quinta-feira, 21 de setembro de 2023

STF CAMINHA PARA TORNAR INSCONSTITUCIONAL A TESE DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 SOBRE DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS

 

História por Rayssa Motta • Jornal Estadão

Ao bater de frente com o Congresso para julgar o marco temporal, o Supremo Tribunal Federal (STF) banca uma disputa institucional que não deve ser encerrada ao término da votação.

julgamento é considerado histórico e uma das principais marcas da gestão de Rosa Weber na presidência do Supremo. Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

A Corte caminha para declarar inconstitucional a tese que diz que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. O placar chegou a cinco a dois nesta quarta-feira, 20, com o voto do ministro Dias Toffoli contra o marco temporal. O julgamento será retomado nesta quinta-feira.

O processo foi pautado em um momento em que o debate sobre o tema avança no Congresso. A Câmara dos Deputados aprovou, em maio, um projeto de lei para restringir as demarcações. A proposta está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Ao colocar a ação na pauta, a presidente do STF, Rosa Weber, contrariou a bancada ruralista e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), simpático ao projeto de lei. Deputados e senadores ligados ao agronegócio esperavam dissuadir a Corte de retomar o julgamento.

A ministra, conhecida pela defesa de pautas de direitos humanos, corre contra o tempo para votar no caso. Ela se aposenta compulsoriamente no final do mês e sinalizou aos colegas que não gostaria de deixar o tribunal sem participar da votação. O julgamento é considerado histórico e uma das principais marcas de sua gestão como presidente do Supremo.

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que, se os ministros decidirem que a tese é inconstitucional, o projeto de lei será colocado em xeque. O PL trata de outros temas, que podem seguir tramitando, mas o trecho sobre o marco temporal precisará ser revisto.

“Entendo que o PL, internamente, até poderia tramitar contudo o STF poderia novamente declarar sua inconstitucionalidade. Ou seja, ele seria inócuo. Não surtiria efeitos na prática”, explica o constitucionalista Georges Abboud, sócio do Warde Advogados e professor da PUC de São Paulo.

Lideranças indígenas acompanham julgamento do marco temporal no plenário do STF. Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF© Fornecido por Estadão

Se os parlamentares insistirem na votação do PL, o Supremo Tribunal Federal tem pelo menos dois caminhos disponíveis. O primeiro, mais cauteloso, é aguardar a movimentação no Congresso e, se o projeto for promulgado, esperar o ajuizamento de alguma ação para eventualmente derrubar o texto. A segunda alternativa seria um controle prévio de constitucionalidade. A atuação preventiva acontece, via de regra, quando há risco de violação de cláusulas pétreas da Constituição.

“O Supremo dará uma decisão que, seguramente, será de bom senso, mas um PL não tem qualquer possibilidade de se sobrepor à Constituição. O que está em jogo é a interpretação da Constituição dada pelo seu máximo interprete que é o Supremo Tribunal Federal. Um PL não vai alterar isso”, defende o ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo Belisário dos Santos Júnior, sócio do Sócio de Rubens Naves Santos Jr. Advogados.

O ex-secretário avalia que, a partir do julgamento do STF, se confirmada a derrubada da tese do marco temporal, mesmo uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) teria dificuldades de prosperar: “A Constituição dá um tratamento muito digno aos povos indígenas e assegura o direito originário sobre as terras que ocupavam tradicionalmente.”

Até o momento, os ministros Edson Fachin (relator), Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli votaram para derrubar o marco temporal por entenderem que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa. Os ministros Nunes Marques e André Mendonça votaram a favor da tese.

O julgamento também gerou embate com o Executivo. Os ministros vão decidir, ao fixar uma tese sobre o tema, se a União é obrigada a indenizar proprietários expropriados em nome da demarcação de terras indígenas. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teme que as indenizações travem processos em curso.

A Advocacia-Geral da União (AGU) argumentou junto ao STF que o impacto nos cofres públicos será ‘incalculável’. O ministro Alexandre de Moraes, que defende a proposta, rebateu no plenário e chegou a dizer que o problema no ritmo das demarcações não são as indenizações e sim a ‘vontade política’ do Congresso e da Presidência da República.

ENCONTRO DE ZELENSKY E LULA EM NY

História por RFI •

Zelensky apresenta seu plano de paz a Lula, em um encontro “honesto e construtivo”© Via REUTERS – BRAZIL PRESIDENCY

A imprensa francesa desta quinta-feira (21) destaca os esforços do presidente Volodymyr Zelensky, na Assembleia-Geral da ONU e no Conselho de Segurança, para convencer países reticentes a apoiar Kiev. O jornal Les Echos aborda o encontro do líder ucraniano com Lula, que prometeu manter “o diálogo aberto” entre as duas nações. 

“Na tribuna da ONU, Zelensky tenta convencer os indecisos” é o título de uma matéria do jornal Les Echos, que destaca o discurso do presidente ucraniano da véspera. Falando ao Conselho de Segurança das Nações Unidas pela primeira vez desde o início da invasão russa, ele denunciou uma agressão “criminosa e injustificada” de Moscou, com o objetivo de “tomar o território e as riquezas da Ucrânia”. 

Les Echos também destaca que na terça-feira, na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Zelensky apelou aos Estados membros a tomarem uma posição firme diante do conflito sobre o qual cerca de 30 países preferem manter uma postura neutra. Não é à toa que em seus encontros bilaterais o presidente ucraniano defendeu uma “Fórmula de Paz”, especialmente na reunião com o presidente Lula, afirma a matéria, lembrando que Kiev prepara uma “Cúpula Mundial para a Paz”. 

Em sua conta no X (ex-Twitter), Zelensky classificou o encontro com o líder petista como “honesto e construtivo”. “Instruímos nossas equipes diplomáticas a trabalharem nos próximos passos da nossa relação bilateral e esforços para a paz”, publicou.

Mesmo tom do lado de Lula, que publicou no X uma foto apertando a mão do presidente ucraniano. “Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países”, afirmou o líder petista.

Batalha diplomática continua

O jornal La Croix ressalta que “a batalha da Ucrânia” continua nesta quinta-feira em Washington, com conversas sobre a assistência financeira americana à Ucrânia. Zelensky voltará a se reunir com o presidente Joe Biden e também com o chefe dos republicanos na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy. 

