segunda-feira, 3 de julho de 2017

FEBRE DE CANDIDATOS ANTIPOLÍTICOS



Antipolíticos pode virar febre nas eleições de 2018. Saiba quem são os cotados

Pedro Ferreira
Hoje em Dia - Belo Horizonte










Alexandre Kalil foi eleito com o slogan "chega de político"

A crise da política brasileira, que leva cada vez mais lideranças de partidos ao banco dos réus, tem pesado na escolha de prováveis nomes para as eleições de 2018 e pode resultar em um número expressivo de candidatos antipolíticos.
Em Minas, muitos partidos apostam em “candidatos debutantes”, sem qualquer bagagem na vida pública, como forma de reconquistar a confiança e o voto dos eleitores. Vários empresários estão na mira.
Já são ao menos oito donos de grandes empresas sondados e que já demonstraram intenção de disputar uma vaga, seja na Câmara Federal, na Assembleia, no Senado, ou, até mesmo, ao governo de Minas.
O partido Novo começou processo de escolha de nomes com quatro indicações: Salim Mattar, da Localiza, Modesto Araújo, da Drogaria Araújo, Romeu Zema, do grupo Zema, e o consultor Vinicius Falconi.
Abrigo de caciques, o PMDB pode apostar em Josué Alencar, herdeiro da Coteminas. Ainda sem partido, Fabiano Lopes, do Consórcio Multimarcas, Pedro Lourenço, do Supermercados BH, e o também empresários Wander Silva fecham a lista, que tem potencial para crescer.

“Está difícil apontar um político da atualidade que não esteja envolvido com esses escândalos novos. A gente tem que procurar candidato em algum lugar, alguém que tenha nossa admiração e que seja capaz de assumir esse desafio”, disse Bernardo Santos, presidente do Novo.
O fenômeno do “não político” começou nas eleições do ano passado. O empresário Alexandre Kalil (PHS), também ex-presidente do Atlético, adotou o slogan “chega de político” e foi eleito. Em São Paulo, João Doria (PSDB) continua usando o mote do antipolítico.
Sangue Novo
Empresários são vistos como “mina de ouro” para alguns partidos, já que poderão investir recursos próprios nas campanhas. Um desses “alvos” é o dono do Consórcio Multimarcas de Veículos, Fabiano Lopes Ferreira. Sua única experiência política foi como presidência do diretório municipal do PMDB em Itapecerica, Centro-Oeste de Minas. “Já fui sondado por vários partidos para o cargo de deputado federal. Agora é o momento certo dos não políticos. O país precisa, mais do que nunca, de sangue novo”, conta o empresário, que diz conversar muito com o deputado Dilzon Melo (PTB).

O Novo aposta em quatro empresários. Um deles é Salim Mattar, fundador e acionista da Localiza, líder no ramo de locação de veículos no país. “É um defensor das causas liberais e muito próximo do presidente nacional e fundador do Novo, João Dionísio Amoêdo”, disse Bernardo. Modesto Araújo, da terceira geração da Drogaria Araújo, é outro cotado. “Ele é filiado ao Novo e acredita muito na mudança política do país”, comenta Bernardo.
O consultor de empresas Vicente Falconi é conhecido pelo modelo de gestão adotado pelo governo Aécio Neves em Minas, no início dos anos 2000. “Professor Falconi é uma pessoa que também se destaca muito na gestão.”
O quarto nome do Novo é Romeu Zema, da rede de lojas e de postos de combustível com seu sobrenome. “O Novo tem muita proximidade com o Zema. Temos um filiado da família dele que está tentando convencê-lo a participar”, completa Bernardo.
  
