Márcio Doti
Viver aos sobressaltos é o que tem
feito algumas figuras da vida nacional, entre elas, a presidente Dilma e o
governador de Minas, Fernando Pimentel. Dilma, às voltas com a série de erros
cometidos e, em função deles, os riscos de um impeachment no Congresso ou
derrota em alguns processos no Tribunal Superior Eleitoral. O governador
Pimentel, às voltas com a Polícia Federal, sem saber qual será o próximo passo
da operação Acrônimo que a cada investida complica mais sua situação e de seus
parceiros, a esposa Carolina, o ex-sócio Otílio e o também amigo Benedito
Oliveira.
A semana passada foi tensa porque
soube-se da intenção da CPI do BNDES de convocá-lo para depor. Despachou-se
para Brasília um mega assessor cuja missão, naquele momento, era evitar a
convocação ou pelo menos retardar sua ocorrência. Como tal CPI tem sido mais um
fracasso parlamentar de investigação, a situação acabou aliviada. Mas, há
sempre o risco de um novo passo das operações Acrônimo e também da Zelotes em
que Pimentel aparece por força de figurar na lista das personalidades e
autoridades que mais realizaram operações financeiras. Aparece ao lado de
Erenice Guerra, Palocci e do próprio ex-presidente Lula num levantamento feito
pelo COAF, do Ministério da Fazenda.
VALE TUDO
Como a crise moral que tomou conta do
país ao lado das crises econômica e política, ninguém se espante se tudo
caminhar para uma enorme pizza. Tentativas não estão faltando justamente pelo
ambiente em que não há escrúpulos, fala-se abertamente em dirigir a Polícia
Federal, comprar deputados com verbas e cargos para evitar impeachment e por aí
em diante. Vimos a juíza que autorizou a operação de busca e apreensão na
empresa de um filho do ex-presidente Lula ter que deixar o cargo porque o
titular decidiu voltar, mesmo podendo permanecer em honrosa posição como
assessor no Superior Tribunal de Justiça (STJ), situação gratificante
profissionalmente da qual poucas são as pessoas que abrem mão. E por
coincidência esse juiz é o mesmo que em passado recente mandou arquivar um
inquérito contra Erenice Guerra. No país dos absurdos, é normal que pessoas
investigadas se queixem à presidente da República de operações da Polícia
Federal, fato ao qual se referiu em recente entrevista o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, ao considerar-se mal querido por Lula porque também acha
que o ministro não controla a Polícia Federal.
Com tantas tentativas de controle,
tanto choro e reclamação teme-se pelo êxito de tais absurdos, principalmente se
levarmos em conta pronunciamento recente do procurador que é coordenador da
operação “Lava Jato” e, recentemente, fez palestra no interior de São Paulo
para dizer que não se pode desistir do nosso país. Que o momento é favorável
para se propor e apoiar medidas que combatam de fato a corrupção. Segundo o
procurador Beltran Dallagnol é difícil descobrir os casos, prová-los e não
vê-los derrubados pela Justiça. Disse que impunidade e corrupção caminham de
mãos dadas. E arrematou afirmando que “somente uma sociedade unida será capaz
de mudar esse cenário. É preciso atuar no sistema que favorece esse fenômeno,
do contrário, é enxugar gelo”, arrematou. E dizer mais o que?
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