terça-feira, 10 de novembro de 2015

AQUI NO BRASIL A IMAGINAÇÃO É MAIOR



Novo projeto de avião supersônico sonha com viagem Londres/NY em meia hora


Imagem renderizada do avião supersônico Skreemr (Ray Mattison/Charles Bombardier/Divulgação)

Ideias de aviões supersônicos têm surgido com frequência recentemente, alimentando os sonhos de quem imagina chegar (bem) mais rápido ao seu destino. Mesmo que a possibilidade de viabilizar projetos assim seja pequena, é interessante ver o que está sendo estudado.
A proposta mais recente foi apresentada pelo engenheiro Charles Bombardier – que é da família que comanda a fabricante de aviões canadense. O equipamento que Charles imaginou e batizou de Skreemr seria capaz de alcançar velocidades acima do mach 10. O engenheiro explica: a uma altitude de 40.000 pés, a velocidade do som é de 660 milhas por hora. No mach 10, chegaria a 6.600 milhas por hora, ou 10.621 quilômetros por hora.
Se um dia essa velocidade for alcançada, será possível fazer a rota entre Londres e Nova York em aproximadamente meia hora (!).
“Esse conceito é antes de tudo uma forma de fazer as pessoas sonharem sobre o está pela frente em termos de viagem aérea”, destaca o engenheiro, que deseja estimular o interesse das pessoas pela ciência.



Avião voaria dez vezes mais rápido que o som (Ray Mattison/Charles Bombardier/Divulgação)

Misto de avião e foguete
Ele pensou em uma máquina que seria um híbrido de avião/trem/foguete: “viajaria inicialmente como um trem, decolaria como um avião e aceleraria no céu como um foguete”. A aeronave levaria 75 passageiros e usaria um motor scramjet que, ao contrário dos convencionais, queima o oxigênio da atmosfera, sem precisar carregar tanques de oxigênio.
No contexto imaginado por Bombardier, seria possível embarcar em uma estação no meio da cidade e os veículos deslizariam sobre trilhos em um sistema conhecido como maglev (levitação magnética). O lançamento eletrônico teria aceleração progressiva para manter o conforto. O sistema precisaria ser longo o suficiente para que a velocidade supersônica fosse alcançada sem sobrecarregar os passageiros com força g excessiva.
O engenheiro afirma que, se um dia um avião como este ganhar os céus, ele deverá ser totalmente automatizado. “Não haveria mais nenhum espaço para “erros humanos”, especialmente em velocidades assim”, ressalta.
Obstáculos
Há muitos obstáculos para viabilizar um conceito como este, é claro. Ele cita, por exemplo, a onda de choque gerada pelo voo de um veículo supersônico a baixa altitude. “A propagação da onda de choque varia enormemente dependendo da forma do avião, das condições atmosféricas e da de topografia e será um grande problema para o Skreemr”.
Há ainda uma preocupação com o calor. “Só para dar uma ordem de magnitude, no Mach 7, em uma altitude de 10 km, a temperatura ficaria acima de 2.200 graus Celsius”. O desafio seria encontrar materiais resistentes a uma temperatura tão elevada.
Os desafios também são econômicos: os combustíveis utilizados seriam extremamente caros e os custos para desenvolver o projeto seria elevado.
COMENTÁRIO
Estão gastando fosfato de graça, venham pra cá, a tecnologia da corrupção aqui avança na velocidade do som, com incrível blindagem dos artefatos corruptos. É tão rápido que ninguém vê, ninguém pega, ninguém sabe, é uma ciência cara, mas o povo paga sem problemas, e sempre vota nos mesmos cientistas. Certamente vai dar prêmio Nobel.



Projeto de avião supersônico desenvolvido pelo engenheiro Charles Bombardier (Ray Mattison)

NO BRASIL: CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE ANDAM DE MÃOS JUNTAS



  