Segundo o diário, os encontros ocorrem em um contexto de incertezas sobre o futuro do apoio dos Estados Unidos à Kiev. No centro das discussões está um montante de US$ 24 bilhões de ajuda militar e econômica que o governo Biden pediu que o Congresso aprove até 30 de setembro. No entanto, parte dos políticos republicanos e eleitores conservadores são reticentes quanto ao apoio do país à Ucrânia, temendo que a guerra dure muitos anos, não tenha uma saída clara, custando vidas e um preço alto aos cofres do Estado,

 

HÁ 444 MIL PROCESSOS AGUARDANDO ANÁLISE MANUAL DO INSS E AINDA FALTA VERBA

 

História por IDIANA TOMAZELLI • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) alertou a equipe econômica da necessidade de reforçar o orçamento do órgão em mais R$ 3,2 bilhões neste ano para honrar o pagamento de benefícios previdenciários e compensações devidas a estados e municípios.

Em ofício obtido pela Folha de S.Paulo, o órgão afirma que o enfrentamento à fila de segurados impulsionou o número de concessões de benefícios, tornando necessária a ampliação dessa despesa em R$ 1,646 bilhão.

O órgão diz ainda que a previsão de gastos com a compensação previdenciária cresceu R$ 1,595 bilhão, o que também demandará ajuste no Orçamento. Essa compensação é devida quando um antigo segurado do INSS acaba se aposentando pelo regime próprio de algum estado ou município.

As informações constam em nota técnica produzida pelo INSS para subsidiar o relatório de avaliação de receitas e despesas do 4º bimestre, que será divulgado na próxima sexta-feira (22).

Segundo interlocutores do governo, embora o documento tenha sido formalizado na última segunda (18), emissários da Previdência já haviam relatado à equipe econômica o aumento das despesas com benefícios na semana passada, o que acendeu um sinal amarelo nos bastidores.

Como se trata de uma despesa obrigatória, o governo precisa acomodá-la sob os limites de gasto ainda vigentes para 2023 –o que pode significar novos bloqueios. O governo já precisou travar R$ 3,2 bilhões dos ministérios até julho para evitar o descumprimento de regras fiscais.

Havia expectativa de que o relatório de setembro já indicasse a existência de espaço para um desbloqueio de recursos, mas a surpresa no INSS pode frustrar essa intenção.

Segundo técnicos ouvidos pela reportagem, algumas reduções em despesas discricionárias ligadas à saúde e na previsão de despesa com pessoal podem compensar parte do baque vindo da Previdência, mas talvez não o suficiente para permitir o desbloqueio.

No ofício, o INSS faz alerta de que o quadro pode se agravar nos próximos meses. Desde o início do ano, o órgão identificou um crescimento médio de 0,39% ao mês nos valores da folha de pagamento de benefícios. Segundo os técnicos, trata-se de um “aumento significativo na média”.

O documento salienta que “avaliações futuras poderão demandar incrementos adicionais na dotação orçamentária, especialmente se o crescimento vegetativo das despesas previdenciárias se mantiver acima das projeções atuais”.

A maior fonte de combustível para essa projeção se realizar é o Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que vem sendo colocada em prática por meio da implementação de um bônus para servidores do INSS e peritos.

A cada análise extra concluída, eles recebem R$ 68,00, no caso de avaliação administrativa, ou R$ 75,00, no caso de perícia médica.

A fila do INSS acumula pelo menos 1,69 milhão de pedidos –o número está sob escrutínio após divergências entre relatórios revelarem o sumiço de 223 mil requerimentos, como mostrou a Folha de S.Paulo.

A intenção do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, é regularizar a situação até o fim do ano, para que não haja mais pedidos sem resposta há mais de 45 dias.

Para técnicos do governo, a situação demonstrada no ofício apenas reforça a existência de uma prática que se tornou recorrente nos últimos anos: a subestimação da despesa com a Previdência Social no Orçamento.

O ano começou com R$ 835,2 bilhões reservados para o gasto apenas com benefícios, valor que subirá a R$ 839,9 bilhões após o relatório do 4º bimestre –uma diferença total de R$ 4,7 bilhões.

Para o ano que vem, como mostrou a Folha de S.Paulo, o governo não considerou eventual redução da fila de espera do INSS e ainda abateu R$ 12,5 bilhões a serem economizados com revisão de benefícios, em uma mudança de última hora vista com desconfiança e ceticismo dentro e fora do governo.

No Comprev, há também sinais preocupantes na avaliação de interlocutores do governo. Além da necessidade de recursos extras em 2023, o ofício pede à equipe econômica a liberação com “urgência” de outro R$ 1,3 bilhão já alocado para essa finalidade, “com um prazo crítico até 30 de setembro de 2023”.

“A maior parte do crédito disponível já foi utilizada, e o montante restante precisa ser alocado até 30 de outubro de 2023 para garantir a aderência ao princípio da competência e evitar possíveis encargos decorrentes de atrasos no pagamento. Essa urgência se tornou evidente devido ao aumento significativo das despesas nas competências mais recentes”, diz o documento.

Além disso, a despesa total da compensação para 2023 está em R$ 7,3 bilhões –mais do que os R$ 6 bilhões inicialmente reservados para o ano que vem.

O Comprev acaba configurando um repasse estratégico para estados e municípios, que têm regimes previdenciários deficitários e encontram nessas compensações uma importante fonte de receitas.

Cada vez que um antigo segurado do INSS migra para um regime próprio desses entes, a Previdência Social precisa repassar a eles as contribuições já recolhidas –isso é o que constitui a compensação.

O tema, porém, é um alvo histórico de impasse. Há quase 444 mil processos aguardando análise, feita hoje de forma manual.

Um processo de automatização está em curso, mas sua implementação pode pressionar ainda mais as despesas do governo. Estimativas internas mostram que o gasto do Comprev pode passar de R$ 6 bilhões para R$ 15 bilhões em 2024.

