As nossas vantagens
Manoel Hygino
Difícil escrever no
Brasil sem se deixar influenciar pelo período ora vivido. Quando as
autoridades, nos três Poderes, perdem a confiança do povo, tremem as
instituições e abre-se espaço à explosão de sentimentos não contidos de
agressão resultando na violação de bens e entes.
A onda de ataques a coletivos, carros, prédios públicos, delegacias de polícia, agências bancárias e correios e de rebeliões nos presídios, causa mais do que preocupação – gera medo. Teme-se sair à rua ou ficar em casa, deslocar-se de um local a outro, na via urbana, nas estradas e nas regiões rurais.
A onda de ataques a coletivos, carros, prédios públicos, delegacias de polícia, agências bancárias e correios e de rebeliões nos presídios, causa mais do que preocupação – gera medo. Teme-se sair à rua ou ficar em casa, deslocar-se de um local a outro, na via urbana, nas estradas e nas regiões rurais.
A inquietude não se
restringe ao Sul de Minas ou ao Triângulo, às cidades balneárias, atinge também
o Vales de Jequitinhonha e do <TB>Paranaíba, o São Francisco, a Região
Metropolitana de Belo Horizonte, estende-se à Bahia e a todo o Nordeste, com
ênfase no Rio Grande do Norte, Maranhão e Ceará, alcançando o Norte e os
estados fronteiriços.
Observa-se que o
objetivo se concentra em obstar a prestação de serviços públicos, inclusive os
policiais, assim como a rede de transportes coletivos e de comunicação. Há
explicação, portanto: indispor principalmente a classe média e o trabalhador.
Em todo caso, as
atenções se voltam para a Copa do Mundo, neste mês das festividades juninas,
religiosas e populares. O brasileiro confia em que não se repita o vexame de
quatro anos atrás, com o humilhante placar imposto pela Alemanha ao Brasil.
Enquanto em Uberaba
o prefeito decretava, há alguns dias, situação de alerta pela onda de atentados
a peças fundamentais ao normal funcionamento da cidade, o técnico Tite liberava
sexo para os jogadores da seleção canarinha, visando à Copa da Rússia – mas
apenas nas folgas. O detalhe é significativo: nos períodos de concentração, os
jogadores ficam proibidos de levar acompanhantes para os quartos.
Esquecem-se as
observações feitas em 2014. Lembrávamos então, com Maria Lúcia, que a Alemanha
conquistara 103 prêmios Nobel; que o salário de professor do ensino público era
de 30mil dólares por ano, enquanto no Brasil era de 5mil dólares no mesmo
período; que navios em trânsito por dia nos portos eram 3.800 na Alemanha e 315
no Brasil; que o número de patentes de novas invenções por ano era: Alemanha
5.300 x Brasil 540; número de satélites colocados em órbita por foguete próprio
– Alemanha 112 x Brasil 0; submarinos nucleares, Alemanha 11 x Brasil 0. Mas,
nem tudo era tristeza: o número de jogadores das seleções com brinquinhos nas
orelhas e cabelos pintados: Brasil 9 x Alemanha 0.
Quais seriam, agora,
os escores de parlamentares e assessores de alto nível no governo federal e
estaduais, imersos em investigações por suspeita de improbidade administrativa,
desvios de recursos, lavagem de dinheiro? Quantas rebeliões nos presídios? E
quantos assassinatos sem esclarecimento e mortes nas estradas? E na Alemanha?
São respostas sumamente difíceis por quem de dever, a não dos técnicos do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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