Eduardo Costa
Quando, pouco antes das duas da tarde
dessa terça-feira, fiquei sabendo da renúncia do presidente da Fifa fiquei
arrepiado. E como agradeço a Deus por me arrepiar com uma notícia que vem lá da
Suíça e, aparentemente, nada tem a ver comigo! Fico sim emocionado toda vez que
o bem derrota o mal e, não sei se por conta da natureza do meu ofício, isso é
cada vez mais raro. Joseph Blatter disse: “Meu mandato parece que não é mais
apoiado por ninguém”. Como todo velho gagá (porque gente como ele, Marin,
Havelange e dessa raça de ratos da barriga branca não merece o respeito de
idosos), ele está totalmente equivocado. Primeiro, não “parece”... Ninguém
apoia, jogadores europeus ameaçavam não receber o troféu da UEFA das mãos dele
no próximo sábado, e clubes do velho continente preparavam um histórico boicote
à Copa da Rússia; segundo, não é apenas o mandato dele, mas, a prática, a
safadeza sem limites.
O mundo está se enchendo de rolos e
mais rolos. E a razão maior da minha alegria é que – não tenho dúvidas – por
trás dessa atitude está uma imposição dos patrocinadores. Sim, porque é o
dinheiro que move a humanidade. O mesmo dinheiro que corrompe, seduz, violenta,
compra, derruba lá na frente quando os lucros estão ameaçados. Qualquer criança
minimamente informada, de oito ou nove anos, sente do cheiro de safadeza nestes
grandes acordos e aquela cena do Marin surrupiando uma medalha na premiação de
categorias de base é algo inimaginável até em centro de internação para menores
infratores. Assim, sabedores de que não dá para associar sua marca à quadrilha
dos velhos gagás, os donos do dinheiro no mundo deram cartão vermelho a
Blatter.
Nós, os pais, agradecemos a Deus por
poder dizer aos filhos que não vale a pena ser esperto, não é certo acreditar
que os canalhas estão na dianteira porque, um dia depois do outro, cada um só
colhe aquilo que planta. Quem quiser ter uma velhice tranquila, decente e
respeitada, tem de construir um castelo de verdade a vida inteira. Vale para os
poderosos da Fifa e para os espertinhos que estão mais perto da gente...
Afinal, não é que agora sabemos, de uma só vez, que a Cowan - histórica cliente
dos governos e parceira dos governantes – em menos de duzentos metros de
avenida Pedro I conseguiu derrubar um viaduto com menos aço que o devido,
erguer dois outros que precisaram ser escorados e ainda fazer uma cabeceira de
viaduto só de areia...
Só queria saber como os vovós que
juntaram tanto dinheiro pobre reagem diante do neto que, entre a admiração e o
medo da descoberta, pergunta: É verdade o que estão falando a seu respeito?
“Fico sim emocionado toda vez que o
bem derrota o mal e isso é cada vez mais raro”