terça-feira, 15 de setembro de 2015

VOCÊ TERÁ CORAGEM?



Confiante, primeiro paciente para transplante de cabeça diz não ter pressa


O russo Valery Spiridonov, o primeiro homem que terá a cabeça transplantada para um novo corpo, afirmou à Agência Efe que não tem pressa para entrar na sala de cirurgia, embora acredite que tudo estará pronto para a operação até dezembro de 2017, conforme anunciou o neurocirurgião italiano Sergio Canavero.
"Lido com este tema com bastante tranquilidade, à espera que a data seja confirmada. Não me importa onde ou quando, não tenho pressa. O que me importa é a confiabilidade do procedimento", declarou o voluntário, de 30 anos.
Spiridonov sofre de uma atrofia muscular espinhal chamada síndrome de Werdnig-Hoffmann, uma grave doença genética degenerativa que o impede de movimentar todos os membros, salvo as mãos e a cabeça.
O controverso neurocirurgião Canavero, duramente criticado pelos colegas de profissão, garante que desenvolveu uma técnica que permitiria unir a cabeça do paciente a outro corpo saudável, doado por um indivíduo que teve morte cerebral.
Canavero anunciou no último fim de semana que a cirurgia será realizada no fim de 2017 na Universidade Médica de Harbin, na China.
"Acreditamos que teremos tudo pronto até lá", confirmou Spiridonov, programador e artista gráfico que vive na cidade de Vladimir, a 170 quilômetros de Moscou, e que já deixou claro ao mundo que sua determinação para se submeter à arriscada operação é inalterável.
O voluntário lembrou que "a doença é degenerativa e, no final, mortal" porque "degenera os músculos, e o coração, afinal de contas, também é um músculo".
"A China quer tomar a iniciativa e está disposta a se arriscar para obter uma vitória no meio científico. A permissão das autoridades para realizar a operação é um assunto que, apesar de não estar resolvido, estará em breve", comentou o russo sobre o lugar onde deve ser feito o procedimento.
Canavero ganhou nos últimos meses a parceria do médico chinês Ren Xiaoping, que, segundo Spiridonov, realizou experimentos com ratos que provariam a eficácia da técnica desenvolvida pelo colega italiano.
"Há resultados nos experimentos com os ratos. Inclusive há vídeos nos quais é possível comprovar que os ratos sobrevivem um tempo depois da operação", afirmou Spiridonov, que postou alguns desses vídeos nas redes sociais.
De acordo com o voluntário, "a pesquisa é focada em prolongar a vida desses ratos, sua qualidade de vida e o processo de regeneração" depois da operação.
Canevero diz que usará uma substância chamada polietilenoglicol, capaz de conectar a cabeça com as fibras nervosas da medula espinhal, de modo que o cérebro possa transmitir ordens ao corpo e colocar seus órgãos e extremidades em movimento.
Seus críticos lembram que, em 1970, um cirurgião americano já conseguiu unir a cabeça de um chimpanzé ao corpo de outro, mas não pôde conectar o cérebro com o espinha dorsal e o animal morreu após nove dias.
Valery, no entanto, tem confiança no médico que promete um avanço científico revolucionário, praticamente um milagre, e diz que estudou profundamente as pesquisas de Canavero para ter segurança.
O italiano explicou à Efe que a operação, com um custo ligeiramente superior a US$ 10 milhões, durará por volta de 36 horas e necessitará da presença de 150 médicos de apoio.
"Na sala deverão estar as duas pessoas, a que doará o corpo e a que receberá o corpo. A cabeça que será transplantada será resfriada a uma temperatura de 12 graus, depois se procederá a retirada da cabeça de ambos - vasos sanguíneos, músculos, ossos. Após isso, começará a fase em que o paciente receberá seu novo corpo", explicou.

O GOVERNO FAZ BEM PARA ELES E MAL PARA O POVO



  

Malco Camargos



Todo e qualquer governo terá o dever de fazer o bem e fazer o mal. Administrar qualquer orçamento é fazer escolhas e elencar prioridades. É nesta hora que governos se distinguem uns dos outros, justamente ao fazer o bem e fazer o mal.

