quinta-feira, 13 de outubro de 2016

MÃE É MÃE COM ERROS E ACERTOS



Tipos de Mãe

Simone Demolinari 






Uma grande parcela do nosso comportamento, maneira de agir e jeito de ser deriva da maneira de como fomos criados pelos nossos pais. Essa criação influencia na personalidade e no desenvolvimento dos filhos desde a infância até a fase adulta.
A mãe tem um papel significativo nesse contexto. Vejamos alguns tipos e os possíveis impactos emocionais na vida do filho:

1-- Mãe crítica: Sem perceber, muitas mães criam seus filhos criticando, apontando seus defeitos e ressaltando suas imperfeições. Erram tentando acertar, pois acreditam que  através da crítica conseguirão educar. Em alguns casos a crítica não ocorre de forma direta. Há situações onde ela vem embalada com outras roupagens, como por exemplo em tom de brincadeira, desafio ou até disfarçada de amor.

- Possíveis impactos emocionais: filhos hiper autocríticos, inseguros, com sensação de inadequação, tímidos, autoestima baixa, sensação de menos valia. Vivem com medo do julgamento e tendem sempre atender a expectativa alheia


2-- Mãe Deprimida: A depressão traz consigo muito mais que tristeza, traz também irritabilidade, ansiedade, desanimo, mau humor, negatividade, entre outros problemas psíquicos e físicos. Uma mãe deprimida geralmente mescla entre a incapacidade emocional e a culpa de não estar sendo boa o suficiente. É muito vulnerável às emoções e transmite toda essa carga aos seus filhos.

- Possíveis impactos emocionais: filhos crescem acreditando ser responsáveis por cuidar do outro. Sentem dificuldade de dizer "não" e sempre acham que estão incomodando. Tratam os interesses dos outros na frente dos seus. É sempre pró-ativo no apoio aos amigos e familiares e se sente mal quando não consegue ser útil a alguém.

3-- Mãe ausente emocional: Sem muita paciência, não dá atenção a demanda do filho.  Tem dificuldade de interagir no universo infantil, com isso traz a criança para o seu contexto. Exige do filho, desde cedo, um comportamento de adulto e às vezes disputa com ele de forma igualitária. Deixa claro, numa linguagem não verbal, que ser mãe é um fardo.

- Possíveis impactos emocionais: Por ter sido negligenciada como filho, a criança acaba ficando sem a figura da "mãe". Isso faz com que ela apresente dois extremos: ora hiper responsável, ora totalmente irresponsável. Ambos comportamentos com o intuito de "ser percebido" pela mãe. Apresentam um medo acentuado  da rejeição.  Tendem a ser ressentidos e sensíveis. Costumam desenvolver um lado manipulador que deriva do medo da perda. Buscam sempre um papel de "mãe" na vida do outro.


4-- Mãe egoísta: O analfabetismo emocional da natureza egoísta não permite uma real percepção das necessidades do filho. Há uma elasticidade afetiva curta - o acolhimento afetivo que a mãe consegue dar não é suficiente para o filho se sentir acolhido.


- Possíveis impactos emocionais: Por se sentir desconsiderado pela mãe, o filho cresce inseguro. Tem dificuldade em se auto valorizar e geralmente é permissivo ao abuso.   Continua de alguma forma submisso a mãe, mesmo depois de adulto, numa busca infinita pelo reconhecimento. Tendem a se relacionar, inconscientemente, com pessoas com a mesma personalidade da mãe como uma forma de compensar um passado afetivo deficitário.


5-- Mãe suficientemente boa: Termo cunhado pelo psicanalista Donald Winnicott, em que ele destaca a importância do desenvolvimento do "self" desde o nascimento do bebê. Este tipo de mãe trata seu filho como "indivíduo". Mesmo que trabalhe fora e tenha uma vida social, está sempre comprometida com a maternidade deixando (dando ou transmitindo) ao filho a sensação de acolhimento, proteção e elegria. Sua percepção aguçada a leva a responder adequadamente às necessidades do filho. Atenta a isso ela consegue criar um ambiente  propício a formação de um ser independente e seguro. Estima-se que 10% das mães têm esse perfil.

- Possíveis impactos emocionais: Confiança em si mesmo, boa autoestima e inteligência intrapessoal. Facilidade em se relacionar sem medo da rejeição e de rápida cicatriz emocional. Sente-se confortável consigo mesmo e inteireza emocional.


Muitas vezes, atribuímos a mulher, após ser mãe, uma condição santificada, esquecendo que a qualidade da maternidade depende diretamente da personalidade anterior de cada uma.

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