quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

GERENTONA



 

Orion Teixeira


Sob a batuta do ministro Jaques Wagner (PT), da Casa Civil, o governo Dilma Rousseff (PT) vai reencontrando o caminho do equilíbrio interno e da governabilidade possível nesse momento em que consegue respirar e sair da turbulência política. É visível que o ambiente político mudou, o discurso também – no caso da presidente Dilma Rousseff (PT) voltou ao tom belicoso de sempre, como se ouviu, nesta terça-feira (22), na Bahia –, mas ainda é cedo para o governo cantar vitória.

Ministros já estão até falando em reformas da previdência, tributária e trabalhista com ares de governo novo. A política confunde e, muitas vezes, é construída em cima de ilusões e de marketing, sustentáveis ou não. O que ela não perdoa é quando o otimista engana a si próprio.

Vamos por partes. A batalha do impeachment não está vencida, embora seus defensores tenham saído derrotados, mas os fatos que o geraram ainda rondam o governo numa soma cruel de impopularidade, ingovernabilidade, falta de apoio político e de confiança, crise econômica etc. Tudo somado, não configura crime de responsabilidade como é tipificado o impedimento, mas vai tentar governar em um ambiente desse. 2015 está acabando, e Dilma quer esquecê-lo.

Aí está o seu desafio, esquecer e fazer esquecer. A trégua obtida por ela, ou o renascimento de seu governo no dizer de Jaques Wagner, tem prazo de validade. Funciona como estágio probatório, que, no caso dela, é de três a quatro meses. Até lá, terá que mostrar resultados. O primeiro deles, o mais imediato e cobrado, é o da economia. Estamos no clima natalino no qual a maioria não quer saber de confusão, mas quando janeiro chegar com a conta dos festejos, pagamento de IPTU e IPVA e aumento de impostos (ICMS), o humor será outro.

Logo em seguida, vem fevereiro, trazendo deputados e senadores de volta ao Legislativo, com a mala cheia de pressão e descontentamento de seus eleitores. Se a economia não apresentar perspectivas novas e soluções visíveis, será difícil à presidente “enterrar”, como deseja, o pedido de impeachment em sua reentrada.

O segundo fator que pode agravar o quadro, como já foi dito aqui, é o eleitoral. A partir do início de abril, quando começam a se delinear pré-candidaturas a prefeito, a situação pode ficar incontrolável. O terceiro fator é jurídico-policial. Quando você acha que acalmou, aparece a Polícia Federal batendo a porta de alguém.

Intervenção no PMDB

Depois de tentar em vão trocar o líder do PMDB na Câmara, o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, esvaziou o secretário-geral nacional, deputado federal mineiro Mauro Lopes, ao nomear o ex-ministro Elizeu Padilha, seu fiel escudeiro, como secretário-executivo da legenda. Motivo, Lopes não é da turma do impeachment.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

RITO DO IMPEACHMENT - SE HOUVER!



  

