quarta-feira, 13 de agosto de 2014

NOBEL DE MATEMÁTICA



Com muito orgulho para todos os brasileiros, destacamos o prêmio “Nobel de Matemática” recebido pelo brasileiro Artur Ávila nesta quarta-feira. Salientamos que este cidadão brasileiro é o único no Brasil que possui este título tão importante e histórico para todos nós. Que esta distinção sirva de exemplo para outros brasileiros em outras áreas do conhecimento.

Brasileiro recebe 'Nobel' de Matemática

PARIS, 13 Ago 2014 (AFP) - O matemático brasileiro Artur Ávila recebeu nesta quarta-feira, em Seul, a Medalha Fields, um prestigiado prêmio concedido a cada quatro anos pelo Congresso Internacional de Matemática (ICM) e que também reconheceu, pela primeira vez, o trabalho de uma mulher.

O ICM destacou a profunda contribuição de Ávila, nascido em 1979 no Rio de Janeiro, "para a teoria dos sistemas dinâmicos".

Ávila, que também tem nacionalidade francesa, "lidera e molda o campo dos sistemas dinâmicos. Junto aos seus colaboradores, realizou progressos essenciais em várias áreas, incluindo dinâmicas unidimensionais reais e complexas", escreveu a organização em seu site.

Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o líder francês, François Hollande, felicitaram Ávila por esta distinção.

"O reconhecimento mundial do trabalho de Ávila enche de orgulho a ciência brasileira e todo o Brasil", escreveu Dilma em sua conta no Twitter na noite de terça-feira.

"Felicito Artur Ávila, que acaba de receber a Medalha Fields, a mais alta recompensa no domínio da matemática. Seus trabalhos se centram na teoria dos sistemas dinâmicos", disse Hollande em um comunicado.

Ávila, doutor pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) do Rio de Janeiro, é atualmente pesquisador desta instituição e do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).



Primeira mulher com a Medalha Fields

Além do brasileiro, o australiano Martin Hairer, o canadense Manjul Bhargava e a iraniana-americana Maryam Mirzakhani também foram premiados com este "Nobel" da Matemática.

Mirzakhani foi a primeira mulher a receber esta medalha.

Nascida em Teerã em 1977, Mirzakhani fez doutorado em 2004 na Universidade de Harvard e atualmente é professora da Universidade de Stanford, na Califórnia.

Esta especialista em geometria das formas incomuns criou novas maneiras de calcular o volume de superfícies hiperbólicas estranhas.

"Hábil no manejo de um conjunto extraordinariamente diverso de técnicas matemáticas e culturas matemáticas diversas, (Mirzakhani) encarna uma pouco frequente combinação de destrezas técnicas, ambição audaz, visão de longo alcance e profunda curiosidade", explicou o ICM em um comunicado.

"É uma grande honra e ficarei feliz se isso encorajar jovens mulheres cientistas e matemáticas", declarou Mirzakhani, citada em um comunicado da Universidade de Stanford.

Os outros dois premiados nesta quarta-feira em Seul foram Manjul Bhargava, da Universidade americana de Princeton, e Martin Hairer, da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

O ICM definiu Bhargava, nascido em 1974 no Canadá, mas criado principalmente nos Estados Unidos, como um "matemático de uma criatividade extraordinária" e reconheceu seu trabalho e influência na teoria dos números.

O australiano Hairer, nascido em 1975, se destacou por sua "contribuição à teoria de equações diferenciais parciais fortuitas", às quais deu pela primeira vez um rigoroso significado intrínseco, afirmou a organização.

A Medalha Fields de Matemáticas é concedida pelo ICM, o maior congresso da comunidade matemática. Realizado a cada quatro anos sob os auspícios da União Internacional de Matemáticas, reconhece desde 1936 o trabalho de pesquisadores de menos de 40 anos.

O prêmio foi proposto em 1923 pelo matemático canadense John Charles Fields, falecido em 1932, que legou seus bens para financiá-lo. Os vencedores são recompensados com 15.000 dólares canadenses (cerca de 14.000 dólares americanos).

Os Estados Unidos, com 13 Medalhas, e a França, com 12, são os países mais premiados, de um total de 55.


