sábado, 22 de agosto de 2015

QUAL EMPRESA PÚBLICA QUE DÁ LUCRO APESAR DE SEREM EXCLUSIVAS




Aristóteles Drummond*


Os pagamentos feitos pela Petrobras à Receita Federal e ao governo do Estado do Rio de Janeiro – em boa hora – demonstram que a estatal petrolífera vinha dando o péssimo exemplo em não cumprir com as suas obrigações fiscais, tanto em relação à União, sua acionista e controladora, quanto a estados, como o Rio de Janeiro.

E isso é tão grave como as barbaridades que estão sendo apuradas pela Justiça. Mostra gestão temerária e estes impostos devem ter sido pagos com gravames de lei. Existem responsáveis.

Soa estranho o que vem ocorrendo com nossas maiores e mais conceituadas empresas estatais. A Petrobras virou caso de polícia, aqui e no estrangeiro.

A Eletrobrás acaba de divulgar prejuízos consideráveis. E olha que a empresa é conceituada pelos seus técnicos e quadros administrativos, que dotou o Brasil de um exemplar parque gerador hidráulico, incluindo duas das maiores usinas do mundo, a binacional Itaipu e a de Tucuruí.

Ora, a empresa que era a número um no Brasil em valor patrimonial foi vítima de um golpe do próprio governo que a controla, ao perder as concessões de suas usinas.

Por mais que a presença privada seja importante e deva ser mais bem-vinda, os grandes projetos de geração e transmissão passam necessariamente pela Eletrobrás. Ela tem quadros de excelência, experiência e respeito internacional, portanto, poderia sair do imobilismo a que foi condenada, por imposição do próprio governo, nos últimos anos.

A Eletrobrás não se viu envolvida em negócios suspeitos de sua responsabilidade e gestão, e o que vem surgindo de acusações não envolvem benefícios pessoais para os seus gestores.

Aliás, é bom registrar que, nestes anos petistas de grandes equívocos e graves manipulações, o setor elétrico passou incólume, tendo tido apenas a primeira gestão questionada sob todos os aspectos. Mas veio logo a correção e a entrega a quadros do setor, incluindo da Cemig.

O aconselhável seria o apoio e o controle às nossas estatais, de um lado, e a criação de condições de atratividade para o setor privado, por outro. E a CVM, o TCU e a CGU não fecharem os olhos para as empresas regidas pelo regime privado quando na verdade são controladas por estatais.

E aí mora o perigo dos altos salários e das “consultorias” comentadas no setor.

A situação é de certo alívio em função da recessão econômica, que é brutal. Mas esperamos que não permaneça por muito tempo. É preciso liberar projetos e devolver a rentabilidade tradicional do setor. Claro que sem prejuízo do que vem sendo investigado.

*Jornalista, escritor e historiador

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A NOSSA PRESIDENTE GASTA 100.000 DÓLARES POR DIA COM LIMOUSINES NOS EUA



  

Jornal Hoje em Dia



O clima de ebulição em que vive o Brasil teve nessa quinta-feira (20) outro de seus pontos altos. O presidente da Câmara dos Deputados, terceiro na linha de sucessão da Presidência da República em caso de morte ou renúncia, e um senador foram denunciados ao Supremo Tribunal Federal pela acusação de corrupção. No mesmo dia, foi anunciado que o desemprego chegou a 7,5% da população economicamente ativa no mês de julho.

A desocupação dos trabalhadores vem numa curva crescente pelo menos há sete meses. O patamar de 7,5%, informado pelo IBGE, é o maior desde 2010. No mês passado, a taxa havia sido de 6,9%. O último pilar em que se agarrava o governo de Dilma Rousseff está ruindo.

A renda dos assalariados também registra queda, achatando o poder de compra dos salários. Houve retração de 2,4% em julho, a sexta seguida, de acordo com o IBGE. É uma sequência de recuos que não era vista desde 2003.

