quinta-feira, 26 de novembro de 2015

MAR DE LAMA TAMBÉM NA POLÍTICA





Jornal Hoje em Dia




Na década de 1950, em face dos acontecimentos que abalavam o país e os desacertos do governo de Getúlio Vargas, seu maior inimigo, o jornalista Carlos Lacerda, cunhou a frase “mar de lama” para definir a situação em que vivia a nação. Pressionado por militares que haviam lutado na Segunda Guerra Mundial e por uma porção do empresariado que não tolerava as posturas nacionalistas do presidente, Getúlio acabou se suicidando em 1954.

“Mar de lama” pode ser também a definição da atual situação do Brasil. É claro que não é a primeira vez que isso acontece. O país teve o governo de Fernando Collor de Mello, que, depois de confiscar a poupança dos brasileiros, foi denunciado por ter conhecimento e ser conivente com um esquema de tráfico de influência e desvio de dinheiro montado por seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. Aberto o processo de impeachment, Collor acabou renunciando, em 1992.

Acontece que esse momento de trauma para a nação não pode ser comparado ao atual estado de coisas que vive o país. O governo do Partido dos Trabalhadores, que está fazendo 13 anos no poder, parece que resolveu passar por cima de todas as instituições da República, praticando um jogo político que foge completamente às regras civilizadas.

A prisão do senador petista Delcídio do Amaral foi apenas mais um capítulo desse drama. E a origem está, mais uma vez, na Petrobras, que virou uma espécie de tesouraria do partido. O PT não pode, como vem fazendo, dizer que está sendo vítima de um conluio orquestrado por parte da imprensa e da “elite conservadora” contra seu projeto de “governo popular”.

Os fatos falam por si mesmos. O desmonte da principal estatal e orgulho do país, a colocação de negociadores nos cargos de direção para a realização de negociatas com partidos que apoiam o governo, a obtenção de vantagens pessoais para os membros da agremiação. E tudo isso foi descoberto pela Polícia Federal de forma acidental, quando investigava um esquema de evasão de divisas para o exterior. Encontrou um doleiro que acabou derrubando todo o castelo de cartas.

Após anos tentando, o PT finalmente conquistou o Estado brasileiro pelas urnas, em 2003. Agora, parece estar deixando um legado de terra arrasada, em sua estratégia de se manter no poder a qualquer custo.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A ARCA DE NOÉ BRASILEIRA, RETRATA MUITO BEM OS NOSSOS PROBLEMAS



A Arca de Noé brasileira

Autor desconhecido



Um dia, o Senhor chamou Noé, que morava no Brasil e ordenou-lhe:
- Está chegando a hora de um novo fim do mundo. Farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira.
No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:
- Onde está a arca, Noé?
- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas.
Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha para eleição do prefeito. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros.
Começaram então os problemas com o IBAMA e a FEPAM para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens SUAS, mas eles só queriam saber se eu tinha um "Projeto de Reflorestamento” e um tal de "Plano de Manejo”. Neste meio tempo eles descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal. Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável" e eu acabei tendo que matar o fiscal, porque, para este crime, a lei é mais branda.
Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um engenheiro naval responsável pela construção.
Depois apareceu o sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano.
Veio em seguida a Receita Federal, falando em "sinais exteriores de riqueza" e também me multou.
Finalmente, quando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o "Relatório de Impacto Ambiental" sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil.
Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico! Sorte que o INSS estava de greve.
Noé terminou o relato chorando, mas notando que o céu clareava, perguntou:
- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?
- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens.
- Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde!
COMENTÁRIOS

A CASA PRECISA SER ARRUMADA COM URGÊNCIA



  