Márcio Doti




Viver aos sobressaltos é o que tem feito algumas figuras da vida nacional, entre elas, a presidente Dilma e o governador de Minas, Fernando Pimentel. Dilma, às voltas com a série de erros cometidos e, em função deles, os riscos de um impeachment no Congresso ou derrota em alguns processos no Tribunal Superior Eleitoral. O governador Pimentel, às voltas com a Polícia Federal, sem saber qual será o próximo passo da operação Acrônimo que a cada investida complica mais sua situação e de seus parceiros, a esposa Carolina, o ex-sócio Otílio e o também amigo Benedito Oliveira.
A semana passada foi tensa porque soube-se da intenção da CPI do BNDES de convocá-lo para depor. Despachou-se para Brasília um mega assessor cuja missão, naquele momento, era evitar a convocação ou pelo menos retardar sua ocorrência. Como tal CPI tem sido mais um fracasso parlamentar de investigação, a situação acabou aliviada. Mas, há sempre o risco de um novo passo das operações Acrônimo e também da Zelotes em que Pimentel aparece por força de figurar na lista das personalidades e autoridades que mais realizaram operações financeiras. Aparece ao lado de Erenice Guerra, Palocci e do próprio ex-presidente Lula num levantamento feito pelo COAF, do Ministério da Fazenda.
VALE TUDO
Como a crise moral que tomou conta do país ao lado das crises econômica e política, ninguém se espante se tudo caminhar para uma enorme pizza. Tentativas não estão faltando justamente pelo ambiente em que não há escrúpulos, fala-se abertamente em dirigir a Polícia Federal, comprar deputados com verbas e cargos para evitar impeachment e por aí em diante. Vimos a juíza que autorizou a operação de busca e apreensão na empresa de um filho do ex-presidente Lula ter que deixar o cargo porque o titular decidiu voltar, mesmo podendo permanecer em honrosa posição como assessor no Superior Tribunal de Justiça (STJ), situação gratificante profissionalmente da qual poucas são as pessoas que abrem mão. E por coincidência esse juiz é o mesmo que em passado recente mandou arquivar um inquérito contra Erenice Guerra. No país dos absurdos, é normal que pessoas investigadas se queixem à presidente da República de operações da Polícia Federal, fato ao qual se referiu em recente entrevista o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao considerar-se mal querido por Lula porque também acha que o ministro não controla a Polícia Federal.
Com tantas tentativas de controle, tanto choro e reclamação teme-se pelo êxito de tais absurdos, principalmente se levarmos em conta pronunciamento recente do procurador que é coordenador da operação “Lava Jato” e, recentemente, fez palestra no interior de São Paulo para dizer que não se pode desistir do nosso país. Que o momento é favorável para se propor e apoiar medidas que combatam de fato a corrupção. Segundo o procurador Beltran Dallagnol é difícil descobrir os casos, prová-los e não vê-los derrubados pela Justiça. Disse que impunidade e corrupção caminham de mãos dadas. E arrematou afirmando que “somente uma sociedade unida será capaz de mudar esse cenário. É preciso atuar no sistema que favorece esse fenômeno, do contrário, é enxugar gelo”, arrematou. E dizer mais o que?


O CAPITAL É MAIS IMPORTANTE DO QUE A VIDA HUMANA E O MEIO AMBIENTE?



  

José Antônio Bicalho


O drama humano do acidente em Mariana se sobrepõe a todos os demais. Pessoas foram mortas, feridas, perderam suas casas e seus meios de subsistência. Num segundo lugar está a questão ambiental, com o impacto do acidente na vida dos rios Piranga e Doce, e das pessoas que deles dependem. Na hierarquia dos dramas, a questão econômica aparece lá atrás. Mas tratarei desta por ser a coluna dedicada à economia e o assunto não ser irrelevante.
O acidente coloca a Samarco, uma das maiores empresas de Minas, numa posição dificílima. Ante a enorme dívida da empresa, parar é coisa impensável. Para pagar seus compromissos, a Samarco precisa gerar caixa. Do contrário, corre o risco de perder o controle da dívida em curto espaço de tempo.
Com o rompimento das barragens, a mina parou. Segundo a empresa, não há previsão de retomada das atividades. As unidades de pelotização de Ubu, no Espírito Santo, continuam operando apenas com estoques, suficientes para poucas semanas. Se não for encontrada alternativa de fornecimento, a empresa toda parará.
Enquanto a roda estava girando, os resultados da Samarco eram invejáveis. Mesmo com a derrocada do mercado mundial de minério de ferro, a empresa faturou R$ 7,601 bilhões no ano passado e alcançou lucro de R$ 2,805 bilhões, uma incrível margem de 37% (lucro líquido sobre faturamento bruto).
Mas a dívida também é enorme. A empresa fechou 2014 com uma dívida bruta de R$ 11,648 bilhões, o equivalente a 3,1 vezes a geração de caixa (pelo conceito Ebitda, que é o lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização). Apesar do gigantismo da dívida, sua relação com a geração de caixa era até confortável. O problema é que esta geração de caixa, agora, está ameaçada.
A Samarco é uma joint-venture dividida em partes iguais entre os dois maiores produtores mundiais de minério, a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. Atua no segmento de pelotas, produto de maior valor agregado que o minério bruto.
Ao contrário de outras mineradoras, praticamente não recorre às tradings que dominam o comércio internacional de minério e praticam preços aviltados, nem tem a China como seu principal mercado. Possui contratos de longo prazo com consumidores finais espalhados por 20 diferentes países, nos cinco continentes, mas em especial nos Estados Unidos e na Europa. Estes são, principalmente, siderúrgicas que operam pelo sistema de redução direta, e que precisam de pelotas com alto teor de ferro e um controle preciso de contaminantes.
Além da qualidade dos produtos, outro segredo da Samarco é a logística, uma das melhores e mais baratas do mundo. A empresa transporta seu minério extraído de Mariana até Ubu por meio de três linhas independentes de mineroduto. No Espírito Santo, esse minério é transformado em pelotas em quatro grandes unidades de pelotização.
A empresa não enfrenta problema de queda de demanda por suas pelotas. Por isso, investiu recentemente na construção do terceiro mineroduto e na quarta unidade de pelotização. E foi justamente esse investimento que fez a dívida da Samarco saltar dos R$ 3,369 bilhões de 2010 para os atuais R$ 11,648 bilhões.
Enquanto pode, a estratégia da Samarco foi alongar o perfil da dívida. Conseguiu fazer isso com facilidade enquanto exibiu bons resultados e manteve equilibrado o nível de alavancagem previsto nos contratos com os bancos.
O problema é que tudo mudou desde o acidente. E, muito provavelmente, algum socorro financeiro de Vale e BHP Billiton terá que ser negociado.

