sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

CORRUPÇÃO NA PETROBRAS



Corrupção na Petrobras pagava apoio ao governo no Congresso, afirma executivo da Engevix

A defesa do empresário Gérson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia, uma das empreiteiras que são alvo da Operação Lava Jato, afirmou em documento entregue à Justiça Federal que superfaturamentos em contratos da Petrobras foram usados para bancar o "custo alto das campanhas eleitorais" e para que o governo federal pagasse parlamentares em troca de apoio no Congresso Nacional. Os advogados do empreiteiro afirmam ainda que o esquema foi montado pelo PT como instrumento para se manter no poder.
O executivo está preso desde 14 de novembro do ano passado, junto com outros dez empreiteiros. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Para os investigadores, a Engevix integrava um "clube" de empreiteiras que atuava como cartel. As afirmações sobre o uso de contratos superfaturados da Petrobras para objetivos políticos constam de um documento de 85 páginas entregue à Justiça como resposta à acusação.
O documento dos advogados do vice da Engevix explicita algo que já vinha sendo dito nos bastidores pelos empreiteiros. Ele traduz a estratégia jurídica desse grupo: evitar que a Petrobras seja tratada como vítima de corruptores, no caso, os empresários, e tentar unir as duas frentes de investigação da operação - uma delas, a que inclui ex-diretores da estatal, doleiros e empreiteiros, é comandada pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal no Paraná; a outra parte, a que inclui os políticos com foro privilegiado, está sob a guarda do Supremo Tribunal Federal.
Ao dizer que a corrupção na Petrobras está intrinsecamente ligada a atividades do governo e de parlamentares, os empreiteiros tentam mostrar que o caso é indissociável, a fim de que tudo seja julgado diretamente pelo STF. "Faz mais de 12 anos que um partido político passou a ocupar o poder no Brasil. No plano de manutenção desse partido no governo, tornou-se necessário compor com políticos de outros partidos, o que significou distribuir cargos na administração pública, em especial, em empresas públicas e em sociedades de economia mista", diz o documento da defesa do vice da Engevix, que é coordenada pelo criminalista Antônio Sérgio de Moraes Pitombo.
"O pragmatismo nas relações políticas chegou, no entanto, a tal dimensão que o apoio no Congresso Nacional passou a depender da distribuição de recursos a parlamentares. O custo alto das campanhas eleitorais levou, também, à arrecadação desenfreada de dinheiro para as tesourarias dos partidos políticos", prossegue o texto.
"Não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias. Nessa combinação de interesses escusos, surgem personagens como Paulo Roberto Costa, que, sabidamente, passou a exigir porcentuais de todos os empresários que atendiam a companhia", afirma a defesa.
O documento tenta deixar explícito que os empresários eram alvos de achaques dos dirigentes da Petrobras, em especial de Paulo Roberto Costa, que dirigiu a área de Abastecimento da estatal entre 2004 e 2012. "O que ele (Costa) fazia era ameaçar, um a um aos empresários, com o poder econômico da Petrobras", diz o texto. "Prometia causar prejuízos no curso de contratos. Dizia que levaria à falência quem contrastasse seu poder, sinônimo da simbiose do poder econômico da mega empresa com o poder político do governo."
'Contingência'
A defesa sustenta que a "exigência de Paulo Roberto Costa" foi a "força criadora do elemento coletivo". "Quem detinha contratos vigentes com a Petrobras sofreu achaque. Ainda que se admita, a título de argumentação, que teriam praticado crimes similares, é ínsito aos acontecimentos entender que a exigência de Paulo Roberto Costa - e demais brokers do projeto político de manutenção dos partidos na base do governo - colocou os empresários, todos, na mesma situação, não por vontade, não por intenção, mas por contingência dos fatos."
Outro lado
O Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT informaram, por meio de suas assessorias de imprensa, que não comentariam a denúncia de que a corrupção na Petrobras pagava apoio ao governo no Congresso, feita por meio de documento entregue pela defesa do empresário Gérson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix.

