terça-feira, 24 de julho de 2018

A HISTÓRIA DAS FERROVIAS NO BRASIL


A morte das ferrovias

Manoel Hygino 








Abre-se o jornal e se constata, da manchete da primeira página aos artigos da editoria de economia, a predominância de títulos e conteúdos sobre o sistema ferroviário nacional. De uma hora pra outra, depois da greve dos caminhoneiros que atormentou a vida brasileira e dos brasileiros, que a nação estava – e está – extremamente vulnerável a todo tipo de desastres no sistema de transportes. Até hoje, a cada dia, surgem notícias dos efeitos da nefasta paralisação.
Descobre-se, somente após a greve, que estávamos marchando errados na política do setor e que se há de reexaminar o assunto, para podermos ter tranquilidade no futuro. Lendo “Diário da Falsa Cruz de Caravaca”, de Rogério Moreira, editado pela Thesaurus, de Brasília, percebe-se em que encrenca nos metemos e da qual temos de sair com a possível brevidade.
Pedro Rogério Couto Moreira é jornalista, escritor, membro da Academia Mineira de Letras, a cujo pai, presidente perpétuo, Vivaldi Moreira, se deve a instalação do sodalício em sede própria na rua da Bahia. Nascido em Belo Horizonte, jovem vendedor de balcão na Livraria Itatiaia, na mesma rua, ali começou seu relacionamento com a matéria impressa. Tornou-se jornalista conceituado, sem favor, passou pela redação de jornais de circulação nacional, foi designado correspondente da Rede Globo na Amazônia, encontrando um novo mundo, novos locais e personagens. Assim como identificou problemas que persistem, entre os quais da antiga Estrada de Ferro Tocantins, de que só se encontram relíquias.
Ferrovia de curtíssima vida, pois construída nos começos dos anos 1930, foi destruída numa penada do ministro da Viação e Obras Públicas do governo militar, em 1950. Observou: “A civilização do automóvel decretou que o trem de ferro era coisa do passado, coisa de capiau. O mundo tem de andar de quatro rodas nos asfalto”.
Tece considerações oportunas, sobretudo nesta hora: “É um mistério intrigante a morte das ferrovias brasileiras. Os Estados Unidos entronizaram o automóvel no seu panteão nacional. Dele fizeram ícone, herói feito gente de carne e osso, mas mantiveram a sua formidável malha ferroviária. Os europeus trataram de reconstruir a malha deles depois da Segunda Guerra Mundial, e com ajuda financeira americana. Por que no Brasil foi diferente?”.
As observações vêm em seguida: “Assim como mataram índios na Amazônia, assassinaram nossas ferrovias, aqui e sobretudo no Centro-Sul do País. O argumento era o déficit que acarretavam. É claro, elas não foram modernizadas, a via permanente da maioria delas era de bitola estreia. Tiraram os trens de circulação e, depois, completaram o serviço sujo, como fazem os mafiosos para não deixar pistas do crime; erradicaram os trilhos e dormentes. Mataram muito da alma brasileira com a extinção das ferrovias. Em Minas, um pedaço de cada ser mineiro morreu nos anos 50”.
Bem mais adiante em seu novo livro, que descreve em minúcias a vida na região amazônica, Pedro Rogério retorna “ao trem de ferro motivo deste registro e um relicário precioso da minha infância em Minas, tendo eu vivido, sem o saber, ao estertores desse meio de transporte, eficiente e barato”.
E lamento: “É mais do que nostalgia, é revolta contra quem, de modo criminoso, acabou com a nossa maravilhosa malha ferroviária de passageiros, sob o feitiço do rodoviarismo”.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

G-20 PEDE MAIS DIÁLOGO ENTRE PAÍSES AO INVÉS DE GUERRA COMERCIAL


G-20 vê aumento da tensão comercial e pede mais diálogo entre países

Estadão Conteúdo








O documento final da reunião ministerial do G-20, grupo formado pelos países mais ricos do mundo, que terminou neste domingo, 22, na capital da Argentina, reconhece o aumento da tensão comercial na economia mundial, alerta para os crescentes riscos dessas tensões e de questões geopolíticas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e pede que os países ampliem o diálogo.

