sábado, 27 de junho de 2015

CHICO XAVIER



  

Manoel Hygino




Aconteceu numa quinta-feira, pela manhã, no cemitério São João Batista, em Uberaba. O túmulo do médium Chico Xavier, que recebe mais de duas mil visitas em média, por semana, procedentes de todo o país, foi atacado com pedaços de granito. O propósito era quebrar o vidro de proteção, fabricado com material blindado, mas apenas o estilhaçou.

Foram arremessadas três pedras e o(s) vândalo(s) usou (usaram) os pés para ter mais apoio e força, falhando em seu desígnio. A polícia se esforça por identificar o ou os autores do crime, assim como a causa, embora tudo permaneça inteiramente obscuro.

Em face do mundo vil e violento em que nos achamos, parece um registro de menor importância. Nos Estados Unidos, a mais poderosa nação do planeta, ainda se repetem assassinatos de negros por brancos e, no norte da África, o grupo Boko Haram insiste numa incompreensível campanha de aprisionamento de jovens de cor para objetivos inconfessáveis.

No outro lado do mundo mediterrâneo, o Estado Islâmico quer impor pela força seu califado, ideia que se supunha sepultado, definitivamente nas areias da história. As ruas do mundo são palco de crimes e constrangimentos de toda espécie. Monumentos históricos de Palmira, Oriente Médio, estão sob risco de destruição pelo EI, mesmo considerados patrimônio da humanidade.

Mas danificar o túmulo de um pobre homem de Minas, que viveu 92 anos e sempre serviu aos que o procuravam para aconselhamento e amenizar suas angústias, parece estranhável. Que se pretendia com a profanação? Teria caráter religioso? Ou seria um ato de vandalismo? Ou, ainda, uma tentativa frustrada de furto de algum objeto preservado?

O professor Joaquim Cabral Netto, advogado, ex-corregedor geral do Ministério Público, ex-presidente da Associação Mineira do Ministério Público e da Confederação Nacional do Ministério Público, editou – no ano passado – um livro sobre Chico Xavier, lembrando facetas da vida do médium de Pedro Leopoldo.

Artur da Távola, jornalista, político, escreveu sobre o médium: “A figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier ganha um significado profundo, duradouro, acima e além de paixões religiosas, doutrinas científicas ou interpretações metafísicas. Aquele homem de fala mansa, peruca, acentuado estrabismo, pessoa de humildade e tolerância, não configura o tipo físico idealizado do líder religioso, do chefe de seita, do místico impressionante”.

Conclui: “Além da aura de paz e pacificação que parte dele, há outro elemento poderoso a explicar o fascínio e a durabilidade da impressionante figura de comunicação de fé: a grande seriedade pessoal do médium, a dedicação integral de sua vida aos que sofrem e o desinteresse material absoluto”.

Chico nasceu em pobreza, sofreu com duas deficiências físicas. Quando lhe foi perguntado se houve algo de que se arrependesse, respondeu: “Ah, sim, arrependo-me de não ter amado mais, porque é só o amor o que a gente deixa sobre este mundo. Mas não se pode esquecer que é preciso amar sem esperar ser amado, e sem aguardar recompensa alguma”.

Sobre Deus, explicou-se: “Quem teria colocado a vida e o perfume das flores, o azul do céu, o verde dos mares e a luz das estrelas?”. Uma observação que legou: “Conheço gente tão pobre, tão pobre, que só possui dinheiro”.

TCU





Aristóteles Drummond



O relator das contas do governo federal de 2014, Augusto Nardes, é um homem público digno, que mostra que existem nichos de qualidade entre nossos políticos. Fez uma carreira com crescente reconhecimento popular e respeito de seus pares.

Com pouco mais de 50 anos, Nader já havia sido vereador, deputado estadual e cumprido três mandatos federais. Ao disputar com três outros colegas a indicação para o Tribunal de Contas da União, venceu a disputa com folga, embora a bancada de seu partido fosse a quinta da Câmara dos Deputados. Prevaleceu na escolha do plenário a trajetória e o preparo de Augusto Nardes para as responsabilidades de um ministro do TCU.

Formado em administração, com curso na Suíça de especialização, estudioso, marcou presença nas comissões da Câmara em que atuou com interesse, como a de Agricultura e a de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

No exercício do mandato, passou a acompanhar os estudos referentes à reforma tributária, sempre na linha da simplificação e da busca de meios de se aumentar a base de contribuintes e não os impostos, que oneram a produção. Coerente, nunca mudou de partido na busca de vantagens. Ganhou foi o respeito que lhe valeu a escolha para o TCU.

A grave questão das contas envolve um componente político muito forte. Responsável e de bom senso, apressou-se em dar prazo para que o governo esclareça o uso – e parece que o abuso – de subterfúgios para mascarar a realidade das contas relativas ao orçamento da União. O fato já vinha sendo comentado entre economistas e abordado com frequência no noticiário econômico. Não podia ignorar os desvios.

