A Catalunha e seu entrevero
Manoel Hygino
O problema da Espanha com a Catalunha
está longe de terminar. Vamos falar dele até porque de nossos desafios estamos
cansados de escrever sem resultado prático. Tampouco representam perspectivas
promissoras as longas conversas, os discursos inflamados, as acusações
recíprocas, os intensos debates e os incontáveis conciliábulos em Brasília. O
clima, altamente contaminado, prejudica e impede chegar-se a conclusões de
maior duração beneficiando o país. E o povo sofre.
Na Europa, a declaração de
independência da Catalunha, proclamada pelo seu Parlamento, acirrou os ânimos
diante da atenção cuidadosa de toda a Europa, que também já enfrenta problemas
demais, por todos os lados. No último sábado, 28 de outubro, o Executivo
central espanhol destituiu o governo e convocou eleições para 21 de dezembro.
Como não poderia deixar de ser, Madri
tratou imediatamente de nomear alguém para substituir o separatista presidente
Carles Puigdemont.
Assumiu o cargo a simpática vice-presidente Soraya Siena de Santamaria, já exercendo as funções de presidência e vice-presidência da Catalunha.
Em contrapartida, o destituído presidente apelou aos cidadãos para que se oponham à intervenção de Madri, mas em todo caso foi prudente: “Nossa vontade é continuar trabalhando para cumprir os mandatos democráticos, e, ao mesmo tempo, buscar maior estabilidade e tranquilidade”.
Assumiu o cargo a simpática vice-presidente Soraya Siena de Santamaria, já exercendo as funções de presidência e vice-presidência da Catalunha.
Em contrapartida, o destituído presidente apelou aos cidadãos para que se oponham à intervenção de Madri, mas em todo caso foi prudente: “Nossa vontade é continuar trabalhando para cumprir os mandatos democráticos, e, ao mesmo tempo, buscar maior estabilidade e tranquilidade”.
O primeiro-ministro espanhol Rajoy, a
seu turno, também foi precavido: Garantiu que as eleições do último mês do ano
serão “limpas, livres e legais”. A Procuradoria da República, porém, não deixou
de mexer seus pauzinhos. Anunciou uma queixa-crime contra o cinquentão
Puigdemont, por “rebelião”, pela qual pode ser condenado a até 30 anos de
prisão.
A situação, como se depreende e se
observa pelas manifestações de rua em Barcelona e outras cidades catalãs, não é
tão pacífica como se desejaria. A independência é um grande sonho da Catalunha,
e a última tentativa, liderada pelo presidente Luis Companys, resultou em
fracasso, em 1934.
A Catalunha, no canto Nordeste da
Península Ibérica, mais do que uma região, de fato é um conjunto de regiões bem
delimitado. Se a costa é de difícil acesso, tem portos importantes, em especial
Barcelona e Tarragona. Quem estuda o que há por ali, percebe caracteres
linguísticos e folclóricos, que revelam o sentimento autonomista.
Ao longo da história, passou dos sarracenos expulsos pelos espanhóis,
para o governo de condes franceses, que se tornaram independentes da França.
Trava-se, no decorrer de séculos, uma luta pela autonomia, sem êxitos mais significativos.
É uma crônica complexa, que registrou inclusive o domínio do reino de Aragão.
Quando o soberano espanhol Felipe IV tentou privar a Catalunha de seus direitos
e privilégios, ela se revoltou sob a proteção de Luís XIII, da França. Assim a
Catalunha tem sido teatro de expectativa de rebeldia. De grande significação
para a vida política e econômica espanhola, é estratégica para a Europa, que
dali não tira os olhos. Tem muitos motivos.
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