Traduzindo
o economês: o que o governo Temer anunciou
O governo Temer anunciou nesta terça-feira (24)
medidas para reduzir os gastos públicos e iniciar a retomada econômica do país.
Confira, abaixo, as medidas anunciadas.
1) TETO PARA DESPESAS PÚBLICAS
O governo vai propor ao Congresso que, a cada ano,
as despesas públicas só possam crescer na proporção da inflação do ano
anterior.
Por exemplo, se neste ano o governo gastar 100
dinheiros e a inflação for 10%, em 2017 o teto para gastos será de 110
dinheiros.
Distribuição das despesas do governo central em 2015
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Despesa
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Valor, em R$
bilhões
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Benefícios da seguridade social
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436
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Custeio com educação e saúde
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108
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Despesas correntes com ministérios, legislativo,
judiciário e BC
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115
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Investimentos
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56
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Pessoal e encargos
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238
|
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Seguro-desemprego, benefícios assistenciais, abono
salarial e Bolsa Família
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90
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Sentenças judiciais e outras despesas obrigatórias
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61
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Subsídios e subvenções
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54
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Transferências para Estados e municípios
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205
|
Fontes: Tesouro
Nacional, Ministério do Planejamento, elaboração Credit Suisse
Qual é o efeito disso?
Na prática, vai reduzir os gastos do governo, que,
nas últimas décadas, vêm crescendo acima da inflação.
Quais os obstáculos para implantar?
Pelas regras atuais, gastos com itens como educação
e saúde precisam cumprir uma porcentagem da receita. Isso terá que mudar para
que o governo consiga cumprir o teto proposto. Dependerá de aprovação, pelo
Congresso, de uma emenda constitucional (o que exige 3/5 dos votos).
2) BLOQUEIO DE NOVOS SUBSÍDIOS
Subsídios são repasses do governo para diversos
programas, como os de agricultura familiar (em que os produtores não
conseguiriam se manter comercialmente) ou o Minha Casa, Minha Vida (em que o
governo custeia boa parte dos imóveis para renda mais baixa). O governo vai
propor que não sejam ampliados a não ser que haja uma compensação para essa
despesa.
Qual o efeito disso?
Impede o aumento de gastos do governo.
3) FIM DO FUNDO SOBERANO
Fundo foi criado para receber recursos da
exploração do pré-sal. Com a crise no setor de petróleo, a previsão de recursos
não se concretizou. O saldo atual é de R$ 2 bilhões.
Qual o efeito disso?
O dinheiro volta para o Tesouro, que, assim, não
precisa emitir mais títulos (endividar-se mais) para cobrir o rombo das contas
públicas
Quais os obstáculos para implantar?
O maior problema é conseguir vender as ações do
Banco do Brasil no fundo soberano sem causar forte desvalorização dos papéis do
banco público.
4) ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTOS DO BNDES
Como antecipou a Folha, banco de fomento
pagará antecipadamente ao governo R$ 100 bilhões de dívida que tem com o
Tesouro Nacional.
Qual o efeito disso?
O dinheiro volta para o Tesouro, que, assim, não
precisa emitir mais títulos (endividar-se mais) para cobrir o rombo das contas
públicas.
Quais os obstáculos para implantar?
Governo estuda se há alguma restrição jurídica, já
que poderia se caracterizar como antecipação de receita com empresa ou banco
público, proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Se for possível resolver apenas mudando os termos
do contrato com o BNDES, depende apenas de decisão do governo.

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