O Brasil amadureceu muito, todo movimento tem repercussão, não se trata de valores insignificantes, muito pelo contrário. Por isso, a condução firme, mas paciente do ministro Nardes tem sido importante. Inclusive pela discrição com que se comporta, mostrando que vida pública se faz com elegância e categoria.

Não será surpresa se vier a buscar uma solução para não propor a recusa das contas, que seria fato inédito na vida republicana. Sem prejuízo das responsabilidades de relator, da credibilidade do Tribunal, pode propor uma correção de rumos no acerto do que foi feito de maneira temerária. Além de responsabilizar os responsáveis pela execução das medidas condenadas.

Temos um homem de bem, sério, que honra as melhores tradições da política dos gaúchos e, portanto, devemos esperar que o prazo se esgote sem maiores tensões.

E quem explorar politicamente a questão não estará prejudicando o governo, mas o país como um todo, já fragilizado nos mercados e vulnerável, depois do caso Petrobras, e provocando um novo desgaste caso prevaleça a tradicional impunidade. A questão é técnica e jurídica!

COMENTÁRIO DE JULIO JOSÉ DE MELO (Sete Lagoas-MG):

Como podemos ver, mais uma vez, os órgãos fiscalizadores (!!!) estão todos contaminados e mapeados com simpatizantes do PT. Encobrem tudo, fazem vistas grossas, julgam de maneira ideal ao governo e vamos quebrando o país. E ver até onde teremos condições de suportar o efeito catastrófico, se as contas estão com pedaladas, mascaradas. Reprovem e cumpram a lei. Não tem de mandar explicar nada, pois entrarão os marqueteiros e pela grana que recebem, ardilosamente pedaladas novas virão. São saídas perigosas e esquecem do mal que fazem à nação. Mais uma vergonha que certamente parte da imprensa parabenizará o Tribunal de Contas da União. 

PASMEM COM OUTRA NOTÍCIA:
Vinte e três anos após o fim do seu mandato na Prefeitura de Belo Horizonte - MG, somente agora chegam à Câmara da capital as contas de gestão do ex-prefeito tucano EDUARDO AZEREDO (1990/1992) para serem aprovadas ou não. A maioria dos atuais vereadores não tinha mandato à época, mesmo assim terão que dar o veredicto. O relatório de contas foi enviado, nesta semana, pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), órgão responsável pelo parecer técnico de contas de prefeitos, secretários e governador.
Pelo atraso no envio das contas, os vereadores deverão só seguir o parecer do TCE, que opinou pela aprovação, mas não explica as razões do “esquecimento”.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

EMPRESÁRIO BEM SUCEDIDO



Filho de Lula comanda o futebol americano no Brasil: "nunca fracassei"

Vagner Magalhães e Vanderlei Lima
Do UOL, em São Paulo


Luis Cláudio Lula da Silva foi mais um dos milhares de brasileiros que sonhavam ser jogador de futebol.  Não conseguiu, mas a veia esportiva continuava a pulsar. Formou-se em educação física para fazer parte do meio que tanto sonhou. Agora, o filho caçula do ex-presidente Lula virou o homem forte do futebol americano no Brasil ao organizar uma Liga com 16 times, que terá início no próximo final de semana. A reação do pai não foi das mais positivas no começo. "Você está louco", questionou.
Mas nada que o intimidasse. Luis Cláudio tem experiência no futebol em grandes clubes. Foi auxiliar-técnico nas categorias de base do São Paulo e depois trabalhou com Luxemburgo em 2008 no Palmeiras, ano em que o clube foi campeão paulista. Seguiu para o Santos com o treinador e posteriormente integrou a comissão de Mano Menezes, no Corinthians.
Nesse período, viu Lucas crescer no São Paulo, acompanhou a ascensão de Neymar e Ganso no Santos, a melhor fase de Valdivia no Palmeiras e o Corinthians com Ronaldo e Roberto Carlos. Uma experiência e tanto, mas que ficou para trás, sem muitas saudades. "A gestão do futebol é muito ruim. Desde dos times até as confederações", opina.

Anteriormente, até os 18 anos, era mais um dos que sonhavam ser jogador de futebol, mas admite que faltava qualidade técnica. Em seu Twitter, diz ter habilidade em jogar bocha e ser bom em tranca e dominó. Além disso, se define como um autêntico mão de vaca. "Eu vou ser bem sincero, eu não gasto dinheiro comigo. Eu não gosto de gastar dinheiro, não gosto mesmo", insiste.

A investida, agora, é outra. Junto com um sócio, já falecido, montou a Touchdown, empresa de captação de patrocínios para o o futebol americano. O campeonato começa no próximo domingo, dia em que Vasco da Gama Patriotas e  Botafogo Reptiles se enfrentam, no estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador. O filho do ex-presidente sabe que investidas têm riscos. Mas não se intimida e ressalta que a maneira positiva de encarar os desafios sempre o tiraram da rota do fracasso. 