DECISÃO DO STF SOBRE A COBRANÇA DO IMPOSTO SINDICAL DEIXOU VÁRIAS DÚVIDAS PARA EMPREGADOS E EMPRESAS

 

História por CRISTIANE GERCINA • Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um sindicato de Sorocaba e região virou motivo de polêmica entre trabalhadores e nas redes sociais após a convenção coletiva da categoria de 2023/2024 trazer a cobrança de contribuição assistencial de 12% sobre salários dos profissionais ou pagamento de uma taxa de R$ 150 para quem se opuser à cobrança.

Embora as negociações entre o Seaac, sindicato que representa o setor de agentes autônomos, e as empresas tenham ocorrido antes do julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a contribuição assistencial, as exigências da convenção chegaram aos trabalhadores na semana passada, após a decisão da corte, o que aumentou a indignação de quem é contra.

Em julgamento que terminou na segunda-feira (11), os ministros definiram que é constitucional a cobrança de contribuição assistencial de trabalhadores, sindicalizados ou não, desde que definida em assembleia e com direito à oposição.

Desde sexta-feira (15), trabalhadores têm procurado a entidade com cartas para rejeitar a cobrança. O prazo final para dizer que não quer pagar a contribuição terminaria no sábado (16), mas foi prorrogado pelo sindicato até esta quarta-feira (20).

O assunto veio à tona ao ser publicado no X, ex-Twitter, pelo vereador Ramiro Rosário (PSDB), de Porto Alegre. Nas redes, o parlamentar detalhou parte do texto da convenção coletiva e condenou a medida, ligando-a ao que foi julgado pelos ministros.

“Sindicato exige 12% do salário do trabalhador no ‘novo imposto sindical’, dá apenas dez dias para oposição e cobra ‘pedágio’ de R$ 150 para quem se opuser. Surreal! Já começaram os abusos sindicais”, disse, em publicação que já tem quase 700 mil visualizações.

Em entrevista à reportagem, ele contou que foi procurado por parente de uma trabalhadora da cidade, que estava “apavorada” pelo curto prazo para se opor ao pagamento, cujo encerramento seria no dia seguinte ao que ela fez a denúncia.

“A questão da imposição do prazo é completamente ilegal. O trabalhador tem o direito de fazer oposição a qualquer tempo. O ‘pedágio’ também é absurdo. Taxa única também é ilegal, não pode ocorrer. Agora, os 12% acabaram não sendo ilegal, mas [a cobrança] é imoral.”

A assistente financeira, que não quis ser identificada e cuja denúncia chegou ao sindicato, conta que é funcionária de uma administradora de condomínios há cinco anos e que, desde a reforma trabalhista —quando o imposto sindical chegou ao fim—, nunca lhe foi cobrado qualquer valor. Na ocasião, levou carta de oposição ao sindicato.

Uma colega, que trabalha na mesma empresa há sete anos, também se lembra de ter feito a carta de próprio punho se opondo à cobrança de contribuição e afirma que os valores da atual convenção são muito altos.

As duas reclamaram do curto prazo para se opor e também disseram que o sindicato dificultou ao máximo esse posicionamento. Elas relatam que o chefe recebeu a carta na quarta-feira (13) sobre a cobrança, foram avisadas no dia seguinte e tinham até sábado para recusar pagá-la.

Elas contam também que passaram cerca de uma hora na fila na sexta (15), sob o sol para entregar o documento de oposição, que estava digitalizado. No entanto, ele não foi aceito.

Tiveram então de fazer duas cartas, a próprio punho, para dizer que não pagariam os valores. Recusaram-se ainda a assinar o termo que autorizaria o desconto de R$ 150 da taxa negocial da categoria. Ambas disseram que não pagarão.

Na convenção coletiva a que a reportagem teve acesso, o sindicato determina o pagamento de contribuição assistencial de 12% sobre o salário, parcelada em até quatro vezes, com descontos de 3% em setembro e novembro deste ano e janeiro e maio de 2024. Há limite de R$ 90 por trabalhador e por mês.

Caso não queiram pagar, os profissionais tinham até dez dias para se opor, a contar da data de assinatura da convenção coletiva (6 de setembro).

O documento traz ainda uma opção à contribuição assistencial, com o pagamento da taxa negocial de R$ 150, a ser descontada no mês de novembro, “para garantir a manutenção dos direitos coletivos abrangidos pelo instrumento normativo”.

Segundo Artur José Aparecido Bordin, presidente do sindicato há dez anos, a contribuição assistencial foi debatida e aprovada em assembleia da categoria em maio, da qual poucos trabalhadores participaram.

Segundo ele, a base de representação sindical está em torno de 10 mil profissionais na região, mas cerca de 10% estiveram na assembleia que aprovou as negociações entre sindicato de empregados e das empresas.

Bordin afirma que, na ocasião, houve convocação de trabalhadores para a assembleia, com publicação de edital em jornais de circulação nacional. Na entrevista, chegou a dizer que “inclusive o STF decidiu agora”, mas ao ser questionado sobre a legalidade e as datas da negociação —antes do julgamento—, disse que os trabalhadores pagam se quiserem ser beneficiados.

“[Tem de] Pagar uma ou outra. Se você não quiser ser beneficiado, não paga nenhuma”, afirmou, justificando que o pagamento seria forma de reconhecimento do trabalho do sindicato e que há direito de oposição. “Eu não posso tirar dinheiro.”

“Aí ele vai negociar com a empresa dele. Aí o trabalhador negocia direto com a empresa. Direto com a empresa”, disse.

O sindicalista denunciou o que disse chamar de prática antissindical, com empresas levando os trabalhadores em seus próprios carros à sede do sindicato para se opor à cobrança, e justificou os 12% de contribuição assistencial como sendo 1% ao mês.

“Eu acredito que vai ter de legalizar alguma coisa. Eu acho que eles vão ter de ir em cima, o Congresso, o Senado, vai ter de legalizar alguma coisa. Deixar isso mais bem esclarecido para não acontecer isso que está acontecendo.”

Nesta terça (19), a reportagem esteve na sede do sindicato e conversou com trabalhadores que foram até o local entregar a carta de oposição. Todos disseram que são contra a instituição da contribuição assistencial.

Alguns afirmaram que o valor é alto, mas mesmo que fosse menor, faria falta no orçamento em momento no qual ainda se recuperam de dificuldades financeiras.

