sexta-feira, 22 de maio de 2015

FILMES ENFOCAM A MATURIDADE



Longas-metragens que espelham a vida na terceira idade estão em evidência

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia




Amigas de longa data, Norma Salles, Jane Moreira e Maria Orávia vêm encontrando bons motivos para tornar cada vez mais frequentes as idas ao cinema. A “maturidade”, fase da vida ainda cercada de preconceitos e dúvidas, tem pautado cada vez mais narrativas cinematográficas. Nas últimas semanas, o público mineiro pôde conferir, por exemplo, filmes como “Uma Longa Jornada”, “Dólares na Areia”, “Não Olhe pra Trás” e “O Exótico Hotel Marigold 2”, todos com atores maduros – como Maggie Smith (80 anos), Judi Dench (80) e Bill Nighy (65)– no elenco.
“O cinema é voltado para o público jovem, mas há um aumento nessa oferta (a espectadores de outras faixas etárias), com personagens que mostram que é possível viver bem nessa idade. O que acontece é que ‘saímos da história’, como diz a protagonista de ‘Marigold 2’, mas há muita coisa para acontecer ainda”, registra Norma.
“A idade é uma questão de atitude. Quando você tem uma paixão na vida, permanece jovem”, disse essa semana, em Cannes, Jane Fonda, ao apresentar o filme Youth” (“Juventude”), do italiano Paolo Sorrentino, descrito como uma ode à vida e à passagem do tempo.

Novos rumos
Depois de trabalharem juntas como servidoras públicas, hoje, Norma e as amigas dão novos rumos às suas trajetórias: aos 66 anos, ela atriz, contadora de histórias e arte-educadora. Jane, 67, viu que era hora de “viver e não ter vergonha de ser feliz”, como cantava Gonzaguinha. Com 65 anos, Maria, por sua vez, foi para uma fazenda no interior mineiro, para “aproveitar o ócio diante da natureza”. É a que mais se aproximaria dos personagens de “Marigold 2”, que se refugiam na Índia para experimentar uma cultura diferente. No elenco da sequência está, ainda, Richard Gere, que arranca suspiros das espectadoras com suas madeixas brancas.
Jane não só aprova esse viés da indústria cinematográfica como também detecta o interesse crescente que desperta por parte dos mais jovens, “que têm curiosidade em entender a gente, cada vez em maior número na sociedade”. Ela destaca que filmes como o francês “Amor” (2012) evidenciam a maneira diferenciada como europeus veem a “terceira idade”, enxergando não somente fragilidade, mas também amor – e sabedoria.

‘A vida pulsa, com os caminhos ainda podendo ser mudados’, diz, do alto de seus 80, Marly
Um dia antes de completar 81 anos, na última terça, Marly Ferraz se deu de presente uma ida ao cinema com uma das melhores amigas. A escolha de “O Exótico Hotel Marigold 2” não poderia ser mais inspiradora para quem acredita que, após oito décadas, “a vida pulsa, com os caminhos ainda podendo ser mudados”.



MARLY FERRAZ – Frequentadora desde as matinês de Tom & Jeery, nas décadas de 40 e 50 (Foto: Ricardo Bastos / Hoje em Dia)
Identificação que tende a aumentar, já que o crescimento desse nicho acompanha o aumento da expectativa de vida da população, além da quebra de um preconceito: a de que pessoas que já passaram da casa dos 70, 80, preferem ficar em casa. Na cidade alemã de Bonn, por exemplo, cerca de 50% dos espectadores de cinema têm mais de 50 anos.
No quesito qualidade, o crítico de cinema João Nunes, do jornal “Correio Popular”, observa que até nos filmes “mais comerciais” é possível encontrar abordagens interessantes, citando a sensação de ser intruso na casa do outro de “O Amor é Estranho” (2014) e a sabedoria da personagem de Judi Dench em “O Exótico Hotel Marigold”.
Também elogia a crueza sem condescendência de “Amor” e o humor cáustico do italiano “A Grande Beleza” (2013), filme anterior de Sorrentino, citado no início da matéria. “A crueza de um Michael Haneke me toca muito mais do que a decoração de filmes interessados em apenas comover. Haneke não comove, constrange. E, na realidade, a velhice é muitas vezes constrangedora”, analisa.
O quê de condescendência de parte expressiva de títulos dedicados a este nicho é o que o incomoda. Segundo João Nunes, cabelos brancos são quase necessariamente sinal de respeito na telona. “São, muitas vezes, velhos sábios, bondosos e simpáticos, que deixarão um legado positivo aos jovens”.

