sexta-feira, 21 de agosto de 2015

NESTA VENDA PODE OCORRER ROUBO



  

Márcio Doti


Repercutiu menos do que devia o anúncio de autorização para venda de 25% da BR Distribuidora, a unidade que distribui os combustíveis da Petrobras. É a configuração mais evidente do que aconteceu com a maior empresa estatal brasileira, o maior patrimônio dos brasileiros. A dívida da empresa cresceu de R$ 351 bilhões do ano passado para R$ 415 bilhões neste ano, até agora. Essa é a demonstração mais evidente do que se praticou ali. É parte da consequência de todos os malfeitos que vêm sendo levantados pela Operação Lava Jato. A Petrobras experimenta uma queda no seu lucro líquido de 43%. São R$ 5,9 bilhões de lucro, que ainda assim é alto, mas imaginemos que poderia ser quase 50% maior.

A BR Distribuidora terá 1/4 de seus negócios transferido para quem der mais. A empresa inteira está avaliada em R$ 35 bilhões, todavia, em tempos de crise qualquer patrimônio passa a valer menos. E nasce daí uma preocupação já assumida pelo Tribunal de Contas da União, o TCU, que anuncia a disposição de acompanhar toda essa operação de transferência parcial da distribuidora para a iniciativa privada. Para o caso de alguém ainda se atrever a aproveitar mais essa chance para levar embora mais dinheiro do povo. Mesmo com tantos holofotes voltados para a empresa, ninguém duvide. Basta lembrar que grande parte desses absurdos de propinas aconteceu durante ou depois do escândalo do mensalão.

Redução do impacto

O Conselho de Administração da Petrobras já autorizou a transação que, certamente, vem sendo preparada para acontecer e, desse modo, reduzir o impacto causado por todos esses ataques de corrupção. E como sempre acontece, quem paga a maior parte da conta acaba sendo quem menos pode. A grande crise em que mergulhou o governo faz vítima quem acaba pagando os impostos embutidos em tudo o que se consome. Por sinal, paga-se uma carga tributária que é das mais altas do mundo. E, apesar de pagar tanto, a grande maioria de brasileiros recebe pouco. Como os aposentados, que em função da crise, vão ficar sem receber a metade do 13º salário agora no meio do ano, como vinha acontecendo há nove anos. É parte do ajuste fiscal que não deve ter cortado nos cartões de crédito presidenciais, no número de ministérios, na quantidade de servidores de recrutamento amplo, sequer em parte do décimo terceiro salário recebido pela presidente e seus ministros.

Algo para ser refletido

Mesmo assim, seja por conveniência, por sobrevivência ou por boa dose de bom senso, há várias figuras representativas da sociedade apelando para um grande esforço de soerguimento nacional, deixando-se essa questão de impeachment apenas para o caso de se configurar verdadeiramente o quadro em que o impedimento venha a ser o caminho.

Há nesse meio os interesseiros e oportunistas, mas também os que acham que o problema deve ser enfrentado por quem o criou, no caso a própria presidente e seus parceiros, em boa parte do quadro. Se esta é, de fato, a conveniência, é algo para ser refletido levando-se em conta os efeitos do quanto mais tempo pior ou algo também para ser meditado, a própria sucessão da presidente.

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