"Reconhecemos a necessidade de se intensificar o diálogo e as ações para reduzir os riscos e aumentar a confiança", afirma o texto, elaborado depois de dois dias de reunião em Buenos Aires. Na reunião realizada em março na Argentina, o comunicado não falou de tensões comerciais.

O documento do G-20 menciona que os países emergentes estão melhor preparados para lidar com o cenário externo mais adverso. Ao mesmo tempo, o texto destaca que estas economias enfrentam o desafio de ter que lidar com a maior volatilidade no mercado financeiro mundial e o risco das reversões dos fluxos de capital. Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentado durante a reunião ressalta que somente em maio e junho, os emergentes tiveram fuga de US$ 14 bilhões de capital externo.

"O crescimento da economia mundial continua sendo robusto e o desemprego está no nível mais baixo em última década", observa o texto. "Contudo, o crescimento tem sido menos sincronizado recentemente e os riscos de curto e médio prazo aumentaram", destaca o texto. Entre estes riscos, o comunicado menciona "crescentes vulnerabilidades financeiras, as maiores tensões comerciais e geopolíticas", além de um crescimento estrutural fraco, sobretudo em alguns países avançados, e "desequilíbrios globais". "Vamos continuar monitorando os riscos", ressaltam os dirigentes do G-20.

O G-20 enfatiza no comunicado a necessidade de avanço nas reformas estruturais nos diversos países, como uma forma de se aumentar o crescimento potencial. Na reunião de março, os dirigentes se comprometem a não fazer desvalorizações cambiais competitivas de suas moedas que possam ter efeito adverso sobre a estabilidade financeira mundial. No texto divulgado neste domingo, 22, os dirigentes reafirmam esse compromisso.

Mais cedo, o secretário internacional da Fazenda, Marcello Estevão, destacou em entrevista à imprensa estrangeira que a discussão para se elaborar o comunicado final da reunião foi "cordial", embora tenha havido diferença de opiniões. "Todos concordamos que é preciso ter mais comércio", disse ele. "O que estamos pedindo em geral é que as partes que estão em desacordo conversem mais e briguem menos."

BOLSONARO É OFICIALIZADO CANDIDATO À PRESIDENTE DA REPÚBLICA


PSL oficializa neste domingo candidatura de Bolsonaro à Presidência

Daniela Amorim e Constança Rezende
Hoje em Dia - Belo Horizonte









Candidato agora busca compor a chapa


O Partido Social Liberal (PSL) oficializa neste domingo (22), a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro à Presidência da República, em convenção nacional, no Rio de Janeiro. O evento reúne partidários do presidenciável num centro de convenções na região central da cidade.

Muitos apoiadores vestem as cores verde e amarela ou se enroscam em bandeiras do Brasil. O rosto de Jair Bolsonaro aparece em várias camisetas que desfilam pelo salão. Alguns dos presentes posam para autorretratos ou transmissões ao vivo ao lado das fotografias de Bolsonaro espalhadas pelo local. O partido espera que aproximadamente 2.500 pessoas compareçam à convenção.