NÃO HÁ COBRANÇA NEM PUNIÇÃO - O CAPITAL FALA MAIS ALTO



  

Jornal Hoje em Dia



Como já foi dito neste espaço em outras oportunidades, no Brasil, só se reage aos fatos, não se antecipa a eles. É o que está sendo visto no caso do desastre em Mariana. Somente após o rompimento das barragens de rejeitos da mineração da empresa multinacional Samarco. Nessa segunda, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) anunciou, em nota oficial, que decidiu embargar “todas as atividades da empresa na região”.

O objetivo oficial desse embargo tardio é apurar as causas e as consequências da tragédia para a saúde da população e o meio ambiente. A sensação que fica na cabeça do cidadão é que, se tivesse havido uma fiscalização rigorosa da atividade da mineradora, possivelmente o acidente teria sido evitado. Evidentemente, não é de agora essa situação envolvendo a legislação frouxa e a fiscalização omissa quando o assunto é atividade mineradora no estado.

O licenciamento da Samarco havia vencido nessa mina específica em junho de 2013. Pela legislação, o Estado deveria conferir se estava tudo em ordem na estrutura de coleta e beneficiamento do minério, além das capacidades das barragens de rejeitos. Mas não há prazo na Lei para que o poder público faça isso. Então, em função da burocracia paralisante, o tempo passa e tudo vai ficando como está. Para conseguir continuar operando, basta que a empresa dona de uma mina com licença prestes a vencer protocole junto ao órgão competente um pedido formal de renovação. Feito isso, a mina é automaticamente considerada legalizada, mesmo sem que se faça qualquer vistoria ou visita técnica. O resultado pode ser o que vimos ocorrer semana passada.

Houve severas falhas no plano de contingência da companhia para o caso de acidentes dessa natureza, o que está sendo duramente questionado pelo Ministério Público. A organização do resgate também tem sofrido críticas e, quase cinco dias depois, nem mesmo o número exato de desaparecidos e mortos foi apurado pelos entes públicos e privados envolvidos no processo.

A reportagem do Hoje em Dia tentou desde quinta-feira passada falar com o secretário estadual de meio ambiente, Sávio Souza Cruz. Ele alegou que estava de licença médica e orientou que ligássemos para o subsecretário de Fiscalização, Marcelo da Fonseca, que não atendeu aos telefonemas da reportagem. Na sexta, o secretário de estado de Desenvolvimento Econômico, Altamir Rôso, chego a classificar a mineradora como “vítima” e teve que voltar atrás depois da repercussão negativa de sua avaliação.

O governador do Estado, Fernando Pimentel, deu duas entrevistas desde o acidente. A segunda delas, de dentro da sede da Samarco, o que muita gente considerou um erro estratégico, já que aproxima perigosamente o poder público de uma empresa que será investigada por grave crime ambiental. Ambas as falas do governador adotaram tom de exaltação à solidariedade do povo, de lamentação pela tragédia, mas em nenhum momento de cobrança por responsabilidades. A presidente Dilma se limitou a dar declarações amenas nas redes sociais e a mandar uma representante a Mariana.

Agora, teremos pela frente uma longa investigação. O papel da imprensa e da população será acompanhar de perto se haverá isenção e rigor na apuração das causas e eventuais culpados. Na decisão dessa segunda, a Semad diz que a empresa “só poderá retomar as atividades após apuração e adoção de medidas de reparo dos danos provocados”. E a mineradora precisa explicar, de forma detalhada, como fará o ressarcimento dos prejuízos das famílias atingidas, a reconstrução das casas e o estabelecimento de uma renda mínima para os sobreviventes.

É o mínimo que a mineradora pode fazer, já que os danos ao meio ambiente levarão décadas para serem sanados.


AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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