua, além de desocupados, facilitam a poluição sonora prejudicial à celebração das missas, homilias e demais cerimônias, em flagrante desrespeito aos paroquianos e demais fiéis.

Bom recordar que a igreja Nossa Senhora de Fátima é anterior à Assembleia Legislativa, tendo sido posteriormente projetada pelo conceituado arquiteto Roney Filgueiras. Trata-se de uma das mais visitadas atrações turísticas da capital, ao que parece relegada à própria sorte.Cercada por área verde maltratada, o mato acaba destruindo seus jardins. O piso de inferior qualidade, em nada se compara às pedras que ali existiam.

Colorido artificialmente de rosa e verde, já se mostra danificado e sujo. Como pichadas já se acham as paredes do templo e de outros locais outrora bem mais nobres.

Tem sido o destino das nossas praças revitalizadas. Para simples exemplo, os postes instalados na praça Raul Soares são, no mínimo, ridículos e frágeis!

OFÍDEOS





Eduardo Costa




Com a chegada dos meses mais quentes, todo cuidado é pouco com os animais peçonhentos, entre os quais se destacam aranha, cobra, lagarto e escorpião. Quem adverte entende do assunto: o clínico Adebal de Andrade Filho trabalha no setor de toxicologia do Hospital João XXIII e, no ano passado, defendeu dissertação sobre “Análise clínico-epidemiológica de casos de ofidismo” atendidos no principal pronto-socorro do Estado.

Sobre as cobras, ele estudou 834 casos registrados no HPS durante dez anos, dos quais a metade foi causada por serpentes não venenosas. Setenta e cinco por cento dos pacientes eram homens, 51% com idade entre 20 e 49 anos, e mais da metade aconteceu nos meses de verão, com concentração maior no fim das tardes e início das noites. A cascavel é a cobra peçonhenta mais presente nas ocorrências. Felizmente, apenas 16% dos casos evoluíram para quadros mais graves e só 7% exigiram internação; no entanto, o médico avisa que as crianças e idosos têm de receber atendimento mais rápido.

No caso das cobras, sua maior ameaça nesta época do ano deve-se ao fato de que ficam úmidas com as chuvas e, quando o sol aparece, precisam de sol para reencontrar o equilíbrio. Já os escorpiões surgem em maior quantidade por outro detalhe: seu principal alimento é a barata, que vive em bueiros e lugares escuros; com as chuvas, as enchentes levam as baratas e, sem comida, o escorpião sai em busca de sobrevivência... Daí, a importância de manter as imediações das casas bem limpas e tomar cuidados adicionais no interior da residência como, por exemplo, manter os ralos de banheiros fechados. Conferir as camas, de vez em quando sacudir calçados, colocá-los na janela para tomar sol são outras providências. Quem mora perto de cemitério deve ficar mais atento, pois, ali se concentra grande número de baratas e, por extensão, escorpiões. As galinhas soltas no terreiro podem até ajudar, mas, como elas dormem cedo, não são garantia de proteção... De qualquer forma, evitar entulho e qualquer sujeira no quintal é fundamental, não apenas para afugentar esses animais como também prevenir contra o mosquito da dengue e outros riscos.

O doutor Adebal pede cautela também em relação a uma lagarta, a “lemônia” – que mede cerca de seis centímetros e tem o corpo revestido de espinhos, que contêm uma toxina causadora de distúrbios na coagulação sanguínea, levando a uma hemorragia. A coloração em geral é marrom-claro esverdeada ou marrom amarelada, com três listras. Essa lagarta também é conhecida como taturana, lagarta-de-fogo e, no interior, como oruga. Ela é encontrada em colônias, no tronco das árvores, mais em ambientes rurais... No caso de contato, a pessoa deve imediatamente capturar a lagarta ou fazer algum registro. Aliás, com a proliferação dos celulares e suas câmeras cada vez mais modernas, os médicos sugerem que alguma pessoa faça a foto e leve junto da vítima porque assim a identificação da lagarta será mais rápida e o socorro também.

Por fim, o alerta é em relação às aranhas, mais especificamente aquela que conhecemos como viúva negra e costuma pular no nosso corpo. Ela também pode fazer grande estrago no corpo humano.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...