Artur Ávila, o gênio brasileiro 'cool' das equações

PARIS, 13 Ago 2014 (AFP) - O brasileiro Artur Ávila se tornou famoso entre os matemáticos do mundo por sua capacidade em resolver problemas sobre sistemas dinâmicos, o que lhe valeu a Medalha Fields, o "Nobel dos números", a primeira para a América Latina.

Aos 35 anos, Ávila vive entre o Rio de Janeiro e Paris, onde, desde 2003, trabalha no Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).

Este "príncipe das equações", como foi chamado pela revista especializada do CNRS, tem um estilo tranquilo: sua condição física revela que frequenta academia, muito distante da caricatura de um nerd ou de um rato de biblioteca perdido nos cálculos.

"Gosto de fazer matemática na praia, você caminha, e pensa", comentou o brasileiro à publicação.

Esta reflexão "cool" permite que ele compreenda os problemas antes de afundar em suas equações escritas. O sistema deu resultado, ao que parece, a julgar por seus trabalhos bem-sucedidos com 30 matemáticos de todo o mundo.

"Nestas colaborações, Ávila forneceu uma capacidade técnica formidável, a ingenuidade e a tenacidade de um mestre na solução de problemas", segundo o Congresso Internacional de Matemática (ICM), que nesta quarta-feira concedeu a ele a Medalha.



Uma corrida de obstáculos

Após a conquista em Seul no ICM, que se reúne a cada quatro anos e premiou pela primeira vez um latino-americano, chegaram as felicitações dos presidentes de Brasil e França. A coroação de uma corrida que, no entanto, não esteve isenta de obstáculos.

Seu interesse pela árdua disciplina começou aos 13 anos, quando participou das Olimpíadas Internacionais de Matemática, um concurso para estudantes do ensino médio.

As primeiras participações foram fracassadas: o adolescente desconhecia partes inteiras do programa. Mas isso atingiu seu orgulho e o levou pela primeira vez ao IMPA, Instituto de Matemática Pura e Aplicada, na cidade carioca.

Após várias tentativas, terminou conquistando a medalha de ouro e com ela a atenção de Wellington de Melo, professor do prestigiado instituto.

A partir deste momento seu périplo se acelerou: se formou na escola, entrou no IMPA e aos 19 anos se lançou em uma tese de "dinâmica unidimensional", defendida em 2001.

Foi durante a tese que descobriu a Europa, onde chegou a Paris como um simples turista. Aprendeu francês e se apresentou ao concurso do CNRS, que o rejeitou em duas oportunidades - em 2001 e 2002 -, mas um pesquisador francês que o conheceu no IMPA facilitou seu acesso a um cargo de pós-graduação no College de France.

Em 2003 entrou finalmente no CNRS, onde chegou, em 2008, ao título de diretor de pesquisa, um recorde para alguém de apenas 29 anos. Ali desenvolveu a especialidade de "sistemas dinâmicos", ou seja, aqueles que evoluem com o tempo.

O movimento dos planetas, a dinâmica das populações e dos oceanos são alguns exemplos concretos das equações abstratas com as quais lida diariamente.

Junto a outros pesquisadores, resolveu nesta época três dos 15 "problemas para o século XXI" levantados em 2000 pelo matemático Barry Simon.

A Medalha Fields lhe escapou por muito pouco em 2010. Foi quando decidiu frequentar a academia para liberar energia e conseguir dormir bem.

Ávila espera que sua medalha inspire outros jovens do Brasil a se lançar no campo da matemática, uma opção relativamente mais acessível que as concorridas carreiras de engenheiro, médico ou advogado.

"Acredito que muita gente lá nem imagina que existe a pesquisa em matemática, pensam que é uma disciplina na qual tudo já foi concluído, definido e conhecido", comentou o brasileiro, que no ano passado obteve a dupla nacionalidade francesa.

