sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

TEM GENTE QUE COMEÇA ROUBAR E NÃO PARA

Janot revela 'bando de asseclas de Collor'

Estadão ConteúdoDe São Paulo - Douglas Pereira (UOL)
                           O senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o senador Fernando Collor (PTB-AL) tinha um "bando de asseclas" agindo na BR Distribuidora. Na denúncia que entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 17 de dezembro contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), a quem acusa por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o procurador descreve em 199 páginas o esquema de corrupção instalado na subsidiária da Petrobrás.
Janot destaca que a BR foi controlada por dois grupos políticos, um do PT, outro do PTB - este sob o comando de Collor, o outro de Loubet.
"O grupo do deputado Vander Loubet era distinto do bando de asseclas do senador Fernando Affonso Collor de Mello, mas os dois grupos agiam de modo conexo", assinala Rodrigo Janot.
O procurador registra que os grupos de Collor e Loubet tinham como elos o empresário Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos - ex-ministro na gestão do então presidente Collor (1990-1992) - e o doleiro Alberto Youssef, réu confesso e delator da Operação Lava Jato. Na avaliação de Janot, o petista e o petebista formaram "uma grande, complexa e estruturada quadrilha".
Segundo o procurador-geral, as "investigações realizadas no Inquérito 3883/DF conduziram à identificação de uma complexa organização criminosa em atuação no âmbito da BR Distribuidora".
Rodrigo Janot é enfático: "O esquema de desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro referente à Petrobras Distribuidora tinha como operador exatamente Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, que atuava principalmente em favor de seu amigo pessoal, Fernando Collor de Mello, senador pelo PTB de Alagoas. Isso ocorreu essencialmente em razão da influência, sobre a sociedade de economia mista em questão, do Partido Trabalhista Brasileiro, notadamente de seu senador pelo Estado de Alagoas, Fernando Collor, bem como de seu amigo pessoal e "operador particular", Pedro Paulo Leoni."
O procurador aponta categoricamente para o envolvimento de Loubet. "As investigações do Inquérito 3990/DF evidenciaram que, para que o grupo criminoso em questão atuasse, era necessário o repasse de valores ilícitos para o deputado federal Vander Luís dos Santos Loubet, em função da ascendência que o Partido dos Trabalhadores exercia sobre parte da Petrobrás Distribuidora S/A.
O parlamentar, em conjunto com seus auxiliares, acabou aderindo à organização criminosa preordenada à prática de crimes de peculato, de corrupção ativa e passiva e de lavagem de dinheiro no âmbito da BR Distribuidora."
Na denúncia contra Loubet, o procurador revela como Collor e Loubet repartiram as quatro diretorias estratégicas da subsidiária da Petrobrás.
A Diretoria de Redes de Postos de Serviço, ocupada por Luiz Claudio Caseira Sanches entre 2009 e 2013 e por Luís Alves de Lima Filho entre 2013 e 2015, era de indicação do PTB, "em especial do senador Fernando Collor".
A Diretoria de Operações e Logística, ocupada por José Zonis entre 2009 e 2013 e por Vilson Reichemback Silva entre 2013 e 2015, também era de indicação do PTB, "em especial do senador Fernando Collor".
A Diretoria de Mercado Consumidor, ocupada por Andurte de Barros Duarte Filho entre 2009 e 2015, era de indicação do PT. A Diretoria Financeira e de Serviços, ocupada por Nestor Cerveró entre 2008 e 2014, também era de indicação do PT.
"Assim, as forças políticas que dominavam a Petrobrás Distribuidora S/A eram o senador Fernando Collor, do PTB, e o Partido dos Trabalhadores. É nessa denúncia que o procurador-geral afirma que Collor obteve do então presidente Lula "ascendência" sobre a BR "em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional".
"O grande agente do senador Fernando Collor na BR Distribuidora era Pedro Paulo Leoni Ramos", afirma Janot. "Em nome de Fernando Collor, Pedro Paulo Leoni realizou os principais contatos na sociedade de economia mista, operacionalizou negócios em favor de empresas privadas, cobrou vantagens indevidas e a dotou de estratégias de intermediação e ocultação da origem e do destino da propina relacionada a tais contratos."
Núcleos
O procurador-geral da República destaca que o esquema de corrupção instalado na BR é similar ao relacionado à Petrobras, com atuação simultânea de quatro núcleos: administrativo, econômico, financeiro e político - este "formado tanto pelos parlamentares responsáveis pela indicação e manutenção em seus cargos dos diretores e funcionários de alto escalão da BR Distribuidora que, sob orientação sua, principalmente por meio de seus operadores, cometeram ilegalidades que beneficiaram empresas contratadas pela sociedade de economia mista, como pelos auxiliares que colaboraram diretamente para o recebimento de vantagens indevidas pelos políticos em questão, como contrapartida pela viabilização do funcionamento do esquema".
Janot relata que o núcleo administrativo era composto por diretores e funcionários de alto escalão da BR "que ocuparam seus cargos por indicação político-partidária e que, nessa condição, praticaram ilegalidades em contratos celebrados em beneficio de determinadas empresas, conforme orientação direta ou indireta do parlamentar que os apadrinhara".
O núcleo econômico, descreve o procurador, era formado por empresas e empresários que celebraram contratos com a BR e foram beneficiados pelas ilegalidades cometidas pelos diretores e funcionários de alto escalão da sociedade de economia mista apadrinhados e que, em contrapartida, pagaram vantagens indevidas aos parlamentares responsáveis pela indicação e manutenção em seus cargos (apadrinhamento) dos integrantes do núcleo administrativo".
O financeiro era "formado por operadores e intermediários que se encarregaram de articular os vários núcleos do grupo criminoso e, particularmente, de receber as vantagens indevidas das empresas beneficiadas e repassá-las aos parlamentares que viabilizavam o funcionamento do esquema, fazendo tudo isso mediante estratégias de ocultação de sua origem ilícita, através do uso de diversas empresas e pessoas, manipulando sobretudo dinheiro em espécie".
Segundo Rogério Marcolini, advogado do senador, "Fernando Collor não é acusado na referida denúncia, não é parte no mencionado processo, e, portanto, não comentará as conjecturas e especulações do Dr. Rodrigo Janot".
A assessoria de Vander Loubet informou que o deputado não iria comentar a acusação porque ainda não teve acesso à denúncia do procurador-geral da República nem à delação do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró.
Já a assessoria de imprensa de Pedro Paulo Leoni Ramos disse que ele não vai se manifestar por não ter tido acesso ao teor da denúncia.


