A Coreia e a dupla sertaneja
Manoel Hygino
Na reunião do G-20,
na Alemanha, os presidentes Putin e Trump, da Rússia e dos Estados Unidos,
mantiveram um encontro à parte com duração de mais de duas horas. Embora
tratassem da suposta interferência de hackers russos nas eleições de Tio Sam, é
evidente que outros temas relevantes foram discutidos. Deve ter sido um diálogo
muito interessante, sobre o qual não sabemos, o que desejaríamos.
Entre os assuntos,
evidentemente, as atitudes e posicionamento bélico da Coreia do Norte, cujo
maluquete presidente insiste em produzir um supermíssil capaz de atingir a
Califórnia. São dois líderes mundiais, e segundo Wittgenstein, “o mundo é a
totalidade dos fatos”. E nele estamos todos incluídos.
Não se pode,
contudo, falar sobre Coreia do Norte, sem nos lembrarmos da vizinha do Sul,
inimiga daquela há longos anos. É que, entre outros aspectos, aquela cuja
capital é Seul, vive horas difíceis e semelhantes às nossas. Lá, como cá, altas
autoridades se viram envolvidas em problemas de corrupção, que enormemente têm
dado assunto pesado para os jornais.
No dia 30 de março,
a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, foi presa após impeachment no dia 10.
Ela era suspeita de atuar com uma amiga, uma espécie de Rasputin feminino, para
subornar grandes conglomerados industriais. Transformou-se em um Deus nos acuda
no país, como não poderia deixar de ser, com multidões percorrendo as ruas
exigindo seu afastamento.
Aconteceu
A Corte Distrital
Central de Seul, em comunicado, usou linguagem muito semelhante às imagens que
emanam de Brasília: “É reconhecido que existe uma razão e necessidade para
prisão, já que as principais acusações foram constatadas, e há risco de que
evidências sejam destruídas”.
Na Coreia do Sul,
altas autoridades vão a julgamento com menos entraves ou dificuldades jurídicas
do que aqui. A sessão da Corte, que analisou o pedido de prisão formalizado
pelo Ministério Público, durou oito horas e 40 minutos, a mais longa na
história do país. Como era de se esperar, a presidente negou atuar para suborno
de empresas, e que ela não representava risco à investigação, pois não tentaria
fugir ou destruir provas.
Pelo sim, pelo não,
Park foi levada para penitenciária de Gyeonggi, a 24 quilômetros da capital.
Por sinal, já ali se encontrava Choi Soon sil, a amiga acusada de extorquir
doações de grandes conglomerados empresariais como Samsung e LG, além de
interferir em decisões do governo, em que jamais ocupou cargos.
A investigação
concluiu que Park obtivera quase US$70 milhões de empresas para duas fundações
controladas por Choi em troca de favores políticos. Ali e lá, más pessoas há,
nas altas esferas da administração pública.
Temos de convir com
o escritor Emanuel Medeiros Vieira, de Santa Catarina, que presentemente habita
Salvador, BA: “Por aqui, já não basta a dupla sertaneja Joesley e Wesley,
patrocinada pelo BNDES, Caixa Econômica e outras instituições dominadas pelo
gangstarismo e pelo banditismo, que estão ou estavam no topo da República”
Emanuel não mede
palavras, pelo que se observa. E tem razões suficientes.
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