SISTEMA DINÂMICO 

Na física matemática e na matemática, o conceito de sistema dinâmico nasce da exigência de construir um modelo geral de todos os sistemas que evoluem segundo uma regra que liga o estado presente aos estados passados.
Os primórdios da teoria dos sistemas dinâmicos podem ser identificados já no século XVI, nos trabalhos de mecânica celeste escritos por Johannes Kepler. As contribuições de Isaac Newton à modelagem matemática através da formalização da mecânica clássica abriram espaço para uma sofisticação crescente do aparato matemático que modela fenômenos mecânicos, culminando nos trabalhos de Lagrange e Hamilton, que definiram a teoria da mecânica clássica num contexto matemático, que essencialmente é o mesmo estudado até hoje.
O matemático francês Henri Poincaré é considerado um dos criadores da teoria moderna dos sistemas dinâmicos, tendo introduzido muitos dos aspectos do estudo qualitativo das equações diferenciais que permitiram estudar propriedades assintóticas das soluções (ou da maior parte das soluções) de uma equação diferencial, como estabilidade e periodicidade, sem ser necessário resolver explicitamente a equação diferencial. Tal abordagem pode ser encontrada na sua obra-primaLes méthodes nouvelles de la mécanique céleste, publicada em três volumes entre 1892 e 1899.
Considera-se que o primeiro livro publicado na área de sistemas dinâmicos é a obra Dynamical Systems, escrita pelo matemático estado-unidense George Birkhoff, e publicada em 1927.
Entre as ferramentas mais utilizadas na teoria dos sistemas dinâmicos estão a geometria diferencial, a teoria da medida e a geometria simplética.


terça-feira, 12 de agosto de 2014

DOAÇÕES DE CAMPANHA E O SEU MAL



O MAL QUE AS DOAÇÕES DE CAMPANHA FAZEM AO BRASIL

Estão previstos gastos para as eleições presidenciais desse ano de mais de 1 bilhão de reais.
Dos 20 maiores doadores de campanha, 10 são empreiteiras, ou braços desse setor.
Há décadas grande parte dos escândalos e CPIs nacionais, estaduais ou municipais nasce nesse território: o das empreiteiras e similares.
Escândalos ligados a obras são centenas. E suas origens estão quase sempre nas licitações pós-campanhas, e nos acertos de campanha.
Há também as “maracutaias” conectadas ao setor de incorporações imobiliárias que não são divulgadas, mas infernizam o cotidiano das cidades.
O esquema é o de sempre: campanhas são financiadas e, em troca, Executivo, Legislativo ou funcionários liberam geral.
Cada um constrói o que quiser, onde quiser e com a altura que quiser. Daí cidades são arrebentadas como o foram São Paulo, Salvador, Rio, Recife e tantas outras.
Daí shoppings onde não deveria existir nem uma padaria. Daí prédios onde não se deveria liberar nem uma tenda.
Existem outros motivos dessa nefasta troca de favores para possibilitar a multiplicação de engarrafamentos e de cidades enfartadas.
Até aqui o PMDB levou algo como R$ 51 milhões dos R$ 170 milhões doados, até o momento perfazendo 30% das doações. O PMDB é a grande “cunha” no Congresso Nacional.
Cada congressista tem o direito de incluir no Orçamento anual da União até R$ 15 milhões em emendas individuais.
Isso dá R$ 60 milhões por cabeça a cada mandato, R$ 35 bilhões a cada legislatura. Tal direito foi conquistado na marra; para não dizer que foi fruto de chantagem.
No meio dessa farra toda com o dinheiro público - quem vai propor a reforma política? Os atuais congressistas não irão propô-la e também não irão contribuir para isso, como fazem atualmente.
No faz de conta, a reforma política seria com ou sem Constituinte Exclusiva? Com ou sem financiamento público para campanhas? Com ou sem voto distrital? Com ou sem fidelidade partidária? Com ou sem cláusula de barreira?
São muitas as reformas que precisam ser feitas e com relação a todos elas o que se vê é o silêncio e com certeza à espera do estouro do próximo escândalo e dos ecos da marquetagem para abafá-los.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

GASTOS COM AS ELEIÇÕES



DE ONDE VEM TANTO DINHEIRO PARA AS CAMPANHAS?