MILIONÁRIO CHINÊS ESPECIALISTA EM ENCARAR UM NÃO



Posso ser louco, mas não sou burro"

Jack Ma, o fundador da Alibaba, maior site de e-commerce do mundo, conta como se tornou o homem mais rico da Ásia e o 21° do mundo

Com uma fortuna avaliada em US$ 28,5 bilhões, Jack Ma é homem mais rico da Ásia. Chinês, baixo, franzino e sempre sorridente, sua riqueza impressiona. Mas o que realmente surpreende é o tempo que ele levou para acumulá-la. Em 15 anos, Ma  passou de um pequeno empreendedor com dificuldades para fechar as contas do mês para o 21° no ranking de bilionários da Bloomberg. A Alibaba, a empresa de comércio eletrônico que fundou em 1999 com US$ 60 mil, realizou no ano passado o maior IPO da história de Wall Street, ao captar US$ 25 bilhões. A história de vida de Ma, no entanto, está longe de ser uma coleção de sucessos. O empresário teve que engolir muitas decepções - como não ser aprovado três vezes para entrar na faculdade e não passar em processos seletivos para entrar na polícia local ou na rede de restaurantes KFC.
Ma leva na brincadeira - pelo menos atualmente - as vezes em que teve que encarar um não. "Falhei muitas vezes. Fui rejeitado em uns 30 empregos. Tentei uma vaga na polícia, não me quiseram. Quando o KFC chegou à China, tentei um emprego lá. Eles entrevistaram 24 pessoas e contrataram 23. Eu fui o único que ficou de fora. Tentei entrar em Harvard dez vezes. Em todas fui rejeitado. Eu sei ser rejeitado ", afirmou, em depoimento dado nesta sexta-feira (23/01), no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
O tempo iria vingar Ma. No último ano, 300 milhões de consumidores compraram nos sites da Alibaba. A companhia é responsável por cerca de 90% das transações entre consumidores e metade das vendas de empresas para clientes da internet chinesa. "Somos grandes se compararmos o que éramos há 15 anos ao que somos hoje, porém somos ainda um bebê perto do que seremos daqui a 15 anos", diz.
Pode parecer - e acabar efetivamente sendo - uma promessa vazia, mas Ma já tem prática em surpreender. "A primeira vez que fui à revista Time, eles me chamaram de 'crazy Jack' (Jack, o louco). Eu acho que a loucura é boa. Nós somos loucos, mas não somos burros. Se você não tentar, nada é possível. Se tentar, ao menos terá a esperança ", afirma. "Sabemos o que estamos fazendo, mas se todos concordarem comigo e com minhas ideias, não teremos sucesso". 
Nos primeiros cinco anos de existência da Alibaba, o empreendedor assume que só se preocupava em sobreviver, embora a companhia já tivesse alcançado certa fama. Ele conta que era comum ir a restaurantes e ter as refeições pagas por clientes que o reconheciam. "Uma vez recebi um bilhete que dizia que aquela pessoa tinha feito muito dinheiro com a plataforma da Alibaba e que sabia que eu não fazia dinheiro com ela - e por isso estava pagando a conta". Hoje, a história vira piada.
A última grande cartada da Alibaba foi seu IPO.  Apesar do sucesso da operação, Ma também passou por dificuldades antes de cair nas graças dos investidores americanos. "Em 2001, vim aos EUA tentar levantar US$ 5 milhões com fundos de venture capital . Não consegui. Agora [com o IPO], voltei e captei um pouco mais do que isso", brinca.
Apesar do feito espetacular, o empresário tenta não se deixar levar pela empolgação. "Nosso valor de mercado é hoje maior do que o da IBM ", afirma. "Há alguns anos, quando nos criticavam, eu dizia que não éramos tão ruins quanto falavam. Agora, digo que não somos tão bons quanto falam".
Os planos, no entanto, são bastante ambiciosos. Ma conta já ter feito uma aposta com um executivo sênior do Walmart de que a Alibaba será maior do que a rede varejista americana em 10 anos. "Se o Walmart quiser ter 10 mil novos clientes, ele terá que construir toda uma estrutura. Eu preciso apenas de dois servidores".
E o empresário quer ter muito mais do que 10 mil novos clientes.  Ele pretende levar a Alibaba para o mundo inteiro. "Queremos ajudar pequenas empresas a vender para todos os lugares. Ter uma plataforma global, para que uma companhia norueguesa possa vender para uma argentina".

