Com trocas de
acusações, candidatos à Presidência fazem debate com foco na economia e
corrupção
Mateus Rabelo
O debate teve
momentos quentes, como na troca de acusações entre Jair Bolsonaro e Henrique
Meirelles
Os candidatos à
Presidência da República participaram, nesta sexta-feira (17), do segundo
debate para as eleições 2018, na RedeTV!, em São Paulo. Dos 13 presidenciáveis,
oito estiveram presentes no encontro: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo
(Patriotas), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL),
Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Marina Silva (Rede).
O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso pela "Lava Jato", tentou
uma autorização, mas teve o pedido de presença negado pela Justiça. Este é o
primeiro debate eleitoral entre os presidenciáveis após o início oficial das
campanhas eleitorais.
1º Bloco
O debate começou com
cada um dos oito candidatos convidados se apresentando ao público e dizendo
como pretendem combater a corrupção no país. Na sequência, cada candidato
escolheu um envelope virtual no qual havia uma pergunta feita pelo público
sobre um tema não definido, cujas respostas foram focadas na crise econômica.
Ainda no primeiro
bloco, houve o início do embate entre candidatos. Ciro Gomes começou
perguntando a Geraldo Alckmin sobre o tucano ter sido a favor do projeto sobre o
teto dos gastos públicos. Alckmin respondeu dizendo que tal medida foi
necessária devido ao momento que o país vivia. Ciro rebateu dizendo que a
emenda é imoral e que havia alternativas para o país evitar a medida.
Depois foi a vez de
Alvaro Dias perguntar para Marina Silva. Mais uma vez o assunto corrupção
voltou à tona, com o político batendo na tecla que a candidatura de Lula não
pode existir. Marina disse que o Brasil precisa dar uma resposta à corrupção,
apoiando o Ministério Público e a Polícia Federal.
Na sequência, Marina
perguntou para Alvaro sobre o problema do desemprego. Ele disse que as
reformas, o combate à corrupção, a desburocratização são o caminho para o país
voltar a gerar empregos. Marina apontou a geração de energia segura e o apoio
ao turismo sustentável como base da geração de novos empregos.
O desemprego foi
mais uma vez tema do debate com Henrique Meirelles perguntando para Jair
Bolsonaro qual os planos para resolver o problema. Bolsonaro respondeu pedindo
a desburocratização e atacando a corrupção, enquanto Meirelles ressaltou suas
ações como ministro de Lula e Michel Temer.
Guilherme Boulos,
atacando o MDB, disse a Meirelles que o partido sempre atuou agindo com troca
de favores, usando a política como "balcão de negócios". Meirelles
disse que sempre trabalhou com uma equipe qualificada, que criou milhões de
empregos.
Geraldo Alckmin e
Ciro Gomes voltaram a debater, com ambos falando de criação de empregos no
agronegócio, entre outros setores.
Militares, Jair
Bolsonaro perguntou para Cabo Daciolo sobre liberação das drogas e o aborto,
recebendo como resposta que ele é contra, em ambos casos. Bolsonaro disse que
os dois acreditam em Deus e que defendem a família, ressaltando o que chamou de
crime a introdução do "kit gay" nas escolas.
Daciolo perguntou na
sequência para Boulos sobre as urnas eletrônicas, se ele acredita na tecnologia
e na sua lisura. Boulos disse que não há nada que questione as urnas no mundo.
2º Bloco
Na volta do
intervalo, jornalistas da RedeTV! e jornalistas convidados fizeram perguntas
abertas para os candidatos, provocando um debate entre os presidenciáveis.
Destaque neste bloco
para o confronto entre Ciro Gomes e Alkmin, que discutiram sobre o
apadrinhamento do Plano Real, entre outras reformas e conquistas.
A questão da
segurança foi levantada para Boulos, que apontou a inteligência e a
investigação como a principal arma para enfrentar a criminalidade e o crime
organizado. Já Daciolo disse que vai acabar com o sucateamento das forças
armadas e que vai valorizar o setor.
Perguntado sobre
investimentos na Educação, Alvaro Dias disse que não falta dinheiro para o
setor, que o problema é o investimento em setores errados e menos importantes.
A mesma ideia foi compartilhada por Boulos, que disse que o dinheiro falta para
Educação, porque sobra para banqueiros e setores que não dão resultado.
3º Bloco
A nova etapa do
debate foi de confrontos mais diretos, com candidatos perguntando para outros
candidatos com temas livres. Meirelles começa acusando Bolsonaro, dizendo que o
deputado defenderia que mulheres recebam menos que os homens. Bolsonaro se
defendeu dizendo que era mentira, que a legislação não permite isso e que vai
cumprir o que a lei determina.
Alckmin, na
sequência, pergunta para Alvaro Dias sobre o saneamento básico, dizendo que
melhorou muito o problema em São Paulo. Alvaro disse que pretende fazer
parcerias para obras de infraestrutura no segmento.
Após isso, Ciro
Gomes mais uma vez chama Alckmin para o embate, acusando o tucano de que o PT
herdou uma política monetária problemática do PSDB. Ambos bateram na tecla de
que o país precisa de mudanças drásticas no setor.
Já Henrique
Meirelles e Alvaro Dias usaram o tempo que tiveram no bloco para mais uma vez
focar na corrupção, no fato de não estarem envolvidos em escândalos ao longo de
suas vidas públicas e nas atitudes que já tomaram e que pretendem tomar contra
o problema.
Marina focou nos
conflitos de terra em sua pergunta para Ciro Gomes, que elogiou a candidata por
sua história de luta no setor. Ciro ressaltou que sua vice é ligada à questão,
enquanto Marina defendeu o fortalecimento da Funai, pediu demarcação de terras
indígenas e prometeu a criação de um fundo.
Bolsonaro, em
seguida, pergunta para Marina se ela é a favor do porte de armas de fogo por
cidadãos. Categórica, ela disse que não, e mudou de assunto, voltando à
discussão do início do bloco de que a mulher tem que se preocupar sim com
salários mais baixos. Ambos trocaram acusações na sequência, esquentando o
debate.
Boulos pergunta para
Daciolo o que ele fará para resolver a falta de emprego. O militar prometeu
reduzir impostos e juros para um maior investimento no país nos setores certos.
Boulos disse que vai criar um programa que vai gerar seis milhões de empregos
nos primeiros dois anos.
Daciolo ressaltou em
seguida que o debate não passa de um teatro, que as propostas são falsas e que
os colegas não pretendem cuidar das pessoas. Boulos também bateu na tecla das
promessas falsas, mas disse ser diferente dos demais concorrentes.
No quarto e último
bloco, os candidatos fizeram suas considerações finais, defendendo seus pontos
de vista e frisando as questões debatidas ao longo do programa.
O próximo debate
entre os presidenciáveis em canal aberto está marcado para o dia 9 de setembro,
às 19h30, na TV Gazeta.