Velha Guarda
Partidos tradicionais também estão abertos aos “estreantes” em 2018. “Mais importante do que ser novo ou experiente no meio é a vontade de trabalhar em prol do bem comum. Teremos nomes novos, e outros com maior bagagem política”, disse o presidente do PMDB em Minas e vice-governador, Antônio Andrade.
O empresário Josué Alencar seria a aposta do PMDB, ainda sem definição do cargo a concorrer. Ele é filho do ex-presidente da República José Alencar, é herdeiro do império têxtil Coteminas e foi candidato a Senador por Minas nas eleições de 2014, pelo PMDB, e não foi eleito.
O empresário Pedro Lourenço de Oliveira, da rede de supermercados BH, e o ex-presidente da Federaminas, Wander Silva, seriam outras apostas, mas ainda sem partidos.
Já o PT investe na “Velha Guarda”, mas diz estar aberto a novos nomes que tenham os mesmos ideais do partido. A presidente do diretório em Minas, Cida de Jesus, afirmou, no entanto, que a meta é reeleger o governador Fernando Pimentel e apostar em candidatos já conhecidos como Patrus Ananias, Durval Ângelo e Reginaldo Lopes.
O Partido Novo concorrerá pela segunda vez. Em 2016, elegeu quatro vereadores no país , um deles Mateus Simões, em BH. Como não usa o fundo partidário, conta com doações de R$ 28,23 mensais dos filiados para financiar campanhas. “É muito insuficiente para fazer a campanha”, reclama Bernardo. Segundo ele, o candidato não precisa ser rico, “mas que tenha capacidade de levantar fundos”.




CUIDADO COM A MIOCARDITE



Garganta ameaça o coração: inflamações nas vias aéreas podem atingir órgão vital

Flávia Ivo











Stefano manteve a medicação por quase um mês após a detecção da miocardite

Muito comuns nesta época mais fria do ano, as infecções de garganta, tratadas com frequência como problemas mais simples de saúde, podem gerar complicações cardíacas e levar a quadros sérios, incluindo internações. Susto pelo qual passou, recentemente, a família do universitário Stefano Di Pietro, de 18 anos.
No início de junho, o estudante apresentou um quadro de gripe com inflamação de garganta, buscando atendimento médico em um posto de saúde próximo de casa, onde foi indicado tratamento com antibiótico.
No entanto, antes mesmo de iniciar a medicação, Stefano começou a sentir fortes dores no peito e no braço direito. “Sintomas semelhantes ao de um infarto”, relata o pai do jovem, Enzo Di Pietro.
Durante a triagem no pronto-socorro, a informação foi de que o quadro de saúde do estudante inspirava cuidados. O diagnóstico era de miocardite aguda.
A doença é definida pela inflamação do músculo da parede do coração, o miocárdio, e atinge, principalmente, jovens adultos, antes dos 40 anos, e do sexo masculino.
“A infecção viral que deu na garganta ‘desceu’ para o coração, atingindo o miocárdio. O Stefano ficou internado por seis dias”, descreve Enzo.
Causas
Não só os quadros de faringite, amigdalite e outras inflamações das vias aéreas podem desencadear o problema. De acordo com Saulo Emanuel Barbosa, cardiologista dos hospitais Vera Cruz e Odilon Behrens, quaisquer quadros prévios de inflamações, sejam elas provocadas por vírus ou bactérias, são passíveis de causar a miocardite.
“De 8% a 12% da população é acometida pela doença, mas somente 30% dessa parcela dos pacientes sentem os sintomas”, destaca o especialista.
Caso do também estudante Túlio Gomes, de 19 anos, amigo de Stefano. O jovem teve um quadro pior que o do colega, uma miopericardite, enfermidade que atinge não só o miocárdio, mas também o pericárdio, parte mais externa do coração.
“Eu tinha 17 anos. Comecei a sentir uma dor no peito e, ao chegar ao hospital, já me internaram por uma semana. Mas só senti essa dor e mais nada. Foi mais assintomático”, relembra Túlio.
Dentre os sinais mais comuns e perceptíveis pelos pacientes estão: dores no peito, arritmias, dificuldades para respirar e inchaço nas pernas.
Tratamento da miocardite envolve uma série de restrições
Ter passado por uma miocardite impôs a Stefano Di Pietro uma série de restrições. Ingerir líquidos que estimulem os batimentos cardíacos como os energéticos está proibido. O retorno às atividades físicas, por exemplo, ainda será avaliado. O repouso é parte essencial do tratamento, revela o médico Saulo Barbosa, que tem acompanhado o jovem após o episódio.
“O tratamento é direcionado caso a caso. Mas, basicamente, consiste em hidratação venosa e oral, a restrição de exercícios físicos de três a seis meses, dependendo do grau da enfermidade. Cortar o consumo de álcool ou outras bebidas que contenham taurina, cessar o tabagismo, se for o caso. Por fim, lançar mão de anti-inflamatórios como AAS e ibuprofeno”, explica.
No caso de Túlio Gomes, com a miopericardite, foram seis meses longe da academia e dos esportes. Além disso, o lazer também ficou em segundo plano. Balada, nem pensar! “Perto de completar os seis meses, eu fui a um show e precisei ficar em pé. Durei apenas duas horas no local, tive que ir embora, tinha desacostumado”, conta.
Conforme o especialista, o tempo de duração do tratamento depende da causa da inflamação e do estado de saúde geral do paciente. A miocardite pode levar pelo menos duas semanas para ceder, em alguns casos, meses ou até mesmo causar danos permanentes.
“Em mais de 70% dos pacientes, os sintomas cessarão sem sequelas; uma parcela terá arritmias e insuficiência cardíaca”, diz o médico.
Prevenção
Manter atividades físicas regulares, boa alimentação e hidratação são algumas das dicas para se proteger da miocardite. Importante, também, é evitar as infecções.
“A vacinação de forma geral é um ótimo método de prevenção de infecções e inflamações. É uma proteção contra vírus e bactérias, por mais que muitas pessoas duvidem disso”, ressalta Saulo Barbosa.