Contato com o exterior
Com ambições de se tornar global, Ma tem familiaridade com o mundo ocidental. Ele é fluente em inglês e tem pouco sotaque. O empresário começou a aprender a língua quando trabalhou ainda adolescente como guia turístico em sua cidade natal, Hangzhou. "Quando eu tinha 12, 13 anos, não havia sequer livros de inglês onde eu morava.  Por nove anos, fui guia de graça para aprender a língua. Isso me mudou. Foi uma experiência que abriu a minha mente. Tudo o que eu ouvia era muito diferente do que meus pais e as escolas falavam".
O nome ocidental de Ma, "Jack", surgiu nessa época. Uma turista de quem ele ficou amigo e passou a se corresponder reclamou da dificuldade em pronunciar seu nome chinês, Ma Yun. Ela propôs então o uso de "Jack". "Ela me disse: meu pai se chama Jack, meu marido se chama Jack. Posso te chamar de Jack? Eu aceitei", conta.  
A primeira visita aos EUA veio em 1995. Nesta viagem, Ma foi visitar um amigo em Seattle. Foi quando ele foi apresentado à internet. Não foi amor à primeira vista. "O sistema era bastante lento. Computador era algo muito caro na China. Se eu gostasse, não poderia pagar", diz. Relutante, ele testou uma busca. Procurou pela palavra cerveja. Encontrou vários resultados sobre cervejas alemãs, americanas, japonesas ... mas nada sobre cervejas chinesas. Fez uma nova busca. Desta vez, por China. Nenhum resultado.
Ma, com a ajuda de alguns amigos, decidiu então fazer uma página para anunciar seus serviços de tradução para o chinês. Era uma página bem simples e feia, segundo conta. Ela entrou no ar às 9h40. Às 12h30, ele já havia recebido cinco e-mails. "Meu amigo me ligou empolgado para dizer que tinham chegado e-mails. Minha resposta? O que são e-mails?". As pessoas que haviam escrito as mensagens diziam que nunca tinham visto um site sobre a China na internet e sugeriam se era possível fazer algum negócio juntos.
O empresário voltou para a China e abriu a China Pages, uma companhia de criação de sites para pequenas empresas. Depois, aceitou um emprego no governo. Dessa época, ela guarda uma lição: "apaixone-se pelo governo, mas não se case com ele". A próxima empreitada foi a vencedora fundação da Alibaba.

Ousar
Nos primeiros três anos, a Alibaba não faturava. A plataforma funcionava basicamente como um ponto de encontro entre consumidores e empresas. "Não podíamos realizar as transações por conta de restrições regulatórias. Os bancos não queriam entrar no negócio. Foi quando ouvi numa palestra que liderança é assumir responsabilidades. Decidi então que faríamos. Falei aos meus colegas que se algo desse errado eu que iria para a prisão". Nascia então a Alipay, uma empresa de pagamentos eletrônicos. A decisão foi recebida com ceticismo. Disseram a Ma que essa era a ideia mais estúpida que ele havia tido. Atualmente,  800 milhões de clientes usam a Alipay.
Uma das principais inspirações de Ma para administrar seu negócio vem do filme Forrest Gump. "Eu amo o Forrest Gump. A mensagem é: simplicidade, nunca desista , acredite no que está fazendo, goste do que está fazendo, mesmo que os outros não entendam", diz. "A vida é mesmo como descrita no filme: 'uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que irá encontrar'". 
O tai chi, praticado pelo empresário, é outra fonte de inspiração. "Eu uso a filosofia do tai chi nos negócios: tenha calma, sempre há uma saída, busque seu equilíbrio. Eu não odeio o eBay, por exemplo. É ele que me ajuda a ter equilíbrio". E de equilíbrio a Alibaba irá precisar se quiser  levar seu modelo chinês de sucesso para o resto do mundo.

É LADRA OU NÃO?



E se Graça Foster for ladra?