Segundo informações dos meios de comunicação, o custo de campanha que os 11 candidatos à Presidência da República declararam à Justiça Eleitoral, para o pleito desse ano, somam estimativas de custo de quase 1 (um) bilhão de reais. O valor real dos gastos de campanha deve ser bem maior após a inclusão do caixa 2.
Em Minas Gerais, os dois líderes Fernando Pimentel e Pimenta da Veiga (é muita pimenta), preveem gastos de mais de 100 milhões ao término da campanha.
Comparando com as eleições dos Estados Unidos da América (USA), Barack Obama e Mitt Romney  gastaram cerca de US$ 900 milhões nas eleições de 2012 incluindo gastos de propaganda em televisão e rádio e aqui não se paga, é de graça.
Em outros tempos mais antigos, o candidato tinha que gastar do seu próprio bolso para fazer santinhos, brindes, camisetas e claro, gastar para fazer botinas e dentaduras para os seus fiéis eleitores que necessitassem desses favores.
Hoje, as campanhas estão mais sofisticadas que antes, cada candidato tem à sua disposição, na prática, uma agência de publicidade, uma produtora de TV, um instituto de pesquisas, uma empresa de assessoria de imprensa, uma empresa de produtos digitais e uma outra de serviços, cada uma delas recheada de profissionais de alto nível (mais gastos) remunerados em tabela bem superior ao do mercado.
Nos cruzamentos das ruas, uma bandeira balançada pelos “colaboradores”, custa dinheiro,  os quais são bem remunerados pelo candidato e ainda o candidato gasta com a gasolina para carreatas e outras manifestações.
A coisa está ficando tão pesada que já há contratos exclusivos para os últimos 45 dias de campanha ou com valores diferenciados por período – menores quando a coisa está morna, até 15 de agosto, e mais vantajosos na reta final.
A maior parte dos gastos está direcionada para os programas e inserções comerciais na televisão, onde o candidato deve aparecer bonito e lustroso, com discurso afiado, para conquistar os votos necessários para concretizar sua ambição.
O mais impressionante disso tudo com todo esse arsenal de informação e comunicação, os políticos estejam distanciando tanto de seu público.
O cientista político Fernando Azevedo, da Universidade de São Carlos, estima que há 60 mil pessoas trabalhando em comitês de campanha, apenas na área digital. Esse número é uma estimativa da dimensão da expansão de custos de uma campanha política no Brasil. 

DE ONDE VEM TANTO DINHEIRO PARA ALIMENTAR TODO ESSE  GASTO? 

FONTE: Carlos Moreira (Jornal Hoje em Dia do dia 11/082014)

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

DOAÇÕES DE CAMPANHA



DOAÇÕES E ARRECADAÇÃO DE DINHEIRO DOS PRESIDENCIÁVEIS

Segundo informações da Folha de São Paulo e dados fornecidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), três empresas – JBS, a dona da marca Friboi, Ambev, a das bebidas, e OAS construtora e empreiteira Baiana – são responsáveis por 65% do financiamento das campanhas eleitorais pela Presidência da República até o momento.
No total, os 11 candidatos a presidente e seus comitês financeiros arrecadaram R$ 31,2 milhões. Essas empresas são responsáveis por 91% desse total. Outros 6% são de financiamento público, por meio dos Fundos Partidários. Pessoas físicas contribuíram com os demais 3%.
A JBS lidera o ranking de financiadores. Foi a empresa que mais doou: para  a presidente Dilma Roussef (R$ 5 milhões), para o senador tucano Aécio Neves (R$ 5 milhões) e para o candidato do PSB, Eduardo Campos (R$ 1 milhão).
A Ambev repassou um total de R$ 6,7 milhões aos presidenciáveis do PT, PSDB e PSB. A OAS deu R$ 2,6 milhões para Aécio e Campos.
Aécio lidera a corrida pelo dinheiro, com R$ 11 milhões arrecadados, Dilma conseguiu 10,1 milhões e Eduardo Campos R$ 8,2 milhões.
Essas empresas estão avaliando a possibilidade de novas contribuições.
No mundo comercial, nenhuma empresa doa dinheiro, pois isso significa prejuízo, considero tais doações um empréstimo, que terá que ser devolvido com juros e correção monetária mais tarde pelo candidato eleito e os que perderam a eleição, de alguma forma também, terão que devolver o que lhes foi doado. Não existem bonzinhos neste negócio.