A convenção coletiva da categoria determinou reajuste de 4,53% (3,53% de inflação mais 1% de aumento real), vale-refeição ou vale-alimentação de R$ 27,50 adicional de permanência a cada três anos de R$ 80,48, complementação do auxílio-previdenciário de R$ R$ 3.077,36, auxílio-creche de R$ 429,61 e seguro de vida com prêmio de R$ 19.829,34.

O piso da categoria é R$ 1.725,41 na primeira faixa e R$ 1.837,27 na segunda faixa.

O QUE FAZER PARA NÃO SER COBRADO

O advogado Pedro Aires, do escritório Bastos-Tigre, afirma que o artigo 513 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) dá ao sindicato o direito de impor tais contribuições, como a contribuição assistencial, que deve ser discutida em assembleia.

Segundo ele, não há como se falar em cobrança abusiva sobre o percentual de 12%, mas o que ocorre é que, na prática, os sindicatos colocam uma série de “obstáculos” para dificultar o exercício do direito de oposição pelo trabalhador.

Dentre os obstáculos citados por ele estão prazo improrrogável para o empregado se opor, normalmente de poucos dias, obrigação de comparecer pessoalmente no sindicato para fazer um pedido a próprio punho —em geral, em horário comercial— e início do prazo de oposição a partir da assinatura ou homologação da convenção.

O advogado trabalhista José Eduardo Pastore, do Pastore Advogados, diz que a decisão do Supremo não tratou sobre as cobranças de contribuição assistencial, já permitidas em lei, mas definiu que pode haver pagamento dessa taxa também por não sindicalizados, desde que definido em assembleia e com direito à oposição.

Para ele, no entanto, a decisão ainda precisa de esclarecimentos, já que deixou em aberto vários pontos, que trazem dúvidas a empregados, empresas e sindicatos.

Aires orienta os trabalhadores sobre o que fazer em casos como este. “Em primeiro lugar, ficar atento às negociações coletivas do seu sindicato, principalmente para evitar a perda de um eventual prazo ao direito de oposição.”

Caso não fique sabendo do prazo ou não consiga comparecer por ser em horário comercial, deve fazer contato formal com a entidade, com envio de email para registrar seu direito de oposição e, se não for atendido, deve buscar o Judiciário.

STF INICIOU O RETROCESSO NO COMBATE À CORRUPÇÃO

 

História por Alexander Busch • DW Brasil

Decisão do ministro Dias Toffoli de invalidar provas do acordo de leniência da Odebrecht foi retrocesso no combate à corrupção e para a segurança jurídica no Brasil.

Decisão de Dias Toffoli terá amplas consequências sobre processos e vereditos© Getty Images/AFP/V. Silva

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) adaptam com rapidez suas decisões ao sabor dos ventos políticos. Uma prova convincente disso foi dada dias atrás pelo ministro Dias Toffoli.

Numa argumentação de 145 páginas, ele declarou nulas as provas produzidas no acordo de leniência da Odebrecht e que embasavam inúmeros processos e inquéritos. O motivo: a nulidade dos dados com os quais a empresa confessou e provou sua participação. Regras para a preservação da integridade desses dados não teriam sido respeitadas.

Com isso Toffoli lançou uma bomba de amplas consequências na Justiça brasileira: em breve não apenas os vereditos do caso Odebrecht, mas todos os vereditos do processo de corrupção da Lava Jato, que estremeceu a política e a sociedade brasileiras a partir 2014, deverão ser invalidados.

Centenas de políticos poderão ser absolvidos a posteriori. Já procuradores e juízes que participaram das investigações poderão agora serem levados aos tribunais.

A Transparência Internacional teme que a decisão de Toffoli leve a uma impunidade generalizada em crimes de corrupção. A ONG espera que o STF ainda reverta a decisão do ministro, antes que ela cause estragos à imagem do Brasil no exterior. Mas isso é improvável.

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) recorreu da decisão. Agora a Segunda Turma do Supremo terá que decidir se mantém a decisão de Toffoli.

Juristas econômicos em São Paulo avaliam que os quatro juízes dessa turma presidida por Toffoli pouco interesse terão em alterar a decisão. Para alguns deles, todos os vereditos e provas coletadas pela Lava Jato são inválidos porque o então juiz Sergio Moro agiu em conluio com alguns procuradores. Foi com esse argumento que o STF liberou o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva da cadeia, em 2019. Também a condenação dele por corrupção foi anulada com esse argumento.

“Os procedimentos certamente tiveram falhas e erros”, declarou o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Ubiratan Cazetta. Mas a corrupção de proporções históricas não foi inventada, acrescentou. “O que vai acontecer agora com as confissões e as indenizações pagas?”

Triunfo político de Lula

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trata-se de um triunfo político a posteriori. Ele e o PT, assim como as empresas envolvidas, há muito tentam se apresentar como vítimas da Justiça. A aliança de esquerda de Lula no Congresso tenta impor um perdão das multas às empresas. O argumento é de que a culpa não é delas nem dos funcionários delas, mas de alguns diretores. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), até agora as empresas pagaram 28% das multas.

Emílio Odebrecht, o patrão que mantém o controle também na sucessora da Odebrecht, a Novonor, acabou de lançar o livro Uma guerra contra o Brasil, no qual ele interpreta as investigações de corrupção como um ataque à soberania do Brasil. Seguro de si, Odebrecht, assim como as empreiteiras excluídas de concorrências públicas desde os vereditos, exige novamente financiamento estatal de projetos. E também para projetos na África, onde elas anteriormente confessaram corrupção em grande estilo.

O governo Lula também tornou menos severas leis que deveriam dificultar a corrupção. Posições de liderança em empresas estatais podem, novamente, serem preenchidas com políticos, e não apenas com especialistas.

Há muitos sinais de que, no combate à corrupção no Brasil, a roda da história parece estar girando de novo para trás. Isso é um retrocesso para o Brasil.

Há mais de 30 anos, o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul. Ele trabalha para o Handelsblatt e o jornal Neue Zürcher Zeitung. Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em Salvador. É autor de vários livros sobre o Brasil.