“Melhor idade”
O jornalista também desaprova o espírito “melhor idade” – “Expressão execrável que deveria ser banida do vocabulário, evidenciada nos filmes quando o idoso é visto como alguém jovial aproveitando a vida”. Um pouco disso poderia ser localizado na produção argentina “Elsa & Fred”, mas se detecta mais abertamente em “Última Viagem a Vegas”.
Sobre o filme que reúne Robert de Niro, Morgan Freeman e Michael Douglas, Nunes lamenta o fato de os personagens serem mostrados como “bobocas”, ao estilo de filmes ditos “gays” cujos personagens só servem a piadas. “Prefiro ‘Antes de Partir’, sobre a última chance de realizar alguns sonhos”. Ele cita, ainda, “Nebraska” (2013), em que um filho inventa um jogo para viajar com seu crédulo pai idoso – e, assim, rever as raízes.
O projeto “Chá no Cinema”, com foco na terceira idade, estará de volta em breve nas salas da rede Cineart
 


O DEFUNTO PODE ESTAR VIVO




  

Eduardo Costa

Embora, na prática, tenha cuidado do pé de meia de parentes, um líder religioso de Belo Horizonte costuma dizer “caixão não tem gaveta” e eu faço questão de manter a assertiva nas ondas da consciência, como prevenção a tentações. A propósito, meu irmão ouviu de um padre que tentação e problema a gente tem do dia que nasce ao que morre. Pois, é exatamente a indiferença de pessoas supostamente esclarecidas a estas máximas que me perturba. Como pode um homem como o José Janene ter sido tão louco por dinheiro a ponto de agora, quatro anos depois de sua morte, muita gente ainda duvidar que seja de verdade.

Ele estava envolvido no “mensalão” e só não foi para a cadeia porque morreu no meio do processo. Do coração. Antes, teve um acidente vascular cerebral e tratou de arranjar uma aposentadoria por invalidez. Depois, reza a lenda, levou Paulo Roberto Costa para a Petrobras e foi um dos mais entusiastas pilantras na roubalheira que assolou a maior empresa brasileira. Agora, o presidente da CPI que promete e não convence que vai apurar, falou na exumação do corpo de Janene. É que ele foi enterrado em urna lacrada – “o que não é comum quando se morre do coração” – e existiriam informações de que o ladrão famoso estaria bem vivo. E morando em país da América Central.

É ou não é demais para nossa capacidade de assimilação? A filha de Janene disse que é um desrespeito para com a família. Até convenceu os deputados a esperarem um pouco antes de desenterrar. E essa moça, será que dorme em paz sabendo que o pai era tão sem limites para por a mão em dinheiro sujo? E os deputados “apuradores”, será que não temem a acusação de que estão procurando um defunto para assumir a culpa, resolvendo assim todos os problemas? A propósito, quem naquela comissão tem coragem de sentar ali depois que o Paulo Roberto Costa foi lá e, dedo em riste, avisou que os culpados são eles, políticos, que querem fazer campanha, precisam de dinheiro, arranjam as maracutaias, caixa 2, essas indecências todas.

Vamos combinar uma coisa: a safadeza está tão impregnada na nossa vida pública, a maioria dos que dizem nos representar tem a ficha tão suja e as promessas de reformas, mudanças soam tão falsas que só faltava mesmo a exumação do Janene. Eu não duvido que ele esteja vivo. Não duvido que a mãe do menino Bernardo – aquele anjo assassinado pelo pai e a madrasta no Rio Grande do Sul – tenha sido também morta pelos que amava; não duvido que o FMI vai voltar, que o Lula quer voltar, não duvido de mais nada. Afinal, minha mãe, na virada do milênio já me avisara: “O mundo acabou... Você é que não viu”.

SEGREDO DAS PINTURAS DOS PINTORES FAMOSOS



Ciência revela segredos dos gênios da pintura como Picasso
AFP 





                    Algumas obras de Pablo Picasso realmente continham tinta de parede

CHICAGO (AFP) - Qual a tonalidade de vermelho usado na obra-prima de Renoir? Como Van Gogh concebeu seus girassóis? Picasso realmente usava tinta de pintar parede?

Segundo especialistas, técnicas científicas inovadoras estão ajudando a desvendar a beleza original esmaecida com o passar do tempo das grandes obras-primas da humanidade.

Ao reduzir a miniaturas as técnicas de amostragem, os cientistas conseguem averiguar como as moléculas individuais de uma pintura se comportam de forma diferente, o que lhes permite ver as verdadeiras cores orgânicas, como eram um século atrás.

"Analisamos as moléculas tal qual eram sob a moldura para que nos digam como deveriam ser agora", explica Richard Van Duyne, professor de química da Universidade Northwestern, que descreve um poderoso raio-X e uma técnica em microscópio conhecida como espectroscopia Raman de superfície ampliada, utilizada em um quadro de Renoir em 1883, intitulado "Madame Leon Clapisson".

A pintura e sua reconstrução fazem parte de uma exposição, inaugurada no começo deste mês no Institute of Chicago e que mostra como os cientistas deveriam reviver as tonalidades vermelhas e rosadas para restaurar a forma como o quadro foi pintado.

O cientista holandês Joris Dik descreveu como o amarelo cádmio virou acinzentado em "Flowers in a Blue Vase" (1889), Van Gogh.

"Estamos muito interessados em reproduzir o quadro original", afirmou a jornalistas na conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), que se reuniu na semana passada em Chicago.

Uma reconstrução digital das flores que Van Gogh pintou mostrou um ramo de flores amarelas mais brilhante e profundo.