Empresa que doa dinheiro a político tem retorno de 850%



Após as manifestações de junho, o debate em torno da reforma política dominou o noticiário do País e o financiamento das campanhas políticas se tornou um dos principais temas da discussão. Um estudo feito no Brasil pelo Instituto Kellogg, dos Estados Unidos, indica que as empresas que doam dinheiro para campanhas eleitorais têm um retorno de até 850% em cima do valor que investiram no candidato.
Idealizador da Lei da Ficha Limpa, que impede a participação de candidatos condenados criminalmente em tribunais colegiados, o juiz eleitoral Márlon Jacinto Reis é um dos criadores do movimento de combate à corrupção. Reis, que também é diretor do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), afirma que o negócio é lucrativo para empresas que investem em políticos.

— Há uma pesquisa do Instituto Kelloggs no Brasil que mostra que a cada R$ 1 investido nas campanhas [políticas] há um retorno em contratos públicos da ordem de R$ 8,50. É um lucro de 850%. É o melhor negócio que conheço até agora. É melhor do que vender água.

Nesta semana, o MCCE se encontrou com a presidente Dilma Rousseff em Brasília para expor os pontos da “Campanha Eleições Limpas”. O projeto prevê o fim do financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas, limite para doação de pessoa física para partidos e eleição para o Legislativo em dois turnos, com a escolha dos partidos no primeiro e dos candidatos propriamente ditos no segundo.

O brasileiro, quando vai às urnas, não escolhe o candidato por ideologia ou pelas propostas de governo que oferece ao eleitor, explica Reis. O processo eleitoral atualmente está focado basicamente em dinheiro, segundo o juiz de direito.

— O começo da coisa [campanha eleitoral] hoje tem a ver com um binômio: dinheiro, que movimenta as eleições; e a maneira como as campanhas são conduzidas, com que as candidaturas são apresentadas. No primeiro ponto, nós identificamos como imprescindível proibir doações empresariais porque o dinheiro usado para comprar votos e para praticar as distorções do processo tem uma origem e precisamos nos preocupar com essa origem. Temos eleições caríssimas, mais caras que a maior parte das democracias.

As eleições de 2010, que escolheram o presidente da República, custaram R$ 4,9 bilhões em financiamentos, de acordo com Reis. As principais doadoras para campanhas são corporações ligadas à construção civil, mineração e bancos. Em comum, todas fornecem produtos e serviços para governos federal, estaduais e municipais, ressalta o juiz eleitoral.

— [Para chegar a esse cálculo], pega-se apenas o financiamento declarado e mesmo assim é um absurdo. Apenas dez empresas, nas últimas cinco eleições, doaram R$ 1 bilhão. Temos uma presença maciça das empreiteras, seguidas pelos bancos no processo de doação. Depois temos outros grupos ligados, de mineração por exemplo. Estão sempre ligados a setores que contratam diretamente com o poder público. São grupos que estão interessados em interferir na Comissão Mista de Orçamento para definir para onde vai o dinheiro.

Após tantas críticas ao financiamento de campanha por empresas particulares, a principal proposta apresentada para controlar o repasse de dinheiro é vetar a doação de dinheiro por empresas e liberar apenas para pessoas físicas. Para o MCCE, o teto seria o valor de um salário mínimo, ou seja, R$ 678 por pessoa.

O financiamento de campanha seria um dos pontos tratados no plebiscito, sugerido pela presidente Dilma Rousseff, mas a proposta de consulta popular não decolou no Congresso Nacional. A ideia é que a nova regra já valesse nas eleições de 2014.

Conforme as regras atuais, qualquer pessoa ou empresa pode dar dinheiro para partidos ou candidatos realizarem suas propagandas eleitorais. Bancos, empreiteiras e empresas de mineração estão entre as organizações que mais investem em políticos.

Para que as mudanças propostas pelo MCCE valessem já nas eleições de 2014, seria necessário que os parlamentares apreciassem e votassem o Projeto de Lei Ordinário até o próximo dia 5 de outubro — exatamente um ano antes das eleições. Cerca de 130 deputados já manifestaram apoio à causa. No entanto, o próprio MCCE admite ser difícil que o texto seja analisado ainda neste ano.

Você sabe quem financia o seu candidato?


