quarta-feira, 13 de agosto de 2014

NOBEL DE MATEMÁTICA



Com muito orgulho para todos os brasileiros, destacamos o prêmio “Nobel de Matemática” recebido pelo brasileiro Artur Ávila nesta quarta-feira. Salientamos que este cidadão brasileiro é o único no Brasil que possui este título tão importante e histórico para todos nós. Que esta distinção sirva de exemplo para outros brasileiros em outras áreas do conhecimento.

Brasileiro recebe 'Nobel' de Matemática

PARIS, 13 Ago 2014 (AFP) - O matemático brasileiro Artur Ávila recebeu nesta quarta-feira, em Seul, a Medalha Fields, um prestigiado prêmio concedido a cada quatro anos pelo Congresso Internacional de Matemática (ICM) e que também reconheceu, pela primeira vez, o trabalho de uma mulher.

O ICM destacou a profunda contribuição de Ávila, nascido em 1979 no Rio de Janeiro, "para a teoria dos sistemas dinâmicos".

Ávila, que também tem nacionalidade francesa, "lidera e molda o campo dos sistemas dinâmicos. Junto aos seus colaboradores, realizou progressos essenciais em várias áreas, incluindo dinâmicas unidimensionais reais e complexas", escreveu a organização em seu site.

Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o líder francês, François Hollande, felicitaram Ávila por esta distinção.

"O reconhecimento mundial do trabalho de Ávila enche de orgulho a ciência brasileira e todo o Brasil", escreveu Dilma em sua conta no Twitter na noite de terça-feira.

"Felicito Artur Ávila, que acaba de receber a Medalha Fields, a mais alta recompensa no domínio da matemática. Seus trabalhos se centram na teoria dos sistemas dinâmicos", disse Hollande em um comunicado.

Ávila, doutor pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) do Rio de Janeiro, é atualmente pesquisador desta instituição e do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).



Primeira mulher com a Medalha Fields

Além do brasileiro, o australiano Martin Hairer, o canadense Manjul Bhargava e a iraniana-americana Maryam Mirzakhani também foram premiados com este "Nobel" da Matemática.

Mirzakhani foi a primeira mulher a receber esta medalha.

Nascida em Teerã em 1977, Mirzakhani fez doutorado em 2004 na Universidade de Harvard e atualmente é professora da Universidade de Stanford, na Califórnia.

Esta especialista em geometria das formas incomuns criou novas maneiras de calcular o volume de superfícies hiperbólicas estranhas.

"Hábil no manejo de um conjunto extraordinariamente diverso de técnicas matemáticas e culturas matemáticas diversas, (Mirzakhani) encarna uma pouco frequente combinação de destrezas técnicas, ambição audaz, visão de longo alcance e profunda curiosidade", explicou o ICM em um comunicado.

"É uma grande honra e ficarei feliz se isso encorajar jovens mulheres cientistas e matemáticas", declarou Mirzakhani, citada em um comunicado da Universidade de Stanford.

Os outros dois premiados nesta quarta-feira em Seul foram Manjul Bhargava, da Universidade americana de Princeton, e Martin Hairer, da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

O ICM definiu Bhargava, nascido em 1974 no Canadá, mas criado principalmente nos Estados Unidos, como um "matemático de uma criatividade extraordinária" e reconheceu seu trabalho e influência na teoria dos números.

O australiano Hairer, nascido em 1975, se destacou por sua "contribuição à teoria de equações diferenciais parciais fortuitas", às quais deu pela primeira vez um rigoroso significado intrínseco, afirmou a organização.

A Medalha Fields de Matemáticas é concedida pelo ICM, o maior congresso da comunidade matemática. Realizado a cada quatro anos sob os auspícios da União Internacional de Matemáticas, reconhece desde 1936 o trabalho de pesquisadores de menos de 40 anos.

O prêmio foi proposto em 1923 pelo matemático canadense John Charles Fields, falecido em 1932, que legou seus bens para financiá-lo. Os vencedores são recompensados com 15.000 dólares canadenses (cerca de 14.000 dólares americanos).

Os Estados Unidos, com 13 Medalhas, e a França, com 12, são os países mais premiados, de um total de 55.


Artur Ávila, o gênio brasileiro 'cool' das equações

PARIS, 13 Ago 2014 (AFP) - O brasileiro Artur Ávila se tornou famoso entre os matemáticos do mundo por sua capacidade em resolver problemas sobre sistemas dinâmicos, o que lhe valeu a Medalha Fields, o "Nobel dos números", a primeira para a América Latina.

Aos 35 anos, Ávila vive entre o Rio de Janeiro e Paris, onde, desde 2003, trabalha no Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).

Este "príncipe das equações", como foi chamado pela revista especializada do CNRS, tem um estilo tranquilo: sua condição física revela que frequenta academia, muito distante da caricatura de um nerd ou de um rato de biblioteca perdido nos cálculos.