MINHA CASA MINHA DÍVIDA, TÁ DIFÍCIL CONSEGUIR




  

Jornal Hoje em Dia




Não há dúvida de que o maior sonho das famílias brasileiras é a obtenção da casa própria. É a segurança de estar sob o teto que é seu. Mas esse sonho está cada vez mais difícil. Os plantões de venda de imóveis têm ficado às moscas, conforme mostra reportagem nesta edição. Redução da renda das famílias, juros nas alturas e financiamentos cada vez mais restritivos são as causas desse esfriamento no mercado imobiliário.
E é ruim para todos. Vendedores que não vendem e candidatos a comprador que não podem realizar a sonhada aquisição da casa própria. Avançando um pouco mais, tem-se a redução drástica no número de empregos da construção civil – o setor mais democrático em termos de contratação, por dar oportunidade a trabalhadores qualificados e sem qualificação – por causa justamente da queda no volume de vendas.
Os dois setores – indústria da construção e varejo imobiliário – sofrem diretamente com o ciclo de encolhimento da economia como um todo. E isso apesar de haver no país um déficit de moradias que chega a mais de 5 milhões de unidades. É um déficit habitacional que, ao mesmo tempo, provoca uma grande demanda e uma grande frustração, pelos empecilhos criados sobretudo pelos bancos do governo para a liberação do crédito.
Outro fator que desmotiva os eventuais compradores é o temor pelo futuro, que é incerto em termos econômicos. Um financiamento habitacional normalmente dura vários anos, e o trabalhador teme pelo que acontecerá com seu emprego se a crise se aprofundar. Há muitos casos de devolução do imóvel por impossibilidade de pagamento.
Toda essa conjuntura tem gerado uma outra consequência, desta vez positiva para o comprador, que é a redução no preço das residências. Em Belo Horizonte, por exemplo, nos últimos 15 anos, imóveis tiveram um aumento de até quatro vezes do seu valor original.
A pesquisa intensa é fundamental para se conseguir um negócio realmente proveitoso. É o que recomendam os membros da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI). “Está havendo um choque de realidade”, disse a vice-presidente da CMI à reportagem. O fato é que só se houver medidas sérias e acertadas por parte do poder central do país é que esse quadro se reverterá. O problema é a incógnita que o governo gera por suas decisões impensadas.

FALTA TUDO, ATÉ VERGONHA



  

