ONU debate
agravamento da crise na Venezuela
Agência Brasil
A crise na Venezuela
é tema desta segunda-feira, (25) em Genebra (Suíça) da 40ª sessão do
Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). O
secretário-geral, António Guterres, a presidente da Assembleia-Geral, María
Fernanda Espinosa, e a alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle
Bachelet, participarão.
A reunião dura três
dias e conta com a presença de representantes de mais de 90 países, organizações
regionais e internacionais. Ontem (24) Bachelet criticou duramente os atos de
violência registrados nas regiões fronteiriças da Venezuela, e parlamentares
venezuelanos prometeram apresentar denúncia contra o governo de Nicolás Maduro
pelas ações.
O Conselho de
Direitos Humanos é composto por representantes de 47 países não permanentes.
Neste momento, Angola e o Brasil são as únicas nações de língua portuguesa
representados.
Discussões
Nesta segunda-feira
haverá discussão de alto nível sobre disseminação de direitos humanos. Amanhã
(26) será analisada a questão da pena de morte. O Dia Internacional para
a Eliminação da Discriminação Racial, em 15 de março, será marcado com um debate
sobre o crescimento do populismo nacionalista e ideologias de supremacia.
Relatores especiais
de áreas como alimentação, tortura, alojamentos, liberdade religiosa, direitos
de pessoas com deficiência e privacidade digital participarão das sessões.
Relatórios
Bachelet prepara o
relatório anual a ser apresentado no próximo dia 6. A sessão, que começa hoje e
estende-se até quarta-feira (27), discute também as situações de tensão na
Colômbia, no Chipre, na Guatemala, em Honduras, no Irã e no Iêmen.
Durante as sessões
serão fornecidas atualizações sobre as situações em países, como Síria,
Mianmar, Eritreia, Burundi, Sudão do Sul, Irã e Coreia do Norte. Palestina,
República Democrática do Congo, Mali, Ucrânia, República Centro-Africana, Líbia
e Afeganistão.
Na ocasião serão
analisados 120 relatórios, apresentados por mais de 35 especialistas e grupos
de direitos humanos. Também estão agendados nove debates gerais.
A chefe de Direitos
Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, condenou os
episódios violentos nas fronteiras da Venezuela com a Colômbia e o Brasil,
assim como no interior da Venezuela. Por meio de manifestação, via ONU, ela
criticou o uso excessivo da força usada pelas forças de segurança venezuelana.
Os atos provocaram mortes e feridos nas áreas fronteiriças.
"As pessoas
foram assassinadas, outras foram supostamente feridas, das quais nunca vão se
recuperar completamente, incluindo a perda da visão”, ressaltou Bachelet,
ex-presidente do Chile e médica. “O governo venezuelano deve parar suas forças
de usar força excessiva contra manifestantes desarmados e cidadãos
comuns."
Bachelet disse ter
recebido relatos sobre incidentes violentos, em diferentes pontos ao longo das
fronteiras com a Colômbia e o Brasil, pois as forças de segurança venezuelana
tentaram parar os suprimentos de ajuda que chegam à Venezuela por intermédio de
pontos fronteiriços fechados.
A ONU confirma o
recebimento de relatórios com detalhes dos episódios de violência. Bachelet
apelou ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para deter esses
"grupos e prender aqueles entre eles que têm usado força contra
manifestantes”.
Os Estados Unidos
(EUA) apresentaram ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
(ONU) projeto de resolução sobre a Venezuela, em que pedem que o país
sul-americano facilite o acesso de ajuda humanitária internacional e realize
novas eleições presidenciais. Em resposta, a Rússia propôs outra resolução.
Na sexta-feira (8),
Moscou propôs aos membros do conselho um "texto alternativo" ao
apresentado por Washington, segundo diplomatas. A proposta russa expressaria
preocupação com "tentativas de intervenção em questões que estão
essencialmente sob jurisdição doméstica" e "ameaças de uso da força
contra a integridade territorial e a independência política" da Venezuela.
O projeto
apresentado pelos EUA, ao qual agências de notícias tiveram acesso nesse sábado
(9), expressa "pleno apoio" do Conselho de Segurança à Assembleia
Nacional Venezuelana, controlada pela oposição, definindo-a como a "única
instituição democraticamente eleita no país".
Manifestando
"profunda preocupação com a violência e o uso excessivo da força por parte
das forças de segurança venezuelanas contra manifestantes pacíficos não
armados", o texto pede também um processo político que conduza a eleições
presidenciais "livres, justas e credíveis".
O projeto ressalta a
necessidade de evitar uma "deterioração adicional da situação
humanitária" na Venezuela, assolada por grave crise econômica e política,
e de facilitar a entrega de ajuda aos que necessitam.
Washington ainda não
indicou uma data para que o texto seja votado. Fontes diplomáticas afirmam que
a Rússia – que apoia o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e acusa os EUA
de apoiarem um golpe de Estado no país – utilizará seu direito de veto para
barrar a resolução.
Para ser aprovada,
uma resolução do Conselho de Segurança da ONU precisa de nove votos entre seus
15 membros e não pode ser vetada por nenhum dos cinco integrantes
permanentes do grupo: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China.
Moscou e Washington
estão em lados opostos na atual disputa pelo poder na Venezuela. Enquanto os
EUA declaram apoio ao presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se
autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, a Rússia segue apoiando
Maduro.
Além dos EUA, mais
de 40 países já declararam apoio ao oposicionista Guaidó, entre eles Brasil,
Alemanha e uma série de outras nações sul-americanas. Maduro ainda conta
com o apoio não apenas de Moscou, mas também das Forças Armadas venezuelanas e
da China, entre outros aliados.