Irã nega envolvimento em ataques a petroleiros e acusa EUA de
'desestabilização'
© - Fogo a bordo do petroleiro norueguês Front
Altair
O Irã rejeitou, nesta sexta-feira (14), como
"sem fundamentos" as acusações americanas de que seria responsável
pelos ataques contra dois petroleiros na região do Golfo e acusou os Estados
Unidos de serem "uma grave ameaça à estabilidade" regional e mundial.
Os preços do petróleo continuavam a subir na Ásia,
um dia após o ataque de quinta-feira contra dois petroleiros, um norueguês e um
japonês, perto do Estreito de Ormuz, uma passagem marítima estratégica, quase
um mês depois dos ataques contra quatro navios, três deles petroleiros, na
costa dos Emirados Árabes Unidos.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo,
acusou o Irã de querer perturbar o mercado global. "O governo dos Estados
Unidos acredita que a República Islâmica do Irã é responsável pelos ataques (de
quinta-feira) no mar de Omã".
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"O fato de os Estados Unidos aproveitarem
imediatamente a oportunidade para fazer acusações contra o Irã, revela que
(Washington e seus aliados árabes) passaram para o plano B: a sabotagem
diplomática e maquiagem do seu #TerrorismoEconômico contra o Irã", reagiu
o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif.
Seu ministério considerou "infundadas" as
acusações de Mike Pompeo e reiterou que o Irã, "responsável por garantir a
segurança no Estreito de Ormuz", veio em auxílio aos navios em perigo e
"salvou" a sua tripulação.
Pouco depois, foi a vez do presidente iraniano
Hassan Rohani reagir. "Nos últimos dois anos, o governo dos Estados Unidos
tem sido agressivo e representa uma séria ameaça à estabilidade na região e no
mundo, violando todas as regras internacionais", disse na reunião da
Organização de Cooperação de Xangai (SCO) em Bishkek, Quirguistão.
O comando central americano (Centcom) publicou um
vídeo em preto e branco mostrando o que apresentou como uma patrulha iraniana
"retirando uma mina que não explodiu" de um dos navios na costa
iraniana.
- "Objeto
voador" -
As autoridades norueguesas falaram de um ataque,
relatando três explosões a bordo do petroleiro "Front Altair", de
propriedade da empresa Frontline. Nenhum membro da tripulação ficou ferido.
O segundo navio, o Kokuka Courageous, foi alvejado,
mas toda a tripulação foi resgatada depois de abandonar o navio, e sua carga de
metanol está intacta, de acordo com o seu operador japonês, Kokuka Sangyo.
De acordo com relatos do proprietário do
navio-tanque, a tripulação informou que viu um "objeto voador"
atingir a embarcação. "Então houve uma explosão".
Os ataques a navios petroleiros e instalações
petrolíferas no Golfo podem perturbar o abastecimento do mercado global e
provocar um conflito armado envolvendo o Irã, dizem analistas.
Teerã e Washington estão envolvidos numa disputa de
alto risco desde a retirada unilateral em maio de 2018 do governo Trump do
acordo nuclear com o Irã e a reintrodução das sanções americanas contra Teerã.
Sem mencionar as invectivas e ameaças mútuas dos últimos meses, bem como os
reforços militares dos EUA na região.
Na quinta-feira, Zarif considerou como altamente
suspeito a coincidência entre os ataques contra os navios e a visita inédita ao
Irã do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que proclamou a vontade do seu
país de fazer o possível para diminuir as tensões.
O Irã também rejeitou na ONU, "nos termos mais
fortes", as acusações do embaixador americano Jonathan Cohen que culpou o
Irã pelos ataques evocando uma "sofisticação" e o tipo de bombas
utilizadas.
- Petróleo em alta -
Há um mês, os Estados Unidos acusaram o Irã de
estar, "muito provavelmente", por trás da sabotagem em 12 de maio de
quatro petroleiros ao largo dos Emirados Árabes Unidos, o que Teerã também
negou.
Uma investigação multinacional concluiu a provável
responsabilidade de um "ator estatal", mas sem evidências de que se
tratou do Irã, segundo os Emirados, um aliado da Arábia Saudita, rival do Irã
na região.
Nesta sexta, os Emirados Árabes Unidos denunciaram
uma "escalada perigosa", enquanto a china pediu "diálogo".
"Esperamos que todas as partes envolvidas
resolvam suas diferenças por meio do diálogo e consultas", declarou o
porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang.
Neste contexto, os preços do petróleo subiram na
Ásia. Por volta das 04h45 GMT (01h45 de Brasília), o barril de "light
sweet crude" (WTI) para entrega em julho subia 21 centavos, a 52,49
dólares. O barril de Brent, referência europeia, para agosto, subia 44
centavos, para 61,75 dólares.
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