Malco Camargos


A definição do rito do processo de impeachment pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi comemorada por uns e criticada por outros. Como se estivéssemos em uma partida de futebol, a cada lance, a cada passe, a cada drible, políticos, analistas e cidadãos comemoram e vociferam suas opiniões em casa, nas ruas, nas redes sociais e na mídia.
Até chegar à definição do rito, não foram poucos os “micos” pagos por quem defende um lado ou outro no conflito entre governo e oposição.
Pagou mico o governo, quando articulou com lideranças da base, à revelia da oposição e do comando da Câmara dos Deputados, a formação de uma comissão para analisar o processo de impeachment e comemorou a formação de uma chapa pró-governo que logo em seguida foi derrotada em votação no plenário.
Pagou mico também a oposição ao comemorar uma vitória conquistada através do voto secreto, no qual a chapa montada por líderes governistas foi derrotada por outra composta apenas por opositores da presidente Dilma Rousseff e, depois, viu o resultado do processo de escolha questionado ao STF.
Na mesma seara, pagou mico o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que à luz de manobras regimentais impôs sua vontade, conquistou sua vitória e assistiu o seu rito ser derrubado posteriormente por outro poder da República.
Um mico especial pagou o deputado mineiro Leonardo Quintão, que foi líder do PMDB na Câmara por apenas uma semana. Em meio a denúncias sobre a interferência de empresas mineradoras na elaboração do Marco Regulatório da Mineração, relatado por ele, o deputado mineiro defendeu os interesses de Eduardo Cunha no Conselho de Ética e foi retirado da liderança através de uma rearticulação das forças internas dentro do PMDB.
Mico maior ainda pagaram nossos nobres deputados, que, defendendo um lado ou outro, trocaram agressões verbais e até físicas. E, após a divulgação de um resultado decidido em votação secreta, comemoraram como se fosse carnaval em Brasília.
Toda esta festa, todos estes micos foram pela conquista de uma comissão que apenas iria emitir um parecer que deveria ser apreciado pelo plenário.
Micos pagaram também vários governistas e entusiastas quando comemoraram a decisão do ministro Fachin de acolher o pedido realizado pelo PCdoB questionando as decisões da Câmara e apostando que ele iria dar um parecer pela anulação de tudo o que o Legislativo tinha produzido até o momento.
Outro mico foi pago pelos que apostavam que o plenário do STF iria acatar por ampla maioria o parecer do ministro Fachin, posteriormente derrubado em plenário.
Mais do que comemorar vitórias pontuais em relação ao processo, que podem se tornar micos em poucos dias, precisamos de uma decisão institucional que regulamente todo o trâmite.
Se, por um lado, o governo comemora a decisão do STF, uma vez que o Tribunal anulou as decisões anteriores, por outro lado, a definição do rito do processo de tramitação do impeachment deslegitima o discurso de golpe, caso prospere nas casas legislativas.
*Doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver

É POSSÍVEL FAZER MÁGICA NA ECONÔMIA?



  

Márcio Doti



Sabemos que o poder embriaga. Mas não parecia possível que embriagasse tanto. Que tipo de mágica imagina que vai fazer o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, vindo da pasta do Planejamento que lhe permitiu perceber a dificuldade em praticar de verdade qualquer medida de ajuste fiscal. Mesmo divergindo do colega que se despede, Joaquim Levy, não deve ter sido nada difícil para Barbosa concluir que precisará estar sempre disposto a abanar a cabeça para quando os caciques do PT e dos palácios de Brasília entenderem que o ajuste terá que esperar porque é preciso abrir torneiras para amenizar uma crise, agradar um grupinho ou apagar um incêndio sempre possível de acontecer. Ainda que das torneiras vá sair uma água tomada emprestada de alguém ou que se vai dever aos cofres já combalidos da República e que vai esfriar os ânimos da luta contra a crise econômica.
O mágico Nelson Barbosa é apenas mais um. Entre os tantos que o Brasil experimentou durante muitos anos até chegar ao Plano Real. Mas agora não tem nenhum empacado chamado Itamar Franco para segurar as rédeas e as pontas e fazer valer essa firmeza para gerar credibilidade para um plano que poderia ser apenas mais um entre os tantos aplicados em meio ao sofrimento dos brasileiros. Ao contrário, agora o que temos é uma presidente fazendo de tudo para se equilibrar, para se manter no cargo, enquanto vê se aproximar um dia cada vez mais duro do que o outro, numa sequência que pega pela frente um mês de férias que será só um tempo de ver chegarem o IPVA, o IPTU, o material escolar, a conta de energia elétrica, os preços subindo e o dinheiro descendo. E com tudo assim tão pior como estarão os indicadores do impeachment? Tudo isto depois de festas de fim de ano anunciadas pelo vazio das lojas, mesmo levando-se em conta que Natal e Ano Novo não são feitos só de comércio, ao contrário, seja no abraço das famílias que se reúnem, seja no otimismo e até na teimosia de pisar o ano que chega, essas festas são do coração que consegue sobreviver até mesmo aos rigores de um tempo que já se sabe o quanto será difícil.
Mesmo imediatista e muito dado à imprevidência, o brasileiro já descobriu que a tal da crise ou as tais das crises moral, econômica e política não são de brincadeira e nem de mentirinha. Ano passado, entre a esperança de um ano que ia chegar embalado pelas promessas de campanhas eleitorais e a realidade vivida logo nos primeiros meses, foi possível e, tristemente, foi preciso experimentar o gosto amargo de decepções e desilusões. Qual é a expectativa para o ano que se aproxima? Os palanques tão otimistas? O que se dirá aos que cobram cidades melhores, serviços melhores? Que promessas encontrarão guarida nos corações desconfiados e decepcionados? Precisamos descobrir em que forças se apoia o professor Nelson Barbosa para trocar de gabinete com um discurso de lealdade ao ajuste fiscal. Depois de assistir da janela o grande drama de seu colega Levy, que ficou rouco de tanto pregar, rogar, argumentar que economia não admite mágicas, se pratica aquele joguinho simples de mais, de menos e de saldo para garantir a roda da economia, o trabalho ou tudo se complica.