"Na minha vida eu nunca fracassei. Tudo o que eu quis, sempre conquistei. A pessoa que fica pensando no fracasso não vai pra frente. Então eu vejo sucesso, eu vejo no esporte um potencial muito grande. É desgastante trabalhar? É. Mas qual trabalho não é?", pergunta.

Luis Cláudio explica que ser filho de Lula abre portas, mas também fecha. "Tem gente que fecha a porta porque não é bem visto patrocinar o filho de um político. Cara, você não está patrocinando o filho do político, você está patrocinando um campeonato, uma coisa que funciona, que existe, que está crescendo. Mas são dificuldades que qualquer pessoa teria. Se estão fechando a porta por isso, fechariam para outras pessoas, por outros motivos. Não tem chororô".

E o futebol americano, até onde chega? "Ele tem mais uns cinco anos para ficar bem. Os EUA estão focados no Brasil. Eles sabem que tem potencial. É uma questão de tempo. Uns cinco anos", diz.

Boatos

O empresário sabe que por ser filho de quem é, está sujeito a algumas intempéries. Luis Claudio foi vítima de um boato que circula na Internet desde 2010. A história gira em torno de uma confusão no Cirque de Soleil. Segundo a narrativa, ele, acompanhado por duas mulheres, teria se sentado em um lugar que não seria o seu e se envolveu em uma discussão com funcionários do local. Em uma das versões, sugere-se até que teria havido agressão.

"Eu fui acusado de ter agredido senhoras. Realmente é uma coisa que mexe no seu psicológico. Você faz tudo direito, tenta ser a melhor pessoa possível e aí pessoas de má índole vão lá soltam isso na Internet. Mas com o tempo você leva numa boa, vai fazer o quê? É brigar e sofrer contra o inimigo invisível. Então o que faz? Toca sua vida e mostra para as pessoas que você não é desse jeito", afirma. "O meu irmão hoje lida melhor também", conta. Nesse caso, Fábio Luis, o filho mais mais velho de Lula, aparece na Internet como dono da marca Friboi.

PROBLEMAS ELÉTRICOS



  

José Antônio Bicalho


Nas crises, as empresas de utilities (concessionárias de serviços de utilidade pública) sempre foram vistas como um porto seguro para investidores. Por contarem com demanda firme, contratos de longo prazo, preços administrados e garantia legal de rentabilidade mínima, são empresas que normalmente não geram surpresas.

As maiores empresas de utilities estão nos setores de energia e de saneamento. Teoricamente, seus papéis na bolsa já estariam precificados. Dessa forma, não são ações para apostadores, que querem ganhar muito e em pouco tempo. A valorização chegaria lentamente, via ganhos de produtividade (por investimentos de engenharia) ou de escala (pela conquista de novas concessões).

Por outro lado, são papéis que ofereceriam pouco risco em função da baixa oscilação da demanda e, por isso, indicados para investidores conservadores, que miram o longo prazo.

A Cemig, porém, vem negando toda essa teoria. A oscilação dos papéis da empresa mineira de energia nos últimos meses é enorme. Ontem, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da empresa fecharam o pregão em baixa de 4,15%, a R$ 11,54. E isso em cima de uma queda ainda maior registrada no dia anterior (quarta), de 8,09%.

Quando comparamos o pico de preço das ações da Cemig dos últimos 12 meses (R$ 19,92, em 24/7/2014) com a mínima do mesmo período (R$ 11,21, em 10/2/2015), temos uma perda de valor de 56,3%.

Julgamento

O motivo é o risco de a empresa perder a concessão de suas três maiores usinas: São Simão, Miranda e Jaguara. A queda forte dos dois últimos dias se deu em função da negativa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na última quarta-feira, ao pedido da companhia de renovação automática da hidrelétrica de Jaguara. A concessão de São Simão já está vencida desde janeiro e a de Miranda vence no próximo mês.

A Cemig defende na Justiça que a legislação vigente à época do fechamento dos contratos garantiria renovação automática das concessões para as três usinas por mais 20 anos. O problema é que o governo, com o objetivo de reduzir o preço da energia no país, editou em 2012 a Medida Provisória 579, que ofereceu aos concessionários a renovação dos contratos próximos do vencimento por mais 30 anos, mas com redução de receitas. A companhia não aceitou os termos propostos e a briga se arrasta na Justiça desde então.

No mês passado, durante apresentação do resultado da Cemig no primeiro trimestre, o novo presidente da estatal, Mauro Borges, disse que o diálogo entre o governo estadual e a União mudou desde a posse de Fernando Pimentel, que é do mesmo partido e ex-ministro da presidente Dilma. As duas partes estariam buscando uma saída negociada para a renovação das concessões, com base na redução das tarifas, mas não aos moldes do que foi oferecido em 2012.

Borges disse também que o STJ estaria sensível a este processo de negociação e, por isso, teria tirado o julgamento da ordem de prioridades. Mas, não foi isso que vimos nesta quarta-feira (24) no STJ. Se as negociações não avançarem mais rapidamente, a Cemig corre o risco de perder tanto os anéis quanto os dedos.