Autor: Alexander Busch

PEC ISENÇÃO DE IMPOSTOS PARA IGREJA E OUTROS NÃO DEVE PASSAR

 

História por Notas & Informações • Jornal Estadão

Com os votos de deputados da base do governo e da oposição, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 5/2023, que amplia a imunidade tributária concedida a igrejas, partidos políticos, sindicatos e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos. Só a mixórdia de entidades agraciadas pela proposta do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) já demonstra quão desvirtuada é essa PEC.

Quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), encaminhou a PEC 5/2023 para deliberação da CCJ, em março passado, este jornal advertiu que a proposta é uma “subversão do princípio fundante desta República, a igualdade de todos perante a lei”, razão pela qual deveria ser rejeitada pelo colegiado (ver o editorial A PEC da exploração da fé, 22/3/2023). Agora, o texto avançou para análise de uma comissão especial antes de ser submetido ao plenário da Casa. O Estadão reitera: a PEC 5/2023 não deve prosperar.

A Constituição impede a cobrança de impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços essenciais prestados por aquelas entidades. A imunidade tributária, particularmente no caso das igrejas, é fundamental para que uma determinada denominação religiosa não seja impedida de professar sua fé simplesmente por falta de dinheiro para arcar com os custos de manutenção de seus locais de culto. Não fosse assim, tratar-se-ia de uma flagrante violação do próprio texto constitucional, que garante a liberdade religiosa no País. Porém, a “PEC da exploração da fé”, como este jornal a designou, vai além do mínimo necessário para a salvaguarda desse direito.

A PEC 5/2023 nada tem a ver com liberdade religiosa nem com pluralismo político, como apregoam seus arautos. O texto deve ser rejeitado pela comissão especial e, caso seja aprovado no colegiado, não deve prosperar no plenário da Câmara porque não passa de uma dissimulação para enriquecer ainda mais algumas dessas denominações ditas religiosas – além de partidos políticos, sindicatos e organizações assistenciais de fachada –, que brotam todos os dias nas esquinas Brasil afora e parecem muito mais interessadas em explorar as finanças de seus fiéis e dos contribuintes do que em oferecer conforto espiritual a todos os que batem às suas portas.

Caso seja promulgada, a PEC 5/2023 estenderá a imunidade tributária das igrejas, partidos políticos e outras entidades para a aquisição de bens e serviços que sejam tidos como “necessários à formação de patrimônio, à geração de renda e à prestação de serviços” – algo que, convenhamos, é muito difícil de aferir. A compra de um carro de luxo ou de um jatinho em nome de uma igreja, por exemplo, pode ser considerada “essencial” para que um líder religioso exerça seu ministério. Se o indivíduo, de fato, estará a caminho de compromissos espirituais ou mundanos a bordo do veículo, só sua consciência vai dizer. O mesmo ocorrerá com dirigentes partidários ou sindicais, que poderão até mesmo pagar contas de serviço mais baratas desde que as vinculem às entidades das quais fazem parte. É um acinte.

A proposta do deputado Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, é inconstitucional. Todos são iguais perante a lei. Eis o princípio republicano fundamental consagrado no caput do art. 5.º da Lei Maior. Por que um líder religioso poderia adquirir um bem pagando menos imposto do que pagaria qualquer outro cidadão que não esteja à frente de uma igreja? Por que um líder partidário ou sindical pode recolher menos impostos na aquisição de bens e serviços apenas porque ocupa cargo de liderança num partido ou sindicato?

A PEC 5/2023 não deve ir adiante porque estabelece “categorias” distintas de cidadãos no que concerne às suas obrigações tributárias – como, por exemplo, a divisão entre leigos e religiosos. Ademais, a proposta é moralmente inaceitável, pois não se trata de outra coisa senão de uma tentativa canhestra de monetizar a religiosidade do povo brasileiro, que deve ser respeitada e protegida, não explorada.

TENSÃO ENTRE AS COREIAS DO NORTE E DO SUL SOBRE FORNECIMENTO DE ARMAS PARA A RÚSSIA

História por Reuters • Reuters

Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, na Assembleia Geral da ONU© Thomson Reuters

NAÇÕES UNIDAS/SEUL (Reuters) – O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, disse nesta quarta-feira que se a Rússia ajudasse a Coreia do Norte a melhorar seus programas de armas em troca de assistência para a guerra na Ucrânia seria “uma provocação direta”, e que Seul e os seus aliados não ficariam de braços cruzados. 

Em discurso na Assembleia Geral anual da ONU, Yoon disse que tal cenário ameaçaria a paz e a segurança não só da Ucrânia, mas também da Coreia do Sul.

Yoon fez a declaração no momento em que o líder norte-coreano, Kim Jong Un, retornou a Pyongyang após uma viagem de uma semana à Rússia, na qual ele e o presidente russo, Vladimir Putin, prometeram aumentar a cooperação na área militar. 

Os programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte não são apenas uma ameaça existencial para a Coreia do Sul, mas também um sério desafio à paz na região do Indo-Pacífico e em todo o mundo, disse Yoon. 

“É paradoxal que um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, confiado como guardião final da paz mundial, trave uma guerra invadindo outra nação soberana e receba armas e munições de um regime que viola flagrantemente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, disse. 

Coreia do Sul e Estados Unidos expressaram preocupação com o fato de a Rússia estar potencialmente tentando adquirir munições da Coreia do Norte para complementar a queda de seus arsenais como resultado da guerra na Ucrânia, enquanto Pyongyang procura ajuda tecnológica para os seus programas nuclear e de mísseis.

“Se (a Coreia do Norte) adquirir a informação e a tecnologia necessárias para melhorar as suas capacidades em matéria de armas de destruição em massa em troca de apoiar a Rússia com armas convencionais, o acordo será uma provocação direta, ameaçando a paz e a segurança não só da Ucrânia, mas também da República da Coreia”, disse Yoon.

“A República da Coreia, juntamente com os seus aliados e parceiros, não ficarão de braços cruzados”.