Esses e outros indicadores negativos da economia se somam à grave crise política que o país vive. O Executivo está sob suspeita de envolvimento indireto na corrupção que tomou conta da Petrobras. Os dirigentes do Congresso também estão com o Ministério Público pisando em seus calcanhares. A denúncia feita nessa quinta-feira (20) contra Eduardo Cunha é apenas um dos efeitos do grande descrédito do Legislativo federal.

Quando deputados e senadores não fizeram as reformas exigidas pelas grandes manifestações populares de 2013, durante a Copa das Confederações, para tentar moralizar a política, perderam uma grande oportunidade de melhorar a imagem do Parlamento.

Uma atitude que foi tomada em outra época, quando um Congresso mais comprometido que o atual aprovou o impeachment de Fernando Collor – senador também denunciado nessa quinta-feira (20) –, em 1992. O governante foi retirado de seu cargo pelos desmandos de seu governo, acusações de corrupção e mau uso do dinheiro público. Além de ter confiscado a poupança dos brasileiros.

Nessa quinta-feira, pequenos grupos foram às ruas para defender o governo e acusar de “golpistas” aqueles que querem a saída da presidente. Pararam o trânsito em um dia útil da semana. Entretanto, faz parte da democracia. Mas não chegaram nem perto das manifestações de domingo passado contra o estado de coisas em que se encontra o país.

NESTA VENDA PODE OCORRER ROUBO



  

Márcio Doti


Repercutiu menos do que devia o anúncio de autorização para venda de 25% da BR Distribuidora, a unidade que distribui os combustíveis da Petrobras. É a configuração mais evidente do que aconteceu com a maior empresa estatal brasileira, o maior patrimônio dos brasileiros. A dívida da empresa cresceu de R$ 351 bilhões do ano passado para R$ 415 bilhões neste ano, até agora. Essa é a demonstração mais evidente do que se praticou ali. É parte da consequência de todos os malfeitos que vêm sendo levantados pela Operação Lava Jato. A Petrobras experimenta uma queda no seu lucro líquido de 43%. São R$ 5,9 bilhões de lucro, que ainda assim é alto, mas imaginemos que poderia ser quase 50% maior.

A BR Distribuidora terá 1/4 de seus negócios transferido para quem der mais. A empresa inteira está avaliada em R$ 35 bilhões, todavia, em tempos de crise qualquer patrimônio passa a valer menos. E nasce daí uma preocupação já assumida pelo Tribunal de Contas da União, o TCU, que anuncia a disposição de acompanhar toda essa operação de transferência parcial da distribuidora para a iniciativa privada. Para o caso de alguém ainda se atrever a aproveitar mais essa chance para levar embora mais dinheiro do povo. Mesmo com tantos holofotes voltados para a empresa, ninguém duvide. Basta lembrar que grande parte desses absurdos de propinas aconteceu durante ou depois do escândalo do mensalão.

Redução do impacto

O Conselho de Administração da Petrobras já autorizou a transação que, certamente, vem sendo preparada para acontecer e, desse modo, reduzir o impacto causado por todos esses ataques de corrupção. E como sempre acontece, quem paga a maior parte da conta acaba sendo quem menos pode. A grande crise em que mergulhou o governo faz vítima quem acaba pagando os impostos embutidos em tudo o que se consome. Por sinal, paga-se uma carga tributária que é das mais altas do mundo. E, apesar de pagar tanto, a grande maioria de brasileiros recebe pouco. Como os aposentados, que em função da crise, vão ficar sem receber a metade do 13º salário agora no meio do ano, como vinha acontecendo há nove anos. É parte do ajuste fiscal que não deve ter cortado nos cartões de crédito presidenciais, no número de ministérios, na quantidade de servidores de recrutamento amplo, sequer em parte do décimo terceiro salário recebido pela presidente e seus ministros.

Algo para ser refletido

Mesmo assim, seja por conveniência, por sobrevivência ou por boa dose de bom senso, há várias figuras representativas da sociedade apelando para um grande esforço de soerguimento nacional, deixando-se essa questão de impeachment apenas para o caso de se configurar verdadeiramente o quadro em que o impedimento venha a ser o caminho.

