Orion Teixeira
Se o cenário político melhorou para a
presidente Dilma Rousseff (PT), com o refluxo no processo de impeachment, pelo
STF, somado ao recesso parlamentar, o quadro virou também em desfavor de seu
vice-presidente, Michel Temer. Presidente nacional do PMDB, ele terá que
prestar contas ao partido, onde já surgem altas vozes contra sua condução e
cobrando saída dele do comando. Como quaisquer decisões nacionais dependem do
apoio do PMDB, governo incentiva aliados a assumirem a direção do partido, que
é o seu principal parceiro no jogo político, e neutralizar o vice.
Desde que abandonou a discrição de
vice neste segundo mandato, Temer passou a flertar com a possibilidade de
assumir o lugar da presidente Dilma, envolvida que estava com o furacão da
crise. Apostou alto demais: lançou programa de governo alternativo ao de Dilma,
fez carta de rompimento, tirou seu principal aliado do governo (ministro Elizeu
Padilha) e mediu forças com o governo, e perdeu, pela liderança do partido na
Câmara dos Deputados. Enfraquecido com a reviravolta no impeachment, e com o
risco de ver seu maior aliado interno, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB), afastado do cargo por corrupção, Temer reage para não perder a
presidência do PMDB na convenção nacional que acontece em março próximo.
Se perder a presidência do partido,
que detém há 10 anos, Temer perderá tudo e concluirá o mandato atual,
melancolicamente, como um vice desidratado e sem futuro. Fustigado pelo
presidente do Senado, Renan Calheiros, outro cacique peemedebista aliado de
Dilma, Temer terá que fazer concessões para manter-se presidente da legenda.
De acordo com o presidente da
Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB), Temer contrariou a trajetória
do partido que é, historicamente, “antigolpista”, referindo-se à tese do
impeachment. Admitiu que, caso não reveja a posição, Temer perderá o mando
interno para uma solução de raiz, citando, como exemplo, uma candidatura do
senador Roberto Requião (PR).
Os estresses de Carlaile
Estressado por conta das dificuldades
econômicas e administrativas, o prefeito de Betim (Grande BH), Carlaile Pedrosa
(PSDB), foi internado em um hospital da Unimed, em BH, nesta segunda-feira.
Familiares aguardam a estabilização do quadro para que ele seja transferido
para São Paulo, onde fez, há 11 meses, cirurgia cardíaca.
Se ele tiver que se afastar novamente
da administração, quem assumirá o posto será seu vice (Waldir Teixeira),
desafeto político desde a última interinidade, quando desfez tudo que Carlaile
havia montado. Mais estresse, para quem ainda terá que decidir se disputa ou
não a reeleição no ano que vem. Se depender da família, que ficou vencida na
eleição passada, desta vez, ele poderá rever seus projetos.
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