(Reportagem de Hyonhee Shin e David Brunnstrom)

 

DICAS DO SERASA PARA MELHORAR A EXPERIÊNCIA DOS CONSUMIDORES E EVITAR FRAUDES

 

Serasa Experian

Material também apresenta dicas para as empresas que precisam mitigar os riscos de fraude para proteger a si e seus clientes

Períodos comemorativos no comércio são sempre uma boa oportunidade para as pessoas aproveitarem condições e descontos exclusivos – o Dia do Cliente, comemorado em 15 de setembro, é uma dessas datas especiais. Mas, com um grande volume de transações financeiras acontecendo, os brasileiros estão suscetíveis a golpes financeiros e fraudes de identidade. Segundo o Fraudômetro, primeiro contador de tentativas de fraudes em tempo real do país, até agora já foram mais de 6 milhões de tentativas estimadas de fraudes de identidade no Brasil em 2023.

A Serasa Experian, datatech líder em soluções de inteligência para análise de riscos e oportunidades com foco nas jornadas de crédito, autenticação e prevenção à fraude, separou 10 dicas para que essas situações sejam contidas em todas as épocas do ano e melhorar a experiência dos consumidores. Confira:

Desconfie de links de origem desconhecida, mesmo quando enviados por conhecidos: aplicativos mensageiros e e-mails são as origens mais comuns de links maliciosos, como os que pedem atualização cadastral em lojas, ofertas tentadoras ou promoções. Antes de clicar, certifique-se da veracidade do conteúdo.

Pesquise a idoneidade da empresa: confira os dados comerciais da empresa ao acessar o site, aplicativo de vendas ou marketplaces. Os canais virtuais devem fornecer dados como razão social, endereço, telefone e CNPJ, de preferência em sua página de entrada. Desconfie de sites e aplicativos que não seguem essa regra. Também fique atento a três elementos no endereço eletrônico: se tem o https na URL, o cadeado na barra de navegação e a inscrição ‘site seguro’. Se não encontrar, desconfie;

Cuidado com dados pessoais: não forneça suas informações por meio de e-mail, aplicativos de mensagens ou redes sociais, muito menos senhas bancárias, que são de uso privado e exclusivo;

Compra on-line? Prefira o cartão virtual: depois que estiver com seu cartão de crédito em mãos e for realizar uma compra on-line, prefira sempre que possível usar o cartão de crédito virtual, disponível no aplicativo das instituições bancárias, que gera dados diferentes para cada transação;

Tenha o hábito de consultar seu extrato e fatura do cartão de crédito: a demora em consultar o histórico permite que criminosos façam várias transações num curto intervalo de tempo. De preferência, acione o sistema do banco que emite notificações no celular sempre que a conta é movimentada;

Fique atento na hora de fazer um PIX ou pagar boletos: os golpes de boleto falso e os que utilizam o PIX na transação estão cada vez mais comuns e é preciso garantir que a operação é verídica;

Informações sobre garantias e devoluções: a política de devolução e garantia do site de e-commerce informa os prazos e condições para devolver ou trocar um produto, bem como as garantias oferecidas pela empresa. É importante ler essas informações para evitar problemas caso seja necessário devolver um produto ou acionar uma garantia;

Use dispositivos seguros: utilize Wi-Fi, computador ou smartphone seguros. Nunca faça compras virtuais por meio de computadores de outras pessoas ou usando redes públicas de Wi-Fi. Isso só aumenta a chance de ação de pessoas mal-intencionadas. Usar dispositivos e redes seguras para conectar ao Wi-Fi é importante para garantir a proteção de dados pessoais, prevenir ataques cibernéticos, proteger outros dispositivos conectados e evitar o uso de conexões não seguras;

Fuja de promoções mirabolantes: se determinado produto está com o preço tão tentador que você quase não consegue deixar de comprar, pare, respire fundo e avalie. Preços muito reduzidos podem ser sinal de tentativa de fraude. Promoções com descontos extremamente altos em relação aos preços de mercado podem ser um sinal de que algo está errado. Golpistas frequentemente usam preços muito baixos para atrair clientes, mas os produtos ou serviços anunciados podem ser falsos, defeituosos ou até inexistentes;

Guarde os comprovantes das compras: imprima ou salve no computador as telas que indicam que a compra foi realizada, anote códigos de confirmação e guarde e-mails que chegam com dados da transação. Eles podem ser úteis no futuro. Guardar comprovantes de compras online é importante para verificar as informações do pedido, rastrear a compra, acionar garantias e devoluções, controlar as finanças e comprovar despesas em alguns casos.

As empresas também têm um papel fundamental no combate às fraudes. Veja abaixo seis dicas bônus para as companhias protegerem elas mesmas e seus clientes.

Contar com uma plataforma de pagamento on-line: a empresa que deseja atuar de forma on-line, prestando serviços ou vendendo produtos, precisa ter a máxima atenção com os pagamentos. É preciso que ela adote uma operação que alie rapidez no processamento das transações à segurança;

Analisar as compras: invista em camadas preditivas de crédito e fraude, principalmente as que realizam a análise comportamental dos seus clientes e usuários. Assim, sua empresa pode avaliar o histórico do consumidor no mercado, status do seu CPF ou CNPJ, os seus hábitos e a existência de pendências em seu nome, por exemplo;

Realizar um contato prévio por e-mail ou telefone para confirmar dados ou a própria compra também é uma dica para resguardar o seu negócio contra fraudes, avaliar os riscos de uma operação e assegurar quem é quem;

Garantir que seu cliente ou usuário é quem realmente diz ser: ter acesso a um cadastro atualizado dos consumidores pode ser considerado uma estratégia para reduzir os riscos na hora de realizar uma venda;

Investir em soluções antifraude em camadas: não existe uma bala de prata que funcione para todos os casos. Por isso, é importante munir o seu negócio com tecnologias de ponta que, combinadas, ajudem a blindar todas as etapas da jornada do seu cliente.

Serasa Experian

A Serasa Experian é líder na América Latina em serviços de informações para apoio na tomada de decisões das empresas. No Brasil, é sinônimo de solução para todas as etapas do ciclo de negócios, desde a prospecção até a cobrança, oferecendo às organizações as melhores ferramentas, nas quais são embarcadas as informações do maior bureau de crédito do país, que também inclui os dados do Cadastro Positivo. Com profundo conhecimento do mercado brasileiro, conjuga a força e a tradição do nome Serasa com a liderança mundial da Experian. Criada em 1968, uniu-se à Experian Company em 2007. Responde on-line/real-time a 6 milhões de consultas por dia e protege 100 milhões de transações contra fraude por mês, auxiliando 500 mil clientes diretos e indiretos a tomar a melhor decisão em qualquer etapa de negócio.

