Leite com
bytes: tecnologia é usada para agregar valor à cadeia de produção leiteira
Patrícia Santos
Dumont
Grupo de Igor Matos,
do Colégio Cotemig, está desenvolvendo sistema automatizado para melhorar o
gerenciamento de tarefas na cadeia leiteira
De um lado,
agrônomos, veterinários, zootecnistas e técnicos agrícolas. De outro, jovens estudantes
fascinados por tecnologia e ávidos por inovação. Uma parceria inédita entre a
Embrapa Gado de Leite – empresa pública que acumula mais de 40 anos de
pesquisas no segmento – e o Colégio Cotemig, em Belo Horizonte, marca o início
de uma caminhada promissora da atividade leiteira pelo mundo digital.
A ideia do projeto,
firmado este mês, é desenvolver ferramentas e soluções tecnológicas que
facilitem, profissionalizem e, mais do que isso, corrijam, se necessário,
processos para agregar valor à produção do leite. Minas Gerais é o maior
produtor nacional, responsável por quase 30% do abastecimento do país.
Até o fim do ano,
oito plataformas digitais, dentre sensores, apps e softwares, serão
apresentados pelas equipes participantes. Ao todo, 40 estudantes participam da
“missão”, que conta como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Chefe-geral da
Embrapa Gado de Leite, com sede em Juiz de Fora, na Zona da Mata, Paulo do
Carmo Martins diz que o principal objetivo da parceria – a primeira do tipo no
agronegócio brasileiro – é se adaptar à chamada 4ª Revolução Industrial,
marcada pela convergência entre tecnologias digitais, físicas e biológicas.
“Nossa aproximação
com o Cotemig tem um propósito muito claro: utilizar da tenacidade, sagacidade
e da vontade de fazer diferente que os jovens têm para obter resultados que
simplifiquem a vida de quem se dedica à atividade leiteira, da produção à
distribuição, passando pelo processamento. Quem não se adaptar vai ser
engolido”, resume.
Via de mão dupla
Na prática, a
cooperação vai funcionar da seguinte forma: representantes da cadeia leiteira –
produtores e laticínios – apresentaram as principais demandas do setor, para as
quais os estudantes desenvolvem soluções. Dentre os problemas já apresentados
estão organização de custos de produção e gerenciamento de pessoas e de pastagens.
Ao lado de outros
sete colegas, Igor Antônio Macedo de Matos, de 17 anos, trabalha em um sistema
de gerenciamento de tarefas. “Acontece muito de um supervisor determinar uma
atividade, mas haver alguma falha no caminho. Estamos buscando meios de
automatizá-lo, informatizando cada etapa para evitar redundâncias”, detalha.
“Apostamos no
aprendizado. Os alunos poderão se especializar numa atividade que
ainda não tem grandes expoentes no milionário setor do gronegócio” - Paulo
do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite
Coordenador-técnico
do Colégio Cotemig, Leonardo Fonseca Souza diz que o desenvolvimento das
tecnologias é uma forma de proporcionar aos alunos uma experiência real ao lado
de uma empresa tão grande quanto a Embrapa.
“Não temos interesse
financeiro, mas de agregar conhecimento tanto para nós quanto para os
representantes da Embrapa e do setor leiteiro no Brasil”.
Concurso nacional
elegeu startup de BH que criou aplicativo voltado para a cadeia leiteira
Mais de uma centena
de participantes e objetivos em comum: desenvolver ferramentas para ter dados
mais precisos sobre coleta, aperfeiçoar ideias que permitissem rastrear a
origem do leite ou monitorar o consumo de concentrado por bezerras leiteiras.
Do desejo de fazer a
diferença, um vencedor. Nasceu em Belo Horizonte a startup SCL Rota –
Sistema de Coleta de Leite. Ganhadora da Ideas for Milk, competição
nacional que reuniu times dispostos a encarar o desafio do agrone-gócio. Agora,
a empresa se prepara para ganhar o mercado.
A intenção da
plataforma, desenvolvida ao longo de dois anos e meio e já em uso por 11
empresas mineiras e cariocas, é automatizar o processo de captação de leite em
laticínios e cooperativas, aumentando e otimizando a produtividade, melhorando
o controle e a rastreabilidade, reduzindo também os custos do processo. O
software foi apresentado em etapas estaduais do concurso e venceu na final
nacional, realizada na capital federal, há poucos meses.
Portas abertas
Um dos fundadores do
time, Otávio Augusto Rodrigues Fernandes diz que participar da competição
abriu portas para outras possibilidades no mercado nacional e até estrangeiro.
“A Embrapa Gado de Leite é, de fato, reconhecida por todos os laticínios do
país. Ganhar o Ideas é como obter um selo da instituição,
confirmando a credibilidade e a validade da nossa solução”, afirma.
Além de informatizar
o processo de coleta, geralmente manual, feito por meio do preenchimento de
pranchetas, a SCL Rota elimina a possibilidade de fraude, emite comprovante
para produtor e dono do laticínio e controla o transbordo de carga.
“Se pegarmos todos
os carros do Brasil que transportam leite todos os dias, conseguiríamos dar 55
voltas ao redor da Terra”, comenta Fernandes, exemplificando a magnitude da
cadeia leiteira no país, a maior do agronegócio brasileiro.
Todos os dias, são
coletados, em média, 95 milhões de litros de leite, conforme dados da
Agripoint.
O Ideas for
Milk foi realizado pela Embrapa Gado de Leite. Uma segunda edição do
concurso deve ser realizada este ano, mas ainda não há data prevista.
O objetivo do Ideas for Milk é fomentar ecossistema de
startups voltado para o segmento do agronegócio; no Brasil, o setor é
responsável por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB)
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