A SITUAÇÃO NÃO É FAVORÁVEL A TEMER



  

Orion Teixeira





Se o cenário político melhorou para a presidente Dilma Rousseff (PT), com o refluxo no processo de impeachment, pelo STF, somado ao recesso parlamentar, o quadro virou também em desfavor de seu vice-presidente, Michel Temer. Presidente nacional do PMDB, ele terá que prestar contas ao partido, onde já surgem altas vozes contra sua condução e cobrando saída dele do comando. Como quaisquer decisões nacionais dependem do apoio do PMDB, governo incentiva aliados a assumirem a direção do partido, que é o seu principal parceiro no jogo político, e neutralizar o vice.
Desde que abandonou a discrição de vice neste segundo mandato, Temer passou a flertar com a possibilidade de assumir o lugar da presidente Dilma, envolvida que estava com o furacão da crise. Apostou alto demais: lançou programa de governo alternativo ao de Dilma, fez carta de rompimento, tirou seu principal aliado do governo (ministro Elizeu Padilha) e mediu forças com o governo, e perdeu, pela liderança do partido na Câmara dos Deputados. Enfraquecido com a reviravolta no impeachment, e com o risco de ver seu maior aliado interno, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), afastado do cargo por corrupção, Temer reage para não perder a presidência do PMDB na convenção nacional que acontece em março próximo.
Se perder a presidência do partido, que detém há 10 anos, Temer perderá tudo e concluirá o mandato atual, melancolicamente, como um vice desidratado e sem futuro. Fustigado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, outro cacique peemedebista aliado de Dilma, Temer terá que fazer concessões para manter-se presidente da legenda.
De acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB), Temer contrariou a trajetória do partido que é, historicamente, “antigolpista”, referindo-se à tese do impeachment. Admitiu que, caso não reveja a posição, Temer perderá o mando interno para uma solução de raiz, citando, como exemplo, uma candidatura do senador Roberto Requião (PR).
Os estresses de Carlaile
Estressado por conta das dificuldades econômicas e administrativas, o prefeito de Betim (Grande BH), Carlaile Pedrosa (PSDB), foi internado em um hospital da Unimed, em BH, nesta segunda-feira. Familiares aguardam a estabilização do quadro para que ele seja transferido para São Paulo, onde fez, há 11 meses, cirurgia cardíaca.
Se ele tiver que se afastar novamente da administração, quem assumirá o posto será seu vice (Waldir Teixeira), desafeto político desde a última interinidade, quando desfez tudo que Carlaile havia montado. Mais estresse, para quem ainda terá que decidir se disputa ou não a reeleição no ano que vem. Se depender da família, que ficou vencida na eleição passada, desta vez, ele poderá rever seus projetos.


AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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