Tipos de Mãe
Simone Demolinari
Uma grande parcela do nosso comportamento, maneira de agir e jeito de
ser deriva da maneira de como fomos criados pelos nossos pais. Essa
criação influencia na personalidade e no desenvolvimento dos filhos desde
a infância até a fase adulta.
A mãe tem um papel significativo nesse contexto. Vejamos alguns
tipos e os possíveis impactos emocionais na vida do filho:
1-- Mãe crítica: Sem perceber, muitas mães criam seus filhos
criticando, apontando seus defeitos e ressaltando suas imperfeições. Erram
tentando acertar, pois acreditam que através da crítica conseguirão
educar. Em alguns casos a crítica não ocorre de forma direta. Há situações onde
ela vem embalada com outras roupagens, como por exemplo em tom de brincadeira,
desafio ou até disfarçada de amor.
- Possíveis impactos emocionais: filhos hiper autocríticos, inseguros, com
sensação de inadequação, tímidos, autoestima baixa, sensação de menos valia.
Vivem com medo do julgamento e tendem sempre atender a expectativa alheia
2-- Mãe Deprimida: A depressão traz consigo muito mais que
tristeza, traz também irritabilidade, ansiedade, desanimo, mau
humor, negatividade, entre outros problemas psíquicos e físicos. Uma
mãe deprimida geralmente mescla entre a incapacidade emocional e a culpa de não
estar sendo boa o suficiente. É muito vulnerável às emoções e transmite toda
essa carga aos seus filhos.
- Possíveis impactos emocionais: filhos crescem acreditando ser responsáveis
por cuidar do outro. Sentem dificuldade de dizer "não" e sempre acham
que estão incomodando. Tratam os interesses dos outros na frente dos seus.
É sempre pró-ativo no apoio aos amigos e familiares e se sente mal quando não
consegue ser útil a alguém.
3-- Mãe ausente emocional: Sem muita paciência, não dá
atenção a demanda do filho. Tem dificuldade de interagir no
universo infantil, com isso traz a criança para o seu contexto. Exige do
filho, desde cedo, um comportamento de adulto e às vezes disputa com ele de
forma igualitária. Deixa claro, numa linguagem não verbal, que ser mãe é um fardo.
- Possíveis impactos emocionais: Por ter sido negligenciada como filho,
a criança acaba ficando sem a figura da "mãe". Isso faz com que ela
apresente dois extremos: ora hiper responsável, ora totalmente irresponsável.
Ambos comportamentos com o intuito de "ser percebido" pela mãe.
Apresentam um medo acentuado da rejeição. Tendem a ser ressentidos
e sensíveis. Costumam desenvolver um lado manipulador que deriva do medo da
perda. Buscam sempre um papel de "mãe" na vida do outro.
4-- Mãe egoísta: O analfabetismo emocional da natureza
egoísta não permite uma real percepção das necessidades do filho. Há uma
elasticidade afetiva curta - o acolhimento afetivo que a mãe consegue dar não é
suficiente para o filho se sentir acolhido.
- Possíveis impactos emocionais: Por se sentir desconsiderado pela mãe,
o filho cresce inseguro. Tem dificuldade em se auto valorizar e geralmente é
permissivo ao abuso. Continua de alguma forma submisso a mãe, mesmo
depois de adulto, numa busca infinita pelo reconhecimento. Tendem a se
relacionar, inconscientemente, com pessoas com a mesma personalidade da mãe
como uma forma de compensar um passado afetivo deficitário.
5-- Mãe suficientemente boa: Termo cunhado pelo psicanalista
Donald Winnicott, em que ele destaca a importância do desenvolvimento do
"self" desde o nascimento do bebê. Este tipo de mãe trata seu filho
como "indivíduo". Mesmo que trabalhe fora e tenha uma vida
social, está sempre comprometida com a maternidade deixando
(dando ou transmitindo) ao filho a sensação de acolhimento, proteção e
elegria. Sua percepção aguçada a leva a responder adequadamente às
necessidades do filho. Atenta a isso ela consegue criar um ambiente
propício a formação de um ser independente e seguro. Estima-se que 10%
das mães têm esse perfil.
- Possíveis impactos emocionais: Confiança em si mesmo, boa autoestima
e inteligência intrapessoal. Facilidade em se relacionar sem medo da rejeição e
de rápida cicatriz emocional. Sente-se confortável consigo mesmo
e inteireza emocional.
Muitas vezes, atribuímos a mulher, após ser mãe, uma condição
santificada, esquecendo que a qualidade da maternidade depende diretamente da
personalidade anterior de cada uma.
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