Constantemente orientada para soluções inovadoras, a Serasa Experian vem contribuindo para a transformação do mercado de soluções de informação, com a incorporação contínua dos mais avançados recursos de inteligência e tecnologia.

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Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver, gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados satisfatórios para o seu negócio.

Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

Por que você deve contratar uma empresa para cuidar da sua Publicidade?

Existem diversos benefícios em se contratar uma empresa especializada para cuidar dos seus negócios como a Startup Valeon que possui profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto resulta em mais vendas.

Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?

A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

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A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

ZELENSKY VAI ENCONTRAR COM LULA

História por CdB – Correio do Brasil

Ao contrário do que exige o presidente ucraniano, e seus aliados, como Estados Unidos e União Europeia, o Brasil não apoia sanções contra a Rússia, que está em guerra contra a Ucrânia, e nem o isolamento do presidente russo Vladimir Putin, condenado pelo Tribunal Penal Internacional.

Por Redação, com agências internacionais – da ONU, NY-EUA

O discurso antológico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na 78ª Assembleia Geral da ONU, foi interrompido cinco vezes por palmas. Em momento algum, porém, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky aplaudiu o presidente brasileiro. Um vídeo nas redes sociais mostra as reações de Zelensky durante as palmas a Lula, ficando imóvel nelas todas.

Zelensky esteve presente à Assembleia da ONU, e criticou a Rússia© Fornecido por Correio do Brasil

Ao contrário do que exige o presidente ucraniano, e seus aliados, como Estados Unidos e União Europeia, o Brasil não apoia sanções contra a Rússia, que está em guerra contra a Ucrânia, e nem o isolamento do presidente russo Vladimir Putin, condenado pelo Tribunal Penal Internacional.

Em seu pronunciamento, Lula afirmou que a guerra na Ucrânia, deflagrada pela Rússia, “escancara a nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU)”. O homólogo ucraniano, Volodmir Zelensky, embora não tenha aplaudido, manteve-se na plateia. Os dois líderes têm um encontro programado para esta quarta-feira.

Conflitos

— A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações”, afirmou Lula.

Ainda segundo o líder brasileiro, “investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento. No ano passado, os gastos militares somaram mais de US$ 2 trilhões. As despesas com armas nucleares chegaram a US$ 83 bilhões, valor 20 vezes superior ao orçamento regular da ONU”.

Lula também falou de outros conflitos globais.

— É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças. Bem o demonstra a dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino. A este caso se somam a persistência da crise humanitária no Haiti, o conflito no Iêmen, as ameaças à unidade nacional da Líbia e as rupturas institucionais em Burkina Faso, Gabão, Guiné-Conacri, Mali, Níger e Sudão. Na Guatemala, há o risco de um golpe, que impediria a posse do vencedor de eleições democráticas — acrescentou.

Encontro

Após a Assembleia-Geral da ONU, Lula manterá uma série de reuniões bilaterais. São elas: com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres; o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen; o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz; o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store; e o presidente do Estado da Palestina e da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

No dia seguinte, o presidente brasileiro estará com Zelensky. A guerra, provocada pela Rússia e que já completou mais de um ano, será tema central da conversa. Caso a reunião de fato ocorra, será o primeiro encontro entre os dois. Os presidentes brasileiro e ucraniano conversaram por telefone em março deste ano.

No mesmo dia, à tarde, Lula terá com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e com o presidente do Paraguai, Santiago Peña. Em seguida, o presidente voltará ao Brasil e terá um compromisso médico. Ele tem reclamado de fortes dores no quadril.

 

INVASORES AMEAÇAM GRUPOS DE INDÍGENAS ISOLADOS EM MATO GROSSO

História por Rubens Valente •

O “abraço da morte” que ameaça grupo de indígenas isolados em Mato Grosso© Fornecido por Agência Pública

Em uma área de floresta no norte de Mato Grosso, neste momento um grupo de indígenas isolados vive um dos capítulos mais ameaçadores de sua existência. Declarada como de posse permanente dos indígenas em 2016 no governo de Dilma Rousseff, a Terra Indígena (TI) Kawahiva do Rio Pardo hoje está cercada, a leste e a oeste, por focos “gigantescos” de desmatamento e constantes invasões de grileiros e madeireiros em duas reservas extrativistas vizinhas que deveriam estar protegidas pelos governos de Mato Grosso e do Amazonas.

Na última quinta-feira (14), a maior organização indígena do país, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), enviou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin um ofício de 17 páginas que denuncia um futuro a curto prazo aterrador para o grupo que vive em isolamento voluntário. “A TI Kawahiva do Rio Pardo vem sofrendo pressão tanto ao lado oeste, quanto ao lado leste, no que pode ser considerado como um verdadeiro ‘abraço da morte’, também expresso no conceito de Cercamento”, diz o documento assinado por Maurício Terena, coordenador jurídico da Apib.

Fachin é o relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 991, ajuizada em junho de 2022 pela Apib em virtude das “ações e omissões” promovidas pelo governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) que colocaram em risco os povos indígenas isolados e de recente contato no país.

Na quarta-feira (13), a Defensoria Pública da União (DPU) já havia emitido uma recomendação ao governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), declarado apoiador de Bolsonaro, à secretária de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, e ao secretário de Segurança Pública, o coronel PM César Augusto de Camargo Roveri, para que promovessem “imediatamente a desintrusão e cessação de desmatamento, extração ilegal de madeira e da reserva extrativista Guariba-Roosevelt”. A unidade de conservação de 164 mil hectares foi criada em 1996 nos municípios de Colniza e Aripuanã (MT). Desde 2019, a DPU acompanha a ameaça aos isolados e cobra uma ação efetiva das autoridades do governo estadual.

Em março passado, um destacado indigenista da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Jair Candor, que atua na frente de proteção aos isolados Kawahiva, informou, em ofício à Funai, que equipes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) “atuavam na região”, mas a atividade “tem sido cada vez menor e não tem sido suficiente para reprimir e impedir o avanço dessas invasões e desmates gigantescos”.

