Política cambial para matar
o doente
José Antônio Bicalho
O Brasil vem errando de forma absurda no câmbio (leia matéria da
repórter Janaína Oliveira ao lado). Errou quando a economia mundial explodia
nos governos Lula, de 2004 a 2010, quando o PIB brasileiro cresceu a uma média
de 4,5% ao ano (poderia ter sido muito mais). Continuou errando com Dilma
Rousseff quando a crise financeira internacional bateu à porta do Brasil, e o
PIB desacelerou para uma média 2,1%, entre 2011 e 2014. E incrivelmente insisti
no erro na depressão, que no ano passado fez a economia encolher 3,8% e, neste,
outros 3,2% (previsão para o ano do último Boletim Focus).
Nossa vocação para exportação é evidente e a economia brasileira continua absolutamente dependente do comércio internacional. Não deveria ser assim, mas nosso mercado doméstico é risível ante sua potencialidade. Somos 200 milhões de brasileiros mas, na média, muitíssimo pobres. Então a saída é exportar.
Se exportamos bem, a reação em importantes cadeias produtivas faz com que toda a economia se mova positivamente. E o inverso se dá quando exportamos mal. Vejam bem, não usei a expressão “exportar muito”, mas “exportar bem”, que são coisas diferentes. Hoje, estamos exportando muito, mas mal, e o problema está justamente no câmbio.
Como somos exportadores de produtos básicos, principalmente commodities minerais e agrícolas, podemos fazer um paralelo entre valores e volumes exportados (isso não seria possível se fôssemos exportadores de produtos tecnológicos). Então, vamos aos números que mostram como a política cambial joga contra os exportadores.
Em dezembro do ano passado, exportamos um volume recorde de 64,7 milhões de toneladas. Pela primeira vez na história superamos a marca mensal das 60 milhões de toneladas. E neste ano até junho estamos exportando a uma média de 54,1 milhões de toneladas mensais, que também é recorde histórico.
O volume total exportado de janeiro a julho foi de 378,7 milhões de toneladas, o que rendeu ao país US$ 106,7 bilhões. No mesmo período de 2011, ano recorde em valores exportados, vendemos ao exterior US$ 140,5 bilhões, mas com apenas 296,2 milhões de toneladas. Ou seja, neste ano até julho aumentamos os volumes exportados em 27,8%, mas perdemos 24,1% em receita.
Isso não é culpa do câmbio, mas da depressão das cotações internacionais das commodities minerais, agrícolas e siderúrgicas. Mas o fato é que as margens dos exportadores foram reduzidas enormemente. Portanto, estamos exportando muito, mas exportando mal. Sem oferecer boas margens, as exportações perdem muito da sua capacidade de dinamizar a economia.
E é aí que está o erro da política cambial. O câmbio, hoje, deveria ser usado como ferramenta de incentivo às exportações e contra a crise. Se um exportador consegue trocar seus dólares por muitos reais, sobra dinheiro para investir no aumento da produção. Mas, se a troca é por poucos reais, não existe dinheiro ou incentivo para investir, contratar, comprar mais insumos, irrigar e movimentar sua cadeia de produção e a economia como um todo.
Desde janeiro, o real se valorizou 25%, um erro absurdo para uma economia em crise. O que a equipe econômica está fazendo com o câmbio (que não é, nunca foi e nunca será de flutuação livre) é fechar a única porta que nos resta para sair da depressão. E, por favor, não dêem ouvidos a quem bate na tecla do combate à inflação. Não é matando o doente que se cura a doença.
Nossa vocação para exportação é evidente e a economia brasileira continua absolutamente dependente do comércio internacional. Não deveria ser assim, mas nosso mercado doméstico é risível ante sua potencialidade. Somos 200 milhões de brasileiros mas, na média, muitíssimo pobres. Então a saída é exportar.
Se exportamos bem, a reação em importantes cadeias produtivas faz com que toda a economia se mova positivamente. E o inverso se dá quando exportamos mal. Vejam bem, não usei a expressão “exportar muito”, mas “exportar bem”, que são coisas diferentes. Hoje, estamos exportando muito, mas mal, e o problema está justamente no câmbio.
Como somos exportadores de produtos básicos, principalmente commodities minerais e agrícolas, podemos fazer um paralelo entre valores e volumes exportados (isso não seria possível se fôssemos exportadores de produtos tecnológicos). Então, vamos aos números que mostram como a política cambial joga contra os exportadores.
Em dezembro do ano passado, exportamos um volume recorde de 64,7 milhões de toneladas. Pela primeira vez na história superamos a marca mensal das 60 milhões de toneladas. E neste ano até junho estamos exportando a uma média de 54,1 milhões de toneladas mensais, que também é recorde histórico.
O volume total exportado de janeiro a julho foi de 378,7 milhões de toneladas, o que rendeu ao país US$ 106,7 bilhões. No mesmo período de 2011, ano recorde em valores exportados, vendemos ao exterior US$ 140,5 bilhões, mas com apenas 296,2 milhões de toneladas. Ou seja, neste ano até julho aumentamos os volumes exportados em 27,8%, mas perdemos 24,1% em receita.
Isso não é culpa do câmbio, mas da depressão das cotações internacionais das commodities minerais, agrícolas e siderúrgicas. Mas o fato é que as margens dos exportadores foram reduzidas enormemente. Portanto, estamos exportando muito, mas exportando mal. Sem oferecer boas margens, as exportações perdem muito da sua capacidade de dinamizar a economia.
E é aí que está o erro da política cambial. O câmbio, hoje, deveria ser usado como ferramenta de incentivo às exportações e contra a crise. Se um exportador consegue trocar seus dólares por muitos reais, sobra dinheiro para investir no aumento da produção. Mas, se a troca é por poucos reais, não existe dinheiro ou incentivo para investir, contratar, comprar mais insumos, irrigar e movimentar sua cadeia de produção e a economia como um todo.
Desde janeiro, o real se valorizou 25%, um erro absurdo para uma economia em crise. O que a equipe econômica está fazendo com o câmbio (que não é, nunca foi e nunca será de flutuação livre) é fechar a única porta que nos resta para sair da depressão. E, por favor, não dêem ouvidos a quem bate na tecla do combate à inflação. Não é matando o doente que se cura a doença.

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