BRASIL: PAÍS DE TERCEIRO MUNDO - NUNCA TEM VERBA PAR A EDUCAÇÃO



Metade dos municípios mineiros não tem condição de ofertar novo ensino médio

Malú Damázio











Letícia aponta que a maioria dos estudantes da Escola Estadual São José precisa trabalhar no turno em que não estão em sala de aula

Aprovada em fevereiro, a reforma do ensino médio tem prazo de cinco anos para vigorar em todas as escolas do país. Em Minas Gerais, porém, a corrida contra o tempo se mostra uma batalha difícil de ser ganha: mais da metade dos municípios não têm condições estruturais de ofertar o currículo proposto no texto da lei 13.415, que amplia a carga anual dos estudantes de 800 para 1.400 horas anuais.
Segundo o Censo Escolar de 2016, 53% das cidades mineiras têm apenas uma escola em que há ensino médio. Além de única oferta, esses municípios precisam atender a distritos vizinhos e assegurar o direito à educação pública para toda a região onde atuam.
Muitos deles funcionam em três turnos – manhã, tarde e noite – para dar conta de toda a demanda local, como a Escola Estadual São José, em Confins, na Grande BH. Todas as 11 salas do prédio são utilizadas durante a manhã e restam somente duas salas ociosas nos demais períodos.
Ampliar o tempo em que o aluno deve ficar na escola, como propõe o currículo do novo ensino médio, significa investir também em infraestrutura. “Para começarmos a receber os meninos, precisamos de mais salas. Do jeito que está, não conseguimos”, conta a vice-diretora da escola, Ivana Carla Diniz.
O Estado, no entanto, alerta que os recursos para realizar as reformas de adequação da estrutura das escolas são escassos e que, sem suporte financeiro do governo federal, não sabe se será possível cumprir integralmente o prazo determinado pela União.
“Até o momento, o governo federal não colocou nenhum aporte a mais para a gente. A princípio, nós vamos fazer dentro do que temos, dentro da nossa realidade, mas o Estado decretou calamidade financeira”, diz o diretor de ensino médio da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Renato Lopes.

