Manifestantes
fazem passeata no Rio pela legalização do aborto
Vladimir Platonow -
Repórter da Agência Brasil
Centenas de pessoas,
a grande maioria mulheres, manifestam pela legalização do aborto no Rio de
Janeiro
A legalização do
aborto até a 12ª semana de gestação foi defendida, nesta sexta-feira (22), em
uma passeata pelas ruas centrais do Rio. Centenas de pessoas, a grande maioria
mulheres, se concentraram em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj) com faixas e cartazes pedindo que a interrupção da gravidez seja
considerada legal neste período, para garantir procedimentos cirúrgicos
públicos e saudáveis.
“Queremos garantir o
aborto gratuito e seguro no Brasil, mas só até a 12ª semana [de gestação], pois
neste período o feto não tem sistema neural, nervoso, nem coração. Ninguém faz
aborto porque quer. É um ato de desespero. Pedimos políticas públicas e atendimento
médico em postos de saúde”, disse Alessandra Primo de Moraes, do Sindicato dos
Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (Sintuff).
A recente aprovação
do aborto pela Câmara dos Deputados da Argentina fortaleceu os defensores da
medida. A psicóloga Ivana Fortunato, também presente ao ato, disse que o debate
em torno do assunto é urgente, pois muitas mulheres, a maioria negras e pobres,
morrem todos os anos por causa de abortos mal feitos.
“A questão do aborto
ser criminalizado não impede que aconteçam várias complicações decorrentes de
cirurgias inseguras, pois as mulheres pobres não têm dinheiro para pagar uma
clínica melhor. Um feto até 12 semanas não é uma vida. Não é alguém que sente,
que pensa. Ainda é um conjunto de células. Não defendemos matar crianças, mas
interromper a gestação em períodos iniciais”, disse Ivana.
Apesar da quase
totalidade do público na manifestação ser de mulheres, alguns homens também
estiveram presentes para defender a legalização do aborto. “Esta é uma pauta
histórica das mulheres. A proibição do aborto leva a riscos. Os argumentos
contra, geralmente não são científicos, mas morais e religiosos. Não é
bloqueando o debate que se avança”, disse o professor de história Ivan Dias
Martins.
Da Alerj, o grupo
seguiu pela Avenida Rio Branco até as escadarias da Câmara Municipal, na
Cinelândia. Durante todo o percurso, não houve atos de violência nem de
depredação. Um policial militar repreendeu algumas manifestantes quando elas
picharam um cartaz, colado na Câmara, criticando os defensores do aborto, mas a
situação foi logo superada.
As igrejas cristãs,
incluindo a católica e a evangélica, são contra o aborto. Os católicos, por
exemplo, consideram que a vida deve ser respeitada e protegida desde o momento
da concepção, quando o espermatozoide fecunda o óvulo.
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