"Gosto de fazer matemática na praia, você caminha, e pensa", comentou o brasileiro à publicação.

Esta reflexão "cool" permite que ele compreenda os problemas antes de afundar em suas equações escritas. O sistema deu resultado, ao que parece, a julgar por seus trabalhos bem-sucedidos com 30 matemáticos de todo o mundo.

"Nestas colaborações, Ávila forneceu uma capacidade técnica formidável, a ingenuidade e a tenacidade de um mestre na solução de problemas", segundo o Congresso Internacional de Matemática (ICM), que nesta quarta-feira concedeu a ele a Medalha.



Uma corrida de obstáculos

Após a conquista em Seul no ICM, que se reúne a cada quatro anos e premiou pela primeira vez um latino-americano, chegaram as felicitações dos presidentes de Brasil e França. A coroação de uma corrida que, no entanto, não esteve isenta de obstáculos.

Seu interesse pela árdua disciplina começou aos 13 anos, quando participou das Olimpíadas Internacionais de Matemática, um concurso para estudantes do ensino médio.

As primeiras participações foram fracassadas: o adolescente desconhecia partes inteiras do programa. Mas isso atingiu seu orgulho e o levou pela primeira vez ao IMPA, Instituto de Matemática Pura e Aplicada, na cidade carioca.

Após várias tentativas, terminou conquistando a medalha de ouro e com ela a atenção de Wellington de Melo, professor do prestigiado instituto.

A partir deste momento seu périplo se acelerou: se formou na escola, entrou no IMPA e aos 19 anos se lançou em uma tese de "dinâmica unidimensional", defendida em 2001.

Foi durante a tese que descobriu a Europa, onde chegou a Paris como um simples turista. Aprendeu francês e se apresentou ao concurso do CNRS, que o rejeitou em duas oportunidades - em 2001 e 2002 -, mas um pesquisador francês que o conheceu no IMPA facilitou seu acesso a um cargo de pós-graduação no College de France.

Em 2003 entrou finalmente no CNRS, onde chegou, em 2008, ao título de diretor de pesquisa, um recorde para alguém de apenas 29 anos. Ali desenvolveu a especialidade de "sistemas dinâmicos", ou seja, aqueles que evoluem com o tempo.

O movimento dos planetas, a dinâmica das populações e dos oceanos são alguns exemplos concretos das equações abstratas com as quais lida diariamente.

Junto a outros pesquisadores, resolveu nesta época três dos 15 "problemas para o século XXI" levantados em 2000 pelo matemático Barry Simon.

A Medalha Fields lhe escapou por muito pouco em 2010. Foi quando decidiu frequentar a academia para liberar energia e conseguir dormir bem.

Ávila espera que sua medalha inspire outros jovens do Brasil a se lançar no campo da matemática, uma opção relativamente mais acessível que as concorridas carreiras de engenheiro, médico ou advogado.

"Acredito que muita gente lá nem imagina que existe a pesquisa em matemática, pensam que é uma disciplina na qual tudo já foi concluído, definido e conhecido", comentou o brasileiro, que no ano passado obteve a dupla nacionalidade francesa.

SISTEMA DINÂMICO 

Na física matemática e na matemática, o conceito de sistema dinâmico nasce da exigência de construir um modelo geral de todos os sistemas que evoluem segundo uma regra que liga o estado presente aos estados passados.
Os primórdios da teoria dos sistemas dinâmicos podem ser identificados já no século XVI, nos trabalhos de mecânica celeste escritos por Johannes Kepler. As contribuições de Isaac Newton à modelagem matemática através da formalização da mecânica clássica abriram espaço para uma sofisticação crescente do aparato matemático que modela fenômenos mecânicos, culminando nos trabalhos de Lagrange e Hamilton, que definiram a teoria da mecânica clássica num contexto matemático, que essencialmente é o mesmo estudado até hoje.
O matemático francês Henri Poincaré é considerado um dos criadores da teoria moderna dos sistemas dinâmicos, tendo introduzido muitos dos aspectos do estudo qualitativo das equações diferenciais que permitiram estudar propriedades assintóticas das soluções (ou da maior parte das soluções) de uma equação diferencial, como estabilidade e periodicidade, sem ser necessário resolver explicitamente a equação diferencial. Tal abordagem pode ser encontrada na sua obra-primaLes méthodes nouvelles de la mécanique céleste, publicada em três volumes entre 1892 e 1899.
Considera-se que o primeiro livro publicado na área de sistemas dinâmicos é a obra Dynamical Systems, escrita pelo matemático estado-unidense George Birkhoff, e publicada em 1927.
Entre as ferramentas mais utilizadas na teoria dos sistemas dinâmicos estão a geometria diferencial, a teoria da medida e a geometria simplética.


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