O laboratório de Dik, na Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, está trabalhando agora na recriação da textura da superfície e na cor original em imagem tridimensional para mostrar o que o artista fez sem alterar a obra original.

"Com estas reconstruções digitais não nos vemos submetidos às limitações éticas ou técnicas", que têm os enfoques de conservação padrão, afirmou.

Nova visão dos velhos clássicos

Algum dia, os entusiastas da arte poderiam ter uma visão - e experimentação - completamente diferente do trabalho de grandes artistas. Hoje em dia, os visitantes do museu Van Gogh, em Amsterdã, podem comprar e levar para casa réplicas tridimensionais impressas das obras do artista genial.

Muitas das técnicas científicas que tentam desconstruir os quadros não são novas, visto que começaram a ser usadas no final de 1880, mas têm sido refinadas com o tempo, afirmaram os especialistas.

A miniaturização do equipamento analítico e a natureza portátil de muitos instrumentos se dirigiram a novos limites na última década, o que implica que se pode fazer mais trabalhos nos museus e que não é necessário o caro e perigoso transporte das obras de arte.

"Não vimos o ápice ainda, (no entanto) estamos em um momento muito interessante", afirma Dik.

A nanotecnologia para estudar a arte e o patrimônio cultural tem aplicações que vão além de outros âmbitos da vida, da fabricação de baterias em miniatura à administração de tratamentos de câncer a pacientes com idade avançada.

"No fim do dia, estamos tratando do mesmo problema. Temos objetos na escala do metro que temos que estudar no nível da molécula individual", afirma Van Duyne.

No ano passado, os cientistas utilizaram a potente energia dos raios-X para revelar que Picasso usava tinta de parede em algumas de suas obras.

"Só foi possível fazer isto porque tínhamos uma resolução espacial muito alta, de forma que pudemos ver coisas extremamente pequenas", afirma o físico Volker Rose, do Laboratório Nacional Argonne.

"Também teve a sensibilidade de coletar os menores vestígios de impurezas", diz.

Embora as revelações tenham levantado muita polêmica, Rose afirma que a mensagem é inspiradora.

"Sabemos que se compramos uma lata de tinta convencional para paredes, qualquer um de nós pode virar um Picasso", desafia.



CHANCES DE CRESCIMENTO PERDIDAS



  

Paulo Paiva    
                                                                                          
Desde os anos 80 a economia brasileira apresenta crescimento lento, produtividade estagnada e baixa competitividade no contexto internacional, principalmente por questões relacionadas ao governo: excessiva burocracia no setor público, deficiência de infraestrutura, alta carga tributária, baixo nível de escolaridade e ambiente difícil para negócios.
Essa tendência contrasta-se com aquela das três décadas anteriores (1950-1980), quando a economia brasileira cresceu a uma taxa média anual de 7%, com expansão de sua indústria e de sua produtividade.
Os ciclos da economia brasileira estão relacionados às condições do ambiente externo e, para melhor entender o comportamento de seu crescimento, vale a pena examinar as respostas do governo às crises internacionais.
Dois exemplos de estratégias equivocadas parecem-me relevantes para se entender o pífio crescimento brasileiro, a partir dos anos 80.
O primeiro foi no final da década de 70, quando o chamado “milagre econômico brasileiro” foi confrontado com a crise da economia internacional.
No início dos anos 70, os Estados Unidos abandonaram unilateralmente a paridade do dólar com o ouro, criando enorme instabilidade nos mercados de câmbio. Em seguida, os preços do petróleo e as taxas de juros dispararam.
Enquanto todas as economias do mundo se ajustaram ao novo ambiente hostil, o Brasil, ao contrário, optou por ignorá-lo, admitindo ser “uma ilha de prosperidade”. O governo Geisel (1974-1979), então, lançou um programa arrojado de investimentos públicos sem recursos assegurados.
Perdeu-se, à época, a oportunidade para abrir a economia ao comércio externo, privatizar empresas públicas e deixar o capital privado participar da execução dos projetos do II PND.
O segundo foi o equívoco do governo petista em não ter entendido corretamente a profundidade da crise internacional, que não é mais apenas do sistema financeiro privado, mas de toda a economia global. Particularmente, por acreditar que o aumento nos preços de commodities seria permanente.

Que “marolinha” que nada. 

No ciclo de expansão dos preços de commodities, perdeu-se a oportunidade para fazer reformas necessárias ao ajuste estrutural das contas públicas, como da Previdência Social, e para adequar o modelo de concessão da infraestrutura estimulando a participação do capital privado. Ademais, para se ter uma política de comércio exterior mais pragmática.
Vê-se que as semelhanças do governo petista com o governo Geisel são também nos erros cometidos: um acreditando no “Brasil grande” e outro, no “Brasil maior”. Ambos apostando no consumo interno ilimitado, sem considerar as restrições da economia. Ambos acreditando em suas próprias propagandas.
Autoengano que está custando caro ao país.
Se essas oportunidades não fossem perdidas, certamente a economia brasileira estaria em outro patamar.

Professor da Fundação Dom Cabral, foi ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo FHC
 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...