Teste
Mesmo que ainda restem alguns anos para que todas as escolas brasileiras estejam adequadas ao novo ensino médio, mais de 500 instituições públicas em todo o país já estão passando por adequações para ofertar a etapa em tempo integral. É o caso da Escola Estadual Governador Milton Campos, o conhecido Colégio Estadual Central, em Belo Horizonte.
Ela é uma das 44 escolas-modelo de Minas escolhidas para receber o Programa de Fomento à Imple-mentação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, criado pelo MEC.
As aulas no contraturno começam no segundo semestre e, em 2017, contemplarão os primeiros anos do ensino médio. Para cada aluno das escolas participantes, a pasta destinará R$ 2 mil anualmente.
No Estadual Central, as mudanças ainda não começaram, mas docentes e estudantes já discutem como será a nova grade. “Queremos seguir com projetos interdisciplinares que direcionem os alunos para a pesquisa e que mostrem como os conteúdos estão atrelados ao dia a dia deles”, explica a professora de biologia, Ana Flávia Leal.
“Precisamos mesmo de uma reforma, a meninada não está se interessando por esse formato de hoje, mas ela tinha que ser discutida”
Ivana Carla Diniz
Diretora
Aplicação dos cinco eixos de estudos exigidos é desafio na reestruturação das escolas
Erguer salas, alugar espaços externos, negociar novos horários de transporte escolar com as prefeituras são apenas algumas das ações estudadas pelo Estado para atender as 2.300 escolas mineiras que têm ensino médio. Além das dificuldades estruturais da ampliação da carga horária, a reforma traz ainda a obrigatoriedade de uma parte extra do currículo, composta por disciplinas optativas. São os itinerários formativos.
A lei diz que o estudante deve escolher pelo menos um dos seguintes eixos para se aprofundar: ciências humanas, ciências da natureza, linguagens, matemática e formação técnica e profissional.
Na prática, o Governo de Minas afirma que não será possível disponibilizar as cinco opções em todas as escolas mineiras. “O texto não deixa muito claro, mas as escolas não dão conta de oferecer todos os itinerários. Não é nem viável colocar uma opção que não tenha a ver com a cultura e o mercado de trabalho da região”, diz o diretor de ensino médio da SEE. Renato afirma que a escolha será feita “de acordo com as necessidades dos alunos”.
Para especialistas, a proposta do governo federal é controversa e não amplia e, sim, reduz a disponibilidade de formação dos estudantes secundaristas.
“Se mais da metade dos municípios têm só uma escola de ensino médio não podemos falar em opção, porque teríamos que ter professores permanentes que pudessem oferecer os cinco itinerários, o que é supercomplicado”, diz o professor de políticas educacionais da PUC Minas, Carlos Roberto Jamil Cury.
Para o educador, escolas de cidades menores conseguirão oferecer apenas um dos eixos. “Ou o aluno se contenta com isso, ou ele pula fora. O itinerário técnico reduz o número de conhecimentos que hoje o estudante aprende”, afirma.
Mudança divide opiniões de quem conhece a realidade
À primeira vista, a ideia de poder aprender mais sobre uma área específica do conhecimento empolga. Aluno do 3º ano da E.E. São José de Confins, Pedro Henrique Ferreri, de 16 anos, acredita que será melhor para se preparar para o mercado de trabalho. “Queria escolher o que vou estudar porque já tenho mais facilidade em alguns temas”, diz o estudante, que gostaria de cursar aulas de ciências da natureza ou o ensino técnico.
A opção por um único campo de estudos já aos 14 anos, no entanto, preocupa educadores. “Eles são muito novos para já escolherem o que vão fazer para a vida. E se mudarem de ideia depois?”, questiona a diretora Ivana Carla Diniz.
Conciliação
A falta de consulta do governo aos estudantes da rede pública ao definir a reforma é um dos principais pontos negativos, na visão da aluna do 3º ano Letícia Silva, de 17. “A maioria dos alunos daqui de Confins nem tem disponibilidade para ficar na escola à tarde porque precisa trabalhar”.
Paula Gabriela de Lima, de 17, estuda na parte da manhã e trabalha à tarde em uma locadora de carros para ajudar o pai a pagar as contas da casa. “Se tivesse que ficar na escola o dia todo, não poderia auxiliar minha família”, relata.
“Como eu vou encarar essa sala de aula com uma nova proposta se não fui instruída?”
Cláudia Gomes
Professora de geografia
Para o professor da Faculdade de Educação da UFMG, Luciano Mendes Filho, os itinerários formativos dividem as escolas de ensino médio no país e aumentam a desigualdade social. Na visão do especialista, instituições de cidades menores e da zona rural têm mais chances de optar pelo oferecimento da formação técnica, especialmente pelo contexto dessas regiões, em que muitos estudantes trabalham.
“Tenho a impressão que a reforma criará duas escolas muito distintas: uma para formar trabalhadores, com ensino técnico, útil para que o aluno continue tendo o mesmo ofício dos pais, e outra modelo, para formar dirigentes nos grandes centros, com conhecimentos culturais e científicos”, explica.
Procurado para falar sobre as dificuldades apresentadas pelo Governo de Minas, o Ministério da Educação (MEC) informou que cada estado deve determinar como será a oferta de cada uma das áreas nas escolas “conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino”.


AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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