segunda-feira, 17 de julho de 2017

O TRATAMENTO DA COREIA PARA A CORRUPÇÃO É DIFERENTE DO BRASIL



A Coreia e a dupla sertaneja

Manoel Hygino 








Na reunião do G-20, na Alemanha, os presidentes Putin e Trump, da Rússia e dos Estados Unidos, mantiveram um encontro à parte com duração de mais de duas horas. Embora tratassem da suposta interferência de hackers russos nas eleições de Tio Sam, é evidente que outros temas relevantes foram discutidos. Deve ter sido um diálogo muito interessante, sobre o qual não sabemos, o que desejaríamos.
Entre os assuntos, evidentemente, as atitudes e posicionamento bélico da Coreia do Norte, cujo maluquete presidente insiste em produzir um supermíssil capaz de atingir a Califórnia. São dois líderes mundiais, e segundo Wittgenstein, “o mundo é a totalidade dos fatos”. E nele estamos todos incluídos.
Não se pode, contudo, falar sobre Coreia do Norte, sem nos lembrarmos da vizinha do Sul, inimiga daquela há longos anos. É que, entre outros aspectos, aquela cuja capital é Seul, vive horas difíceis e semelhantes às nossas. Lá, como cá, altas autoridades se viram envolvidas em problemas de corrupção, que enormemente têm dado assunto pesado para os jornais.
No dia 30 de março, a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, foi presa após impeachment no dia 10. Ela era suspeita de atuar com uma amiga, uma espécie de Rasputin feminino, para subornar grandes conglomerados industriais. Transformou-se em um Deus nos acuda no país, como não poderia deixar de ser, com multidões percorrendo as ruas exigindo seu afastamento.
Aconteceu
A Corte Distrital Central de Seul, em comunicado, usou linguagem muito semelhante às imagens que emanam de Brasília: “É reconhecido que existe uma razão e necessidade para prisão, já que as principais acusações foram constatadas, e há risco de que evidências sejam destruídas”.
Na Coreia do Sul, altas autoridades vão a julgamento com menos entraves ou dificuldades jurídicas do que aqui. A sessão da Corte, que analisou o pedido de prisão formalizado pelo Ministério Público, durou oito horas e 40 minutos, a mais longa na história do país. Como era de se esperar, a presidente negou atuar para suborno de empresas, e que ela não representava risco à investigação, pois não tentaria fugir ou destruir provas.
Pelo sim, pelo não, Park foi levada para penitenciária de Gyeonggi, a 24 quilômetros da capital. Por sinal, já ali se encontrava Choi Soon sil, a amiga acusada de extorquir doações de grandes conglomerados empresariais como Samsung e LG, além de interferir em decisões do governo, em que jamais ocupou cargos.
A investigação concluiu que Park obtivera quase US$70 milhões de empresas para duas fundações controladas por Choi em troca de favores políticos. Ali e lá, más pessoas há, nas altas esferas da administração pública.
Temos de convir com o escritor Emanuel Medeiros Vieira, de Santa Catarina, que presentemente habita Salvador, BA: “Por aqui, já não basta a dupla sertaneja Joesley e Wesley, patrocinada pelo BNDES, Caixa Econômica e outras instituições dominadas pelo gangstarismo e pelo banditismo, que estão ou estavam no topo da República”
Emanuel não mede palavras, pelo que se observa. E tem razões suficientes.

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