Eduardo Costa


Experimente fechar os olhos, deixar-se relaxar por cinco minutos e, em seguida, ainda com a cabeça na famosa “caixa do vazio” que – dizem – só os homens têm, peça a alguém para ler duas ou três notícias do jornal de hoje. Se você tiver mais de 50 anos ou for jovem muito interessado pela história da humanidade terá nítida impressão de que está vivendo no século 19.
Um amigo meu está com tuberculose, vários tiveram dengue recentemente, e minhas colegas grávidas levam citronela, repelentes industriais e outros apetrechos para se protegerem contra os mosquitos que podem afetar seus futuros bebês. Algumas trabalham sempre com roupas compridas, cobrindo todo o corpo, independentemente da temperatura e do ar-condicionado... O medo está no ar.
Passei a dar mais importância a esses detalhes nessa quarta, quando ouvi entrevista do secretário de saúde de BH, Fabiano Pimenta, confirmando a falta de várias vacinas. A explicação dele convence porque é verdadeira: para ganhar no preço, o governo federal compra para todo o país e, nesta economia de escala, impregnada pela burocracia estatal e os senões das concorrências, com recursos, impugnações e outras encrencas, costuma atrasar.
Em consequência, Estados e municípios correm o risco, sempre, de ter falta desta ou daquela vacina para imediato atendimento da população. Como resultado, é comum as autoridades darem conselhos do tipo “vá a um posto da prefeitura e, se não encontrar, procure então no Estado”, ou, “antes de ir, ligue e pergunte se tem”.
É doido ou não é? Nas últimas décadas, o Brasil fez bonito no calendário de vacinas e no atendimento às vítimas do HIV. Agora, essa! Então, os mesmos governantes que já estão na história por trazer de volta o pavor dos cérebros pequenos, ameaçam nosso futuro com doenças que a maioria da população só conhece por conta da caderneta de vacinas: BCG, hepatite, difteria, sarampo... Só pegando no terço e pedindo a papai do céu que nos poupe da volta da talidomida!
E, não bastasse, a gente tem as tragédias paralelas. Em Mariana, furtaram as máquinas que trabalhavam contra a lama da Samarco; em Montes Claros, vestido de agente de saúde, o assaltante pediu licença para combater o “Aedes” e roubou o dono da casa com arma na cabeça; no Sul de Minas, uma empregada, chamada Dagmar, começou a escrever cartas para a patroa como se fosse um espírito... Nas primeiras, falou de paz, em seguida, elogiou a idosa, dias depois começou a mandar recados do tipo: “Ajude a Dagmar, ela precisa de uma casa como a sua”... Ou seja, até os recados do “além” merecem cuidado especial nos nossos tempos.
De uma forma geral, falta educação. Nos últimos dias – e em ação que deveria ser rotina – a prefeitura da capital tem feito mutirões. Nos córregos que deságuam na Pampulha encontraram geladeira, fogões, caixotes e muito mais. No aglomerado São Lucas, havia de tudo um pouco em cima das lajes dos barracões... Lixo, que junta bicho, traz doença, ameaça a vida. E as pessoas não desapegam.
Vivemos a era do esquisito. De novo, onde a gente vai tem alguém pedindo emprego, seja pedreiro, motorista ou jornalista. E é melhor não ir para a política por que, aí, o retrocesso é de séculos, talvez chegue a Vespasiano, diante da proximidade da morte, avisando ao filho Tito que deveria fazer uma obra suntuosa, para a diversão para garantir dinheiro aos amigos e alegria do povo... “Pão e circo”!.

PIZZA BRASILEIRA FATIADA SEGUNDO OS INTERESSES DO GOVERNO



  

Márcio Doti



É uma pergunta digna de muita reflexão essa em que se busca saber exatamente a quem interessa uma grande pizza que seja assada a várias mãos para superar o quadro terrível em que se encontra o país. É óbvio que interessa a várias e várias mãos porque uma espécie de “acordão” viria de encomenda para inúmeras pessoas e setores. A começar pela própria política. Os políticos brasileiros se acostumaram, em grande parte, a viver sob os auspícios da desonestidade que rende muito mais do que os generosos ganhos patrocinados por leis que eles mesmos criaram para se remunerar. Por mais que sejam os subsídios, repasses, gratificações e verbas indenizatórias, os cambalachos inventados e praticados debaixo dos panos rendem muito mais dinheiro.
E a julgar pelo que estamos testemunhando de panos quentes, de jeitinhos e decisões acobertadoras, as operações da Polícia Federal e as delações premiadas estão a comprovar que são milhões de reais e, assustadoramente, milhões de dólares que podem não caber nas cuecas, mas cabem em bancos do exterior, cabem em cofres, em inúmeros lugares que nem a vista e sequer a Justiça alcançam. Em matéria de vantagens, o quadro dominante nos ambientes da política brasileira só não interessa àquela minoria de políticos sérios que ganham rótulo de bandido sem serem, que perdem nos plenários as questões mais elementares porque há uma maioria que vota de acordo com o dinheiro que recebe de terceiros e nunca pelo que convém ao povo brasileiro. Há uma parcela do empresariado que convive bem com esse ambiente poluído. Também isso tem sido mostrado pelas operações da Polícia Federal. Gente que ganha e deixa ganhar. Grandes que se juntam para ditar as regras do jogo cujo placar lhes é sempre conveniente.
A parcela séria do empresariado tem dois caminhos a escolher: pula fora ou é obrigada a aceitar as regras ditadas pelo Brasil podre dos nossos dias. Está visto que essa pizza só não convém ao povo brasileiro, por povo brasileiro se entendendo aquela porção maior da população do país, que paga um alto preço por esses arranjos em que ganham os que combinam e sempre mais do que seria o justo, o correto. O Brasil dos nossos dias custa muito mais caro do que deveria. Razão pela qual faltam escolas, hospitais, serviços que poderíamos ter com grande qualidade se boa parte de tudo o que se arrecada não ficasse no meio do caminho, nos bolsos desonestos que vivem acima da lei.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...