Eduardo Costa
Experimente fechar os olhos, deixar-se
relaxar por cinco minutos e, em seguida, ainda com a cabeça na famosa “caixa do
vazio” que – dizem – só os homens têm, peça a alguém para ler duas ou três
notícias do jornal de hoje. Se você tiver mais de 50 anos ou for jovem muito
interessado pela história da humanidade terá nítida impressão de que está
vivendo no século 19.
Um amigo meu está com tuberculose,
vários tiveram dengue recentemente, e minhas colegas grávidas levam citronela,
repelentes industriais e outros apetrechos para se protegerem contra os
mosquitos que podem afetar seus futuros bebês. Algumas trabalham sempre com
roupas compridas, cobrindo todo o corpo, independentemente da temperatura e do
ar-condicionado... O medo está no ar.
Passei a dar mais importância a esses
detalhes nessa quarta, quando ouvi entrevista do secretário de saúde de BH,
Fabiano Pimenta, confirmando a falta de várias vacinas. A explicação dele
convence porque é verdadeira: para ganhar no preço, o governo federal compra
para todo o país e, nesta economia de escala, impregnada pela burocracia
estatal e os senões das concorrências, com recursos, impugnações e outras
encrencas, costuma atrasar.
Em consequência, Estados e municípios
correm o risco, sempre, de ter falta desta ou daquela vacina para imediato
atendimento da população. Como resultado, é comum as autoridades darem
conselhos do tipo “vá a um posto da prefeitura e, se não encontrar, procure
então no Estado”, ou, “antes de ir, ligue e pergunte se tem”.
É doido ou não é? Nas últimas décadas,
o Brasil fez bonito no calendário de vacinas e no atendimento às vítimas do
HIV. Agora, essa! Então, os mesmos governantes que já estão na história por
trazer de volta o pavor dos cérebros pequenos, ameaçam nosso futuro com doenças
que a maioria da população só conhece por conta da caderneta de vacinas: BCG,
hepatite, difteria, sarampo... Só pegando no terço e pedindo a papai do céu que
nos poupe da volta da talidomida!
E, não bastasse, a gente tem as
tragédias paralelas. Em Mariana, furtaram as máquinas que trabalhavam contra a
lama da Samarco; em Montes Claros, vestido de agente de saúde, o assaltante
pediu licença para combater o “Aedes” e roubou o dono da casa com arma na
cabeça; no Sul de Minas, uma empregada, chamada Dagmar, começou a escrever
cartas para a patroa como se fosse um espírito... Nas primeiras, falou de paz,
em seguida, elogiou a idosa, dias depois começou a mandar recados do tipo:
“Ajude a Dagmar, ela precisa de uma casa como a sua”... Ou seja, até os recados
do “além” merecem cuidado especial nos nossos tempos.
De uma forma geral, falta educação.
Nos últimos dias – e em ação que deveria ser rotina – a prefeitura da capital
tem feito mutirões. Nos córregos que deságuam na Pampulha encontraram
geladeira, fogões, caixotes e muito mais. No aglomerado São Lucas, havia de
tudo um pouco em cima das lajes dos barracões... Lixo, que junta bicho, traz
doença, ameaça a vida. E as pessoas não desapegam.
Vivemos a era do esquisito. De novo,
onde a gente vai tem alguém pedindo emprego, seja pedreiro, motorista ou
jornalista. E é melhor não ir para a política por que, aí, o retrocesso é de
séculos, talvez chegue a Vespasiano, diante da proximidade da morte, avisando
ao filho Tito que deveria fazer uma obra suntuosa, para a diversão para
garantir dinheiro aos amigos e alegria do povo... “Pão e circo”!.
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