Aristóteles Drummond*
Os pagamentos feitos pela Petrobras à
Receita Federal e ao governo do Estado do Rio de Janeiro – em boa hora –
demonstram que a estatal petrolífera vinha dando o péssimo exemplo em não
cumprir com as suas obrigações fiscais, tanto em relação à União, sua acionista
e controladora, quanto a estados, como o Rio de Janeiro.
E isso é tão grave como as
barbaridades que estão sendo apuradas pela Justiça. Mostra gestão temerária e
estes impostos devem ter sido pagos com gravames de lei. Existem responsáveis.
Soa estranho o que vem ocorrendo com
nossas maiores e mais conceituadas empresas estatais. A Petrobras virou caso de
polícia, aqui e no estrangeiro.
A Eletrobrás acaba de divulgar
prejuízos consideráveis. E olha que a empresa é conceituada pelos seus técnicos
e quadros administrativos, que dotou o Brasil de um exemplar parque gerador
hidráulico, incluindo duas das maiores usinas do mundo, a binacional Itaipu e a
de Tucuruí.
Ora, a empresa que era a número um no
Brasil em valor patrimonial foi vítima de um golpe do próprio governo que a
controla, ao perder as concessões de suas usinas.
Por mais que a presença privada seja
importante e deva ser mais bem-vinda, os grandes projetos de geração e
transmissão passam necessariamente pela Eletrobrás. Ela tem quadros de
excelência, experiência e respeito internacional, portanto, poderia sair do
imobilismo a que foi condenada, por imposição do próprio governo, nos últimos
anos.
A Eletrobrás não se viu envolvida em
negócios suspeitos de sua responsabilidade e gestão, e o que vem surgindo de
acusações não envolvem benefícios pessoais para os seus gestores.
Aliás, é bom registrar que, nestes
anos petistas de grandes equívocos e graves manipulações, o setor elétrico
passou incólume, tendo tido apenas a primeira gestão questionada sob todos os
aspectos. Mas veio logo a correção e a entrega a quadros do setor, incluindo da
Cemig.
O aconselhável seria o apoio e o
controle às nossas estatais, de um lado, e a criação de condições de
atratividade para o setor privado, por outro. E a CVM, o TCU e a CGU não
fecharem os olhos para as empresas regidas pelo regime privado quando na
verdade são controladas por estatais.
E aí mora o perigo dos altos salários
e das “consultorias” comentadas no setor.
A situação é de certo alívio em função
da recessão econômica, que é brutal. Mas esperamos que não permaneça por muito
tempo. É preciso liberar projetos e devolver a rentabilidade tradicional do
setor. Claro que sem prejuízo do que vem sendo investigado.
*Jornalista, escritor e historiador





