terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A SITUAÇÃO NÃO É FAVORÁVEL A TEMER



  

Orion Teixeira





Se o cenário político melhorou para a presidente Dilma Rousseff (PT), com o refluxo no processo de impeachment, pelo STF, somado ao recesso parlamentar, o quadro virou também em desfavor de seu vice-presidente, Michel Temer. Presidente nacional do PMDB, ele terá que prestar contas ao partido, onde já surgem altas vozes contra sua condução e cobrando saída dele do comando. Como quaisquer decisões nacionais dependem do apoio do PMDB, governo incentiva aliados a assumirem a direção do partido, que é o seu principal parceiro no jogo político, e neutralizar o vice.
Desde que abandonou a discrição de vice neste segundo mandato, Temer passou a flertar com a possibilidade de assumir o lugar da presidente Dilma, envolvida que estava com o furacão da crise. Apostou alto demais: lançou programa de governo alternativo ao de Dilma, fez carta de rompimento, tirou seu principal aliado do governo (ministro Elizeu Padilha) e mediu forças com o governo, e perdeu, pela liderança do partido na Câmara dos Deputados. Enfraquecido com a reviravolta no impeachment, e com o risco de ver seu maior aliado interno, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), afastado do cargo por corrupção, Temer reage para não perder a presidência do PMDB na convenção nacional que acontece em março próximo.
Se perder a presidência do partido, que detém há 10 anos, Temer perderá tudo e concluirá o mandato atual, melancolicamente, como um vice desidratado e sem futuro. Fustigado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, outro cacique peemedebista aliado de Dilma, Temer terá que fazer concessões para manter-se presidente da legenda.
De acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB), Temer contrariou a trajetória do partido que é, historicamente, “antigolpista”, referindo-se à tese do impeachment. Admitiu que, caso não reveja a posição, Temer perderá o mando interno para uma solução de raiz, citando, como exemplo, uma candidatura do senador Roberto Requião (PR).
Os estresses de Carlaile
Estressado por conta das dificuldades econômicas e administrativas, o prefeito de Betim (Grande BH), Carlaile Pedrosa (PSDB), foi internado em um hospital da Unimed, em BH, nesta segunda-feira. Familiares aguardam a estabilização do quadro para que ele seja transferido para São Paulo, onde fez, há 11 meses, cirurgia cardíaca.
Se ele tiver que se afastar novamente da administração, quem assumirá o posto será seu vice (Waldir Teixeira), desafeto político desde a última interinidade, quando desfez tudo que Carlaile havia montado. Mais estresse, para quem ainda terá que decidir se disputa ou não a reeleição no ano que vem. Se depender da família, que ficou vencida na eleição passada, desta vez, ele poderá rever seus projetos.


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