quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A CASA PRECISA SER ARRUMADA COM URGÊNCIA



  

Márcio Doti


Isto é o mesmo que dizer da impossibilidade de se fazer qualquer tipo de acordo. Por mais que a democracia deva ser um ambiente de discussão, entendimento e embate, há fases em que acordos envolvem sempre uma vassoura e um tapete. Está visto que chegamos a um ponto muito delicado da vida nacional. Há erros por toda parte, os que lidam diretamente com a lama espalhada estão a dizer que debelar a corrupção é como enxugar gelo. Pode ser. Se estão dizendo isso os que têm contato direto com casos, situações e panoramas abrangentes, então é porque devemos acreditar. O que não significa que devemos desanimar. Não vem ao caso, e parece não haver, também desvios, atalhos e variantes que nos permitam escolher.
Estamos encerrando um ano em que R$ 120 bilhões foram enfiados no orçamento na base da pressão. Saímos do maravilhoso sonho de um superávit qualquer para um rombo desse tamanho. Algo para ser recuperado só Deus sabe quando. Estamos gastando o dinheiro que não temos, estamos gastando recursos de fundos que não pertencem ao país, são de grupos, ainda que grandes como o dos trabalhadores que estão ficando sem R$ 8,5 bilhões de seu FGTS, dinheiro que não vai voltar, foi tomado a fundo perdido para uma causa muito nobre: a de construir casa para o povo. Mas uma causa nobre não justifica dano tão grave ao dinheiro de milhões de trabalhadores que podem chegar à velhice sem receber o que depositaram ao longo de suas sempre penosas jornadas de trabalho. Onde existe um dinheiro parado, mesmo que seja o dinheiro que não pertence ao governo ou pelo menos não está ao seu alcance, dá-se um jeito, vota-se uma lei, e como os depósitos judiciais, o dinheiro vai para o alcance do governo. Tal e qual as pedaladas, o dinheiro doFAT.
Sem falar no grande rombo que foi provocado pelo deslocamento de dinheiro que saiu do Tesouro e foi para os cofres do BNDES, para ali ser emprestado a juros mais baixos do que o governo toma, sob o argumento de se estar promovendo o desenvolvimento do país. Dinheiro do BNDES, ou através dele, foi emprestado a países amigos, emprestado ao grupo JBS que agora acaba de aliviar a Camargo Corrêa, uma das empresas mais atoladas na Operação “Lava Jato”. A JBF, mantenedora da JBS Friboi adquiriu dela o Grupo Alpargatas por R$ 170 bilhões.
Há muito mais, todavia, o que importa agora é rejeitar acordos a não ser os que possamos fazer com Papai Noel em matéria de esperança, de otimismo, de vontade de ir em frente. Já sabemos, segundo nos dizem os especialistas, os grandes entendedores, que a crise econômica vai durar no mínimo dois anos. Sendo assim, ainda que muitos não queiram, o melhor é aproveitar o tempo para avançar nos consertos que sabemos indispensáveis. Não chegaremos a lugar nenhum se não arrumarmos a casa, vencendo a corrupção, a política mal praticada, fortalecendo nossas instituições de verdade, sem arremedos e sem ilusões.


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