Mário Magalhães 

Tenho convicção de que não é, a julgar pelo testemunho de amigos e conhecidos que acompanham há muito tempo a trajetória da presidente da Petrobras.
A impressão é referendada pela investigação que devassa a empresa criada em 1953 e descobre uma falcatrua atrás da outra. Nenhuma com indício de participação de Maria das Graças Foster.
Até estourar o escândalo em curso, a imagem de competência da engenheira era praticamente unânime.
Graça Foster não é larápia. Mas se fosse?
Do noticiário recente, impressiona a autonomia que diretores e gerentes da Petrobras tinham ou têm para exercer de gatuno.
Existem conselhos e outros colegiados, mas está claro que suas funções são protocolares. Os mecanismos fiscalizadores não funcionam.
Noutras palavras, se executivos que não se tornaram cabeça da companhia roubaram tanto, confessadamente, imagina se um presidente quiser meter a mão no patrimônio alheio. O estrago será mais grave.
Depende-se da integridade do presidente, porque os controles são fragilíssimos.
A Petrobras foi criada contra interesses poderosos. Desde então foi sabotada pelos inimigos do monopólio estatal do petróleo. Nos anos 1990, eles lograram sucesso, e “o petróleo é nosso'' virou slogan do passado, pelo menos “é 'só' nosso''. Hoje e ontem um consórcio de empresários privados e servidores públicos corruptos, incluindo políticos, sangra ainda mais a empresa que representou e representa uma conquista do povo brasileiro.

PROBLEMA DO BRASIL É LIDERANÇA



Líderes carismáticos não são solução para América Latina, diz Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco
Especialistas enfatizam em Davos momento difícil pelo qual passa economia brasileira

O Brasil está enfrentando uma série de dificuldades na economia doméstica. O cenário global — sobretudo em razão da queda dos preços das commodities - tampouco tem ajudado o país. Por isso, ajustes precisam ser feitos. Foi o que defendeu nesta quarta-feira (21/01) o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Para ele, “vamos continuar passando por um momento de pouco crescimento nos próximos anos”.
Durante um painel dedicado ao contexto latino-americano, especialistas destacaram a fase difícil pela qual passam países como Brasil, Argentina e Venezuela, enquanto elogiaram Colômbia, Bolívia e Equador.
O intelectual venezuelano Moisés Naím, editor-chefe da revista Foreign Policy, destacou que todos os países da região têm duas coisas em comum: as instituições continuam fracas e o governo tem de lidar com massas insatisfeitas. A vida dos cidadãos melhorou na última década e eles não querem abrir mão do novo padrão de vida que atingiram. O povo latino-americano, diz Naím, não aceita mais a desigualdade social e a corrupção.
Marcelo Neri, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, reforçou a importância da última década no combate à desigualdade. No entanto, reconhece que “não estamos tão bem” em crescimento e, no que se refere à desigualdade, “parados”. Segundo ele, o Brasil precisa descobrir como se destacar nos dois quesitos ao mesmo tempo, além de investir em educação e engajar a juventude. Neri afirmou ainda que parte da insatisfação dos brasileiros é “efeito colateral” do desenvolvimento. Ele disse que as pessoas só reclamam do trânsito, por exemplo, porque agora conseguem adquirir um automóvel.
Setubal completou comentando as manifestações de junho de 2013. Disse que agora as pessoas se mostram cansadas de problemas como corrupção e ineficiência — então o governo tem de lidar com mais pressão. Ele apontou que a corrupção passou a deixar as pessoas mais irritadas, principalmente, porque elas pararam de melhorar de vida.
Quando um integrante da plateia perguntou sobre o porquê de haver tanto “pessimismo” e falta “ambição e vontade inovar” na América Latina,  Naím foi firme ao discordar de que os países da região precisavam de ambição e criatividade. Segundo ele, esses dois pontos são comuns em líderes como Hugo Chávez, Néstor Kirchner, Dilma Rousseff e Lula — que realizam feitos “sem precedentes”, mas com execução ruim.
“A ‘boa ambição’ é positiva, mas concordo totalmente com Moisés”, afirmou Setubal. “Quando falamos sobre ambições, na nossa região, elas são acompanhadas por líderes carismáticos. E não acho que é o que precisamos — embora nossa região seja a melhor para fazer líderes carismáticos, somos muito bons nisso. Essa não é a solução. Já sofremos muito por causa disso. O caminho é construir uma democracia forte, instituições fortes e dar ênfase à educação. Temos que trabalhar duro.”

GOVERNO CONTA COM O APOIO DO STF PARA EMPAREDAR O CONGRESSO

  Brasil e Mundo ...