Democracia, para os mais otimistas, é sinônimo de governar para todos. É como se fosse possível um governo agradar a todos simultaneamente ou como se houvesse uma política pública perfeita, sem nenhum prejuízo aos cidadãos ou a parte deles, sem os chamados efeitos perversos.

Na realidade, a tarefa de um administrador público é fazer escolhas e estas sempre vão beneficiar ou prejudicar alguém. É assim que os partidos se diferenciam na política. Ao fazer escolhas, ao eleger prioridades, um governante vai priorizar determinado grupo de cidadãos, em detrimento de outros.

Neste momento, o governo Dilma tem que refazer seus cálculos e examinar suas prioridades. O que os números da economia revelam é que escolhas, no passado, não foram bem feitas. Houve erros nas políticas econômicas ou de inclusão nas políticas sociais, sem falar no desperdício de dinheiro público com a manutenção do Estado ou mesmo com a corrupção, e tudo isso levou à necessidade de escolhas mais difíceis no presente. Quanto maior a escassez de recursos, mais a competência do governo é colocada em cheque na hora de elencar prioridades.

Não é verdade a máxima que tem sido bradada por alguns que “se o povo elegeu, o povo tem o direito de tirar”, ou mesmo a frase dita pelo vice-presidente Michel Temer, ao se referir à baixa popularidade do governo atualmente: “Hoje, realmente, o índice é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo.”

Aqueles que vão na onda de apostar na troca do governo como consequência da baixa popularidade esquecem que remédios amargos deverão ser aplicados por todo e qualquer administrador e que nenhum governo eleito pode ficar refém da sua popularidade. Aqueles que estão acusando o governo hoje terão, caso a presidente da República deixe o cargo, de tomar medidas que certamente deixarão um grupo ou outro insatisfeito. E também esses não poderão ficar reféns da popularidade.

Agora, não há dúvidas que o pior caminho é a ausência de medidas administrativas e orçamentárias para conter a crise. Cabe ao governo eleito fazer os cortes e, se necessário, gerar receitas para que a vida econômica do país possa voltar aos eixos. E nesta hora é bom lembrar do velho Maquiavel: “Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, fazê-lo de uma vez só”. Dilma ou quem quer que seja que esteja no comando do país deve, neste momento, tomar decisões e priorizar as escolhas, caso contrário não haverá saída para a crise.

A bem da verdade, democracia nunca será um governo de todos e nem para todos. Teremos sempre governos representativos e a marca de um bom governante será sua capacidade de fazer boas escolhas diante dos recursos escassos.

Doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver

GOVERNO NÃO QUER CORTAR NA PRÓPRIA CARNE



  

Editorial Jornal Hoje em Dia


Após diversas protelações, o governo finalmente anunciou seu propalado pacote de cortes nos gastos públicos para tentar reverter a situação de crise que vive o país. E de pronto já se percebe um ingrediente explosivo: o adiamento para agosto de 2016 dos reajustes salariais para o funcionalismo. Como o servidor dificilmente é punido por fazer greve, é de se esperar uma enxurrada de movimentos de paralisação. Como já vem ocorrendo com os funcionários da Previdência Social, parados há dois meses, com nefastas consequências para os trabalhadores.

Outra questão que certamente gerará manifestações de revolta é a ressuscitação da CPMF, o “imposto do cheque”, já rechaçada pela sociedade e pelo Congresso quando de sua primeira menção pelo governo. O “czar” da economia, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, disse que os recursos com essa arrecadação serão destinados à Previdência e que o imposto vigorará “apenas” por quatro anos. Quando a CPMF foi criada, nos anos 90, sua destinação era a saúde. Com o passar do tempo, acabou virando reforço de caixa do governo.

Um fato singular foi o valor que pretende-se economizar com os cortes nos ministérios, que renderão somente R$ 200 milhões. Vê-se que o valor é pequeno quando se observa o montante total que o governo espera obter com o pacote, de R$ 64,5 bilhões. Representa menos de meio por cento.

