José Antônio Bicalho
Nas crises, as empresas de utilities
(concessionárias de serviços de utilidade pública) sempre foram vistas como um
porto seguro para investidores. Por contarem com demanda firme, contratos de
longo prazo, preços administrados e garantia legal de rentabilidade mínima, são
empresas que normalmente não geram surpresas.
As maiores empresas de utilities estão nos setores de energia e de saneamento. Teoricamente, seus papéis na bolsa já estariam precificados. Dessa forma, não são ações para apostadores, que querem ganhar muito e em pouco tempo. A valorização chegaria lentamente, via ganhos de produtividade (por investimentos de engenharia) ou de escala (pela conquista de novas concessões).
Por outro lado, são papéis que ofereceriam pouco risco em função da baixa oscilação da demanda e, por isso, indicados para investidores conservadores, que miram o longo prazo.
A Cemig, porém, vem negando toda essa teoria. A oscilação dos papéis da empresa mineira de energia nos últimos meses é enorme. Ontem, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da empresa fecharam o pregão em baixa de 4,15%, a R$ 11,54. E isso em cima de uma queda ainda maior registrada no dia anterior (quarta), de 8,09%.
Quando comparamos o pico de preço das ações da Cemig dos últimos 12 meses (R$ 19,92, em 24/7/2014) com a mínima do mesmo período (R$ 11,21, em 10/2/2015), temos uma perda de valor de 56,3%.
Julgamento
O motivo é o risco de a empresa perder a concessão de suas três maiores usinas: São Simão, Miranda e Jaguara. A queda forte dos dois últimos dias se deu em função da negativa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na última quarta-feira, ao pedido da companhia de renovação automática da hidrelétrica de Jaguara. A concessão de São Simão já está vencida desde janeiro e a de Miranda vence no próximo mês.
A Cemig defende na Justiça que a legislação vigente à época do fechamento dos contratos garantiria renovação automática das concessões para as três usinas por mais 20 anos. O problema é que o governo, com o objetivo de reduzir o preço da energia no país, editou em 2012 a Medida Provisória 579, que ofereceu aos concessionários a renovação dos contratos próximos do vencimento por mais 30 anos, mas com redução de receitas. A companhia não aceitou os termos propostos e a briga se arrasta na Justiça desde então.
No mês passado, durante apresentação do resultado da Cemig no primeiro trimestre, o novo presidente da estatal, Mauro Borges, disse que o diálogo entre o governo estadual e a União mudou desde a posse de Fernando Pimentel, que é do mesmo partido e ex-ministro da presidente Dilma. As duas partes estariam buscando uma saída negociada para a renovação das concessões, com base na redução das tarifas, mas não aos moldes do que foi oferecido em 2012.
Borges disse também que o STJ estaria sensível a este processo de negociação e, por isso, teria tirado o julgamento da ordem de prioridades. Mas, não foi isso que vimos nesta quarta-feira (24) no STJ. Se as negociações não avançarem mais rapidamente, a Cemig corre o risco de perder tanto os anéis quanto os dedos.
As maiores empresas de utilities estão nos setores de energia e de saneamento. Teoricamente, seus papéis na bolsa já estariam precificados. Dessa forma, não são ações para apostadores, que querem ganhar muito e em pouco tempo. A valorização chegaria lentamente, via ganhos de produtividade (por investimentos de engenharia) ou de escala (pela conquista de novas concessões).
Por outro lado, são papéis que ofereceriam pouco risco em função da baixa oscilação da demanda e, por isso, indicados para investidores conservadores, que miram o longo prazo.
A Cemig, porém, vem negando toda essa teoria. A oscilação dos papéis da empresa mineira de energia nos últimos meses é enorme. Ontem, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da empresa fecharam o pregão em baixa de 4,15%, a R$ 11,54. E isso em cima de uma queda ainda maior registrada no dia anterior (quarta), de 8,09%.
Quando comparamos o pico de preço das ações da Cemig dos últimos 12 meses (R$ 19,92, em 24/7/2014) com a mínima do mesmo período (R$ 11,21, em 10/2/2015), temos uma perda de valor de 56,3%.
Julgamento
O motivo é o risco de a empresa perder a concessão de suas três maiores usinas: São Simão, Miranda e Jaguara. A queda forte dos dois últimos dias se deu em função da negativa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na última quarta-feira, ao pedido da companhia de renovação automática da hidrelétrica de Jaguara. A concessão de São Simão já está vencida desde janeiro e a de Miranda vence no próximo mês.
A Cemig defende na Justiça que a legislação vigente à época do fechamento dos contratos garantiria renovação automática das concessões para as três usinas por mais 20 anos. O problema é que o governo, com o objetivo de reduzir o preço da energia no país, editou em 2012 a Medida Provisória 579, que ofereceu aos concessionários a renovação dos contratos próximos do vencimento por mais 30 anos, mas com redução de receitas. A companhia não aceitou os termos propostos e a briga se arrasta na Justiça desde então.
No mês passado, durante apresentação do resultado da Cemig no primeiro trimestre, o novo presidente da estatal, Mauro Borges, disse que o diálogo entre o governo estadual e a União mudou desde a posse de Fernando Pimentel, que é do mesmo partido e ex-ministro da presidente Dilma. As duas partes estariam buscando uma saída negociada para a renovação das concessões, com base na redução das tarifas, mas não aos moldes do que foi oferecido em 2012.
Borges disse também que o STJ estaria sensível a este processo de negociação e, por isso, teria tirado o julgamento da ordem de prioridades. Mas, não foi isso que vimos nesta quarta-feira (24) no STJ. Se as negociações não avançarem mais rapidamente, a Cemig corre o risco de perder tanto os anéis quanto os dedos.
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