China e EUA trocam farpas antes de novos protestos em Hong Kong
Da Redação
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Thomas Peter/Reuters Manifestantes participam de ato pró-democracia no
aeroporto de Hong Kong - 09/08/2019
A China e os Estados Unidos trocaram novos insultos
nesta sexta-feira, 9, antes de mais um final de semana de protestos em Hong Kong.
Na quinta-feira 8, Washington acusou Pequim de
conduzir um “regime truculento” depois que um jornal ligado ao governo chinês
publicou o nome e uma foto de uma diplomata americana durante um encontro com
ativistas em Hong Kong.
A porta-voz do Departamento de Estado americano
Morgan Ortagus reagiu à acusação chinesa e declarou que a divulgação de
informações pessoais de um diplomata dos Estados Unidos é “uma atitude digna de
um regime truculento.”
Ortagus ressaltou que encontros com diferentes
pessoas, entre elas líderes da oposição, faz parte do trabalho de diplomatas
americanos. Ela ainda acusou a China de vazar fotos da diplomata Julie Eadeh,
além dos nomes de seus filhos, dizendo que “esta não é a forma que uma nação
responsável deveria agir.”
Por sua vez, a China reagiu imediatamente aos
comentários e afirmou nesta sexta que os ataques americanos fazem parte de uma
“lógica gângster”. O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do Ministério
das Relações Exteriores da China ainda acusou os americanos de interferirem nos
assuntos da cidade.
O governo chinês está envolvido em uma guerra
comercial, tecnológica e monetária com os Estados Unidos. A tesão sofreu uma
escalada desde que Washington anunciou tarifas adicionais de 10% sobre 300
bilhões de dólares de produtos chineses na semana passada, e Pequim retaliou
com a desvalorização do yuan, que derrubou mercados pelo mundo.
Wall Street teve seu pior dia do ano nesta
segunda-feira 5, com queda de 2,90% do Dow Jones, 3,47% do Nasdaq e 2,98% do
S&P 500. No mesmo dia, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira,
fechou com queda de 2,51%.
Novo final de semana
de protestos
Manifestantes ocuparam o saguão de desembarque do
aeroporto de Hong Kong nesta sexta-feira, distribuindo panfletos antigoverno e
erguendo cartazes em uma dúzia de idiomas na tentativa de conscientizar os
visitantes na véspera de protestos planejados em toda a cidade no final de
semana.
Cerca de 1.000 manifestantes, a maioria jovens de
camiseta preta, distribuíram panfletos com o título “Caros viajantes” acima de
ilustrações retratando os protestos realizados desde junho, que mergulharam o
polo financeiro em sua maior crise desde que o Reino Unido o devolveu ao
controle da China em 1997.
“Desculpem-nos pela Hong Kong ‘inesperada'”, diziam
os panfletos em inglês. “Vocês chegaram a uma cidade arruinada e dividida, não
àquela que um dia imaginaram. Mas é por esta Hong Kong que lutamos”.
Os protestos cada vez mais violentos representam um
dos desafios mais sérios ao líder chinês, Xi Jinping.
O que começou como uma reação raivosa a um projeto
de lei, hoje suspenso, que permitiria que suspeitos de crimes fossem
extraditados para serem julgados em tribunais chineses, passou a incluir
exigências de maior democracia, da renúncia da líder de Hong Kong, Carrie Lam,
e até de uma proibição a turistas da China continental.
A multidão no aeroporto ocupou duas seções do
saguão de desembarque. Os manifestantes cantavam “Você Ouve o Povo Cantar?”, do
musical “Os Miseráveis”, e bradavam “Democracia já” e “Moradores de Hong Kong,
joguem gasolina!”.
A manifestação no aeroporto coincidiu com o momento
em que os poderosos empreendedores imobiliários da cidade se pronunciaram pela
primeira vez, pedindo calma depois de uma dúzia de grandes empresas alertar nos
últimos dias que os tumultos afetaram os lucros.
“A comunidade de Hong Kong está sofrendo com os
atos de violência perpetrados por um grupo pequenos de indivíduos ultimamente”,
disse um comunicado assinado por 17 empreendedores, entre eles Henderson Land
Development, New World Development e Sun Hung Kai Properties.
“Tais atos se desviaram da intenção original das
manifestações pacíficas e estão causando transtorno à comunidade empresarial e
ao público como um todo”.
Carrie marcou uma coletiva de imprensa para as
17h15 locais de sábado (6h15 em Brasília) com o secretário das Finanças, Paul
Chan, e o secretário de Comércio e Desenvolvimento Econômico, Edward Yau, já
que os efeitos negativos dos protestos estão se ampliando.
(Com Reuters e Agência Brasil)
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