Também serão oficializadas na ocasião as candidaturas do filho mais velho do presidenciável, Flávio Bolsonaro, que tentará reeleição como senador, e demais escolhidos pelo partido para concorrer aos cargos de deputado estadual e federal pelo Rio de Janeiro.
Vice
Cotada nos últimos dias para concorrer como vice na candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República nas eleições 2018, a advogada Janaína Paschoal (PSL) foi a segunda pessoa mais aplaudida ao chegar à convenção nacional do Partido Social Liberal (PSL). Contudo, seu discurso desagradou a aliados de deputado e ao próprio Bolsonaro, que não escondeu a irritação quando ela falou que "as pessoas não precisavam seguir ele". A advogada disse que ainda não se decidiu se aceita o convite feito pelo deputado.
A indecisão de Paschoal, a terceira opção do parlamentar fluminense para compor a chapa presidencial, reflete o isolamento político e a dificuldade de Bolsonaro agregar apoio do mundo político à sua campanha. Janaína disse que "não é possível decidir (sobre ser vice) em dois dias. "Estamos dialogando", afirmou.
Janaína discursou aos partidários de Bolsonaro pedindo moderação e tolerância. Ela criticou a defesa de um pensamento único e defendeu que é necessário pensar na governabilidade. "Não se ganha a eleição com pensamento único. E não se governa uma nação com pensamento único", disse Janaína. "A minha fidelidade não é ao deputado Jair Bolsonaro. A minha fidelidade é ao meu País", completou.
Segundo ela, é preciso pensar na campanha, mas também na governabilidade caso saiam vitoriosos do pleito. "Enquanto procuramos pessoas que estejam dentro da totalidade do nosso pensamento, eles estão se unindo", alertou ela.
A adovagada também tocou sobre assuntos como drogas e aborto, sobre o qual ela disse que se trata de uma discussão sobre direito. Ela também recomendou aos presentes na convenção que não era necessário sair "falando pras pessoas acreditar em Deus". A fala irritou alguns pastores evanélicos presentes ao ato.
Recebido sob gritos de "Mito!" e "Eu vim de graça!", Jair Bolsonaro se emocionou com a recepção calorosa de seus partidários e chorou quando foi executado o hino brasileiro. Também serão oficializadas na ocasião as candidaturas de Flávio Bolsonaro ao Senado e demais escolhidos pelo partido para concorrer aos cargos de deputado estadual e federal pelo Rio de Janeiro.
O senador Magno Malta (PR-ES), que também já teve o nome cotado para figurar como vice na chapa de Bolsonaro, discursou em apoio ao presidenciável durante a convenção do PSL. Malta preferiu se candidatar novamente ao Senado do que concorrer na chapa com o PSL.
"O que o Brasil quer e o que eu quero é um homem de mãos limpas, e você tem mãos limpas. E um homem cristão, você é cristão. O Brasil quer um homem que tem sangue no olho para enfrentar vagabundo", disse Malta a Jair Bolsonaro.

UNIÃO EUROPEIA CONTRA AS TARIFAS IMPOSTAS PELOS EUA


França diz que UE não negociará com os EUA se tarifas não forem retiradas

Estadão Conteúdo







O ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, defendeu o livre-comércio e disse que a União Europeia não pode considerar a possibilidade de negociar um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos caso Washington não retire as tarifas sobre o aço e o alumínio do bloco europeu. "Nos recusamos a negociar com uma arma na cabeça. O primeiro passo para iniciar o arrefecimento das tensões tem de vir dos EUA. Eles têm de organizar tudo isso", afirmou.


Le Maire garantiu que não há discordância entre a Alemanha e a França sobre como negociar com os EUA à medida que, de acordo com ele, Paris e Berlim devem dar o primeiro passo na eliminação das tarifas. Na próxima quarta-feira, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, irá a Washington, onde se reunirá com o presidente americano, Donald Trump, a fim de discutir as relações comerciais entre os dois lados.

Em entrevista à agência de notícias AFP em Buenos Aires, no âmbito da reunião do G-20, o ministro francês comentou que as relações entre os países não podem ser baseadas na "lei da selva", na qual o mais forte se beneficia. "O comércio global não pode ser baseado na lei da selva e o aumento de tarifas de forma unilateral é a lei do mais forte. Isso não pode representar o futuro das relações comerciais no mundo", afirmou. Para ele, a lei da selva "só resultará em perdedores, enfraquecerá o crescimento, ameaçará os países mais frágeis e terá consequências políticas desastrosas".

Nos últimos dias, autoridades europeias têm elevado o tom contra os EUA à medida que Washington pode impor tarifas sobre veículos e autopeças importados, o que afetaria, principalmente, a União Europeia. Na última sexta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, assegurou que o bloco estava "pronto" para responder a um possível aumento de tarifas por parte dos EUA. Já o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, pediu que China e UE façam concessões para alcançar uma relação mais equilibrada no comércio