Há nesse meio os interesseiros e oportunistas, mas também os que acham que o problema deve ser enfrentado por quem o criou, no caso a própria presidente e seus parceiros, em boa parte do quadro. Se esta é, de fato, a conveniência, é algo para ser refletido levando-se em conta os efeitos do quanto mais tempo pior ou algo também para ser meditado, a própria sucessão da presidente.

INTERESSANTE


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

OS DE CIMA E OS DE BAIXO


DILEMA



  

Márcio Doti


O governo está desagradando ao ministro Joaquim Levy tal e qual dissemos que aconteceria. A cada pressão, cada momento difícil, um governo dependurado, sem sustentação, posto diante de discursos que pedem impeachment como se viu no domingo de manifestação, ou renúncia, como fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apesar das muitas críticas que provocou nos aliados da presidente Dilma Rousseff. Quando a presidente cede compromete um pouco mais o já difícil quadro econômico. Quando nega, torna mais difícil o quadro político.

A fragilidade é consequência dos tantos erros, mas aumentam os fracassos que vão sendo vividos dia após dia. O governo continua às voltas com muitas frentes de fragilidade. A começar pelo escândalo da Petrobras, que já mostrou o suficiente para escandalizar e agora alimenta a vitrine da pouca vergonha com as punições impostas pela Justiça. E a opinião pública está à espera de novas descobertas envolvendo outros órgãos e empresas estatais que não escaparam da imensa nuvem de gafanhotos desonestos. Há muitas barreiras a vencer. Mesmo o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros, ninguém sabe exatamente quanto custará e nem quando será cobrado. Mas a cobrança um dia virá.

Empresários publicaram notas de solidariedade e apoio à presidente, liderados pelas federações das indústrias do Rio e de São Paulo. Todavia, a conta já chegou: o governo vai liberar dinheiro dos bancos oficiais para acudir as montadoras e outras empresas em dificuldades financeiras, mediante a promessa de não haver demissões. Para as montadoras serão liberados R$ 5 bilhões. Cabe perguntar de onde exatamente vem o dinheiro já que o governo está experimentando saldos negativos de mês para mês. Mas montadoras são apenas o início da fila. Vem junto setores de petróleo, gás, alimentos, eletroeletrônicos, energia elétrica, mineração, telecomunicações, fármacos, químico, papel e celulose, máquinas, equipamentos e construção civil. Vai resolver? Porque esse dinheiro vai sair de algum caixa já vazio. Já experimentando saldo negativo. Por isto, como prevíamos, a medida desagrada o ministro Joaquim Levy.

O Judiciário, outro ponto de pendência, pede reajuste salarial que vai de 16% a 46%. E a presidente está dependurada em diversas frentes: no Tribunal de Contas da União (TCU), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)e no Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá decidir algumas pendências. Tudo isto basta para tornar este segundo semestre um tempo difícil. Ninguém se esqueça, contudo, que no próximo ano tem eleição municipal. Aí a cara do ministro Joaquim Levy vai entortar de vez. Porque virão as pressões dos municípios assim como virão as pressões de governadores, de deputados e dos próprios senadores, apesar da boa vizinhança com Renan Calheiros.

De onde sai dinheiro e não se repõe a gente sabe o que acontece: um dia ele acaba. E esse dinheiro que está saindo para socorrer empresas e logo sairá para socorrer políticos, todo esse dinheiro já até não existe. O que a presidente está fazendo é aumentar o vermelho das contas. Daí o vermelho da cara descontente do ministro. Não sem razão. A própria presidente não sabe onde isso vai dar. Apenas cede para respirar depois do sufoco das manifestações e das decisões judiciais que estão por vir. Tudo acontecendo exatamente como previmos. Não há como harmonizar a falta de dinheiro com tanta gente precisando de dinheiro.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...