O adeus a
Maria Esther Bueno, a bailarina que pôs o Brasil no mapa do tênis
Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo
Horizonte
Campeã em Wimbledon
com apenas 19 anos, Maria Esther foi homenageada na Olimpíada do Rio dando nome
a complexo de tênis dos Jogos
Dizer que Gustavo
Kuerten pôs o tênis brasileiro no mapa não é inverdade, mas é injusto com uma
paulistana que, décadas antes, fez algo igualmente impressionante. Basta ver
como, se os homens seguiram conquistando Grand Slams (em especial os mineiros
Marcelo Melo e Bruno Soares), as mulheres se mantêm longe das grandes
conquistas no esporte da bolinha verde. Uma história que poderia ter outro
desfecho se o exemplo de Maria Esther Bueno tivesse prosperado.
Numa era em que o
tênis profissional engatinhava, os mihões de dólares de premiação eram uma
perspectiva distante, ela saiu das quadras do Clube Tietê, em São Paulo, para
se tornar uma das mais impressionantes jogadoras das décadas de 1950 e 1960. Se
a predileção era pelas quadras rápidas, o retrospecto no saibro era igualmente
destacado. O título de duplas de Wimbledon de 1958, jogando com a parceira
Althea Gibson, a "Pantera Negra" foi apenas o primeiro de 19 (sete em
simples e 11 em duplas, sendo uma nas mistas). Em 1960, nas duplas, fechou o
Grand Slam ao conquistar os títulos dos Abertos da Austrália e dos
Estados Unidos; Roland Garros e Wimbledon. Ela também jogaria com Bille Jean
King e Margaret Court que, nas disputas individuais, eram as mais fortes
adversárias. A movimentação graciosa na quadra rendeu o apelido de
"bailarina"
Fora das quadras
desde os anos 70, quando uma contusão no braço direito a impediu de manter o
jogo habitual, Maria Esther foi indicada para o Hall da Fama da Federação
Internacional de Tênis (ITF) e, nos últimos anos, emprestava os comentários
precisos e sempre divertidos às transmissões do canal Sportv. Nos Jogos
Olímpicos do Rio, deu nome ao complexo de tênis da Barra da Tijuca.
Capaz de superar
monstros sagrados das quadras a ponto de se tornar também um deles, ela só não
conseguiu superar um câncer na boca, que se alastrou para outros órgãos e a
levou nesta sexta-feira, aos 78 anos, em São Paulo.

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