Sem consenso para romper com governo, 'bancada da bala' pede volta de
pasta da Segurança Pública
Camila Turtelli
BRASÍLIA – A bancada da bala desistiu de romper
oficialmente com o governo Jair Bolsonaro,
de quem é aliada desde a campanha eleitoral, e passou a trabalhar pelo
fatiamento do Ministério da Justiça. O grupo deseja emplacar a recriação
do Ministério da Segurança Pública, que havia sido unificado a pedido do
ex-ministro Sergio Moro.
Após o pedido de demissão de Moro, na última sexta-feira (24), o
presidente da frente parlamentar da Segurança Pública, deputado Capitão Augusto
(PL-SP), falou em "luto total" e passou a defender o desembarque do
governo. A decisão seria um duro golpe na base de apoio do governo no Congresso
Nacional.
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Alex Silva/Estadão O deputado Capitão Augusto é líder da 'bancada da bala' na
Câmara dos Deputados
Hoje, no entanto, Augusto disse ao Broadcast
Político que passou o final de semana em conversas ao telefone com os
demais parlamentares integrantes da frente, sem avanço nas tratativas para o
rompimento. “Não houve consenso para desembarcar do governo”, afirmou.
Como mostrou o Estado, a demissão de Moro
abriu o caminho para o presidente concretizar a ideia de recriar a pasta da
Segurança Pública, que passaria a abarcar a Polícia Federal.
Uma tentativa de fazer esse movimento no início deste ano, ainda sob a alçada
de Moro, foi motivo de atrito entre o agora ex-ministro e o presidente.
A reestruturação da pasta era justamente um dos
temas das conversas que Bolsonaro teria com alguns de seus principais
auxiliares ao longo do fim de semana.
Amigo de longa data do presidente, o ex-deputado
federal Alberto Fraga (DEM-DF), cotado para assumir a possível
pasta, recebeu há pouco mais de um mês a recomendação do presidente para
“mergulhar” e esperar “a hora certa” para assumir um posto no governo.
Bancada
No dia da saída de Moro, Augusto disse que as
acusações feitas pelo ex-ministro contra Bolsonaro são “gravíssimas”. Moro diz
que o presidente tentou interferir politicamente no comando da Polícia Federal
e queria acesso a relatórios de inteligência. “Nem na época do PT tínhamos isso
aí, não achava que as coisas eram tão mais graves ainda”, afirmou o presidente
da bancada na ocasião. "É o começo do fim do mandato dele, infelizmente”,
sentenciou.
Com a permanência da aliança, porém, a bancada
passou a centrar seu poder de fogo na tentativa de recriação do Ministério da
Segurança Pública. No sábado, 25, a frente apresentou um ofício ao presidente
Jair Bolsonaro apoiando o desmembramento da pasta.
“A Bancada torna público à sociedade brasileira seu
firme pleito, para que o Presidente da República atue pelo resgate do
Ministério da Segurança Pública, especialmente pela amplitude e complexidade da
Pasta", diz o documento.
"Por fim, este colegiado lhe reitera os votos
de estima e consideração, para que com a soma de esforços possamos continuar o
resgate da ordem e do progresso no Brasil”, acrescenta o documento endereçado a
Bolsonaro.
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