Empresários mineiros ouvidos pelo Hoje em Dia já deram o alerta de que o pacote corta investimentos em infraestrutura, o que pode se tornar uma pá de cal nos esforços para recuperação da economia. Um desses casos é o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que perderá R$ 3,8 bilhões. Para a Fiemg, por exemplo, o que tem que diminuir é a máquina pública, as despesas de custeio.

Para a CDL, o retorno da CPMF não representará aumento da arrecadação, pois afetará diretamente a cadeia produtiva, reduzindo a base tributária. Outro corte que afetará a economia é o do Minha Casa, Minha Vida, programa de unidades residenciais que ajuda a movimentar o mercado da construção. Perderá R$ 4,8 bilhões, o que também foi lamentado pelo Sinduscon, sindicato do setor.

Enfim, o governo insiste em não cortar na própria carne, jogando a tarefa para a população e os empresários.

REMÉDIO AMARGO PARA O POVO



  

José Antônio Bicalho


E nesta segunda-feira (14) chegou a pancada aguardada desde a posse de Joaquim Levy como ministro da Fazenda. Não foi surpresa nem poderia ser diferente, levando-se em conta a ortodoxia professada pelo ministro. Solenemente foram anunciados cortes radicais nas despesas e aumento extremado de impostos.

“Isso foi feito na Inglaterra, que mais rapidamente voltou a crescer, na Espanha e nos outros países”, disse Levy. Esqueceu de dizer que a Espanha e os ‘outros países’, que são a Europa sob o tacão da Tróica, patinam na crise há sete anos, com recessão, desemprego e deterioração fiscal continuada.

Mas vamos a uma avaliação das medidas propostas já que elas apresentam diferentes graus de qualidade ou perversidade. Os cortes são de dois tipos: na máquina e nos investimentos. Os primeiros podem ser positivos, já que a tesoura será passada numa gastança estéril do governo. Já os investimentos, quando cortados, geram o efeito colateral de desacelerar a economia.

Dos R$ 26 bilhões de corte adicional no orçamento para o próximo ano, R$ 12,5 bilhões serão na máquina e R$ 13,5 bilhões nos investimentos.

Na máquina, estamos falando do adiamento do reajuste dos servidores, da suspensão de concursos, da aplicação real do teto remuneratório do serviço público e da redução de gastos de custeio. É dinheiro que deixará de irrigar a economia, mas que não possuem o efeito multiplicador dos investimentos diretos.

Já os cortes nos investimentos se darão, principalmente, no Minha Casa, Minha Vida, no Programa de Aceleração do Crescimento e na Saúde. Nos dois primeiros, segundo Levy, não será corte propriamente dito, mas mudança da fonte de recursos do Tesouro para o FGTS. De minha parte, duvido que se encontre uma equação que evite queda substancial nesses investimentos.

Na saúde, o corte será real. O que se realizará será apenas o investimento obrigatório constitucional.

Dependência

Como sabemos, a economia brasileira, pouco sofisticada, ainda tem nos gastos do governo seu principal motor. Quando a máquina pública coloca o pé no freio, principalmente nos investimentos, a onda recessiva contamina toda a economia. É o que já está acontecendo e é por isso que a arrecadação federal deverá retrair em quase R$ 6 bilhões neste ano, conforme informou ontem o próprio Levy. Com os cortes adicionais, a expectativa é de uma retração ainda mais forte em 2016. O governo precisará, então de fontes adicionais de receita, e essas foram detalhadas ontem por Levy.

A principal dela é a volta da CPMF de 0,2%, que sugará da economia R$ 32 bilhões. Mas há também aumento do Imposto de Renda sobre o ganho de capital das pessoas físicas nas operações de alienação de bens acima de R$ 1 milhão. E, ainda, propostas criativas, como a de avançar sobre 30% dos recursos do chamado Sistema S (Sesi, Senai, Senac, Senat, Sebrae e outros), financiado por desconto compulsório nas folhas de pagamento.

No final das contas, entre os cortes do orçamento e o aumento dos impostos, cerca de R$ 60 bilhões deixarão de circular no próximo ano. Se a recessão se aprofundar (o que seria uma consequência natural), mais cortes de orçamento e aumento de impostos serão necessários em 2016. E de que forma sairemos desse círculo vicioso? Isso Levy não explicou.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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