É provável que os brasileiros tenham interesse em saber, com clareza, quem financia as campanhas eleitorais. Afinal, a política envolve interesses — às vezes escusos — e dinheiro, muito dinheiro. Tanto que, à época das campanhas, parte da dinheirama é frequentemente encontrada em calças, meias e cuecas.
Segundo o professor da Universidade Estadual de Campinas Bruno Speck, o último ciclo eleitoral, abrangendo candidatos a presidente da República, governadores, prefeitos e parlamentares, custou oficialmente R$ 8,4 bilhões. Nesse valor estão incluídos as doações, os repasses ao fundo partidário e o horário eleitoral gratuito.
Tal montante correspondeu a 0,32% do PIB e a apenas R$ 11 por ano para cada brasileiro. Se este é o preço da democracia, vale a pena ser pago.

O problema é que a diferença entre o valor oficialmente declarado e o gasto real com as eleições é enorme.
Há quem estime que a despesa efetiva seja de dez a quinze vezes superior à registrada no Tribunal Superior Eleitoral. Nessa hipótese, somados os caixas 1 e 2, o custo de uma rodada eleitoral no Brasil beira a casa dos R$ 100 bilhões! Como no caixa 2, por óbvio, não há recibos e notas fiscais, a maior parcela das doações não passa pelas transferências bancárias, circulando por debaixo dos panos, quase que de mão em mão. Não é por acaso que representantes de 12 partidos, entre parlamentares, ex-parlamentares e assessores, respondem a processos, inclusive no Supremo Tribunal Federal, em decorrência dos mensalões do PT, do PSDB e do DEM. Ainda que usual , o caixa 2 é crime.
Por outro lado, o caixa 1, legalmente registrado nos tribunais eleitorais, também é opaco. Atualmente, a preferência nacional entre os que bancam os pleitos é pela “doação oculta” — destinada ao partido, e não ao comitê eleitoral do candidato— o que torna difícil a vinculação do financiador ao financiado. Tal fórmula, franciscana às avessas, agrada a quem dá e a quem recebe, prejudicando apenas o eleitor consciente que gostaria de conhecer as relações entre os políticos e os generosos patrocinadores.
Na verdade, não é suficiente saber os totais que cada candidato arrecadou e gastou, como hoje é divulgado nas prestações de contas parciais.
Mais importante seria conhecer quais foram os doadores e que valores ofereceram a cada apadrinhado, na base do diga-me quem te apoia e te direi quem és. Até porque, na prática, um segmento do empresariado não doa, e sim investe, visando, claramente, ao retorno do capital aplicado.
Ou será que alguém acredita que é somente por espírito democrático que certas empresas doam, de forma simultânea, a adversários que disputam o mesmo cargo? Ou que, por mera coincidência, doações vultosas irriguem as campanhas de Dilma, Aécio e Campos — líderes das pesquisas e governistas. É claro que essa situação não pode continuar. O financiamento eleitoral, tal como há muito acontece, é, sem dúvida, uma das causas da corrupção no Brasil. A estrutura dos principais escândalos é semelhante, envolvendo, quase sempre, políticos e os grandes doadores, concentrados nos ramos da indústria pesada, construção civil e sistema financeiro. O remédio para se coibir essas relações promíscuas é a transparência total, iniciativa que deveria partir dos próprios candidatos. Como acreditar que esses futuros políticos serão transparentes na gestão pública se já começam omitindo quem financiou suas campanhas? Essa informação, que deveria estar na web, pode ser decisiva na escolha de cada um.
Você, por exemplo, votaria em alguém financiado pela indústria do fumo? É provável que muitos o façam sem qualquer constrangimento, o que talvez não aconteça com os que lutam contra a proliferação do câncer. Simples assim, democrático.
Basta a informação ser acessível a qualquer cidadão.
O Tribunal Superior Eleitoral, para tornar os pleitos verdadeiramente justos e equilibrados, terá que contrariar interesses dos doadores, candidatos e partidos. A contabilidade eleitoral precisa ser publicada detalhadamente na internet já nos três meses que antecedem as eleições. Os doadores e os respectivos valores repassados a cada beneficiado não podem ser sigilosos. Afinal, secreto mesmo é só o voto.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...