Novo risco
Coluna Esplanada – Leandro Mazzini
A paralisação de
três dias – quarta a sexta – dos petroleiros pode interromper a produção de
combustíveis nas refinarias da Petrobras e causar estrago nas ruas maior que a
dos caminhoneiros. A petroleira é responsável por 90% da produção no país. As
reservas nas refinarias são escassas diante do alto consumo. Técnicos
consultados pela Coluna informam que o cenário pode piorar se desligarem a
produção: o ‘religamento’ do sistema envolve procedimentos que duram dias, e
não horas. A paralisação foi anunciada pela Federação Única dos Petroleiros,
ligada à CUT.
Rio-SP
Dois aeroportos não sofrem de imediato eventual paralisação. Galeão e
Cumbica são abastecidos por dutos diretos de refinarias. E têm grandes tanques
de reserva.
Efeito no campo
A Bahia Farm Show, maior evento do agronegócio do Nordeste, em Luís
Eduardo, adiou a feira para 5 a 9 de junho, por causa da greve. E ainda corre
risco.
Sem noção
Com milhares na fila para remarcar voos, e gente com galão nas costas
nos postos, o ministro Carlos Marun gravou vídeo a bordo de jatinho da FAB
defendendo o governo.
E agora, Paulão?
Quando o preço dos combustíveis subia diariamente, o governador de
Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), ria à toa, pois o ICMS é de 29% sobre os
produtos. Hoje, com os postos ‘secos’, não dá uma palavra. Em tempo, o ICMS de
São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro sobre o combustível é de 12%.
Sem tabaco
A Agência Nacional de Saúde Suplementar realizará roda de conversa com
funcionários para sensibilizar quanto aos danos causados pelo tabagismo e
apresentar o Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde
do Rio.
Planejamento
O Rio de Janeiro poderia ter sofrido mais com a falta de combustíveis.
Há 20 anos, a rede de GNV pulou de 19 postos na capital para 540 em todas as
cidades. São mais de 1 milhão de veículos movidos a gás. O plano foi do então
secretário de Energia, o engenheiro Wagner Victer.
Consultoria
Victer, hoje secretário de Educação, foi o consultor do gabinete de
crise do Palácio Guanabara no fim de semana. E na contramão de outros estados,
manteve aula na rede.
Dedo na tomada
Contrários à venda da Eletrobras, os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP)
e Danilo Cabral (PSB-PE) são autores, no total, de 102 emendas. Já o vice-líder
do governo, Leonardo Quintão (MDB-MG), quer derrubar o texto do relator José
Aleluia com voto em separado. Propõe que as ações das quatro principais
subsidiárias da Eletrobras (Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul) sejam
vendidas sem desestatizá-las.
Lei de Anistia
A revelação da CIA com a confirmação de que o ex-presidente Ernesto
Geisel autorizou a execução de opositores do regime militar reforça a
necessidade de revisão da Lei de Anistia. A afirmação é do ex-procurador-geral
da República Cláudio Fontelles.
Sem Prescrição
O jurista diz que a Constituição de 1988 é clara: crimes como homicídio
e tortura praticados por agentes do Estado não prescrevem: “O STF já se
pronunciou, mas não houve trânsito em julgado. É hora de o Supremo Tribunal
Federal se pronunciar”.
Profeta.
O ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto prevê que o Brasil terá uma
“vistosa novidade” nas eleições de outubro. “Merecemos isso, pois estamos muito
mais exigentes, muito mais vigilantes, muito mais responsáveis e conscientes
das coisas”.
..Otimista
À Coluna, Ayres de Brito usa a metáfora “profundidade do poço” sobre
desvios de condutas dos agentes públicos. “O Brasil tem identidade coletiva. Se
de dia pessoas puxam o Brasil pela gola da camisa ou pela aba do paletó para
dar um passo para trás, de noite o Brasil por conta própria dá dois passos para
frente”, resume otimista.
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