Márcio Doti


Isto é o mesmo que dizer da impossibilidade de se fazer qualquer tipo de acordo. Por mais que a democracia deva ser um ambiente de discussão, entendimento e embate, há fases em que acordos envolvem sempre uma vassoura e um tapete. Está visto que chegamos a um ponto muito delicado da vida nacional. Há erros por toda parte, os que lidam diretamente com a lama espalhada estão a dizer que debelar a corrupção é como enxugar gelo. Pode ser. Se estão dizendo isso os que têm contato direto com casos, situações e panoramas abrangentes, então é porque devemos acreditar. O que não significa que devemos desanimar. Não vem ao caso, e parece não haver, também desvios, atalhos e variantes que nos permitam escolher.
Estamos encerrando um ano em que R$ 120 bilhões foram enfiados no orçamento na base da pressão. Saímos do maravilhoso sonho de um superávit qualquer para um rombo desse tamanho. Algo para ser recuperado só Deus sabe quando. Estamos gastando o dinheiro que não temos, estamos gastando recursos de fundos que não pertencem ao país, são de grupos, ainda que grandes como o dos trabalhadores que estão ficando sem R$ 8,5 bilhões de seu FGTS, dinheiro que não vai voltar, foi tomado a fundo perdido para uma causa muito nobre: a de construir casa para o povo. Mas uma causa nobre não justifica dano tão grave ao dinheiro de milhões de trabalhadores que podem chegar à velhice sem receber o que depositaram ao longo de suas sempre penosas jornadas de trabalho. Onde existe um dinheiro parado, mesmo que seja o dinheiro que não pertence ao governo ou pelo menos não está ao seu alcance, dá-se um jeito, vota-se uma lei, e como os depósitos judiciais, o dinheiro vai para o alcance do governo. Tal e qual as pedaladas, o dinheiro doFAT.
Sem falar no grande rombo que foi provocado pelo deslocamento de dinheiro que saiu do Tesouro e foi para os cofres do BNDES, para ali ser emprestado a juros mais baixos do que o governo toma, sob o argumento de se estar promovendo o desenvolvimento do país. Dinheiro do BNDES, ou através dele, foi emprestado a países amigos, emprestado ao grupo JBS que agora acaba de aliviar a Camargo Corrêa, uma das empresas mais atoladas na Operação “Lava Jato”. A JBF, mantenedora da JBS Friboi adquiriu dela o Grupo Alpargatas por R$ 170 bilhões.
Há muito mais, todavia, o que importa agora é rejeitar acordos a não ser os que possamos fazer com Papai Noel em matéria de esperança, de otimismo, de vontade de ir em frente. Já sabemos, segundo nos dizem os especialistas, os grandes entendedores, que a crise econômica vai durar no mínimo dois anos. Sendo assim, ainda que muitos não queiram, o melhor é aproveitar o tempo para avançar nos consertos que sabemos indispensáveis. Não chegaremos a lugar nenhum se não arrumarmos a casa, vencendo a corrupção, a política mal praticada, fortalecendo nossas instituições de verdade, sem arremedos e sem ilusões.


NOVELA DA ECÔNOMIA (2)



  

José Antônio Bicalho

 
Continuo a coluna do ponto em que parei nessa terça (para ler a primeira parte, acesse o Portal do Hoje em Dia e clique em Colunas). A ideia, nesta quarta, é comparar alguns indicadores das finanças do governo entre 2009 e hoje. E o objetivo é verificar se é verdadeira a afirmação de que as medidas anticíclicas tomadas entre 2009 a 2014 “quebraram o Brasil”. Este é o argumento principal daqueles que defendem o ajuste fiscal como “única alternativa” colocada para o país.
Vamos, primeiro, à dívida brasileira. Acompanhando a evolução da dívida pública, vemos que em setembro de 2009, no início das políticas expansionistas, o estoque da dívida pública federal era de R$ 2,184 trilhões. Em setembro deste ano (último boletim da dívida pública do Tesouro Nacional) passou para R$ 2,734 trilhões, o que representa um aumento de 25,2% (com valores já corrigidos pela inflação acumulada no período de 46,71%).
É muito, concordo. Mas vamos fazer outra conta para separar o período das políticas anticíclicas da atual gestão monetarista. O resultado é surpreendente: em dezembro do ano passado, quando se encerrou o ciclo expansionista, o estoque da dívida era de R$ 2,296 trilhões. Isso significa que ao longo dos cinco anos e três meses de políticas voltadas ao desenvolvimento (setembro 2009 a dezembro 2014), a dívida cresceu apenas 5,12%. Vejam bem, é menos que o crescimento de 8,8% do PIB no mesmo período. Ou seja, em termos relativos a dívida federal caiu.
E o que aconteceu de janeiro para cá? A partir de Levy e do ajuste fiscal, em apenas nove meses o estoque da dívida subiu 21,6%. Repito os números: passou de R$ 2,296 trilhões ao final de dezembro do ano passado para R$ 2,734 trilhões em setembro deste ano.
A dívida cresceu e seu custo de rolagem também. Com o aumento dos juros, o custo médio do estoque da dívida está em 16,07% ao ano (dado de setembro). Isso é quase cinco pontos percentuais a mais que o verificado em setembro de 2009, quando o custo da dívida era de 11,42%.
Com um custo de rolagem maior, é preciso que o governo, ao menos, melhore seu resultado primário (saldo dos gastos menos despesas) para poder pagar os juros da dívida. Mas o governo registrou nos nove primeiros meses deste ano um déficit primário – quando as despesas são maiores do que as receitas – de R$ 20,93 bilhões. Este foi o pior resultado para o período desde 1997, quando teve início a série histórica do Tesouro Nacional. E o crescimento da dívida que apresentamos pouco acima acontece justamente pela incorporação de tais déficits ao estoque.
O aumento da dívida não seria um grande problema se o PIB também estivesse crescendo, mas é o contrário que está acontecendo. Com uma previsão de queda do PIB para este ano de 3,15%, a relação entre dívida bruta e PIB disparou. Passou de 59,8% em janeiro para 65,3% em agosto (último dado), um aumento de mais de cinco pontos percentuais em apenas sete meses.
Do cruzamento de todos esses números, o que se conclui é que a velocidade da deterioração dos indicadores das contas públicas é impressionante desde o início do ajuste fiscal. E que estes já estão muito piores do que em 2009, quando teve início o último ciclo de intervenções anticíclicas para combater a crise do subprime. Ou seja, quanto mais se demora para mudar a política econômica no sentido do crescimento e do emprego, menos capacidade o governo tem para fazê-lo. E se não mudarmos a política econômica, aí sim, o país quebra.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...