“Na maioria das vezes essas ações [de fiscalização] implicavam na apreensão de motosserras e outros bens utilizados em crimes ambientais, mas nem sempre com a consequente apreensão e/ou inutilização de maquinários e construções ilegais que servem de base para esses infratores. Sendo assim, mesmo com a aplicação de multas e apreensão de motosserras, esses ‘grileiros’ sentem-se encorajados a permanecerem no local, como se possuíssem o direito de ocupar essas construções”, explicou Candor. Foi uma expedição liderada por Candor em 1999 que confirmou a existência dos isolados.

No ano passado, uma operação da Sema flagrou um grupo de invasores abrindo, com retroescavadeira, uma estrada ilegal dentro da unidade de conservação. 

E não apenas os indígenas isolados estão em risco, também as próprias comunidades agroextrativistas que vivem na Reserva Extrativista (Resex) Guariba-Roosevelt estão ameaçadas pelas constantes invasões, conforme pontuou outro ofício da DPU, de abril passado, subscrito pelo defensor público federal regional de direitos humanos Renan Vinicius Sotto Mayor. Em maio de 2022, um grupo de grileiros incendiou um barracão de seringueiros no mesmo dia em que deveria ocorrer uma audiência pública organizada pelo Ministério Público de MT para discutir as invasões.

No último dia 1º de maio, a organização não governamental Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), que teve como um dos fundadores o indigenista Bruno Pereira, assassinado no Vale do Javari em junho de 2022, informou à 6ª Câmara do Ministério Público Federal (MPF) que a situação verificada na região norte de Mato Grosso é “uma das consequências da política anti-ambiental e anti-indígena levada a cabo” desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019.

Da posse de Bolsonaro até 2022, “houve um aumento substancial do desmate nas duas Resex”, diz o relatório do OPI, que denunciou também “um verdadeiro ‘abraço da morte’” contra os isolados. Durante o governo Bolsonaro, foram desmatados 55 quilômetros quadrados apenas na Resex Guariba-Roosevelt, “um incremento de mais de 180% em relação ao período 2015-2018”, diz o relatório do OPI. Na Resex Guariba, foram desmatados 11 quilômetros quadrados, um “aumento de 10.000%”.

“O território indígena está cercado por invasores que inicialmente instalaram-se na Resex Guariba-Roosevelt [Mato Grosso] e avançaram também sobre a Resex do Guariba [Amazonas]. Grileiros e madeireiros assolam também a área do município de Colniza (MT) situada na porção sudeste do entorno da terra indígena, se aproximando perigosamente de seus limites”, relatou o OPI no ofício assinado pelo seu coordenador-executivo, Fabio Nogueira Ribeiro.

Em 2016, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso havia tentado excluir 107 mil hectares da Resex Guariba-Roosevelt, mas a Justiça estadual depois tornou nulo o decreto legislativo. A tentativa de redução foi “um sinal claro aos grileiros, que invadem terras públicas e protegidas sempre na expectativa de iniciativas do poder público para regularização fundiária de invasões ilegais”, disse o OPI.

O OPI informou ainda que, “além da ausência de fiscalização dos governos estaduais e do estímulo parlamentar às invasões”, uma estrada ilegal foi aberta por grileiros e madeireiros e “tem servido de rota para os invasores que ameaçam a existência dos isolados da TI Kawahiva”.

“A estrada teria sido autorizada oficialmente pelas prefeituras de Colniza (MT) e de Nova Aripuanã (AM), garantindo acesso mais fácil de criminosos tanto à Resex Guariba-Roosevelt quanto à Resex Guariba. A via passa a menos de 3 km da terra indígena e contribui significativamente para as atividades ilegais na região. As leis municipais que possivelmente autorizaram a abertura da estrada não encontram abrigo no ordenamento jurídico, uma vez que versam sobre unidades de conservação estaduais.”

Na ADPF ajuizada pela Apib em defesa dos povos isolados, o ministro Edson Fachin determinou à União, em novembro passado, que adotasse “todas as medidas necessárias para garantir a proteção integral dos territórios com presença de povos indígenas isolados e de recente contato”. Sobre a terra Kawahiva, Fachin ordenou a apresentação de um “cronograma para conclusão da demarcação da terra indígena”.

A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão quase no final do governo Bolsonaro. O então advogado-geral, Bruno Bianco Leal, alegou que a decisão de Fachin deveria ser revogada e que as determinações do ministro “ingressam no núcleo essencial da ‘reserva de Administração’, promovendo uma verdadeira troca dos sujeitos responsáveis pela execução das políticas públicas”. Fachin rejeitou o recurso.

Embora declarada em 2016 pelo Ministério da Justiça, a Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo, com 411 mil hectares, permaneceu sem homologação pela Presidência da República ao longo dos governos Michel Temer (2016-2018) e Bolsonaro. De acordo com levantamento feito pelo indigenista Leonardo Lênin em 2016, os isolados que habitam o território são provavelmente sobreviventes de um povo falante da língua hawahiva, da família linguística tupi-guarani, como outros povos “tais como Amondawa, Parintintin, Tenharim, Karipuna, Juma”.

“No entanto, ao contrário desses outros povos, os Kawahiva do Rio Pardo são caçadores e coletores. Especula-se que deixaram de exercer a agricultura em função das estratégias de constante fuga que adotaram por conta do histórico de ataques sofridos em seu território.”

A presença dos isolados na região era conhecida desde os anos 1980, mas foi confirmada em 1999, após uma expedição realizada pela Frente de Proteção Etnoambiental Madeirinha-Juruena, da Funai. Em maio daquele ano, dois madeireiros foram surpreendidos por um grupo de indígenas isolados que jogaram contra o acampamento galhos e ouriços de castanha. Assustados, os madeireiros fugiram e relataram o evento na cidade de Colniza. A história chegou ao conhecimento do antropólogo João Dal Poz. Ele notificou o Ministério Público e a Funai, que por fim confirmou oficialmente o registro do grupo.

Os isolados do rio Pardo, ao que tudo indica, continuam empreendendo suas fugas e deslocamentos pela mata. Mas galhos e castanhas já não assustam os invasores e suas máquinas de destruição.

 

ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

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