Tensão entre governo e DEM ameaça permanência de Tereza na Agricultura
Sarah Teófilo
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil - 1/4/20 Má relação de Bolsonaro com o DEM
deixa ameaçada posição da ministra
O distanciamento do governo federal em relação ao DEM
colocou em questão um possível prejuízo à posição da ministra da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que é deputada
federal licenciada e integra o partido. O cenário é de uma péssima relação do
presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia (DEM-RJ). A demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
(DEM), e o rompimento do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), alimentam
ainda mais a rede de intrigas.
Dois parlamentares, sendo um bolsonarista, contaram
ao Correio que houve aumento de críticas à ministra Tereza Cristina,
quando o desgaste com o DEM foi se acentuando. As principais oposições teriam
vindo do setor “mais extremista” da base do presidente. A titular da
Agricultura, entretanto, continuou com o apoio de Jair Bolsonaro.
O coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária
(FPA), Alceu Moreira (MDB-RS), afirma que a ministra foi indicada ao cargo não
por integrar o DEM, mas também por ser “mulher, agrônoma, produtora rural,
deputada federal e presidente da Frente”. De acordo com ele, alguns critérios para
composição dos ministérios não observaram relação partidária, mas, sim, o
currículo dos indicados.
“As críticas que Tereza tem sofrido não são de
natureza partidária. É de um grupo de pessoas que ficou insatisfeito, pois
achava que tinha de ser resolvida a questão do FunRural (Fundo de Assistência
ao Trabalhador Rural), que só não foi resolvida porque isso implicaria em
responsabilidade fiscal do presidente. Não tinha contrapartida orçamentária
para poder fazer isso”, disse.
Para Moreira, a ministra está acima de questões
partidárias. “Não vejo nenhum problema em relação a ela nesse momento”, disse,
frisando que Tereza Cristina tem total apoio da FPA e, até onde sabe, “total
apoio do governo”.
Líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB) garante
que a ministra se mantém fortalecida no governo. Mesmo em meio à relação
conflituosa com integrantes do partido, como Mandetta, Maia e Caiado, o
parlamentar afirma que os fatos não respingaram sobre ela.
“Ela tem se mantido discreta, focada no trabalho e
mostrado excelentes resultados. Não a vi inserida em nenhum momento nesses
debates, manteve o foco no agronegócio, que é o motor da retomada da economia
no Brasil. Eu a vejo fortalecida. Com todos os interlocutores que falei, eles
advogam a favor da ministra de forma unânime”, disse.
Quanto às críticas à ministra, Efraim Filho diz
enxergar como um “desafeto pessoal” e não se relaciona ao fato de ela pertencer
ao DEM. “O trabalho que a ministra realiza tem sido tão bom, tão reconhecido,
que qualquer iniciativa nesse sentido não produziu efeitos capazes de
desconstruir o belo trabalho”, afirmou.
Além disso, o deputado diz ver o convite de
Bolsonaro para conversar com o presidente nacional do DEM e prefeito de
Salvador, ACM Neto, como um sinal de reaproximação entre o partido e o governo.
O parlamentar nega que o DEM tenha perdido espaço no governo e afirma que a
legenda conserva uma postura de independência e autonomia. “O partido tem
votado e sido essencial na aprovação das matérias com as quais tem identidade,
principalmente a agenda econômica”, pontuou.
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